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O que um Lamborghini Countach de primeira geração tem em comum com um submarino?

Nos desenhos animados, é fácil descobrir quando um submarino está prestes a aparecer: o periscópio denuncia sua presença, e normalmente descobrimos que o vilão está espionando os heróis da história. Mas não são só os submarinos que têm periscópios: o Lamborghini Countach, supercarro lançado em 1974 para suceder o lendário Miura, também tinha. E esta nem era sua única “esquisitice”.

O Lamborghini Countach foi projetado por Marcello Gandini no início da década de 1970, que se inspirou em projetos anteriores, como o Lancia Stratos Zero – conceito apresentado em 1970,  quando Gandini trabalhava no estúdio italiano Bertone.

Seu estilo futurista foi diluído no Countach, mas ainda fazia do superesportivo com motor V12 uma verdadeira nave espacial quando comparado a, bem, todos os outros automóveis que rodavam nas ruas daquela época. Dá só uma olhada nas imagens abaixo.

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Fotos: magartsblog.net/dianeworland.com

Agora tente imaginar este carro ali no meio. Imagine o impacto que a carroceria baixa e larga, em formato de cunha, a pequena área envidraçada e a profusão de linhas retas causava no trânsito. Figurativamente, claro.

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É surreal.

Isto sem falar no conjunto mecânico. O Countach usava uma evolução do motor V12 do Lamborghini Miura que agora ficava montado em posição longitudinal. Na ocasião do lançamento, o chamado Countach LP400 dispunha de 375 cv e 37,2 mkgf moderados por uma caixa manual de seis marchas com grelha na alavanca. Era um monstro capaz de chegar aos 100 km/h em 5,6 segundos com máxima de 316 km/h, sem assistências eletrônicas e bastante arisco de pilotar. E é por isso que não são muitos os donos de Countach que aceleram de verdade seus brinquedos.

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Mas o Countach também é um carro de convivência problemática. Não pela manutenção um tanto cansativa devido à própria natureza de esportivo italiano da década de 1970, mas por seu projeto ousado. O formato da carroceria exigia portas tesoura, cujo ângulo tornava o processo de entrar e sair do carro mais complicado do que deveria; a ergonomia não era das melhores e, como demonstrou Jeremy Clarkson em seu famoso vídeo, era impossível enxergar pelo vigia traseiro. Se lembrarmos que, naquela época, era comum que superesportivos abrissem mão dos retrovisores externos em favor da “pureza do design”, a ideia fica ainda mais assustadora.

As primeiras 150 unidades do Countach fabricadas em Sant’Agata Bolognese traziam uma solução criativa para este problema: um periscópio.

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Na verdade, não era bem um periscópio: não havia um tubo com dois espelhos que refletiam para os olhos do motorista o que havia lá atrás, e sim uma pequena janelinha no teto que ficava bem na mira do retrovisor interno.

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Acontece que esta era uma solução criativa, e não eficiente: não demorou para que os proprietários do Countach entrassem em contato com a Lamborghini para dizer que não dava para enxergar porcaria nenhuma por aquela maldita janelinha. Provavelmente de uma forma menos agressiva. Ou não.

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O caso é que, a partir de 1978, com a primeira reestilização do Countach, a Lamborghini decidiu abandonar a janelinha, como dá para ver na foto abaixo.

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Assim, a primeira série de 150 unidades do Lamborghini Countach ficou conhecida retroativamente como Periscopica, por causa do periscópio-que-não-era-bem-um-periscópio.

Nem precisamos dizer que estes são os Countach mais valiosos para os colecionadores. Em 2014, um exemplar azul foi vendido por US$ 1,2 milhão, o que dá R$ 3,85 milhões em conversão direta. Agora, encontramos outro exemplar azul, também à venda, por US$ 1,295 milhão, ou por volta de R$ 4,2 milhões.

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O azul da carroceria é complementado pelo acabamento do interior, que mistura azul e branco em uma combinação que só a década de 1970 poderia permitir.

De acordo com a descrição do carro  Gullwing Motor Cars (que parece ter sido feito há pelo menos quinze anos), o Countach é do ano de 1976, e o 77º produzido. Com 15.845 km rodados, passou os últimos anos em diferentes e renomadas coleções.

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Eles dizem também que o carro foi restaurado há alguns anos, seguindo todos os padrões de fábrica, e que foi inspecionado em duas ocasiões por Valentino Balboni – o cara que, por décadas, foi piloto de testes número 1 da Lamborghini antes de se aposentar e começar a desenvolver sistemas de escape aftermarket para os superesportivos da marca. E ele deve entender uma coisinha ou outra dos touros italianos, não?

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Hoje em dia, a ousadia do Countach o levou de carro do futuro a clássico do presente.  Quem pagar US$ 1,3 milhões de dólares por ele não deverá se arrepender. A gente não se arrependeria.