É sexta-feira, e muitos dos que estão lendo certamente estão se preparando para dar aquele passeio de carro no fim de semana, dar aquele banho caprichado no possante ou sujar as mãos de graxa.
No meu caso, o fim de semana será marcado por uma viagem nostálgica (para variar): passarei o fim de semana todo jogando Gran Turismo 4, usando um PS2 recém-adquirido e uma cópia lacrada de Gran Turismo 4 – versão Greatest Hits, red label, já que não se pode ter tudo – que chegou há poucos dias pelo correio. Um verdadeiro achado, a um preço muito bom, que vai me proporcionar bastante diversão e belas memórias de uma época mais simples, quando minha única preocupação era voltar da escola e continuar minha campanha como piloto no Real Driving Simulator.
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Enquanto o PlayStation 5 não fica acessível e eu não posso jogar Gran Turismo 7 (que deve sair na primeira quinzena de novembro, se tudo correr bem), o retorno a GT4 será mais que bem vindo. E por várias boas razões.
Último título da “era clássica” de Gran Turismo, o quarto game é considerado o auge da série (embora GT2 tenha sido o mais inovador e também seja amplamente considerado o melhor). A maior quantidade de carros até então (mais de 700), dinâmica aprimorada, gráficos belíssimos para a época – no modo HD, é difícil acreditar que é um game de 2004 – e diversos modos de jogo para te deixar entretido por meses a fio. Além da clássica abertura da versão americana, em que o clássico “Moon Over the Castle” era substituído por outro clássico – “Panamá”, do Van Halen em sua formação clássica. Na verdade, foi justamente a partida de Eddie Van Halen há algumas semanas que me motivou a encomendar a cópia Gran Turismo 4 que encontrei à venda em um golpe de sorte. Foi meio que uma homenagem.
A questão é que o outro game da franquia que tenho na estante – Gran Turismo Sport, do PlayStation 4 – é um game bacana. Mas, fora o fato de ser meio que uma plataforma para e-sports com poucos atrativos em uma campanha single player, GT Sport tem outro defeito grave: ele não tem as pistas clássicas. Claro, há diversos circuitos do mundo real em versões estonteantes – Nürburgring, Laguna Seca, Interlagos, La Sarthe, Spa-Francorchamos – e também vários circuitos originais legais, lhe faltam ícones como Trial Mountain, Grand Valley e Special Stage Route 5.
Uma das razões para que Gran Turismo 7 seja tão aguardado é justamente o retorno destes circuitos antigos – o que, por enquanto, só me dá a esperança de que a Sony e a Polyphony Digital decidam incluí-los em GT Sport através de um update. Ou, melhor ainda, que GT7 também chegue ao PS4 (o que é um tanto improvável, na verdade).
Mas, enquanto esperamos, talvez seja uma boa hora para revisitar os circuitos clássicos de Gran Turismo e outras pistas icônicas de games de corrida clássicos – de várias gerações. Valem apenas circuitos originais, que não existem no mundo real. E temos muitos exemplos, muitos mesmo!
Seattle Circuit – Gran Turismo 2 (PS1)
Os saudosistas do PlayStation lembram com carinho de Seattle Circuit, outro dos circuitos urbanos do mais clássico dos Gran Turismo. Suas curvas a 90° deveriam ser desafiadoras, mas no fim das contas a maioria acabava acelerando até bater no muro e recuperando as posições perdidas na unha. Dava certo algumas vezes – o que é outra prova de que GT não é um simulador propriamente dito. Até porque, em um simulador, não daria para dar aqueles saltos bacanas!
Embora um circuito de rua em Seattle nunca tenha existido, até pouco tempo atrás era possível pegar um carro e refazer o traçado nas ruas da cidade (ignorando vias de mão única e placas de pare, o que geralmente não é uma boa ideia). Contudo, em 2000 o Kingdome Stadium, que aparece no game, foi demolido – e, como o estacionamento do estádio fazia parte do circuito, não é mais possível fazê-lo. Além disso, o viaduto de Alaskan Way também está em processo de demolição, o que mudará permanentemente o desenho das ruas nos arredores e acabará de vez com o “Seattle Circuit da vida real”. Pena.
