Nürburgring Nordschleife é o solo sagrado dos entusiastas. Nos últimos anos, o circuito que antes era o campo de testes de diversas fabricantes de automóveis europeias se tornou algo mais parecido com um grande parque de diversões para adultos. É uma boa forma de manter o circuito em condições de funcionamento e gerando lucro – o que é essencial para que o Inferno Verde continue existindo, e continue recebendo gearheads do mundo todo.
Acontece que, por mais que hoje em dia o circuito alemão seja visto como uma mistura de Meca com Disneylândia, precisamos lembrar que Nürburgring, antes de qualquer coisa, é uma das pistas mais perigosas do planeta. Nunca é demais repassar: são quase vinte quilômetros, 73 curvas e variação topográfica de quase 300 metros (a diferença entre o ponto mais alto e o ponto mais baixo do traçado). Além disso, é uma pista estreita com asfalto irregular e pouca área de escape. Quem não curte carros e corridas pode até achar um absurdo que o Nordschleife seja aberto ao público, e que qualquer um possa pagar uma taxa e dar umas voltas no Green Hell sem qualquer tipo de treinamento formal.
Por que estamos dizendo tudo isto? Porque o vídeo abaixo nos fez lembrar de uma coisa: não se pode subestimar o Nürburgring Nordschleife. Não são acidentes: são os carros sendo levados de guincho depois dos acidentes. Se colocar uma música bem triste para tocar enquanto assiste, talvez você até deixe escorrer uma lágrima pelo canto do olho.
Tente ou
Agora, falando sério: estas são cenas que normalmente a gente não vê nos vídeos de acidentes de Nürburgring – a gente já viu alguns aqui no FlatOut, mesmo. Ver carros perdendo o controle e batendo no muro já quase não choca mais. Conhecendo os perigos do traçado, que a gente já citou ali em cima, é mesmo de se esperar que motoristas despreparados (ou mesmo os mais experientes) se envolvam em colisões.
Alguns acham que percorrer o Nordschleife centenas de vezes em Gran Turismo, Forza ou Assetto Corsa é o bastante para te transformar em um especialista. Não é. Já cobrimos este assunto aqui antes: Nürburgring é um circuito muito longo, complexo e cheio de detalhes que ainda não foram 100% reproduzidos em um simulador. Claro, dá para decorar o traçado e até ter certa noção das variações topográficas, mas não dá para sentir a brutalidade da real thing: não há os socos por conta das irregularidades no asfalto, nem as leis da física agindo sobre o corpo do piloto dentro de um carro em alta velocidade. O buraco é muito mais embaixo.
Outros encaram uma visita Nürburgring e algumas voltas em um carro alugado como uma chance para exibir suas habilidades. Não é. Como também já comentamos, Nürburgring incorpora vias públicas em seu traçado, e segue (na medida do possível) as leis de trânsito vigentes na Alemanha. Isto significa que não se pode ultrapassar pela direita, e que qualquer acidente ocorrido por lá é tratado como um acidente normal pelas autoridades. Isto não impede que os habitués do circuito dirijam/pilotem no limite, mas nem todo mundo é capacitado para tal. É preciso respeitar Nürburgring e levá-lo a sério.
Ver os carro destruídos, desbeiçados, amassados, deformados em cima dos caminhões nos faz pensar em tudo isto. Nos faz pensar em todos aqueles que talvez estivessem em sua primeira visita a Nürburgring e acabaram o passeio tendo que lidar com a burocracia da seguradora e arcar com o prejuízo às instalações da pista. Ou então que tiveram de receber atendimento médico. Nos faz pensar nos projetos que levaram meses ou anos para ficar prontos e se transformaram em um monte de metal retorcido no Nordscheife. E no que os motoristas de todos aqueles BMW fizeram de errado ao volante… (brincadeira, mas é fato que há muitos BMW no vídeo.
Por outro lado, muitos acidentes que acontecem são realmente acidentes. O automobilismo é assim mesmo: mesmo que se faça tudo corretamente, ainda estamos lidando com um esporte perigoso por natureza. É claro que, em Nürburgring, estes fatores são amplificados a níveis extremos. Lembre-se disto.