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Automobilismo Zero a 300

O que acontece quando pilotos de outras categorias pilotam um carro de F1?

Goste ou não dos rumos que a categoria tomou, é fato que a Fórmula 1 ainda é o ápice do automobilismo mundial. Isso faz com que as comparações entre pilotos da F1 e de outras categorias acabem sem referências qualitativas e sejam impossíveis de se concluir. Como saber se, em termos gerais, Michael Schumacher é mais técnico que Walter Röhrl?

Via de regra, um bom piloto é um bom piloto em qualquer categoria, seja kart, Fórmula 1, Nascar ou rali. E isso fica claro quando vemos o que acontece quando pilotos de outras categorias vão parar em um carro de Fórmula 1.

Aproveitando a sugestão do leitor Fagner Cruz, selecionamos alguns pilotos de outras categorias que testaram e não fizeram feio a bordo de um carro de Fórmula 1.

 

 

Jeff Gordon

O ícone da Nascar Jeff Gordon já revelou ser um grande fã da F1, a ponto acompanhar “religiosamente” a categoria, mas em 2003 ele teve a chance de conhecer um carro da F1 da melhor forma possível: pilotando-o.

Isso aconteceu durante os preparativos para o GP dos EUA de Fórmula 1, que na época era realizado no circuito interno de Indianapolis. Gordon e Juan Pablo Montoya trocaram de carros e o americano acabou no cockpit do Williams FW23.

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Nos primeiros metros do circuito Gordon impressionou, levando as marchas ao limite e ganhando um ritmo realmente rápido, mas ao entrar na parte travada do circuito Gordon acabou exagerando na correção do trajeto e teve que passar pela grama. Logo ele se recuperou e mostrou consistência ao volante do monoposto.

Durante uma entrevista concedida em 2015, pouco antes da Indy 500 daquele ano, Gordon relembrou o teste e disse que “jamais imaginou que um carro fosse capaz de fazer o que aquele carro fez”, e que aquela foi “a experiência mais incrível de sua vida”.

 

Sébastien Loeb

Em dezembro de 2007 Sébastien Loeb trocou o Citroën C4 que o levou ao seu quarto título mundial pelo Renault R27 de Heikki Kovalainen durante uma sessão de testes de inverno em Paul Ricard. Em sua primeira experiência a bordo de um monoposto da Fórmula 1, o francês foi apenas 1,5 segundo mais lento que o finlandês.

Um ano depois, em 2008, Loeb voltou ao cockpit de um monoposto, mas desta vez como um “presente” de seu patrocinador austríaco, a Red Bull. Ele participou dos testes em Barcelona com o RB4, porém com pneus slick e aerodinâmica revisada de acordo com o regulamento de 2009. Foram 82 voltas que o colocaram na oitava posição entre os 17 pilotos que testaram no mesmo dia.

 

Colin McRae

No início de 1996 Colin McRae, que havia acabado de faturar seu do WRC, foi a Silverstone conhecer o Jordan de Martin Brundle  em uma ação publicitária da British American Tobacco, na qual os pilotos trocariam de carros. Primeiro McRae pilotou o Jordan 195 com a pintura que estrearia no Jordan 196, depois Brundle assumiu o Impreza 555 de McRae em um estágio de rali.

Depois de 20 voltas, McRae ficou apenas quatro segundos atrás de Martin Brundle. Já Brundle no Subaru não parece ter convencido McRae, que parece segurar o riso por volta dos 4:30 do vídeo acima.

 

Tony Kanaan

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Como praticamente todos os moleques brasileiros que corriam de kart nos anos 1980 e 1990, Tony Kanaan sonhava com a Fórmula 1. Quis o destino que ele acabasse na Indy, onde faturou o título da categoria em 2004 e a Indy 500 em 2013, mas Kanaan sentiu o gostinho dos Fórmula 1 em duas ocasiões.

