em 1973 o automobilismo brasileiro ja havia mudado radicalmente desde que ganhara o mainstream com o surgimento das equipes de fabrica na decada anterior willys simca e vemag e suas equipes nem existiam mais e a dacon agora era apenas uma concessionaria de modelos volkswagen e importados emerson ja era campeao mundial e o automobilismo estava dominado pelo ainda novo chevrolet opala em um segmento sem rivais o opala nao tinha concorrentes nas provas de turismo — em especial as corridas do campeonato nacional de turismo iniciado dois anos antes claro havia o dodge dart mas ele era um tanto maior que o chevrolet e lidava melhor com circuitos longos e menos sinuosos como o anel externo de interlagos nos circuitos que tinhamos por aqui so dava opala mas naquele ano a historia mudou a ford que ate entao tinha somente o corcel e o galaxie no pais decidiu preencher o espaço entre os dois com um modelo estrangeiro poderia ter sido o alemao taunus mas acabou sendo o americano maverick para o motorista comum a escolha foi um erro estrategico da ford para o automobilismo brasileiro a opçao pelo modelo americano foi o inicio de uma rivalidade que deu origem a dois dos maiores icones da industria nacional em todos os tempos o maverick v 8 quadrijet e o opala ss 250 s o maverick chegou ao brasil com duas opçoes de carroceria e duas opçoes de motorizaçao voce poderia compra lo como seda de quatro portas ou cupe de duas portas exatamente como o opala porem sem a opçao de um quatro cilindros bem acertado como o rival a ford nao tinha um motor de quatro cilindros adequado ao maverick entao deu um jeito de instalar nele o ja antigo seis em linha de tres litros da willys era um motor fraco e pouco eficiente bastante inadequado para um carro que pretendia roubar clientes do opala nas versoes de topo contudo o motor era um v8 small block o ford windsor de cinco litros e uma destas versoes era uma declaraçao de guerra ao opala o maverick gt a ford precisava de algo com impacto para promover seu novo esportivo afinal a dodge ja oferecia o charger r/t com um v8 ainda maior de 5 2 litros e 215 cv e o opala ss bem era o grande vencedor nas pistas pois foi justamente naquelas pistas que a ford viu o caminho para promover o maverick gt era so adotar a filosofia que consolidou seus esportivos nos eua no domingo vencer na segunda vender sim win on sunday sell on monday em versao brasileira flatouter como nos eua a ford nao se envolveu diretamente no automobilismo em vez disso ela tornou uma equipe independente sua equipe oficial e colocou o maverick gt para correr esta equipe era justamente a greco competiçoes de luiz antonio greco chefe da extinta equipe willys o know how de greco e o novo v8 tornaram as coisas faceis para o maverick que estreou vencendo a 25 horas de interlagos de 1973 com bird clemente dividindo o volante de um gt com seu irmao nilson e com clovis moraes superando justamente um chevrolet opala 4100 pilotado por bob sharp jan balder e jose carlos ramos inscrito de forma independente sem apoio da fabricante na epoca a gm apesar do sucesso tremendo do opala nas pistas nao dava atençao as competiçoes da divisao 1 entao a principal categoria de turismo brasileiro eles achavam que nao havia relaçao direta entre vitorias nas pistas e vendas de carros e se limitavam a vender os carros a pilotos clientes que corriam sem apoio oficial da fabrica contra uma iniciativa da propria ford o resultado nao poderia ter sido outro o maverick venceu a 500 milhas de interlagos novamente com os irmaos clemente sobre o opala de bob sharp e jose carlos ramos; depois venceu a 200 milhas de interlagos com uma dobradinha e no fim do ano a mil milhas brasileiras o sucesso nas pistas consolidou o maverick gt como o grande esportivo brasileiro do momento e fez a gm perceber o erro que cometera ao ignorar as competiçoes foi quando bob sharp decidiu procurar a fabricante em busca de um motor mais potente para o opala bob sabia que uma configuraçao mais potente do motor poderia ser homologada como variante opcional por coincidencia o departamento tecnico gm ja planejava uma versao mais potente de seu motor 250 para enfrentar o ford 302 do maverick o motor acabou aprovado e assim nasceu o 250 super ou 250 s que seria oferecido como opcional em toda a linha opala com esse motor tambem foi possivel a criaçao do opala ssr que era o nome usado pela imprensa da epoca para designar a versao de corrida equipada com o novo motor 250 s infelizmente nao ficou claro se por que a imprensa usou este nome um dos responsaveis pelo motor de corrida o sr yutaka fukuda me contou pessoalmente que o motor era designado extra oficialmente 250 r entao pode ser havido alguma confusao na apuraçao da imprensa na epoca o motor 250 r trocava os tuchos de valvula hidraulicos por um novo conjunto mecanico a taxa de compressao era elevada para 8 5 1 o comando de valvulas tinha maior levante e maior tempo de abertura e o carburador de corpo simples era trocado por um carburador de corpo duplo o resultado foi um aumento de 30% em relaçao ao motor 250 regular e uma vantagem de 18 cv sobre o maverick