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Carros Antigos

Os carros mais caros leiloados durante a Monterey Car Week de 2024

Todos os anos, no mês de agosto, os americanos organizam a Monterey Car Week. Como seu nome sugere, é uma semana dedicada aos carros clássicos. Uma semana com diversos eventos acontecendo paralelamente na cidade de Monterey e em seus arredores. Sim, não é apenas um evento, mas uma reunião de sete eventos temáticos  — o Concurso de Elegância de Pebble Beach, o Monterey Motorsports Reunion, a Jet Center Party, o Legends of the Autobahn, o Porsche Werks Reunion, o The Quail, A Motorports Gathering, e o Concorso italiano.

Além deles, as principais casas de leilão do planeta também se organizam para oferecer algumas das maiores preciosidades do mundo automobilística — e como resultado disso, a maioria dos recordistas de valores em leilões foram vendidos durante os eventos da Car Week. Na atual lista de 10 carros mais caros vendidos em leilão público, cinco deles foram vendidos em Monterey e Carmel, nos arredores de Monterey.

Neste ano os valores foram sutilmente mais baixos, sem nenhuma novidade no top 10 de todos os tempos, e com um total negociado pouco abaixo do ano passado — foram US$ 391 milhões neste ano ante US$ 401 milhões do ano passado —, mas ainda assim um número expressivo que ajuda a ilustrar o panorama do mercado internacional de clássicos.

O top 5 de Monterey é dominado por Ferraris, claro. Sempre foi assim e não acho que isso irá mudar tão cedo, mesmo com os Mercedes W196 assumindo a ponta da tabela de carros mais caros da história. Isso, porque os W196 têm uma combinação muito especial de fatores, como a raridade, o fato de serem de Fórmula 1 e, claro, de terem sido pilotados por Fangio e Moss. Mas eles também são os únicos Mercedes com esta combinação de fatores. Já a Ferrari tem um histórico mais consistente e duradouro de carros de competição, com maior variedade de modelos e mais sucesso.

É verdade que essa descrição também se aplica aos Porsche, bem mais populares que as Ferrari. É por isso também que entre os dez mais caros deste ano há dois exemplares (um deles está nesta lista e outro é um 935 Martini Racing, que correu na temporada de 1976 do Mundial de Carros Esporte (WSC). Com o público se renovando e os anos 1970, 1980 e 1990 ficando cada vez mais distantes e presentes nos leilões de clássicos, os Porsche deverão ganhar cada vez mais valor neste tipo de evento.

Dito isso, aqui estão os cinco carros mais caros vendidos nos leilões da Car Week de Monterey:

 

Ferrari 250 GT SWB California Spider Scaglietti 1960

Valor de venda: US$ 17.055.000

Só para variar, uma Ferrari 250 GT no topo da lista. Neste caso, uma California Spider de entre-eixos curto (SWB), com motor especificado para competição, teto rígido original de fábrica e faróis cobertos.

Foi a primeira GT California Spider SWB construída, e também o exemplar que a Ferrari apresentou no Salão de Genebra de 1960, onde o carro foi apresentado ao público pela primeira vez. Some isso ao fato de este exemplar nunca ter sido oferecido publicamente até hoje e você tem a explicação do valor.

O carro, embora não seja a California Spider mais valiosa de todas (há outras seis mais caras), se tornou a vigésima Ferrari mais cara vendida em um leilão, e também o 33º carro mais caro já leiloado.

 

Alfa Romeo 8C 2900B Lungo Spider Touring 1938

Valor de venda: US$ 14.030.000

Acredite: um Alfa Romeo 8C de US$ 14.030.000 é apenas o quarto Alfa Romeo mais valioso da história — todos eles, claro, são variações do 8C, sem dúvida o carro mais importante da história da fabricante.

Ele é um dos cinco ou sete exemplares do 8C 2900B com a carroceria Touring — assim como o 8C mais caro de todos. Também como o 8C recordista (que passou pelo Brasil nos anos 1940; leia a história no link abaixo), ele passou boa parte de sua história longe dos olhos do público, mas sempre em posse de colecionadores. Em 2022, ele foi roubado a caminho da restauração e ficou mais de um ano desaparecido, até ser recuperado em dezembro de 2023, quando foi restaurado pela segunda vez — a primeira foi em 1994.

