Chegamos a mais uma parte da nossa série com os carros mais bacanas que um entusiasta pode comprar em várias faixas de preço. Depois de começar humildes, estabelecendo um teto de R$ 15 mil, chegou a hora de brincar um pouco mais sério e perguntar: que carro você compraria gastando entre R$ 15 mil e R$ 20 mil?
Nossa sugestão foi o Ford Focus de primeira geração, que ilustra muito bem como, com esta grana, dá para comprar algo mais moderno, potente e condizente com o que temos nas ruas hoje. Mas é claro que as sugestões de vocês também foram ótimas!
Ah, um detalhe: alguns carros sugeridos até podem ser encontrados dentro do nosso limite, mas são poucos exemplares. São bons carros, sem dúvida — não vamos citar seus nomes, mas é claro que eles entrarão na próxima lista!
Chevrolet Astra
A segunda geração do Chevrolet Astra começou a ser vendida no Brasil em setembro de 1998 — e, diferente do modelo anterior, conhecido como “belga”, era totalmente nacional. E, convenhamos, tinha um visual muito melhor acertado.
Por toda a sua longa vida no Brasil — ele deixou de ser fabricado em 2012, após 15 anos ininterruptos —, os motores 1,8 e dois litros da Família II da GM. No início, havia as versões GL, com motor 1.8 de 110 cv, e GLS, com motor 2.0 de 112 cv. No entanto, com nosso orçamento, é possível pegar algo mais novo e potente: R$ 18 mil já lhe compram um Astra fabricado depois de 2002, já reestilizado (conhecido como “locomotiva” por causa dos ressalto na grade e no para-choque) e muito bem cuidado. Com um pouco de sorte, você pode topar com um exemplar dos últimos anos, com motor 2.0 de 140 cv e carroceria sedã ou hatch — os de quatro portas são mais comuns.
Se quiser algo mais esportivo, um Astra GSi, fabricado entre 2003 e 2005, também custa entre R$ 18 mil e R$ 20 mil. Apesar do motor 2.0 16v menos potente, de 136 cv, a decoração esportiva agrada. Se você não se incomodar com a mecânica antiga (o Chevrolet Monza já vinha com o motor Família II injetado no fim da década de 1980), o Astra vai te agradar pelo design, acabamento, robustez e disposição para pegar a estrada.
Alfa Romeo 145
Se você quer algo mais exótico e não tem medo de oficina, o Alfa Romeo 145 pode ser uma bela pedida a partir de R$ 15 mil. Os carros projetados por Chris Bangle costumam dividir opiniões (basta lembrar dos BMW Série 5 e Série 6 da geração passada), mas o 145 é uma exceção: é um carro peculiar, sim, mas é raro encontrar um entusiasta que não goste dele.
O Alfa Romeo começou a ser importado oficialmente pela Fiat em 1995. Além da vocação naturalmente esportiva dos hatches italianos, com interior bem projetado e ergonômico e bom acerto de suspensão, o Alfa 145 tem motores potentes — um 2.0 16v de 150 cv nas versões Elegant e na esportiva Quadrifoglio (que também trazia rodas de 15 polegadas, pneus de perfil mais baixo, escape com ponteiras de alumínio e detalhes em vermelho no interior); ou 1.8 16v de 138 cv, vendido a partir de 1998. Ambos trazem duas velas por cilindro (Twin Spark) e desempenho satisfatório até para os padrões atuais.
A faixa de preço varia entre R$ 15 mil e R$ 20 mil — sendo que a Quadrifoglio costuma ficar mais perto do nosso teto. Não estamos falando de um dos Alfa Romeo mais complicados em termos de manutenção, mas é importante encontrar um bom profissional e um bom canal de peças. Ah, e os itens de acabamento não são dos mais baratos ou fáceis de encontrar.