Inferno – Rock n’ Roll Racing (Mega Drive/Super Nintendo)
Rock n’ Roll Racing, o clássico da Silicon & Synapse (hoje Blizzard) para o Super Nintendo, não poderia ter este nome sem uma pista chamada Inferno. Ainda mais com uma versão 16 bits de “Paranoid” , o clássico do álbum homônimo do Black Sabbath, na trilha sonora. Foi uma das primeiras vezes em que músicas licenciadas foram usadas em um game. A versão 16 bits de “Highway Star”, do Deep Purple, também era sensacional.
Localizado no planeta Inferno, o circuito era um dos mais difíceis, com diversas curvas fechadas em sequência, confundindo a percepção do jogador. Quem pega um jogo de corrida em perspectiva isométrica pela primeira vez sabe o quanto isto complica as coisas. Por sorte, ao chegar nesta pista, você consegue comprar um dos melhores carros do jogo – o Havac, uma espécie de hovercraft que flutua sobre as curvas e tem mísseis teleguiados como arma.
Costa di Amalfi – Gran Turismo 4 (PS2)
Antes de tudo: a costa de Amalfi — mais conhecida como Costa Amalfitana — existe de verdade. Amalfi é uma pequena comuna na costa oeste da Itália, com pouco mais de 5.000 habitantes. O que não existe é o circuito de rua retratado em Gran Turismo 4. Bem que poderia: além de suas paisagens matadoras (especialmente para a época em que foi lançado), a Costa di Amalfi é um dos circuitos mais desafiadores e interessantes do jogo, intercalando passagens rápidas com mudanças de relevo repentinas e emocionantes e curvas lentas típicas das ruelas das cidadezinhas da península.
Las Vegas – Top Gear (Super Nintendo)
A verdade é que Top Gear é tão emblemático que daria para colocar qualquer um de seus circuitos aqui. Mas Las Vegas era o primeiro circuito noturno do clássico game, tinha uma das mais longas retas e uma enorme variação de relevo.
Só que o fator nostalgia também fala alto: a trilha sonora do circuito traz a melodia mais lembrada pelos fãs – mais até do que a música de abertura.
Não por acaso, quando a desenvolvedora brasileira Aquarius foi trabalhar na trilha sonora do game retro Horizon Chase (que, aliás, é sensacional), Barry Leitch – o compositor da trilha sonora original Top Gear – foi contatado e topou a tarefa de escrever músicas para o jogo. O resultado, entre várias pérolas, foi uma ótima versão remixada do clássico de Las Vegas.
Hometown – Need for Speed III: Hot Pursuit (multiplataforma)
Lançado em 1998, Need for Speed III: Hot Pursuit é, sem dúvida, um dos títulos mais queridos pelos fãs das antigas de Need for Speed. Além de inaugurar o conceito de perseguições policiais que tornou-se uma das marcas registradas da franquia, NFS3 tinha uma seleção matadora de superesportivos e circuitos verdadeiramente marcantes, ambientados em estradas e cidades.
O primeiro deles era Hometown, e pode confessar que você logo escolheu o Lamborghini Diablo quando foi atravessar suas paisagens bucólicas, celeiros e aquele pequeno bairro rural pela primeira vez, tocando o terror em tudo e em todos.
Rio de Janeiro – Forza Motorsport 6 (XBox One, Windows)
Nem só de nostalgia vivem os fãs de games do site, e é claro que alguém iria sugerir o circuito do Rio de Janeiro em Forza 6. De acordo com os produtores do game, a pista vai de Copacabana ao Corcovado, passando por diversos pontos turísticos do Rio, e até mesmo a comunidade da Rocinha. O circuito tem algumas ruas que não existem e bagunça o caminho entre alguns bairros e marcos da cidade, mas o clima carioca está presente – até mesmo os radares são idênticos aos reais.
Grand Valley Speedway – Gran Turismo (PlayStation)
Este é um dos poucos circuitos que aparecem em todos os games da franquia Gran Turismo, e certamente um dos mais clássicos. Com suas dezoito curvas distribuídas em cinco quilômetros, Grand Valley foi concebida para ser um dos circuitos mais difíceis no primeiro Gran Turismo, de 1997, e esta reputação continua até hoje. O traçado é complexo, com curvas bastante técnicas e chicanes intercaladas com retas longas e curvas de alta – com direito até a um “mini oval”. É um traçado bastante plausível, que realmente gostaríamos de ver no mundo real.
