Sem dúvida uma das pinturas de competição mais emblemáticas do planeta é a combinação de azul brilhante e amarelo vivo que decorou os carros de rali da Subaru a partir do início dos anos 90. As cores vieram da marca de cigarros 555, e era legal porque as cores do emblema da fabricante japonesa também são o azul e o amarelo. E o piloto que mais fez história com os Subaru Impreza 555 foi o escocês Colin McRae, que ajudou a companhia a conquistar três títulos entre 1995 e 1997.
Agora, o Impreza não foi o primeiro Subie a usar a clássica pintura 555: este honra pertence seu irmão mais velho, o Subaru Legacy.
Como a locomotiva “mais rápida do mundo” deu à Subaru a pintura azul e amarela
O Legacy foi lançado em 1989 e foi, logo de cara, um verdadeiro marco na história da Subaru. Seu desenho era mais maduro e discreto, o motor era completamente novo, mais confiável, silencioso e potente – o flat-4 da família EJ, que substituiu o flat-4 EA. Ele foi criado para concorrer com caras como o Honda Accord, o Toyota Corolla e o Mazda 626, tanto no Japão quanto nos EUA e na Europa, e seu apelo de marketing era o de um “carro de luxo sem o preço de um carro de luxo”.
No entanto, seu tamanho relativamente compacto, a força do novo boxer de quatro cilindros e o comportamento dinâmico acima da média (graças à adoção da suspensão independente nas quatro rodas, McPherson na dianteira e Chapman struts na traseira), além da tração integral, fizeram com que a Subaru não demorasse muito tempo para colocar o Legacy para competir nos estágios de rali.
O chamado Legacy RS foi criado especialmente para o Campeonato Mundial de Rali, homologado segundo o regulamento do Grupo A da FIA. O carro era equipado com uma versão turbinada do motor EJ de dois litros, capaz de entregar 290 cv e 40 mkgf de torque, moderados por uma caixa manual X-Trac e enviados para as quatro rodas através de um diferencial central com acoplamento viscoso e dois diferenciais de deslizamento limitado, um para cada eixo.
O trabalho de desenvolvimento foi realizado peala Prodrive, sob o comando do engenheiro David Richard, que assumiu o trabalho em praticamente todos os Subaru de competição desde então. Se você pretende passar direto pelo vídeo acima, não faça isto. Dê o play: é um time lapse da montagem de um dos Legacy pela Prodrive.
O principal piloto da Subaru na temporada de 199o foi o finlandês Markku Alén, que conquistou um quarto lugar no Ralli da Finlândia (mais conhecido como 1000 Lakes Rally), e seguiu na equipe para a temporada seguinte, em 1991, quando conquistou seu primeiro pódio – um terceiro lugar no Rali da Suécia. Também naquele ano estrearam Ari Vatanen, ainda como pilotos reserva, no RAC Rally, no Reino Unido.
Vatanen chegou na quinta posição e McRae deixou a prova por conta de um acidente, mas o desempenho de ambos garantiu a eles vagas permanentes para o ano seguinte. O destaque ficou com McRae, que conquistou o Campeonato Britânico de Rali (o British Rally Championship, ou simplesmente BRC) com o Legacy RS. Ele tinha só 23 anos de idade.
Até então, a Subaru ainda utilizava seu esquema de cores antigo, com fundo branco e detalhes em azul e cor-de-rosa. Foi em 1992 que a companhia assinou o contrato com a State Express 555 e, com isso, passou a usar a combinação de azul e amarelo que ficou icônica. Colin McRae venceu o BRC outra vez com o Legacy.
Naquele ano o Impreza já estava pronto e começou a participar de suas primeiras provas, mas o Legacy ainda permaneceu até o ano seguinte. E foi em 1993 que o jovem McRae conquistou a única vitória do modelo – no Rali da Nova Zelândia, ficando à frente do então favorito François Delecour, que conduzia o Ford Sierra RS Cosworth.
O Legacy RS, então, se aposentou em grande estilo, marcando a primeira vitória de um dos pilotos mais lendários da história do Campeonato Mundial de Rali. Além disso, antes de sair de cena, o carro conseguiu seu terceiro título consecutivo no BRC com Richard Burns ao volante.