O primeiro Mustang da história tinha dois lugares, motor de quatro cilindros em posição central traseira, e não lembrava em nada o muscle car que se tornou alguns anos mais tarde. Mesmo assim, ficamos meio tristes por ele nunca ter sido produzido.
A premissa era simples e direta: a equipe de Lee Iacocca recebeu da Ford a missão de criar um concorrente para o Chevrolet Corvair (que, na época, parecia promissor). A ideia era criar algo leve, elegante e barato — então o caminho natural foi um roadster de motor central traseiro de alumínio montado sobre um chassi tubular — você imagina um Mustang assim?
Curiosos também eram os bancos, moldados na carroceria para aumentar a rigidez estrutural (e pareciam extremamente confortáveis). Como não permitiam regulagens, a solução foi criar um sistema onde a coluna de direção e os pedais se movessem, ajustando a posição de dirigir para cada motorista.
Mas impressionante mesmo era o conjunto mecânico: um motor alemão, com quatro cilindros em V com 60° entre as bancadas e deslocamento de apenas 1.5 litro, que era usado no Ford Taunus P4 e entregava originalmente singelos 65 cv.
Contudo, foram construídos dois protótipos: um para as ruas e outro para as pistas. Ambos traziam versões preparadas do motor V4, com 89 cv e e 109 cv, respectivamente.
Como você já deve imaginar, a Ford da década de 60 era bem mais ousada do que a Ford de hoje (o que também deve valer para todas as outras fabricantes), e este Mustang com jeito de roadster europeu tinha chances reais de entrar em produção — não fosse o alto custo de levar um projeto incomum como aquele à linha de produção. Assim, depois de um passeio do conceito pelos EUA, a Ford desenvolveu um segundo conceito, o Mustang II.
Ele era bem mais parecido com o Mustang clássico que conhecemos hoje, adotando o motor V8 de 4,7 litros na dianteira. A única característica do primeiro conceito mantida foi a entrada de ar na lateral traseira — só não havia motor para resfriar.
Ao menos, se você procurar bem, pode até encontrar uma deste Mustang que nunca existiu.
Então, antes de sair por aí dizendo que o Mustang Ecoboost de quatro cilindros não é um Mustang de verdade, lembre-se que o pony car da Ford nasceu com um pequeno motor de quatro cilindros. E a gente adoraria dar umas voltas nele!
Mas espere! Ainda não acabou!
Se você acha que este é o único Mustang “diferente”, meu amigo, você está enganado. Nos primeiros anos do modelo a Ford estava tão empenhada que não paravam de surgir conceitos baseados ou inspirados no muscle car.
No ano que vem a o Mustang completa 50 anos de produção e, para comemorar desde já, a Ford soltou algumas fotos inéditas de conceitos que ajudaram a formar a imagem do Mustang como o conhecemos naquela época até hoje.
Avanti 1962
Outra proposta de esportivo compacto e barato feita pela Ford naquele ano — mas em forma de cupê com quatro lugares. Não lembrava em nada o carro que veio a se tornar o Mustang dois anos depois, mas já deixava claras as intenções da marca no mercado — e foi a inspiração para a linha de teto do fastback.
Mustang quatro portas 1965
Um ano depois do lançamento do Mustang e com um sucesso nas mãos, a Ford tratou de imaginar uma carroceria sedã de quatro portas. A ideia não foi para a frente — ainda bem.
Allegro II
Em 1967 , a Ford resolveu revisitar o primeiro conceito do Mustang, criando um roadster com estilo um pouco mais próximo do que conhecemos no Mustang, porém um pouco mais futurista.
Mach 2 1966
Outro conceito com motor central-traseiro, mas desta vez um V8 289. Imagine como seria o Mustang hoje se ele tivesse sido produzido.