Volkswagen Polo (2.0)
Você talvez nem lembre, mas o Polo saiu de linha em dezembro de 2014, depois de 12 anos no mercado. Ainda não dá para comprar um dos últimos exemplares com R$ 20 mil (eles ainda costumam custar quase o dobro), mas esta grana — algo entre R$ 16 mil e R$ 20 mil — já lhe garante um exemplar fabricado a partir de 2002, já como modelo 2003, com motor 2.0 de 116 cv.
Um detalhe interessante é que o Polo fabricado até 2003 tinha comando roletado (mancais com rolamentos em vez de lisos), que é mais resistente e oferece menos atrito quando em funcionamento, otimizando a abertura das válvulas e melhorando o rendimento do motor. A partir de 2004, o comando roletado foi substituído por um tradicional.
Independentemente deste detalhe, porém, Polo hatch 2.0 é um carro bastante ágil e bem acertado. É preciso, no entanto, ter cuidado com alguns componentes, como o sistema de direção eletro-hidráulica que tem manutenção um tanto cara.
Audi A3 1.8 Turbo
Plataforma do VW Golf MK4, acabamento caprichadíssimo, visual agradável e preço bacana para um esportivo: é o que você leva ao comprar um Audi A3 1.8 Turbo, que usa o mesmo motor do Golf GTI e custa entre R$ 18 mil e R$ 20 mil. O hatch começou a ser produzido em 1996 e importado para o Brasil em 1997 com motor 1.8 de aspiração natural e 125 cv, ou turbinado com 150 cv.
A partir de 1999, com o início da produção na fábrica de São José dos Pinhais/PR, o motor turbo passou a desenvolver 180 cv — e só podia ser acoplado a uma caixa manual de cinco marchas. Em 2002, passou a ser oferecido o câmbio automatizado Tiptronic (conhecido por ser um tanto problemático nesta época).
Tomando os devidos cuidados com exemplares baratos demais, que costumam ser bem gastos (não foram poucos os que abusaram de sua potência e negligenciaram a manutenção), o Audi A3 é uma bela pedida para quem quer um carro “premium” sem gastar muito na hora da compra — e, claro, não descuida da manutenção. Além disso, itens de acabamento, naturalmente, custam um pouco mais caro do que os do Golf, por exemplo.
Volkswagen Parati
Quer uma perua de mecânica robusta, visual acertado e manutenção barata? Então não esqueça da Parati — especialmente da segunda geração, fabricada entre 1996 e 2012. Ela passou por duas reetilizações (2000 e 2005) e compartilha de todas as qualidades do consagrado Gol, porém com mais espaço para a bagagem.
Dentro do nosso limite de R$ 15 mil a R$ 20 mil, é possível comprar uma Parati G4, com motor de 1,6 litro e 103 cv bastante conservada e relativamente pouco rodada (entre 60.000 e 80.000 km) custa, em média, R$ 18.000. Infelizmente, a rara Parati GTI 16v, com motor de dois litros e 145 cv, ainda não está dentro do nosso orçamento de faz-de-conta. Ainda…
Chevrolet Omega (3.0 e 4.1)
Nós já citamos o Chevrolet Omega na lista anterior, porém nas versões com motor de quatro cilindros. Agora, se você quiser um Absoluto de verdade, pode apostar na versão CD, equipada com dois motores de seis cilindros — o 3.0 de origem europeia, com 165 cv e 23,4 mkgd de torque (1992-1995); e o 4.1 brasileiro (1995-, que tem raízes no motor do Opala mas foi bastante moderinzado, com direito a injeção multiponto sequencial, para entregar 168 cv e 29,1.
A diferença entre ambos os modelos é maior do que três cavalos: tanto a potência quanto o torque máximo do motor 4.1 chegam mais cedo — 4.500 e 3.500 rpm, respectivamente, contra 5.800 e 4.200 rpm do motor 3.0. Ambas as versões, contudo, são muito bem equipadas, incluindo painel digital opcional e acabamento em madeira no interior. Existe, ainda, o Omega Diamond, um GLS com o motor 3.0 do Omega CD.
