A virada dos anos 2000 trouxe uma nova geração de consoles domésticos, a sexta – também conhecida como a “era dos 128 bits”, ainda que a nomenclatura fosse mais uma jogada de marketing do que qualquer outra coisa. Fato, porém, era que os jogos estavam muito mais bonitos e complexos, claramente rumando em direção ao que temos hoje.
Pensando nisto, perguntamos aos leitores quais eram os games de corrida mais bacanas da “era 128 bits”, dando como sugestão o saudoso Need for Speed Underground (e, por extensão, sua sequência, Need for Speed Underground 2). No entanto, existem dezenas de outros jogos de corrida lançados na primeira metade da década passada que merecem figurar em uma lista de best of. A primeira parte desta lista você confere agora!
Need for Speed: Most Wanted, 2005
Sugerido por: Renato Abreu
O sucessor natural do Underground é frequentemente citado como divisor de águas da franquia Need for Speed. Lançado em 2005 para Nintendo DS, Windows, PlayStation 2, PSP, Xbox, GameCube e Game Boy Advance (multiplataforma é isso!), o jogo aproveitava o que havia de melhor em NFSU e NFSU2 – mundo aberto, customização, fugas da polícia na cidade – e temperava com uma ambientação mais madura, modificações mais discretas (nada de neon debaixo do carro, por exemplo) e uma A.I. devastadora, que parecia fácil demais no começo mas ficava bem mais difícil no decorrer do jogo, te forçando a reduzir ao mínimo a quantidade de erros. Tornar um arcade desafiador é um desafio (pun intended) para as desenvolvedoras de jogos.
A lista de carros se tornou mais variada, incluindo veículos mais mudanos ao lado de superesportivos mais refinados, e novos recursos interessantes – como a possibilidade de ativar um modo em slow motion, o Speedbreaker, para realizar manobras sutis que podem ser a diferença entre vencer e perder uma corrida ou conseguir escapar da polícia e perder seu carro para as autoridades. Não foi à toa que o game ganhou um remake em 2012.
Burnout 3: Takedown, 2004
Sugerido por: Chevy_Monsenhor
Simuladores são incríveis e, se bem usados, são ferramentas úteis no desenvolvimento de suas técnicas de pilotagem em um carro de verdade. No entanto, às vezes o que a gente quer é exatamente o contrário disto em um game: acelerar seus carros favoritos, ou carros que ainda não existem, no meio da cidade, batendo nos outros carros e atingindo velocidades muito maiores do que diz o velocímetro. Foi o que a franquia Burnout, da Criterion Games (a mesma desenvolvedora dos Need for Speed da época) ofereceu. E Burnout 3: Takedown foi, para muitos gamers, o melhor título.
Como os outros games da série, Burnout 3 te colocava no meio uma corrida de rua na hora do rush, com circuitos baseados em cidades do mundo real, em carros que eram versões genéricas de modelos famosos – como o Muscle, que parecia um mini Dodge Viper; o Sports Coupe, que era quase idêntico a um Toyota MR-2 de segunda geração; o Saloon, um sedã que lembrava uma mistura de Lexus e Mercedes-Benz; e Roadster, que parecia um Lotus Evora. Mas foi em Burnout 3 que o game passou a dar ênfase às colisões propositais, dando bônus a quem batia em mais carros durante uma corrida. Era tão divertido quanto soa.
Mas não era só isto: quando você sofria um acidente (o que não era exatamente incomum), rolava um replay de vários ângulos e o carro ficava destruído de forma bastante realista. Quem gosta de games de corrida sabe a diferença que um bom sistema de colisão, com destroços realistas e amassados plausíveis, faz na percepção que se tem de um jogo. E o sistema de colisão de Burnout 3, muito bem desenhado, foi uma das maiores fontes de elogio ao game.
Driver: Parallel Lines, 2006
Sugerido por: TheWorldOfAutosOficial
Há quem diga que, depois de Driver 2, a franquia jamais conseguiu emplacar outro título relevante. Driv3r, de 2004 foi um relativo fracasso, perdendo para Grand Theft Auto em qualquer comparação – culpa da jogabilidade travada, dos gráficos aquém do esperado para o PlayStation 2, e pela falta de recursos vistos como essenciais na época, como a possibilidade de destruir parte do cenário em uma colisão, por exemplo.
