o sobrenome de oreste berta para os entusiastas brasileiros esta irremediavelmente associado a um carro o maverick berta hollywood que arrepiou nas provas da antiga divisao 3 entre 1974 e 1976 a era de ouro do turismo brasileiro ha quem diga e realmente quem viu o assombroso cupe com pintura da hollywood para lamas estupidamente alargados e ouviu seu ronco cavernoso enquanto o maverick acelerava pelas curvas do antigo traçado de interlagos garante que era algo impossivel de apagar da memoria sem duvida o coraçao do maverick berta holywood era em boa parte responsavel por seu sucesso suas vitorias seus recordes o carinho do publico aquilo era um monstro um v8 302 com cabeçotes gurney weslake iguais aos do ford gt40 alimentado diretamente por quatro carburadores weber 48 ida e equipado com bielas e pistoes forjados virabrequim retrabalhado carter seco e coletores de escape diretos tudo devidamente projetado executado e afinado pelo proprio oreste berta que tambem era conhecido como el mago de alta gracia tamanha a eficiencia de suas preparaçoes mais de 400 cv a cerca de 6 500 rpm com potencial para muito mais exceto que nao era preciso muito mais ja elegemos o maverick berta hollywood como nosso carro de turismo favorito ha tempos ja passou da hora de contar a historia do homem responsavel por torna lo tao bom uma historia da qual o maverick berta hollywood e apenas uma passagem berta e um heroi para os entusiastas argentinos e figura importantissima no automobilismo dos hermanos renault dauphine o começo de tudo oreste berta nasceu em 29 de setembro de 1938 na cidade de rafaela na provincia argentina de santa fe desde cedo ele mostrou interesse em maquinas e motores aos 15 anos de idade berta começou a ter aulas de engenharia mecanica mas nao demorou ate que largasse os estudos em uma demonstraçao precoce da filosofia autodidata que o acompanharia ao longo de toda a sua longa carreira tao longa na verdade que ainda esta em curso hoje com 80 anos berta ainda esta envolvido com preparaçao e restauraçao de automoveis oreste sempre disse que aprendia mais na pratica com tentativa e erro do que com os professores certas pessoas realmente tem esta habilidade e nao demorou para que ja sabendo o que estava fazendo com um motor nas maos o argentino viajasse para os estados unidos onde trabalhou em oficinas de motos e especializou se em motores ducati e cucciolo https //www youtube com/watch v=xt3hqjtdsa8 em 1965 oreste voltou para seu pais onde como no brasil as provas de turismo estavam começando a ficar populares a turismo carretera mais popular categoria de corridas da argentina que existe ate hoje diga se e tem suas raizes o inicio do seculo passado nos anos 1960 a tc estava em uma fase de transiçao migrando dos antigos modelos da decada de 30 e adotando projetos mais modernos como o ford falcon o chevrolet chevy e o dodge gtx representando os modelos maiores; e carros como o fusca e o renault dauphine berta optou pelo dauphine marcando o inicio de uma longa e frutifera relaçao com a fabricante francesa ele abriu o singelo motor ventoux de 843 cm³ para 1 000 cm³ colocou nele dois carburadores weber de corpo duplo e instalou cabeçote comando e valvulas modificados e conseguiu algo absurdo aumentou a potencia do motor de 35 cv para quase 100 cv o suficiente para levar o dauphine ate os 190 km/h o carro tambem tinha partes da carroceria em fibra de vidro e rodas de 13x5 5 polegadas com pneus de formula 2 era um foguete mas em sua estreia em março de 1966 o dauphine so aguentou tres voltas no autodromo de buenos aires uma falha mecanica presenteou oreste com seu primeiro abandono em uma corrida ika torino 380w e la mision argentina oreste atuou sempre como mecanico preparador e chefe de equipe ele nunca foi de pilotar exceto na hora de fazer o shakedown em seus carros seu negocio era mesmo a mecanica e foi nesta pegada que ainda em 1966 ele aceitou