Na semana passada, perguntamos aos leitores quais eram os melhores carros para um entusiasta que quisesse gastar até R$ 15 mil e, logo depois, fizemos a primeira parte da lista com as respostas. Como não havia espaço para tantas sugestões bacanas, chegou a hora de ver o que ficou para a parte 2!
Honda Civic
Se o atual Honda Civic é um sedã médio que custa entre R$ 78 mil e R$ 94 mil e está longe demais desta faixa de preços, o mesmo não pode ser dito dos modelos mais antigos. Os carros de quinta e sexta geração raramente ultrapassam os R$ 15 mil, e há uma boa variedade de carrocerias e motorizações. Um Civic EX (versão mais equipada, com motor de 1,6 litro com comando variável VTEC e 127 cv) em bom estado pode sair por R$ 12 mil, se você souber onde procurar.
Existem versões ainda mais em conta, como o Civic sedã ou hatch de quinta geração, com motor de 1,5 litro e 92 cv, que pode ser encontrado por menos de R$ 10 mil. Só atente para um detalhe: os motores da Honda são conhecidos por sua longevidade e, por isso, é dificílimo encontrar um exemplar que tenha rodado menos de 100 mil km. Um carro que tenha garantia de procedência é o melhor caminho — a não ser que o seu plano seja criar um project car.
Citroën Xsara VTS
Com menos de R$ 12 mil, dá para encontrar um Citroën Xsara inteirinho. Não é um mau negócio: o motor pode ser de 1,8 litro e 112 cv, ou 1,6 litro e 110 cv nos modelos mais novos (basicamente o mesmo usado nos Citroën C3 e C4, Peugeot 206, 207 e 307), a oferta de equipamentos é ampla até nas versões mais básicas — com ar-condicionado, direção assistida, vidros e travas elétricos e airbag duplo são de série em todo Xsara — o espaço interno é excelente e o visual é bem atraente até hoje.
Agora, se o que você quer é um carro com bom desempenho, saiba que o Citroën Xsara VTS, com motor 2.0 de 167 cv, é capaz de chegar aos 100 km/h em menos de sete segundos com máxima de 225 km/h, e que seu comportamento dinâmico é excelente para um tração-dianteira.
Um destes custa de R$ 12 mil a R$ 15 mil (mais que isto, só os impecáveis mesmo), o que é um preço bem atraente considerando o desempenho. Só não esqueça de tomar todos os cuidados necessários antes de comprar um esportivo — eles costumam levar uma vida mais, digamos, agitada que as versões comuns.
Fiat Uno
Ainda que muita gente seja irônica na hora de exaltar as qualidades do Fiat Uno, é bem verdade que a botinha ortopédica da Fiat é uma boa pedida para quem quer gastar pouco na hora de comprar e manter um carro. Suas peças estão entre as mais fáceis e baratas do mercado, os motores são econômicos e, verdade seja dita, poucos carros são tão comunicativos com o motorista quanto ele (agora, se isto é bom ou ruim, depende do ponto de vista).
Se você quiser um meio de transporte barato que, sendo leve e bem acertado, até possa lhe garantir um pouco de diversão, qualquer versão do Fiat Uno Mille, com motor 1.0, lhe serve — os mais velhinhos, com motor Fiasa e carburador, podem ser encontrados na faixa de R$ 5 mil, enquanto os mais novos, fabricados depois de 2010, já podem ser encontrados por menos de R$ 15 mil.
Agora, se o que você procura é um esportivo, não se preocupe: ainda que R$ 15 mil não bastem para comprar um Uno Turbo em bom estado (vamos falar dele mais adiante, pode ter certeza), as versões esportivas 1.5R, 1.6R e 1.6R MPI, com motores de 85 cv ou 94 cv, são bem espertas apesar da potência inferior à média entre os esportivos da época — em grande parte, graças ao baixo peso e à suspensão muito bem calibrada. Os preços oscilam entre R$ 6 mil e R$ 14 mil, dependendo muito do estado de conservação. Uma boa dica: se fizer questão de originalidade, procure um exemplar bonito — peças de acabamento, como lentes dos faróis auxiliares e molduras dos para-lamas, são difíceis de encontrar e costumam custar caro.
Chevrolet Kadett
Espaço interno para lá de razoável, mecânica consagrada, visual agradável e bom preço: o Chevrolet Kadett é um dos carros que melhor unem estas características: o médio-pequeno tem motores de 1,8 ou dois litros, com carburador ou injeção eletrônica (nas versões fabricadas a partir de 1992), acomoda muito bem cinco pessoas e dificilmente dá problemas mecânicos.
Os exemplares muito baratos costumam ser bastante surrados, mas algo entre R$ 7 mil e R$ 9 mil já compram um Kadett inteirinho. Com sorte, você até encontra um GSi, com motor 2.0 injetado de 121 cv, bancos Recaro, visual exclusivo e, em alguns casos, painel digital, por menos de R$ 15 mil. Mas a gente o deixaria para a próxima lista…
Quer mais espaço interno ainda? Procur uma Ipanema — a perua de duas ou quatro portas tem exatamente a mesma mecânica do Kadett e pode ser até mais barata.
Renault Twingo
Quem não compra carro por metro pode se dar muito bem com o Twingo. O pequenino mede só 3,43 metros de comprimento, mas tem espaço interno surpreendente para os quatro ocupantes — e ainda é possível deslizar o banco traseiro sobre trilhos para optar entre espaço interno ou para a bagagem. Ele tem painel digital (que não é dos melhores), acabamento em cores alegres e mecânica relativamente simples. O modelos mais antigos, fabricados em 1995 e 1996 vieram com o motor Cléon de 1,2 litro que um parente distante do CHT usado pela Ford e pela VW. Ele tinha 55 cv e foi substituído em 1997 pelo 1.2 D7F de 60 cv. Em 2000, quando as regras do IPI passaram a ser baseadas em cilindrada em vez de potência, o motor foi substituído pelo 1.0 8v do Clio (D7D) de 59 cv. Na metade de 2001 veio o 1.0 16v de 70 cv — que combina muito bem com o baixo peso do carro.
