quando se fala em conteudo sobre a formula 1 um dos maiores cliches e a evoluçao de algum aspecto da categoria ao longo das decadas o volante dos carros e um dos favoritos do pessoal sem imaginaçao e mesmo temas mais tecnicos como a aerodinamica ja foram objeto de listas que comparavam o alfa romeo 159 de 1950 ao mclaren mcl32 de 2017 seria facil cair nesse lugar comum nesta serie lendas da formula 1 — nos mesmos ja caimos nele anteriormente — mas desta vez o proprio nome da serie me levou a procurar uma outra forma de mostrar esta evoluçao da categoria se estamos falando de lendas da formula 1 eu nao poderia simplesmente comparar o passado ao presente — ate mesmo por que isso nao faz muito sentido em vez disso pensei nos carros lendarios quem foram os projetistas e equipes que ousaram ir alem e mudar as regras do jogo quais foram os carros que tiraram a f1 do lugar comum e trouxeram a categoria ao atual estagio de desenvolvimento como o carro de formula 1 se tornou este bolido tao avançado de 2020 isso aconteceu em grande parte por causa de dez carros inovadores espalhados pelas quatro primeiras decadas da formula 1 dez carros que moldaram o carro de formula 1 moderno cada um com sua contribuiçao cada um avançando em sua propria epoca lancia d50 1954 contribuiçoes motor estrutural e baixo centro de gravidade desenvolvido para o ingresso da lancia na formula 1 em 1954 o d50 era um carro diferente dos demais em varios aspectos primeiro ele tinha os tanques de combustivel destacados pendurados ao lado do cockpit parece inseguro mas essa configuraçao acabou adotada pelos construtores nos anos 1960 e 1970 embora de forma integrada ao monocoque — algo que ainda nao existia em 1954 alem disso os tanques externos liberaram espaço para que o d50 tivesse seu motor instalado na dianteira e o cambio na traseira como alguns lancia de rua e os alfa romeo de grand prix e aqui as coisas começam a ficar interessantes https //www youtube com/watch v=ljjhkufsjk8 em uma das primeiras tentativas de reduzir o centro de gravidade do carro a lancia simplesmente instalou o motor na diagonal nao era longitudinal nem transversal em vez de norte sul ou leste oeste era nordeste sudoeste a polia do virabrequim ficava no lado esquerdo da linha de centro do carro e o volante do motor ficava no lado direito com isso o carda do carro passava pela lateral do cockpit e nao entre as pernas do piloto assim o assento poderia ficar ainda mais baixo abaixando o centro de gravidade do carro mas nao e por isso que o lancia d50 entrou nesta lista como um dos modeladores do f1 moderno sua vaga nesta lista foi conquistada devido a funçao secundaria de seu motor suportar a dianteira do carro sim o d50 foi o primeiro carro da historia da formula 1 a usar o motor como componente estrutural era ele quem ligava o chassi a suspensao dianteira e ao bico do carro — o que torna sua posiçao diagonal ainda mais insana como a formula 1 suspendera os limites de peso para a temporada de 1954 a lancia aproveitou para fazer um carro mais leve retirando a porçao frontal do chassi e a substituindo pelo bloco do motor como comparaçao o mercedes w196 daquele ano pesava 670 kg 50 a mais que o lancia d50 de 620 kg [caption id= attachment_276186 align= aligncenter width= 1600 ] ok e uma miniatura em escala 1 18 mas ajuda a entender como o motor era a estrutura da dianteira[/caption] sua configuraçao alias fez dele um carro de motor central porem dianteiro o motor dianteiro estrutural contudo acabou nao se tornando o padrao da formula 1 mas a ideia de suportar uma das extremidades do carro usando a propria estrutura do powertrain permaneceu e sua permanencia tem relaçao com o proximo carro desta lista cooper t43 1957 contribuiçao motor central traseiro em 1957 os carros de motor central traseiro nao eram nenhuma novidade a auto union ja havia corrido com eles nos anos 1930 os americanos ja haviam feito o rounds