o cargo de diretor da equipe de fabrica da ika industrias kaiser argentina principal fabricante argentina naquela epoca a companhia era uma ramificaçao da kaiser motors norte americana que decidiu investir na america do sul para fugir da crise nos eua e logo viu que era uma otima ideia apostar no automobilismo como forma de promover seus carros o ika torino era um seda desenvolvido na argentina usando componentes amc rambler e classic feitos nos eua na carroceria e um seis em linha originalmente desenvolvido pela kaiser motors para o jeep usando um seis cilindros de jipe como ponto de partida berta transformou o ika torino em uma maquina de vencer corridas a versao usada como base foi a torino 380w de topo a letra w indicava que o seis em linha de 3 8 litros era alimentado por nao um nao dois mas tres carburadores weber 45 dcoe o suficiente para entregar 180 cv a 4 500 rpm com 33 mkgf de torque a 3 500 rpm com os truques de berta o motor do torino 380w chegou perto dos 300 cv força o bastante para garantir a ika os titulos de 1967 1969 1970 e 1971 na turismo carretera em 1968 ele foi vice campeao mas compensou a ausencia de um titulo naquele ano com uma vitoria pessoal a inauguraçao da oreste berta s a em alta gracia na provincia de cordoba foi atraves de sua companhia que ainda existe no mesmo lugar que oreste berta realizou o desenvolvimento de todos os motores que projetou fossem de corrida ou sob encomenda de fabricantes e foi com o torino de oreste berta que a ika disputou a lendaria prova dos 84 km de nurburgring sim 84 em 1969 a empreitada ficou conhecida como la mision argentina e e considerada uma das maiores epopeias do automobilismo no pais vizinho https //www youtube com/watch v=ux5ihjprwxa a prova aconteceu entre os dias 19 e 22 de agosto de 1969 seu nome oficial era le marathon de la route e sua origem remonta a decada de 1930 quando ainda era um rali de regularidade o liege rome liege rally o automovil club de argentina decidiu inscrever a equipe da ika comandada por berta nas 84 horas de nuburgring daquele ano o objetivo era demonstrar ao mundo a qualidade dos automoveis argentinos a iniciativa contou ate mesmo com o envolvimento de juan manuel fangio pois o pentacampeao de formula 1 era membro nao executivo da ika a ika levou tres carros para a alemanha mas apenas o carro nº 3 conseguiu concluir as 84 horas de prova e mais na 80ª hora de prova o carro estava na liderança da prova seguido de perto por um lancia fulvia no entanto um pit stop de 14 minutos para trocar o escapamento que fazia barulho demais rendeu uma penalidade de 13 voltas e custou tres posiçoes aos argentinos que terminaram a prova na 4ª posiçao apesar de nao vencerem os membros da mision argentina voltaram para casa como herois como se tivessem sido os primeiros e o carro nº 3 hoje descansa no museu juan manuel fangio em buenos aires oreste berta seguiu participando da turismo carretera no começo da decada de 1970 mas os demais competidores acreditavam que por algum arranjo com a ika o regulamento das corridas favorecia a equipe de berta em resposta aos comentarios dos colegas berta retirou se da competiçao e deixou o cargo de diretor da equipe da ika ele queria mesmo testar novos ares antes disto porem ele ainda colaborou com a ika no desenvolvimento de um novo motor para o torino um seis em linha de 3 8 litros com comando no cabeçote e 215 cv que foi lançado em 1973 o berta lr v8 paralelamente a atuaçao do ika torino 380w na turismo carretera oreste berta tambem usou a competiçao como um campo de testes para suas carrocerias de fibra de vidro aproveitando que em 1967 o regulamento começou a permitir tais modificaçoes usando o proprio torino como ponto de partida ele criou a serie de prototipos liebre torino que teve quatro geraçoes entre 1967 e 1970 o motor era sempre o mesmo seis em linha de 3 8 litros com diferentes ajustes a cada temporada o que