Os preços variam bastante: os exemplares mais antigos ainda podem ser encontrados por R$ 6 mil a R$ 8 mil, enquanto os mais novos — especialmente a versão Initiale, com couro nos bancos e mais itens de conforto e conveniência, custa entre R$ 12 mil e R$ 14 mil. Ah, e tem mais uma coisa:
Os bancos do Twingo já viravam uma cama antes do Honda Fit!
Ford Fiesta (Mk4 e Mk5)
A plataforma do Ford Fiesta de quarta geração é muito parecida com a do Ka — o que significa que ele tem praticamente a mesma agilidade somada ao bom acerto de suspensão. Ele também custa praticamente o mesmo que um Ka e também pode ser equipado com o motor RoCam de 1,6 litro e 95 cv. Estes são mais difíceis de encontrar, mas você também pode procurar um exemplar com motor 1.0 de 65 cv.
A principal vantagem do Fiesta em relação ao Ka é o espaço para cinco pessoas em vez de quatro — além do porta-malas maior, claro. O visual também é mais convencional — ainda que o modelo “Mk5”, produzidos depois de 1999, com a dianteira seguindo a linguagem de design New Edge, sejam melhor aceitos que o “Mk4”, que é conhecido como “tristonho” por causa do desenho dos faróis. Os preços variam entre R$ 8.000 e R$ 12.000.
Chevrolet Vectra
Está cada vez mais difícil encontrar um Vectra GSi, esportivo equipado com o mítico motor C20XE, de dois litros, 16 válvulas e 150 cv, por menos de R$ 15 mil. Uma boa alternativa para quem quer um Vectra, porém, são os modelos de segunda geração.
O design do sedã de origem Opel é um dos melhores já vistos em solo brasileiro — há quem diga que o Vectra continua atual até hoje —, mas não é só isto: seus motores de dois ou 2,2 litros são confiáveis e razoavelmente potentes (o 2.2 com cabeçote de 16 válvulas tem 138 cv), espaço e acabamento interno são excelentes e há um bom mercado para o sedã. Se você gosta de pegar a estrada, a carroceria aerodinâmica ajuda na velocidade e no consumo. Os preços variam entre R$ 10 mil e R$ 15 mil (que te compram um exemplar muitíssimo bem conservado, sabendo onde procurar).
Peugeot 306
O Peugeot 306 é o irmão maior do 106: ambos foram vendidos na mesma época e seguem a mesma escola estilística, mas o 306 é um modelo médio com motores mais potentes e opção por sedã, hatch e perua (o conversível não costuma custar menos de R$ 25 mil, fora do nosso limite para esta lista).
O melhor negócio em termos de custo-benefício é sem dúvida o 306 reestilizado, fabricado entre 1999 e 2001, que pode ser comprado por algo entre R$ 7.000 e R$ 10 mil e é equipado com motor 1.8 16v de 112 cv (o mesmo do Xsara). No entanto, se tiver um respiro um pouco maior, talvez os esportivos S16 (motor de dois litros e 152 cv) e GTi (motor 2.0 16v de 167 cv, novamente igual ao do Xsara) lhe apeteçam. Os preços partem de R$ 12 mil, mas é muito difícil encontrar um exemplar original à venda.
VW Fusca
O VW Fusca ainda é um dos carros antigos mais acessíveis que se pode ter. E seu preço depende muito mais do estado de conservação e da vontade do dono do que do ano de fabricação em si — excluindo, é claro, exemplares antigos e impecáveis, que já entram no território dos carros de coleção. É plenamente possível comprar um Fusquinha rodando, só para curtir, por coisa de R$ 4 mil. Se quiser algo (um pouco) mais moderno e confiável, talvez você encontre um Fusca “Itamar” (dos últimos fabricados na década de 1990) por cerca de R$ 15 mil, nosso teto para esta lista.
É claro que é preciso tomar cuidado e escolher um exemplar que, ao menos estruturalmente, esteja íntegro. No resto — motor, câmbio, lataria e interior — é fácil dar jeito: peças sobressalentes, algumas até mesmo novas, são fáceis de achar. Além disso, você não precisa se apegar a originalidade, se não quiser: um dos grandes baratos de ter um Fusca é poder deixá-lo com a cara e a mecânica que mais lhe agradarem. Só que é bom lembrar: nesse caso, a compra do carro é apenas o investimento inicial.
VW Golf (Mk3)
Há alguns anos era praticamente impossível encontrar um VW Golf de terceira geração — modelo vendido no Brasil entre 1994 e 1999 — os exemplares baratos, de até R$ 10 mil, eram mal cuidados e, para conseguir um Golf Mk3 em estado razoável, só pagando pelo menos R$ 15 mil.
Algo mudou, pois hoje em dia até que se encontram carros bonitos e conservados por algo entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. A versão mais completa, GLX, com trio elétrico e bancos de veludo; e o Golf GTi, com visual esportivo e carroceria de duas portas, são equipadas com motor 2.0 8v de 114 cv. Já o Golf GL, versão de entrada que começou a ser importada em 1995, tinha motor de 1,8 litro e 90 cv.
Diz-se que, por vir da Alemanha, o Golf GL é melhor construído e acabado, enquanto a dupla mexicana deixa um pouco a desejar neste quesito. No entanto, bom espaço interno, mecânica robusta e dinâmica mais do que correta são comuns a todas as versões.
Não deixe de ler a primeira parte da lista!