rocket para indianapolis nos anos 1940 mas a formula 1 continuava com seus carros de motor dianteiro/central dianteiro ate que charles cooper seu filho john cooper e o projetista owen maddock decidiram fazer um carro de formula 1 do zero e inverteram o layout basico dos monopostos da epoca colocando o piloto a frente do motor e o eixo traseiro atras do cambio isso permitiria uma dianteira bem mais baixa otimizando a penetraçao aerodinamica — um conceito ja muito conhecido na epoca o resultado foi o cooper t43 o primeiro f1 com motor central traseiro da historia sua primeira temporada nao foi muito bem sucedida embora tenha ajudado jack brabham a se consolidar como piloto profissional e a garantir um lugar na f1 [caption id= attachment_276190 align= aligncenter width= 1997 ] note como o carro todo e muito baixo o santantonio cromado e uma inclusao recente requerida para uso em eventos como goodwood[/caption] a historia mudou no gp da argentina de 1958 o primeiro da temporada stirling moss a bordo de um t43 com o motor 2 5 climax inscrito pela equipe de rob walker venceu a prova e colocou pela primeira vez um carro com o motor ao contrario no topo da categoria foi a unica corrida vencida pelo t43 mas ela mostrou que a receita de maddock era boa repetida no t44 e no t45 ela ajudou a cooper a conquistar seu unico titulo de construtores e fez com que todas as outras equipes colocassem o motor dos carros entre o piloto e o eixo traseiro mudando para sempre a configuraçao mecanica dos carros de formula 1 lotus 25 1962 contribuiçao construçao em monocoque em 1962 praticamente todo o grid da formula 1 ja usava o motor na porçao traseira do chassi mas colin chapman surpreendeu a todos com uma configuraçao mecanica diferente das demais — ate mesmo dos carros que ele proprio vendera aos seus clientes naquele ano o lotus 24 apesar de ter um acordo para entregar carros mecanicamente identicos aos seus chapman nao se importou com um pequeno detalhe mecanico que diferenciava o lotus 24 da brabham dos seus lotus 25 o chassi [caption id= attachment_240680 align= aligncenter width= 993 ] jim clark e o lotus 25[/caption] enquanto o 24 usava um spaceframe revestido por chapas de aluminio no 25 a carenagem era o proprio chassi o carro usava um monocoque de aluminio ao qual eram afixados o motor o cambio e a suspensao a principal vantagem era a rigidez estrutural o carro era tres vezes mais resistente a torçao que o 24 ainda que o chassi tivesse o dobro do peso do monocoque e a vantagem ia alem o monocoque tambem permitiu criar um carro mais baixo e mais estreito reduzindo ainda mais sua area frontal — e exigindo que o piloto se acomodasse como em uma banheira o que lhe rendeu o apelido bathtub banheira em ingles o projeto era tao revolucionario que john cooper ao inspecionar o carro em sua estreia no gp da holanda de 1962 em zandvoort pediu a colin chapman que instalasse reforços tubulares no chassi pois nao acreditava que o carro era rigido o bastante sem eles [caption id= attachment_240681 align= aligncenter width= 1280 ] jim clark na estreia do lotus 25 em 1962[/caption] em sua estreia o lotus 25 terminou com um modesto nono lugar de jim clark que tambem abandonou na prova seguinte em monaco na terceira corrida contudo clark venceu a prova com o monocoque voltou a vencer na alemanha e nos eua e a lotus terminou o campeonato em segundo lugar no ano seguinte o lotus 25 consolidou sua superioridade depois que jim clark sete das dez corridas da temporada conquistando seu primeiro titulo de pilotos e dando a lotus seu primeiro titulo de construtores lotus 49 1967 e 1968 contribuiçoes motor estrutural central traseiro e apendices aerodinamicos nenhum outro carro da formula 1 foi tao revolucionario como o lotus 49 todos os outros carros desta lista estao aqui por uma inovaçao tecnologica mas o lotus 49 conquistou sua vaga por ter mudado a historia da formula 1 duas