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Car Culture

Os carros mais legais que Steve McQueen teve fora das telas

Há alguns dias, contamos aqui no FlatOut a breve história do Jaguar XKSS, versão de rua do D-Type que foi o precursor do E-Type e era praticamente um carro de corrida com para-brisa, para-choques cromados e placas. Mencionamos também que Steve McQueen, o astro dos filmes “Bullit” e “As 24 Horas de Le Mans”, ambos lançados mais ou menos na mesma época, teve seu exemplar.

Aproveitando deste pequeno fato, decidimos dar um passeio pela coleção de carros que Steve McQueen teve ao longo de sua vida. Porque é difícil dizer se ele era um ator entusiasta ou um entusiasta que por acaso trabalhava como ator.

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Para se ter uma ideia, McQueen chegou a competir de verdade com carros de corrida – como no Campeonato Britânico de Turismo (o BTCC) em 1961, com um Mini Cooper; e nas 12 Horas de Sebring em 1970, quando venceu na categoria até três litros revezando com Peter Revson ao volante de um Porsche 908. Nesta última, com a perna esquerda engessada depois de um acidente de moto apenas duas semanas antes.

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No ano seguinte, McQueen colocou o mesmo carro nas 24 Horas de Le Mans como camera car. Sua ideia inicial era dividir o volante de um Porsche 917 com Sir Jackie Stewart naquela corrida, mas havia um problema: McQueen estava gravando o filme “As 24 Horas de Le Mans” (Le Mans, lançado naquele mesmo ano) e os produtores da película ameaçaram deixar o projeto caso ele entrasse na corrida – eles temiam pela vida do autor, e o prejuízo que sua morte iria causar.

No fim das contas, McQueen ainda conseguiu ficar com alguns dos carros usados no filme, que eram genuínos protótipos de competição. Nós vamos falar mais deles (e dos outros automóveis incríveis que o ator teve) a seguir!

 

Porsche 356 Speedster

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Steve McQueen comprou seu primeiro carro zero-quilômetro em 1958, quando sua carreira como ator começou a decolar. Antes disso, ele ganhava mais dinheiro competindo em corridas de motocicletas do que atuando. Seu primeiro grande sucesso foi a série de faroeste Wanted: Dead or Alive, que foi ao ar de 1958 a 1961.

É até estranho ver Steve McQueen sem um carro por perto

O Porsche 356 Speedster preto era seu carro de uso diário e também seu brinquedo nas pistas: já em 1959, McQueen inscreveu o Porsche para corridas em Willow Springs e Laguna Seca.

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No entanto, em 1960, seus papéis no cinema e na TV começaram a ficar cada vez mais frequentes, e por isso Steve McQueen vendeu o Porsche para o amigo Bruce Meyer. Sete anos depois, convenceu Meyer a vendê-lo de volta.

 

Jaguar XKSS

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O Jaguar XKSS não foi o primeiro carro da coleção de Steve McQueen, mas certamente é o mais famoso. Ele comprou seu exemplar em 1957, ano em que “Facínoras Mascarados” (The Great St. Louis Bank Robbery) foi lançado.

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O carro não era zero-quilômetro, mas tinha tudo o que um entusiasta precisa para se divertir: uma carroceria leve feita de alumínio; um seis-em-linha de 3,4 litros exatamente igual ao da versão de competição, capaz de entregar 250 cv, câmbio manual e tração traseira – e apenas dois lugares: um para o motorista, outro para sua bela garota. Sem falar no seu visual de tirar o fôlego.

O XKSS de McQueen era branco com interior vermelho. Ele, tradicional, repintou o carro de verde “British Racing Green” e mandou forrar o interior de preto.

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A bela garota, no caso, era a esposa de McQueen, Neile. Em uma ocasião que se tornou famosa, McQueen foi parado pela polícia por excesso de velocidade. Neile estava ao seu lado, grávida de seis meses, e o ator inventou a desculpa de que sua mulher estava em trabalho de parto.

O policial pediu desculpas e escoltou o casal para o hospital. Quando os homens da lei foram embora, McQueen disse à enfermeira que se tratava de um alarme falso. Anos depois do acontecido, McQueen comentou a respeito:

Neile ficou furiosa. Não falou comigo pelo resto do dia. Mas, por Deus, funcionou. Eu não levei a multa!

McQueen vendeu o carro em 1969, mas acabou o comprando de volta em 1977 e ficando com ele até 1980, quando morreu de câncer de pulmão.

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O XKSS de McQueen passou por alguns donos antes de voltar às mãos da Jaguar, que o restaurou completamente como parte do programa de continuação da série original. Como contamos aqui, o plano era fazer 25 unidades, mas só 16 carros foram feitos em 1957, antes que um incêndio destruísse a fábrica onde o XKSS era construído. Os nove exemplares restantes só foram concluídos agora, usando ferramental da época e moldes originais.

 

Ferrari 512, Porsche 908 e Ford GT40

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Os planos para filmar “As 24 Horas de Le Mans” começaram a surgir na cabeça de Steve McQueen em 1969, pouco depois da estreia de “Bullitt”. O ator gostou muito de filmar as cenas de perseguição do filme, que até hoje é uma das mais realistas da história do cinema, e decidiu que seu próximo filme usaria carros de corrida de verdade.