em maio daquele mesmo ano a gm enviou a bob sharp uma carta confirmando a oferta do motor 250 s como opcional regular para toda a linha opala disponivel em todas as concessionarias com isso o opala ss 250 s poderia ser homologado para aquela temporada e finalmente teria uma chance contra o maverick gt a menos que a ford preparasse uma resposta ao ss r e ela veio na forma de uma nova versao produzida em serie equipada com um novo sistema de alimentaçao no lugar do carburador motorcraft de corpo duplo este novo maverick vinha equipado com um carburador holley de corpo quadruplo coletor de admissao edelbrock comando de valvulas iskenderian atual isky com abertura de 270 graus molas duplas para as valvulas tuchos mecanicos e aumento da taxa de compressao de 7 5 1 para 8 1 1 por meio de juntas de cabeçote mais finas [caption id= attachment_259222 align= aligncenter width= 999 ] foto mavericknahistoria blogspot com[/caption] era o maverick quadrijet um modelo que seria produzido em serie pela ford para homologar este motor mais potente especificamente para manter a vantagem sobre o opala ss as mudanças elevavam a potencia de 190 cv para 250 cv brutos aqui e a parte da historia em que as controversias e as polemicas entram em cena afinal o maverick quadrijet foi mesmo uma versao produzida em serie pela ford teria sido uma versao montada pela concessionaria caltabiano ou apenas um kit avulso vendido nas concessionarias um pouco de cada o maverick quadrijet foi mesmo uma versao oficial idealizada pela ford com direito a homologaçao e potencia detalhada no documento do carro porem como o 250 s do opala o quadrijet era uma variante opcional mas quem fazia a instalaçao nao era a ford em sao bernardo do campo mas duas representantes suas a concessionaria caltabiano e a lag sua divisao de competiçao que nada mais era que a equipe de luiz antonio greco lag pense nelas como a shelby e a kar kraft em relaçao ao mustang era um jeito mais facil de homologar o carro pois em vez de 5 000 unidades em 1973; em 1974 eram 1 000 ele precisava de apenas 100 unidades o primeiro duelo entre o maverick quadrijet e o opala ss aconteceu na 25 horas de interlagos de 1974 realizada no ultimo final de semana de maio daquele ano a corrida foi marcada pela confusao na homologaçao dos dois modelos porque nenhum dos dois tinha produzido o numero de unidades exigidas naquele ano regulamento exigia 1 000 unidades para homologar o modelo na divisao 1 de carros produzidos em serie e 100 unidades para a variante opcional na data de realizaçao da prova o maverick tinha apenas 48 unidades e o opala ss sequer era oferecido ao publico eram claramente irregulares para a disputa mas por alguma razao a confederaçao brasileira de automobilismo aceitou a homologaçao do maverick e rejeitou a do opala ss os pilotos da gm apelaram para um mandado de segurança expedido pela justiça comum para garantir sua participaçao na prova e acabaram vencendo mas o premio foi decidido ao longo de um mes inteiro dentro de escritorios no fim das contas os modelos so seriam reconsiderados caso apresentassem as 100 unidades produzidas para a homologaçao e so poderiam voltar a correr em outubro de 1974 a cba voltou a fazer confusao neste periodo ao permitir a produçao retroativa ou seja a instalaçao de kits em carros usados — o que beneficiou o maverick ja que o kit quadrijet era vendido em concessionarias — dai a confusao entre os exemplares vendidos completos geralmente baseados nas versoes luxo e super luxo os modelos com o motor comprado pronto e modelos usados com o kit de juntas comando admissao e carburaçao depois de um mes de discussao os dois carros acabaram homologados e o opala ss acabou declarado o vencedor da 25 horas de interlagos daquele ano com wilsinho fittipaldi ingo hoffmann reinaldo campello e lian duarte [caption id= attachment_259209 align= aligncenter width= 999 ] foto revista o cruzeiro[/caption] a disputa se intensificou no ano seguinte com os dois carros alternando vitorias na temporada porem uma mudança no regulamento para 1976 matou as variantes opcionais foi o que levou a chevrolet a oferecer o motor 250 s como item de serie no opala ss ja o maverick quadrijet continuou vendido ate 1977 porem sem a possibilidade de homologaçao para as pistas o exemplar que ilustra este texto e o unico modelo original conhecido e ao que tudo indica foi o carro de uso diario de camilo christofaro [gallery type= grid link= file size= large ids= 259215 259216 259217 ] fotos mavericknahistoria blogspot com ainda em 1976 a crise do petroleo levou o governo federal a restringir a atividade automobilistica no brasil entre o segundo semestre daquele ano e o inicio de 1977 a menos que as categorias reduzissem o calendario a duraçao das baterias e adicionassem entre 1% e 5% de alcool a gasolina como medida economica foi o fim de uma era o automobilismo dos grandes duelos chegava ao fim no brasil em 1979 a chevrolet finalmente se envolveu oficialmente no automobilismo patrocinando a criaçao da stock car no brasil que correria somente com o opala
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