vezes a primeira foi em 1967 quando ele se tornou o primeiro carro com motor central traseiro usado como componente estrutural a vencer uma prova e os titulos de construtores e pilotos da f1 ele nao foi o primeiro carro com motor estrutural como vimos no inicio da lista tambem nao foi o primeiro a usar o motor central traseiro como componente estrutural porque a ferrari ja havia feito isso com a 158 de 1966 mas o desempenho da 158 foi tao fraco que a ferrari voltou a usar um berço para o motor enquanto a lotus levou o conceito a um novo patamar e redefiniu a configuraçao mecanica dos carros de formula 1 https //youtu be/v6cm3ewehm0 o monocoque terminava nas costas do motorista e ali em vez de longarinas e paredes havia apenas o bloco do cosworth dfv e seu cambio hewland de cinco marchas fornecendo suporte para os braços da suspensao traseira e outros componentes e por falar em outros componentes no ano seguinte no dia 26 de maio de 1968 no principado de monaco o lotus 49 mudou a historia mais uma vez alem da suspensao traseira um spoiler traseiro foi apoiado sobre o conjunto de motor e cambio nenhum outro carro havia usado um dispositivo aerodinamico como aquele ate entao e mais na dianteira o lotus 49b de graham hill tinha duas aletas que deveriam ajudar o carro a aumentar a aderencia das rodas frontais foi ali naquele domingo na primavera monegasca que a formula 1 entrou na era da aerodinamica graham hill conquistou a pole position e venceu a prova pela quarta vez — o que lhe renderia o apelido de mr monaco especialmente depois da vitoria de 1969 novamente com um lotus alado a partir dali nenhum carro de formula 1 voltaria a ser visto sem uma apendice aerodinamico brabham bt45 1976 / bt49 1981 contribuiçao freios de carbono se ainda e necessario explicar as razoes pelas quais gordon murray e considerado um dos maiores genios — talvez o maior — da engenharia automobilistica aqui esta um bom começo o brabham bt45 de 1976 o bt45 era uma evoluçao do bt42 projetado por murray em 1973 que se tornou o bt44 em 1975 e evoluiu para bt45 em 1976 era um carro com enfoque na aerodinamica no entre eixos curto e no rebaixamento do centro de gravidade mas sua principal contribuiçao para a moldagem do carro de formula 1 moderno era raramente visto pelo publico durante as corridas ou nas fotos a novidade do bt45 estava ocultada pelas rodas do carro e pela baixa qualidade da reproduçao fotografica dos jornais e revistas da epoca seus discos de freio nao eram metalicos como em todos os formula 1 desde os anos 1950 ao menos nao integralmente como uma pastilha de freio o metal compunha apenas a base para um material muito mais resistente a altas temperaturas ja usado nos freios do concorde carbono inicialmente estes discos tinham pequenos pedaços de carbono misturados ao aluminio — 10 pedaços em cada lado o problema e que o coeficiente de dilataçao do carbono e do aluminio e muito diferente entao o disco acabava empenado e uma vez deformados arrastavam nas pastilhas e superaqueciam murray acabou procurando outro fornecedor a hitco e pediu que fizessem as pistas de carbono e o cubo de aluminio mas o disco trouxe outros problemas com as altas temperaturas atingidas pela pista de carbono os demais componentes do sistema acabavam afetados — ate mesmo os rolamentos de roda eram atingidos pelo calor das frenagens foi somente na temporada de 1982 agora com o bt49d que ele finalmente conseguiu fazer os discos de freio de carbono funcionarem com nelson piquet vencendo o gp do brasil daquele ano — apesar de ter sido desclassificado posteriormente devido a trapaça do arrefecimento liquido dos freios depois do sucesso da brabham com os discos de carbono a mclaren passou acompanhar a tecnologia mais de perto ate que finalmente conseguiu chegar ao formato atual com discos de carbono ventilados e pinças especificas para essa aplicaçao lotus 79 1978 contribuiçao efeito solo em 