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Um dos carros usados na produção do filme foi este Ford GT40, que era da equipe Gulf Mirage antes de ser vendido à Solar Productions, companhia cinematográfica aberta por McQueen, e tinha um vasto histórico acumulado em corridas de longa duração. A verdade é que, naquela época, mesmo as equipes de fábrica não eram muito apegadas aos carros de corrida que iriam se aposentar. Sem imaginar que eles um dia teriam valor histórico, elas simplesmente os vendiam a preços módicos para ajudar a arcar com os custos de desenvolvimento.

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McQueen também não teve pena do carro: ele arrancou o teto para fixar uma câmera de vídeo e um assento nada seguro para seu operador. Desse modo, as imagens capturadas para o filme eram extremamente autênticas – eram carros de corrida de verdade, com pilotos de verdade, correndo em Le Mans de verdade. Boa parte do tempo, era o próprio McQueen quem estava ao volante do GT40.

Assim que as filmagens de “As 24 Horas de Le Mans” acabaram, a Solar Productions vendeu o carro, que trocou de mãos várias vezes antes de ser completamente restaurado em 2003.

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Steve McQueen também acabou comprando dois carros usados no filme: um Porsche 908 e uma Ferrari 512S. Os dois carros haviam participado das 12 Horas de Sebring no ano anterior – McQueen ao volante do Porsche e Mario Andretti com a Ferrari 512.

O protótipo italiano acabou vencendo a corrida com 23 segundos de vantagem sobre o alemão.

 

Porsche 911S

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Steve McQueen era fanático por Porsche – não foi à toa que escolheu o lendário Porsche 917K como protagonista de “As 24 Horas de Le Mans”. Mas o protótipo, um dos carros de corrida mais insanos já feitos pelo homem (não somos nós que estamos dizendo), não foi o único envolvido na produção. Este 911S 1970 é o carro que McQueen aparece dirigindo nos créditos iniciais para ele, e foi vendido ao ator em junho de 1970.

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Ele já tinha outro 911S na mesma cor (cinza Slate Grey) em sua casa nos EUA, um exemplar de 1969, e pode ser que tenha achado mais fácil comprar outro carro quando se mudou para a Europa no ano seguinte do que transportá-lo de barco pelo Atlântico.

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O carro era equipado com quase todos os opcionais possíveis: ar-condicionado, silencioso, vidros escuros, rádio Blaupunkt, revestimento interno de couro e faróis auxiliares com lentes amarelas (exigência das leis de trânsito francesas na época).

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O 911S passou anos desaparecido antes de ser restaurado e leiloado em 2011, quando foi arrematado durante um evento em Monterey, na Califórnia, por US$ 1,3 milhão – R$ 4 milhões em conversão direta.

 

Ferrari 250 GT Lusso

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Steve McQueen podia ser fanático por Porsche, como dissemos no item anterior, mas seu daily driver era… uma Ferrari. Mais precisamente, uma 250 GT Lusso, versão mais refinada e elegante da Ferrari 250 GT SWB, e última variante de rua da Ferrari 250. O motor era o mesmo V12 de três litros e 300 cv usado nas outras 250, abrigado por um chassi tubular e coberto por uma bela carroceria construída pela Carrozzeria Scaglieti. Entre 1963 e 1964, 351 exemplares foram fabricados.

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O carro foi comprado pela esposa de McQueen, Neile, como presente para o marido em 1963. E ele deve ter gostado: segundo consta, o ator ficou quatro anos com a Ferrari e a dirigia regularmente pelo sul da Califórnia.

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A 250 GT Lusso marrom foi comprada em 1997 pelo colecionador Mike Regalia, que ficou com ela até 2007 e a restaurou ao longo de 4.000 horas de trabalho, sozinho, e a vendeu por US$ 2,3 milhões (R$ 7,1 milhões em conversão direta).

 

Porsche 911 Turbo

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O primeiro carro que Steve McQueen comprou zero-quilômetro foi um Porsche, e o último também. Como contamos neste post, o 911 Turbo era o melhor Porsche que se podia comprar em 1976, e Steve McQueen garantiu o seu – pintado de cinza Slate Grey, claro. Conhecido também como 930, o 911 Turbo era dotado de flat-6 de três litros que, sobrealimentado, entregava 264 cv e era capaz de chegar aos 100 km/h em 6,1 segundos, com máxima de 246 km/h.

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McQueen gostava de pilotar em vias públicas de forma bem empolgada, a ponto de realizar uma pequena modificação no carro: o painel era equipado com um botão que desligava todas as luzes na traseira. Desse modo, caso alguém (como a polícia) o seguisse durante um de seus passeios noturnos, ficaria mais difícil que registrassem sua placa. McQueen também instalou rodas Fuchs mais largas — de 7” e 8” para 8” e 9” (frente e traseira, respectivamente).

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O ator descobriu que estava com câncer de pulmão em 1979, mas ainda curtiu o carro por alguns meses antes de vendê-lo a uma concessionária Porsche da região. Nos anos seguintes o carro passou por um punhado de mãos de produtores e atores de Hollywood, e jamais saiu da região sul da Califórnia, onde McQueen morou no fim da vida.

Hoje em dia o carro está totalmente restaurado, e foi leiloado em 2015 pela agência Mecum.