Há alguns dias perguntamos a nossos fiéis leitores quais eram seus carros conceito favoritos que jamais viraram realidade, mas deveriam. Nossas sugestões foram o Gol GT apresentado no Salão do Automóvel de 2016 e o BMW Nazca C2, supercarro projetado por Giorgetto Giugiaro que só virou realidade em Need for Speed.
Foram tantas boas sugestões que tivemos de dividir a lista em mais de uma parte. A primeira delas pode ser conferida aqui. A segunda, você confere agora!
Ford GT90
Sugerido por: Kleiton Venhofen Vasconcellos
Em 2005 foi lançado o Ford GT, supercarro retrô que era quase uma cópia do GT40, carro de corrida que venceu as 24 Horas de Le Mans quatro vezes seguidas entre 1966 e 1969. Dez anos antes, porém, o mundo quase ganhou outro supercarro inspirado no GT40, ainda que a inspiração fosse (bem) mais sutil: o GT90.
Feito sobre a plataforma do Jaguar XJ220 (a Ford era dona da companhia britânica na época), o GT90 era movido por um motor V12 de seis litros com quatro turbocompressores Garrett T2 entregava 730 cv e 91,2 mkgf de torque. Era o bastante para acelerar até os 100 km/h em três segundos, com máxima estimada em 378 km/h. O motor era totalmente novo, baseado na arquitetura dos V8 Modular usados no Ford Mustang.
A carroceria cheia de recortes, vincos, dobras e triângulos foi o que deu início à linguagem de design New Edge, que foi vista em modelos do final dos anos 1990 como as primeiras gerações do Ford Ka e do Focus. O mesmo vale para o interior, que era revestido com um couro absurdamente azul, que era tendência na época.
Conta-se que, durante o Salão de Detroit de 1995, a Ford havia dado a entender que o GT90 seria eventualmente produzido — e a boa recepção do público provava que ele seria muito bem vindo. O carro até foi testado pela imprensa automotiva, agradando inclusive a Jeremy Clarkson.
Imaginamos que uma suposta versão de produção tivesse um visual mais comportado tanto do lado de fora quando por dentro, mas ainda no fim daquele ano a Ford admitiu que a intenção de dar sequência ao projeto sequer havia existido.
Pontiac Banshee
Sugerido por: MPeters
Este aqui foi mesmo uma judiação. O Pontiac Banshee era uma proposta de John DeLorean, que nos anos 60 trabalhava na Pontiac, para criar um esportivo de alto nível com o nome da Pontiac. Apresentado em 1964, o Banshee era um conversível de capota rígida com perfil fastback, faróis escamoteáveis e um seis-em-linha debaixo do longo capô. Era um carro verdadeiramente bonito, e para John DeLorean, era o esportivo descolado que a Pontiac precisava vender para conquistar os jovens e rivalizar com o Ford Mustang.
Infelizmente os executivos da General Motors viram o Banshee como uma ameaça ao sucesso do Corvette, que era o queridinho da GM na época, e por isso o conceito sequer foi considerado para ganhar as ruas, apesar de ter sido bem recebido pelo público. Mais triste ainda: em setembro de 1965 o chefe do departamento de design da General Motors, Bill Mitchel, recebeu um memorando da cúpula da companhia dizendo que o visual do Banshee deveria servir de base para a terceira geração do Corvette, que veio a ser lançada em 1968 e, de fato, ficou bem parecida com o conceito.
Dodge Copperhead
Sugerido por: Diego Sampaio Vieira
Outro que poderia ter se tornado um belo esportivo americano dos anos 2000 foi o Dodge Copperhead. O conceito apresentado no Salão de Nova York de 1997, com a proposta de ser uma opção mais acessível ao Viper. Ele até tinha nome de cobra: copperhead snake é como o nome em inglês de uma espécie de serpente marrom acobreada nativa dos Estados Unidos.
Ele tinha um motor V6 de 2.692 cm³ totalmente novo, todo feito de alumínio, com comando duplo nos cabeçotes e 220 cv a 6.000 rpm, acoplado a uma caixa manual de cinco marchas que levava a força para as rodas traseiras. Pesava cerca de 1.200 kg, e poderia ter sido um sucesso… se não o projeto não tivesse sido cancelado sem razão aparente, como muitos outros nomes desta lista.
Uma curiosidade: muita gente conheceu o Dodge Copperhead em Gran Turismo 2, onde o carro se chamava Concept Car. Isto porque na época Billy Gibbons, o guitarrista barbudo da clássica banda americana ZZ Top, havia processado a Chrysler por utilizar o nome de um de seus hot rods customizados no conceito. Por isso, logo depois de revelado, o carro teve seu nome mudado oficialmente para “Concept Car”.
Chevrolet Aerovette
Sugerido por: Derek Kleber
O Chevrolet Corvette vai ganhar um motor central-traseiro na sua próxima geração, a C8. Mas isto quase aconteceu já nos anos 70 E mais: o conceito em questão tinha um motor rotativo Wankel com quatro rotores! Era o Chevrolet Aerovette, que tinha estilo obviamente inspirado pelo Corvette Sting Ray da época, porém com proporções de supercarro.