1976 colin chapman percebeu que precisaria de uma nova evoluçao em seus carros e decidiu fazer um estudo completo sobre cada aspecto do projeto de um carro de formula 1 ele começou com uma folha em branco e terminou com um documento de 29 paginas que entregou aos seus engenheiros entre eles tony rudd e peter wright que ficaram encarregados da aerodinamica do carro colin mandou wright ao tunel de vento do imperial college uma universidade de pesquisa publica do reino unido com um modelo do carro no imperial college o projetista descobriu por acaso como faria o efeito solo funcionar no carro de formula 1 a ideia de usar o efeito solo na formula 1 nao era nenhuma novidade em 1976 a brm ja havia tentado desenvolver um carro que se beneficiasse desse conceito aerodinamico entre 1968 e 1969 os engenheiros da equipe eram os proprios tony rudd e peter wright a ideia contudo nao funcionou eles tentaram alongar os sidepods ate deixa los quase alinhados as rodas para eliminar a area de turbulencia entre a roda dianteira e a traseira o conceito nao funcionou muito bem pois embora reduzissem a turbulencia os sidepods ainda eram altos demais em relaçao ao solo wright so foi descobrir isso anos mais tarde quando levou o modelo em escala do lotus ao imperial college depois de um dia inteiro trabalhando no tunel de vento para testar os sidepods aerodinamicos do carro o calor amoleceu a massa e a cola que os mantinham presos ao monocoque e eles simplesmente tombaram levemente tocando o chao do tunel de vento naquele exato momento a downforce aumentou subitamente ele entao amarrou os sidepods com arame e prendeu um par de cartoes de papel nas laterais que chegavam ate o solo a downforce foi ainda maior e wright finalmente entendeu o que estava acontecendo ele havia aplicado sem querer o principio de bernoulli um fluido aumenta a velocidade quando flui por uma constriçao pois ele tende a conservar energia e ao mesmo tempo ha uma reduçao na pressao assim wright e chapman chegaram as saias laterais do carro de formula 1 junto com o solo e o fundo do carro elas formam literalmente um tubo que restringe a passagem do ar aumentando sua velocidade e reduzindo a pressao aerodinamica sob o carro alem de isolar o ar de alta pressao nas laterais e no topo do carro como a pressao sobre o carro e maior que embaixo dele o carro tem sustentaçao negativa — ou seja o fluxo de ar empurra o carro contra o chao as saias laterais foram desenvolvidas em forma e funçao e aplicadas ao lotus 78 ainda em 1976 o carro foi testado pela primeira vez por gunnar nilsson o segundo piloto da lotus naquela temporada logo nas primeiras voltas nilsson baixou seu proprio tempo em um segundo mario andretti insistiu para usar o carro ja naquela temporada mas foi contrariado pelo chefe colin e o lotus 78 so estreou na temporada de 1977 produzindo 40% mais downforce que seus rivais naquele ano mario andretti conquistou quatro vitorias e um segundo lugar enquanto nilsson faturou a unica vitoria de sua curta carreira e a lotus terminou o mundial com o vice campeonato no ano seguinte o conceito evoluiu para o lotus 79 que foi construido do zero como um carro asa o 78 era uma evoluçao do perfil de cunha do 72 andretti conquistou o titulo de pilotos e a lotus voltou a vencer o mundial de construtores o conceito de carro asa acabou copiado por praticamente todo o grid da formula 1 e se manteve em alta ate 1982 renault rs01 1977 contribuiçao motor turbo a historia do rs01 começa fora da formula 1 mais precisamente para 1973 quando a renault comprou a alpine e acabou com duas divisoes esportivas sob seu comando — a outra era a gordini comprada pela marca em 1968 nos primeiros anos com as duas divisoes a renault os esportivos de rua e os motores de corrida eram batizados com o nome gordini enquanto a alpine batizava as versoes de competiçao visto que a divisao ja tinha uma equipe de corridas antes da compra