A primeira foi um teste oficial pela British American Racing, mais conhecida como BAR. No dia 29 de janeiro de 2005, Kanaan foi ao circuito de Jerez de La Frontera, na Espanha, onde completaria 100 voltas com o carro. Por problemas elétricos normais em testes, Kanaan só pôde completar metade das voltas previstas, mas conseguiu como melhor tempo 1:19,114. O piloto de testes da equipe, Anthony Davidson fez 1:17,535 — 1,6 segundo mais rápido, porém em 93 voltas. Na época, Kanaan disse que com mais um dia de testes conseguiria igualar os tempos de Davidson, mas ele não teve esta chance, pois os testes seguintes foram reservados aos novos pilotos.

A oportunidade seguinte surgiu em 2007, quando Kanaan foi convidado para participar do Ferrari Challenge Day em Homestead, na Flórida. Na ocasião, além do FXX, Kanaan também assumiu o comando da Ferrari 248 usada por Michael Schumacher na temporada anterior.

 

Sébastien Ogier

Sébastien Ogier foi outro campeão do WRC que acabou em um cockpit de F1. Como seu xará Loeb, ele também ganhou o teste como um “prêmio” de seu patrocinador. Fã de Ayrton Senna, Ogier disse que sempre quis pilotar um F1, e teve a oportunidade em 2017, quando o francês conquistou seu quinto título no WRC.

A bordo de um RB7 de 2011, Ogier fez 60 voltas no Red Bull Ring, na Áustria, depois de algumas voltas de adaptação em um Fórmula V8 3.5 com as cores da Red Bull. Ogier foi orientado por David Coulthard, mas não teve seus tempos divulgados.

 

Max Biaggi

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Em janeiro de 2006, enquanto fazia sua transição da MotoGP para a WSBK, Max Biaggi foi convidado pela equipe Midland (formada a partir do fim da Jordan e que se tornaria anos mais tarde a Force India) para participar do shakedown do motor Toyota com os pilotos Christijan Albers e Tiago Monteiro.

O “Imperador Romano” deu nove voltas sob a chuva fria de Silverstone e disse que foi muito fácil arrancar e ganhar velocidade mesmo sob chuva, mas não comentou seu ritmo e seus tempos de volta. O teste ainda rendeu uma provocação a Valentino Rossi, que na mesma época fez um teste pela Ferrari no qual rodou nas primeiras curvas do circuito: “Andei dez voltas em Silverstone na chuva. Valentino Rossi não chegou sequer à décima curva de Valência. ”

Esta não foi a primeira vez que Biaggi testou um F1. Na verdade ele quase trocou as motos pelos carros em 1998. Depois de conquistar seu quarto título na categoria 250cc da MotoGP, Max Biaggi foi convidado por Luca di Montezemolo para um teste na Scuderia Ferrari. Os resultados foram tão surpreendentes que Jean Todt, então chefe da equipe, ofereceu a ele uma vaga na Sauber F1. Se ele se saísse bem, poderia assinar com a Ferrari para as temporadas seguintes.

 

Valentino Rossi

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Em 1º de fevereiro de 2006, Valentino Rossi foi convidado pela Ferrari a participar dos testes pré-temporada em Valência, na Espanha. Apesar de não ter sequer conseguido completar uma volta em um teste anterior, em janeiro, Rossi fez bonito em sua segunda chance, andando no ritmo dos demais pilotos do grid.

Foram 51 voltas em Valência, que renderam a Valentino Rossi o melhor tempo de 1:12,856. A marca o colocou em nono naquele teste, que foi liderado por Alonso, com 1:11,291 e teve Michael Schumacher na terceira posição, com 1:11,998. A nona colocação o colocou à frente de David Coulthard, então na Red Bull; Alexander Wurz da Williams, Mark Webber, então na Williams,  Jarno Trulli da Toyota e Robert Kubica da Sauber BMW. No dia seguinte Rossi conseguiu ser ainda mais rápido, marcando 1:12,315, somente 0,7 segundo atrás de Schumacher.

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Na época Rossi pensava em largar a MotoGP para começar a correr de carro, e Luca di Montezemolo, então presidente da Ferrari, disse que se tivesse a oportunidade de colocar um terceiro carro na pista, Rossi seria sua primeira opção.

Mais tarde Rossi ainda fez outros testes, como este acima, em Barcelona, mas acabou nunca deixando o mundo das duas rodas. A decisão foi sábia: ele ainda venceu os campeonatos de 2008 e 2009.