O conceito foi concebido pelos engenheiros da Chevrolet no fim dos anos 60 com um motor V8 central-traseiro, mas John DeLorean, que na época havia sido promovido a diretor geral da GM, vetou o projeto por considerá-lo dispendioso demais. No entanto, quando a Ford anunciou que venderia o De Tomaso Pantera nos EUA, DeLorean decidiu ressuscitar a ideia e mandou expor o conceito no Salão de Nova York de 1970.
Em 1972 o V8 deu lugar ao Wankel de quatro rotores, que era capaz de entregar nada menos que 428 cv e levar o Aerovette (cujo perfil aerodinâmico era impecável) aos 230 km/h em uma milha. Em 1976 o motor deu lugar a um novo V8, de 5,7 litros, que seria usado no carro de produção. Contudo, depois disto a Chevrolet decidiu que um esportivo de motor central-traseiro seria caro e estava fadado a ser um carro de nicho muito restrito, e cancelou o projeto.
Holden Efijy
Sugerido por: Si Type-R
Inspirado no Holden FJ, sedã fabricado entre 1953 e 1956 e segundo modelo da divisão australiana da GM, o Holden Efijy foi apresentado em 2005. Provavelmente ele jamais tivesse sido pensado para ganhar as ruas algum dia. Mas não seria incrível ver um hot rod “de fábrica” feito na Austrália rodando por aí?
Feito com base no então recém-lançado Corvette C6, o Holden Efijy tinha carroceria toda esculpida à mão em alumínio, suspensão pneumática ajustável e rodas de 20 polegadas na frente e 22 polegadas atrás.
O motor era um V8 de 6,2 litros com supercharger Roots e 650 cv. Já o interior era um ambiente retrofuturista, com formas inspiradas pelo original dos anos 50, couro bege e detalhes cromados dividindo espaço com um painel digital e central multimídia no console central.
O Efijy foi exposto no circuito de salões do automóvel dos EUA em 2007, onde foi chamado pela imprensa de “o conceito do ano”. Infelizmente ele talvez fosse mesmo ousado demais para o mercado da década passada, mas certamente não faria feio na onda de carros retrô que tivemos naquela época.
Jaguar C-X75
Sugerido por: Douglas Duarte da Silva
Parece difícil de acreditar, mas já faz oito anos que o Jaguar C-X75 nos foi apresentado – e cinco que ele foi tirado de nós antes de estarmos preparados. O superesportivo era movido por quatro motores elétricos, um para cada roda, que rendiam potência equivalente a 789 cv e torque de 163,5 mkgf (!). Com isto, o conceito com estrutura e carroceria de fibra de carbono era capaz de chegar aos 100 km/h em 3,4 segundos, com velocidade máxima de 330 km/h. O C-X75 foi desenvolvido em parceria com a equipe Williams de Fórmula 1, e possuia um curioso sistema híbrido que combinava os quatro motores elétricos a duas microturbinas movidas a diesel que atuavam apenas como geradores de energia elétrica e eram capazes de estender a autonomia do C-X75 para incríveis 900 km. Elas não eram usadas para mover o carro diretamente.
Depois de criar cinco protótipos experimentais usando um motor twin-charged (com turbo e supercharger) de 1,6 litro e 500 cv, mais um motor elétrico em cada eixo, o projeto foi cancelado repentinamente em 2012. De acordo com a Jaguar a razão era puramente financeira: a crise na economia mundial tornava inviável seguir com o seu desenvolvimento.
Ao menos o Jaguar C-X75 fez uma participação no filme “007 contra Spectre” (Spectre, 2015), ficando imortalizado no quarto filme com Daniel Craig no papel de James Bond.
Lamborghini Miura
Sugerido por: Maik Dias de Oliveira
Outro representante dos conceitos retrô que não tivemos é o belíssimo Lamborghini Miura. Apresentado em janeiro de 2006 no Museu da Televisão e do Rádio de Los Angeles (coincidindo com o Salão de LA daquele ano, porém sem estar presente no evento), o carro foi o primeiro totalmente desenhado por Walter de Silva, então chefe de o departamento de design da Lamborghini, e era uma reinterpretação fiel, porém devidamente modernizada, do Lamborghini Miura original de Marcello Gandini.
Ele poderia ter sido o Ford GT da Lamborghini, porque a proposta era parecidíssima: celebrar o passado e o futuro da marca em um só automóvel. Os faróis tinham o mesmo formato do original, mas eram fixos, a silhueta era praticamente a mesma e até mesmo a persiana da janela traseira estava presente.
O carro era um conceito estático, sem interior, mas foi suficiente para alimentar os sonhos de entusiastas pelo mundo todo. No entanto, a própria Lamborghini deixou bem claro na época que o novo Miura não passava de um exercício de design e que não tinha qualquer intenção de levá-lo para as ruas.