as coisas seguiram assim ate 1976 quando a renault decidiu unificar suas divisoes esportivas e criou a renault sport para ser seu braço de competiçoes e esportivos de rua o principal objetivo contudo era desenvolver um carro de formula 1 algo que a alpine nunca conseguiu fazer enquanto foi independente por acaso a gordini ja havia desenvolvido um motor v6 turbo para os prototipos da alpine no mundial de carros esporte nada mais natural portanto que a nova renault sport criasse um carro de formula 1 ao redor do seu motor renault gordini v6 turbo bastaria reduzir a cilindrada do motor de dois litros para 1 5 litro a fim de se enquadrar ao regulamento da f1 o desenvolvimento do carro se estendeu ate 1977 apos o inicio da temporada da formula 1 e ficou pronto em julho daquele ano o rs01 parecia desajeitado e pesado — e de fato era isso mesmo — mas ate entao era apenas um carro experimental o chassi foi feito da forma mais simples possivel para permitir o desenvolvimento ao longo da temporada ja o motor renault gordini ef1 era derivado dos motores usados pela renault nas corridas de longa duraçao com bloco feito de ferro fundido para lidar com a pressao de trabalho do turbocompressor o desenvolvimento do carro ficou a cargo de jean pierre jabouille que tambem foi incumbido de pilotar o carro no mundial de f1 em 16 de julho de 1977 o rs01 finalmente alinhou para sua primeira corrida o grande premio da inglaterra em silverstone jabouille se classificou em 21º mas fez uma corrida curta na 16ª volta o turbo do motor quebrou e os franceses abandonaram a prova foi assim a estreia do primeiro carro turbo de formula 1 o desempenho do primeiro formula 1 turbo nao foi melhor no restante da temporada abandonando as tres provas seguintes e sequer se classificando para a ultima etapa do campeonato em 1978 contudo os primeiros pontos chegaram — no fim do campeonato mas chegaram jean pierre jabouille terminou em quarto no gp dos eua para 1979 a renault desenvolveu um novo carro o rs10 que levou jabouille e foi levado por ele ao primeiro lugar no gp da frança daquele ano quando assistimos a primeira vitoria de um motor turbo na historia da formula 1 a renault terminou o campeonato em sexto em 1980 os franceses turbinados terminaram o mundial de construtores em quarto; em 1981 em terceiro foi quando os demais fabricantes começaram a se voltar aos motores turbo começando pela ferrari naquele mesmo ano dando inicio a primeira era turbo da formula 1 que se estenderia ate 1988 mclaren mp4/1 1981 contribuiçao monocoque de fibra de carbono um elemento recorrente nesta lista e a correlaçao das tecnologias inovadoras entre os diferentes carros e diferentes eras o carda deslocado reduziu a altura do lancia d50 o cooper t43 virou o motor para rebaixar ainda mais a dianteira do carro o monocoque do lotus 25 permitiu o uso do motor traseiro como componente estrutural pela ferrari e depois pela propria lotus e o efeito solo estimulou o desenvolvimento dos freios de carbono que foram fundamentais na era turbo o efeito solo tambem incentivou uma outra evoluçao na f1 o monocoque de fibra de carbono para otimizar o efeito solo a parte do monocoque que acomoda o piloto precisava ser a mais estreita possivel com monocoque de aluminio a rigidez do carro era comprometida e como a parte que acomoda o piloto e a responsavel por boa parte desta rigidez ela nao poderia ser estreita demais a menos que alguem criasse um material novo john barnard o projetista da mclaren na epoca sabia exatamente qual era esse material a fibra de carbono https //youtu be/becnftpn1rs em contato com a british aerospace empresa estatal britanica fundada em 1977 que construia aeronaves muniçoes e sistemas de defesa barnard aprendeu coisas que hoje todo entusiasta sabe a fibra de carbono e um material muito mais leve e resistente que o aluminio e muito mais moldavel e muito mais caro com isto seria possivel fazer