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Como todo 8C 2900, ele é equipado com um oito-em-linha de 2,9 litros com comando duplo e dois superchargers que produzem entre 180 cv e 225 cv, dependendo do ano. Um detalhe curioso é que este exemplar, embora sempre bem-cuidado nas mãos de zelosos proprietários, não chegou nem perto dos mais de US$ 25.000.000 pagos pelo 8C 2900 recordista, que foi reconstruído depois de ter sido despedaçado na América do Sul.

 

Ferrari 410 Sport Spider 1955

Valor de venda: US$ 12.985.000

Esta é a única Ferrari 410 Sport Spider com carroceria Scaglietti — o que faz dela um carro especial por si. Mas ela também venceu a Road Races de Palm Springs de 1956 com ninguém menos que Carroll Shelby ao volante. Ou seja: é a Ferrari do Shelby. Como se não bastasse, ela teve apenas quatro proprietários desde 1969 e um deles, dono de uma das melhores coleções de Ferrari da América, permaneceu com o carro por 37 anos.

Apesar do valor expressivo, ela é apenas a terceira 410 Sport Spider mais cara leiloada — as outras duas foram vendidas por US$ 22.900.000 em 2022 e por US$ 29.602.000 em 2014 (os valores já foram atualizados).

 

Ford GT40 Lightweight 1969

Valor de venda: US$ 7.865.000

Um GT40 que venceu corridas, ainda tem a carroceria original no chassi, e também motor e câmbio inalterados — um matching numbers, portanto. Ele não venceu Le Mans, nem Daytona, mas disputou corridas na África com seu proprietário português, o que o torna mais especial — afinal é um carro de corridas que não teve componentes substituídos por colisões ou danos extensos.

Ele também é um dos 10 modelos de pista com alívio de peso (lightweight) e foi autenticado pelo especialista em GT40, Ronnie Spain. Com uma restauração que o deixou com aspecto imaculado, ele atingiu o terceiro maior valor pago por um GT40. Os outros dois são o GT40 MkII que chegou em terceiro na trinca de Le Mans em 1966, e o Gulf/Mirage usado nas gravações do filme “As 24 Horas de Le Mans” em 1971.

 

Porsche 911 GT1 Rennversion 1997

Valor de venda: US$ 7.045.000

Um dos carros mais novos já leiloados por tanto dinheiro em Monterey, o Porsche 911 GT1 Rennversion praticamente empatou com o valor de um exemplar de rua (Strassenversion) vendido em Amelia Island, em 2017 (US$ 7.100.000 em valores atuais). Seu valor dispensa explicações, afinal, é um 911 GT1 de corridas, que disputou o campeonato da IMSA em 1997, e é um dos nove carros feitos para equipes-clientes.

Como ele é o primeiro GT1 oferecido em leilão desde o Strassenversion de 2017, havia muita expectativa de um novo recorde para um 911 GT1 — a Mecum Auctions, responsável pelo leilão do carro, estimava um valor entre US$ 8.500.000 e US$ 10.500.000, mas os lances demoraram para acontecer e não escalaram como previsto, ficando nos US$ 7.045.000. Sua presença na lista, contudo, reforça a valorização dos Porsche de corridas, que logo deverão atingir valores semelhantes ao das Ferrari clássicas ou até superá-las na próxima década.

Isso, porque, embora seja um modelo de 27 anos — que nem se classifica como um clássico pela FIVA, uma vez que não tem 30 anos —, ele já está se aproximando dos US$ 10.000.000, enquanto os 917 mais importantes deverão bater a casa dos US$ 20.000.000 nos próximos leilões em que forem oferecidos — o mais valioso deles já foi arrematado em 2017 pelo equivalente a atuais US$ 17.500.000.

Soa ousado dizer que os Porsche podem se igualar às Ferrari? Em 2024 sim. Mas lembre-se que a janela dos clássicos valorizados é móvel. Quem diria, há 15 anos, que um McLaren F1 de 26 anos seria arrematado por mais de US$ 20.000.000?