Driver: Parallel Lines, lançado em 2006, para PS2 e XBox, foi uma espécie de redenção. O jogo estava muito mais veloz, dinâmico e divertido de jogar, além de contar uma boa história que se passava em Nova York entre os anos de 1978 e 2006. Pela primeira vez o protagonista não era o detetive John Tanner, e sim um piloto de fuga chamado TK e, dependendo da época em que cada missão se passava, sua aparência mudava, assim como a ambientação da cidade e os veículos que rodavam pelas ruas.
A crítica não foi muito gentil com Parallel Lines, criticando o game por ser um bom clone de GTA, mas não muito mais do que isto. O público, contudo, aprovou a física mais livre e o maior nível de detalhes do cenário. Há quem diga que o jogo foi o último título memorável da série Driver.
Gran Turismo 4, 2004
Sugerido por: Klein
Um clássico indiscutível, sem mais. Gran Turismo 4 foi o segundo capítulo da série no PlayStation 2, e a Polyphony Digital realmente acertou a mão. Gran Turismo 3: A-Spec não apresentava grande evolução comparado aos títulos de PS1 em termos de gráficos e jogabilidade, e na verdade, tinha menos carros que Gran Turismo 2. O que não quer dizer que era um título ruim, longe disto. Mas Gran Turismo 4 era melhor em tudo.
Os gráficos eram praticamente o ápice do que se poderia conseguir no PS2 (o modo fotográfico era uma bela prova disto), a física dos carros ficou mais ágil e realista, com o comportamento da suspensão completamente revisto e uma atenção especial ao sistema de colisão, aumentando a fricção dos carros contra o muro, a fim de evitar que os jogadores trapaceassem usando as barreiras como apoio. A lista de carros passava dos 700 modelos, de mais de 80 fabricantes diferentes. Havia também 51 circuitos e, pela primeira vez, Nürburgring Nordschleife era um deles. A trilha sonora também era das boas, e o vídeo de abertura, fosse com uma nova versão da clássica “Moon Over the Castle” ou com “Panama”, do Van Halen, era emocionante.
Midnight Club 3: DUB Edition
Sugerido por: Guilherme Oliveira
Era 2004, e os carros tunados ainda não haviam saído completamente de moda. Midnight Club 3, da Rockstar Games, se aproveitou disto até o último instante: lançado em 2005, pegou carona na onda dos “DUB” – vertente do tuning que apostava em um visual relativamente discreto se comparado a outros estilos, com body kits de linhas mais elegantes, cromados em profusão e rodas de 20” ou mais. O game foi feito em parceria com a revista DUB Magazine, o que ficava claro quando uma corrida dentro do jogo era patrocinada pela publicação, e quando um carro ganho por vencer uma corrida tinha aparecido em suas páginas no mundo real.
Apesar de datado hoje em dia, na época Midnight Club 3 agradou pelo amplo mundo aberto, que recriava as cidades americanas de Atlanta, Detroit e San Diego, pela boa seleção de carros e pela trilha sonora com 98 canções licenciadas de artistas de rap, rock alternativo e reggae. Além disso, havia um interessante modo de corrida não demarcada: em vez de percorrer um circuito pré-determinado, você deveria escolher entre diversos checkpoints espalhados por certa região para vencer a corrida.
Crazy Taxi
Sugerido por: Canal Aliados
O mais antigo título desta lista, Crazy Taxi foi lançado pela Sega para o Dreamcast em 2000, como um port de um arcade de 1999 – ou seja, já completou a maioridade. E era tão divertido que, nos anos seguintes, também ganhou versões para PlayStation 2, XBox, Gamecube, PC, iOS e Android – esta última, lançada em 2013. Todas elas eram bem parecidas com pequenas melhorias gráficas e… só.
O que Crazy Taxi tinha de bom? Sua simplicidade e sua jogabilidade: você tinha um táxi (provavelmente baseado no Chevrolet Impala 1967) e deveria transportar passageiros de um ponto a outro da cidade no menor tempo possível, fazendo de tudo para conseguir este objetivo – o que, naturalmente, incluía quebrar todas as leis de trânsito e apavorar seus clientes. Você saltava rampas, destruía estabelecimentos comerciais, e até podia mergulhar no mar e continuar vivo, olhando as baleias assassinas que nadavam pela praia. A trilha sonora era composta por músicas do The Offspring e do Bad Religion, e era perfeita para deixar a adrenalina a milhão.
O game foi elogiado pela imprensa especializada por sua jogabilidade, mas os gráficos foram criticados por serem quadrados e primitivos demais, mesmo para aqueles tempos – especialmente os personagens e os carros que circulavam pelas ruas. Há um lado bom nisso tudo: hoje em dia, seu smartphone provavelmente roda uma versão com gráficos até melhores que os do Dreamcast na época.