um monocoque bem estreito pouco mais que o corpo do piloto bem mais rigido que um equivalente de aluminio houve contudo quem questionasse sua resistencia — o proprio colin chapman empregou aluminio no chassi duplo do lotus 88 pois nao acreditava que a fibra de carbono fosse segura o suficiente ron dennis no entanto foi bem mais receptivo ele havia fundado a project four racing equipe que foi muito bem sucedida na formula 2 e na formula 3 em 1979 e 1980 e foi procurado pela mclaren na epoca para uma parceria em setembro de 1980 ele se tornou o chefe da e para a sorte de todos nao tinha medo de inovar voce me diz o que quer fazer tecnicamente ele disse a barnard e se acha que consegue eu arranjo o dinheiro e foi assim mesmo tambem foi assim que o mp4/1 recebeu seu nome mp4 significava marlboro project four tecnicamente o que barnard queria era construir uma estrutura em uma unica peça usando fibra de carbono — para conseguir o mesmo formato usando aluminio o monocoque teria que ser feito de varios componentes separados o que acabaria prejudicando ainda mais a rigidez estrutural parece obvio entao que a fibra de carbono e muito mais vantajosa nao bem nao para as compainhias britanicas que barnard procurou — a mclaren ainda nao tinha uma autoclave a lamborghini so descolou uma no fim dos anos 80 e todas as portas em que bateu foram fechadas na sua cara porque o negocio era complicado demais acontece que barnard havia trabalhado na formula indy na decada de 1970 pela propria mclaren diga se e tinha alguns contatos interessantes foi por meio deles que conheceu a empresa americana hercules que estava começando a experimentar com fibra de carbono era um projeto bastante ambicioso mas ao mesmo tempo muito precario — ao conversar com eles barnard viu que eles nao tinham equipamentos muito avançados mas eles tinham tanta vontade de inovar quanto o projetista e ja que ninguem mais topou a empreitada nao havia alternativa a hercules nao tinha tecnologia para construir uma estrutura de fibra de carbono em uma unica peça por isso o monocoque construido por eles era dividido em cinco partes — ainda assim um avanço em relaçao as cerca de 50 peças de um monocoque tradicional de aluminio para se ter uma ideia a estrutura acabou ficando com o mesmo peso de um monocoque de aluminio porem muito mais rigida — tao rigida na verdade que barnard pediu para que tirassem algumas camadas para tentar reduzir peso no fim das contas o design final ficou 30% mais leve que um equivalente de aluminio e continuou mais rigido https //youtu be/wtxxpsr gwe john watson estreou o carro na terceira prova da temporada enquanto andrea de cesaris fez sua estreia com ele em monaco na sexta corrida watson chegou em terceiro no gp da espanha em segundo na frança e venceu em casa no gp da gra bretanha pela primeira vez um carro de fibra de carbono vencia um gp provando que o projeto tinha potencial faltava convencer os engenheiros de que o material era seguro e foi o proprio watson quem fez isso acidentalmente acidentalmente mesmo no grande premio da italia ele saiu da pista a 225 km/h na famosa curva lesmo seu carro se partiu ao meio perdendo o cambio e o motor cosworth v8 dfv apesar do choque da equipe watson desafivelou os cintos e saiu caminhando de dentro do monocoque que ficou intacto em vez de explodir em uma nuvem de particulas pretas como todos na mclaren temiam https //youtu be/upz_eu8rhwu no ano seguinte as outras equipes começaram a olhar para a fibra de carbono de forma diferente tambem foi o ano em que niki lauda substituiu andrea de cesaris e com vitorias nos eua e no reino unido ajudou a mclaren a conquistar o segundo lugar no campeonato de construtores foi ali que a fibra de carbono começou a ser realmente aceita — nao apenas como um material mais leve mas tambem muito mais seguro ferrari 640 1989 contribuiçao cambio semi automatico em 1978 mauro forghieri apresentou a enzo