Côte d’Azur – Need For Speed: Porsche Unleashed (PC)
Um trecho de estrada fictício, situado no vale do Mediterrâneo, com paisagens deslumbrantes (na medida do que os gráficos da época permitiam) e um Porsche 356 era tudo o que você precisava para se divertir em Need For Speed: Porsche Unleashed, lançado em 2000 para PC. A vista para o mar faz parte das lembranças nostálgicas mais queridas de qualquer um que já tenha jogado esta pérola.
Curiosidade: na versão de PlayStation, a pista se chamava Riviera e tinha um traçado diferente, assim como todos os outros circuitos do port para o console.
Citta di Aria – Gran Turismo 4
Outro circuito fictício situado em uma cidade bem real é Citta di Aria, que surgiu em Gran Turismo 4. Localizado em Assis, na Itália, Citta di Aria consiste em 3,4 km de ruas estreitas no meio da cidade. Ultrapassagens são virtualmente impossíveis e é preciso fazer cada curva com precisão milimétrica pois, em certos eventos, você sofre uma punição de cinco segundos. É o bastante para perder sua posição, e não é fácil recuperá-la.
Nevada Highway – Need For Speed Pro Street
Situado em uma rodovia no estado de Nevada (eis o porquê do nome), Nevada Highway é palco do “Nitrocide”, um dos desafios mais difíceis de Need For Speed Pro Street. O jogador precisava vencer uma corrida na versão mais longa da pista, com quase oito quilômetros de extensão. E, àquela altura, provavelmente já tinha um carro capaz de passar dos 400 km/h. Como não estamos falando de um simulador, a sensação de aceleração era supersônica e qualquer erro mínimo podia significar a perda total do carro.
Mute City – F-Zero
Clássico da Nintendo criado por Shigeru Miyamoto, o pai do Mario e de diversos personagens icônicos da companhia, o primeiro F-Zero foi lançado em 1990 e imediatamente se tornou um clássico. Os personagens eram legais, o ambiente futurista era bacana, as músicas eram inesquecíveis e a velocidade das “navinhas”, alucinante. E nenhuma pista representa isto tão bem quanto a cidade futurista Mute City. Nos primeiros títulos, Mute City tinha um ar etéreo, com céu cor-de-rosa e longas “rodovias”.
Nos games mais recentes, tornou-se uma verdadeira metrópole de ficção científica, ganhando um espaço até mesmo em Mario Kart 8, para Nintendo Switch. A trilha sonora, como de costume entre estes games clássicos, traz a mesma melodia de 26 anos atrás, mas ganhou diferentes arranjos ao longo dos anos.
Maple Valley – Forza Motorsport
Maple Valley é, sem dúvida, uma das pistas favoritas dos fãs de Forza. O circuito fica localizado em um bosque fictício na Nova Inglaterra, EUA e, além de ter belas paisagens de outono que formam um belo cenário para o modo fotográfico, tem um dos traçados mais divertidos de toda a franquia. A pista é bastante estreita e mistura curvas abertas, boas para praticar, com seções mais técnicas e travadas, que exigem freadas e entradas precisas para não te fazerem arrancar os cabelos. Por outro lado, o traçado também é um dos melhores para a prática do dorifuto.
Menção Honrosa: Autódromo Internacional Nelson Piquet (Jacarepaguá)
Você notou que perguntamos quais eram seus circuitos favoritos que só existiam nos games, não é? Pois bem: o Autódromo Internacional Nelson Piquet, também conhecido como Autódromo de Jacarepaguá, um dia já foi um circuito de verdade. Hoje, contudo, ele só existe nos games. Ou melhor, em simuladores, que permitem que qualquer um que tenha o conhecimento necessário crie circuitos reais ou imaginários e os distribua para outros jogadores no mundo todo.
Esta é a beleza das mods: eles nos permitem acelerar em Jacarepaguá, palco de diversas edições do Grande Prêmio do Brasil (e de track days com o próprio Nelson Piquet até poucos anos atrás), que foi desativado e demolido em 2012 por conta dos Jogos Olímpicos.
Acha que eu esqueci de algum? Não se acanhe e poste sua sugestão nos comentários!