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O rei africano que deixou seu reino para se tornar mecânico na Alemanha

Sempre contamos histórias improváveis envolvendo carros aqui no FlatOut, mas esta aqui sem dúvida está entre as mais improváveis de todas. Imagine que você mora na Alemanha, tem um carro e, quando vai levá-lo para o conserto, descobre que o mecânico é nada menos que um legítimo monarca africano. E que ele largou o reino porque sonhava em passar a vida apertando parafusos e se sujando de graça. Quer mais gearhead do que isto? E é uma história 100% real.

Seu nome é Togbe Ngoryifia Céphas Kosi Bansah, mas ele é mais conhecido como Céphas Bansah. E mais conhecido ainda como “o rei africano que virou mecânico”, embora não seja exatamente rei, nem apenas mecânico.

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É muito provável que você já tenha assistido “Um Príncipe em Nova York” (Coming to America, 1988). O clássico da Sessão da Tarde estrelado por Eddie Murphy conta a história de um príncipe de Zamunda, um reino fictício na África, que resolve mudar-se para os EUA a fim de encontrar uma esposa americana e viver de forma independente, sem empregados para lhe servir o tempo todo. Lá, ele começa uma carreira em um restaurante de fast food obviamente inspirado no McDonald’s.

A história do rei Céphas Bansah, , é parecida. Bansah o atual soberano da Área Tradicional Gbi de Hohoe, em Gana. Ele herdou o trono do avô, depois que seu pai e seu irmão, sucessores diretos, foram considerados incapazes governar por serem canhotos, característica que, na cultura de Bansah, é considerada “impura”. São costumes que nos chocam, claro, mas isto não vem ao caso agora (mas que é absurdo, isso é).

Enfim. O caso é que Bansah não estava em Gana quando foi chamado para assumir o trono de Hohoe. Ele estava na Alemanha. Mais precisamente, na cidade de Ludwigshafen, onde mora desde 1970 e ganha a vida como mecânico de automóveis.

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Ele foi mandado para lá por seu avô, o rei, através de um programa de intercâmbio, e começou a estudar mecânica. Primeiro, ele especializou-se em máquinas agrícolas e depois, mecânica de automóveis. Esta última tornou-se sua grande paixão.

Depois de graduado, Bansah decidiu que ficaria na Alemanha. O rei gostou da ideia e incentivou o neto a permanecer na Europa, onde ele abriu sua própria oficina mecânica. Enquanto isso, em seu tempo livre, também começou a praticar boxe e, em 1975, tornou-se campeão peso-pena no distrito. Tem noção do que é isto? O cara é rei, mecânico e boxeador!

Bansah explica sua decisão de fazer intercâmbio na Alemanha:

Tive duas razões para querer vir para a Alemanha: primeiro, meu interesse em seguir uma carreira onde pudesse usar e reforçar a experiência que ganhei quando era aprendiz e, segundo, vivenciar a “típica” atitude alemã – o inflexível senso de dever, disciplina, diligência e ambição.

Em 1987, sua vida tranquila na Europa foi interrompida por um fax, comunicando que seu avô havia morrido e que era seu dever voltar a Gana e assumir o trono. Ele aceitou, com uma condição: continuaria morando na Alemanha, trabalhando em sua oficina em tempo integral e comandando seu reino por telefone e fax. A condição foi aceita – talvez porque o cara era campeão de boxe, e fosse melhor não discutir com ele. Ou não.

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Incrivelmente, parece que deu tudo certo no reino governado à distância. Até que, em 1992, Gana tornou-se uma república. Bansah continua sendo rei, mas agora este é só um título oficial. Só que ele ainda tem um cargo em sua terra natal: ele é chefe de desenvolvimento da região, e ajuda a tomar decisões que afetam a vida de 200 mil pessoas em Hohoe e mais de 2.000 de pessoas no Togo, país que faz fronteira com o reino.

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Bansah visita seu país algumas vezes por ano – desde 2000, sempre acompanhado da esposa Gabriele, com quem mora na Alemanha. Ele visita a família e confere de perto o andamento de seus projetos, que incluem a construção de escolas e pontes, doação de veículos e bombas de água para projetos humanitários que fornecem água potável para famílias carentes.

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Aos 67 anos, o rei Bansah não pretende parar com esta vida tão cedo. Agora, ele pode resolver assuntos oficiais por videoconferência e mensagens instantâneas – tudo isto enquanto segue se sujando de graxa na oficina. Palmas para este cara!

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[ Fotos: Vice, CNA ]