ferrari o projeto conceitual de uma transmissao inovadora com atuadores hidraulicos e comandos no volante para as trocas de marcha — um para trocas ascendente outro para trocas descendentes sem recursos tecnicos para tirar o conceito do papel o projeto foi engavetado dez anos depois john barnard agora na ferrari decidiu retomar o desenvolvimento diferentemente do que voce esta imaginando seu objetivo agora nao era reduzir os tempos de trocas de marcha mas de espaço barnard queria deixar o monocoque estreito e nao encontrava uma forma de posicionar a alavanca de cambio sem incomodar o piloto entao pensou que em vez da alavanca ele poderia instalar um botao a ideia dos botoes foi abandonada quando um membro da equipe sugeriu alavancas atras do volante mas a ideia geral continuou inalterada o principio e essencialmente o mesmo empregado ate hoje o piloto selecionava as trocas de marcha atraves das borboletas atras do volante na mao esquerda ficavam as reduçoes e na direita as trocas ascendentes [gallery type= grid link= file columns= 2 size= medium ids= 276204 276205 ] o piloto dava inicio ao processo pressionando a borboleta depois disso uma central eletronica dava conta do resto simulando o trabalho dos pes do piloto o computador desacoplava a embreagem enviava um sinal para que os atuadores eletro hidraulicos trocassem a marcha e finalmente acoplava a embreagem novamente no caso das trocas ascendentes a central cortava a igniçao temporariamente e nas reduçoes fazia trabalho de sincronizar a aceleraçao descrevendo assim parece que se passou uma eternidade mas tudo acontecia em algo entre 250 e 300 milissegundos https //youtu be/aj_p27uceii o sistema fez sua estreia no gp do brasil em jacarepagua com gerhard berger e nigel mansell — que havia acabado de deixar a williams — ao volante o proprio mansell admite que nao confiava nem um pouco no novo carro mas acabou vencendo a prova depois da corrida o bigodudo ate brincou dizendo que havia ate reservado uma passagem de aviao de volta para casa pois achou que nao seria nem mesmo capaz de terminar a corrida tyrrell 019 1990 contribuiçao dianteira elevada para otimizar o fluxo aerodinamico voce certamente esperaria ver a tyrrell em uma lista de inovaçao com o p34 e suas seis rodas mas nao temos carros de seis rodas atualmente nao e mesmo a contribuiçao permanente da tyrrell para o design dos carros de f1 modernos foi outra a dianteira elevada ate entao todos os carros de f1 tinham os bicos rebaixados ao maximo para otimizar a penetraçao aerodinamica e o uso das asas dianteiras mas harvey postlethwaite e seu colega jean claude migeot decidiram dedicar um pouco mais de tempo aos efeitos aerodinamicos sobre o chassi e se concentraram no fluxo de ar sob o carro e claro que nao se trata do efeito solo; ele fora banido no inicio dos anos 1980 na epoca os carros ja usavam fundo plano e difusor traseiro para acelerar o fluxo e reduzir a pressao ajudando a produzir uma boa intensidade de downforce estudando essa area do carro postlethwaite e migeot perceberam que o bico do carro deslocava o fluxo para as laterais reduzindo o volume de ar sob o fundo do carro eles entao decidiram fazer o obvio retiraram o elemento que deslocava o ar para as laterais simplesmente elevando o bico do carro com isso o volume de ar embaixo do carro aumentou e sua downforce era mais intensa para manter a asa dianteira dentro do regulamento eles usaram um arranjo em v invertido com jean alesi o 019 chegou em segundo no gp de monaco e sexto em san marino enquanto satoru nakajima conseguiu ficar em sexto nos gp da italia e do japao a tyrrell terminou o campeonato em quinto lugar a partir de 1991 diversas equipes como a benetton a ags a williams e a jordan ja tinham suas soluçoes de bico elevado para otimizar a downforce e os carros de f1 nunca mais voltaram a usar a dianteira baixa
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