realmente diferenciava cada um dos carros era a abrangencia das modificaçoes enquanto o liebre torino mki era nao muito mais que um seda com bico aerodinamico de fibra de vidro o torino mk4 era muito mais parecido com um cupe europeu com capo longo traseira curta e linhas arredondadas na carroceria a experiencia com moldagem em fibra de vidro inspirou berta a tentar a sorte nos 1 000 km de buenos aires na categoria esporte prototipo internacional para isto ele projetou um prototipo muito mais radical com estrutura tubular e motor central traseiro o detalhe o motor era um v8 o projeto foi financiado pelo jornal argentino la razon e por isto o carro foi batizado berta lr graças ao patrocinio berta conseguiu importar da inglaterra um motor v8 cosworth dfv o mesmo que estava em plena utilizaçao pela formula 1 oreste berta foi atraido pela robustez pelo preço relativamente acessivel e pela facilidade de manutençao alem disso o v8 cossie tinha pelo menos 480 cv e so precisava empurrar 650 kg de carro o berta lr v8 tinha um objetivo simples porem ousado encarar de igual para igual prototipos ferrari lola matra e porsche que disputariam os 1 000 km de buenos aires ele so ficou pronto em 1970 mas tinha tudo para fazer bonito surpreendendo a todos imprensa publico os rivais e talvez ate a propria equipe o bolido argentino largou na terceira posiçao nao da para dizer que o berta lr v8 teve sorte na primeira corrida com ruben luis di palma e carlos marincovich revezando ao volante um vazamento de combustivel e um problema com o balanceamento das rodas forçou o prototipo argentino a retirar se da pista na prova seguinte porem as 200 milhas de buenos aires as coisas foram ainda piores durante os treinos o piloto oscar mauricio franco sofreu um acidente impressionante e foi atirado para fora do carro voando quase seis metros antes de cair berta que acompanhava tudo dos boxes correu ate a pista para ajudar seu piloto e pegou uma parte da carroceria para improvisar uma maca franco estava inconsciente e foi levado para o hospital onde diagnosticou se uma fratura no cotovelo dolorosa certamente mas que nao representava risco a vida do piloto aliviado oreste pode preocupar se com o estado do carro que era lamentavel e em procurar um substituto contra todas as expectativas a equipe de oreste conseguiu nao apenas reconstruir o prototipo ele tambem parecia melhor do que antes e novamente conquistou a terceira posiçao no grid com carlos marincovich ao volante o berta lr tinha muito potencial ficava claro mas sempre havia algo para atrapalha lo em maio de 1970 o carro foi levado para a alemanha para disputar os 1 000 km de nurburgring sua primeira e unica incursao para fora do continente americano e abandonou a corrida por problemas mecanicos a participaçao do carro nos 1 000 km de 1971 foi marcada por outro acidente dessa vez com luis di palma ja nos 500 km de interlagos em 1972 o berta lr v8 largou novamente em terceiro lugar mas problemas na linha de combustivel fizeram com que o piloto angel monguzzi deixasse a corrida logo apos a primeira volta frustrante nao mas havia quem estivesse prestando mais atençao nos acertos de oreste berta do que nas agruras de sua equipe e este alguem era ninguem menos que juan carlos ongania entao presidente da argentina ele acreditava que berta estava no caminho certo mas nao gostava da ideia de um carro argentino com motor estrangeiro ele achava que berta deveria desenvolver e construir um carro 100% argentino chassi carroceria e motor e mais ele deveria levar este motor para competir la fora quem sabe ate na formula 1 mas voce provavelmente nao lembra da historia de uma equipe argentina com um carro argentino e um motor argentino competindo na formula 1 na decada de 1970 e o motivo e simples isto nunca aconteceu por que e o que vamos ver na proxima parte desta historia
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