Uma observação importante: o motor 3.0 tem manutenção mais complicada e cara, com peças mais difíceis de encontrar, mas é bastante procurado por entusiastas do Omega.
Mazda MX-3 V6
O Mazda MX-3 é um cupê de tração dianteira e quatro lugares (2+2) que teve cerca de 3.500 unidades importadas para o Brasil entre 1992 e 1998, com três opções de motor: quatro-cilindros de 1,6 litro com comando simples e 88 cv (de 1992 a 1994), 1,6 litro com comando duplo e 108 cv (1994-1998) e V6 de 1,8 litro com 130 cv. Todas as versões podem ser encontradas mais ou menos na mesma faixa de preço e você até pode topar com algum exemplar custando menos de R$ 15 mil, mas os melhores custam algo entre R$ 15 mil e R$ 20 mil. A versão com motor V6 é a mais rara, mas não é impossível de achar.
Enquanto o quatro-cilindros pertence à família “B” de motores Mazda também utilizado em modelos da Ford nos EUA, o V6 com comando duplo nos cabeçotes é o chamado K8, que está entre os menores V6 já produzidos em série. Ambos, apesar da relativa dificuldade para encontrar peças (existem canais para importação, como oficinas especializadas) são bastante robustos. Itens de acabamento, como faróis, lanternas e vidros, também podem lhe causar um pouco de dor de cabeça caso precisem ser substituídos.
Tudo isto dito, o MX-3 tem ótimo comportamento dinâmico, um visual bacana e custa relativamente pouco pela exclusividade que oferece. Uma dica que é sempre válida para veículos de nicho é dar prioridade a carros que não tenham sofrido modificações e realizar uma inspeção minuciosa na hora de fechar negócio.
Toyota Fielder
A versão perua do Corolla de nona geração (segunda geração fabricada no Brasil), vendida entre 2004 e 2008, é uma das poucas versões do Corolla que, além de um carro competente, também agradam aos entusiastas — afinal, quem aqui não quer uma perua confiável, acessível, razoavelmente potente (o motor de 1,8 litro entrega 136 cv) e até que bonitona?
Com as mesmas qualidades do Corolla — mecânica robusta, acabamento correto e boa oferta de equipamentos de série —, a Fielder agrada pelo espaço extra na bagagem e pela boa dirigibilidade (nada extremamente empolgante, mas nem sempre a intenção é acelerar). O preço varia entre R$ 18 mil e R$ 20 mil, mas atenção: não é tão fácil encontrar um exemplar com menos de 100.000 km rodados. Carros de marcas japonesas costumam ultrapassar esta quilometragem com saúde muito boa, mas se você faz questão de um carro menos usado, vai querer pesquisar com carinho.
Fiat Palio 1.8 R
O Fiat Palio é um hatchback competente em praticamente todas as suas versões — tanto que continua à venda até hoje, 20 anos depois do lançamento, e só vai sair de linha com a chegada do Mobi —, mas uma das opções mais interessantes no nosso orçamento fictício é a 1.8 R, vendida entre 2005 e 2010 (incluindo uma reestilização em 2007)
Além da decoração esportiva e da opção pela carroceria de duas portas nos carros fabricados depois de 2007, o Palio 1.8 R tem o mesmo motor de 1,8 litro usado no Chevrolet Corsa C (segunda geração vendida no Brasil), de 115 cv, e recebeu calibragem exclusiva nas molas e amortecedores, privilegiando um pouco mais o comportamento dinâmico em detrimento do conforto. É um carro interessante de guiar e pode ficar ainda melhor com as rodas e pneus certos — sem perder a competência como carro de uso diário.
O que pode assustar um pouco é o consumo do motor de 1,8 litro — gira em torno de 12 km/l em estrada, quando abastecido com gasolina, e 8 km/l quando usando álcool —, mas o desempenho até que empolga: o 0-100 km/h é cumprido em menos de dez segundos. Nada mal para um “esportivado”. O preço varia entre R$ 17 mil e R$ 20 mil.