A Ford finalmente começou a vender o aguardado motor Megazilla, a versão mais potente do seu big block de 7,3 litros, o Godzilla. Na versão “mansa”, o motor produz 430 hp e 65,5 kgfm, mas com alguns upgrades — que não incluem compressores para a admissão — ele chegou a 615 cv e 88,2 kgfm. Sim, 615 cv sem sobrealimentação alguma, apenas admitindo ar sob a pressão atmosférica.
O motor Godzilla é usado nas versões Super Duty das picapes da Série F da Ford — F250, F350, F450, F550 e F600, das Ford F650 e F750 e até do ônibus escolar Blue Bird Vision. Em algumas aplicações ele tem apenas 6,8 litros, em outras (a maioria delas) é versão de 7,3 litros. Todas elas, contudo, variam de 300 cv a 430 cv.
Infelizmente a Ford não deu detalhes sobre as modificações que fazem o Megazilla produzir quase 200 cv a mais que a versão mais potente do Godzilla, mas sendo um motor aspirado com o mesmo deslocamento, é fácil deduzir que ele tem novos coletores e um trem de válvulas específico. E acredite: ele tem comando no bloco e varetas para acionar as válvulas, como um bom e velho big block americano.
Mais difícil de acreditar é que ele nem é o maior nem o mais potente motor “crate” oferecido pela Ford. Isso, porque a Ford Racing tem duas variações do motor 572. Sim, o número 572 se refere ao deslocamento do motor em polegadas cúbicas, o que corresponde a 9,4 litros. Também aspirado e vareteiro, as duas versões do motor produzem 655 hp e 97,9 kgfm.
Só que você não pode usá-lo em um carro de rua, pois ele não é homologado para tal nos EUA. Isso faz com que o Megazilla seja o maior e mais potente dos motores de rua oferecidos pela Ford — mas não por outras fabricantes.
A própria Ford tem um motor maior e mais potente, mas não oferecido por ela, e sim por sua parceira de longa data, a Carroll Shelby Engines. Trata-se da versão de alumínio do motor 427 FE, que, apesar do nome, tem deslocamento de 526 polegadas cúbicas (8,6 litros) e produz 700 hp.
Além dele, há o motor Predator, que é o 5.2 Coyote com supercharger, usado no Shelby GT500, que produz nada menos que 760 hp e é, de fato, o mais potente oferecido pela Ford, embora não seja o maior.
E a concorrência?
Bem a Chevrolet também tem seu super “crate engine”, o ZZ632. Sim, são 632 polegadas cúbicas, ou 10,3 litros — o maior motor oferecido por uma grande fabricante no mundo todo, sem sombra de dúvida. Ele vem no Camaro COPO 2023, mas pode ser comprado separadamente com um belo carburador no topo da admissão. Não é barato, custando US$ 38.000, mas é o único jeito de se ter um motor de 1.004 hp e 120 kgfm com garantia de fábrica.
Abaixo dele há o ZZ572. Como você deve ter adivinhado, o número 572 no final do código indica o deslocamento em polegadas cúbicas (9,3 litros). Apesar de ser oferecido originalmente em um carro de competição, o Camaro COPO 2022, ele também é vendido separadamente (ou em conjunto com alguma transmissão escolhida pelo comprador) e pode ser instalado em carros de rua.
Caso você faça isso, você terá um carro com 727 hp e 93,8 kgfm, aspirado e com comando no bloco acionando as válvulas por varetas, assim como o ZZ632. Incrível como essa receita tem potencial.
A Dodge, por sua vez, oferece dois motores do tipo. Um realmente grande e outro um pouco menor. O Hellephant é o maior deles, com deslocamento de 7 litros, um supercharger de três litros, ridículos 1.000 hp e sísmicos 130 kgfm de torque.
Ele é street-legal, mas com um asterisco para as letras miúdas do manual: só pode ser instalado em carros de rua produzidos até 1976, pois seus níveis de emissões não são aprovados para carros mais novos. Ou então em veículos off-road, como as picapes que correm na Baja 1000 ou em picapes big foot.
O outro é o Hellcrate Redeye, um pouco menor, com 6,2 litros e um enorme supercharger de 2,7 litros, que produz 807 hp e 98,9 kgfm de torque. Isso na versão mais potente. Há um Hellcrate menos infernal, sem os olhos vermelhos, que produz 707 hp e 89,7 kgfm.
Street-ilegal
Agora… se você for para o segmento dos motores de competição, o negócio fica mais sério. A Hennessey, por exemplo, oferece o motor Fury do Venom F5. É um V8 baseado no GM LS, mas com 6,6 litros e dois turbos para produzir 1.817 hp e 164 kgfm. Um fato curioso é que ele só atinge essa potência por ser abastecido com etanol (E85) — o que significa que você pode usá-lo numa boa aqui no Brasil.
Outro monstro de pista é o Alien 427 da famosa Nelson Racing Engines. O nome deixa claro que se trata do Chevrolet LS 427, um dos motores mais populares quando se fala em preparação e projetos independentes devido à sua modularidade e variedade de materiais e disponibilidade de componentes.
No caso do Alien 427, ele é mantido com as 427 polegadas cúbicas (7 litros), mas com dois turbos para chegar aos 2.000 hp se você selecionar todos os opcionais e abastecê-lo com gasolina de competição. Mesmo em sua versão mais básica, o motor é um monstro de outro planeta mesmo, com 1.270 hp. O único problema é o preço, que parte de US$ 46.000 – isso é mais que o dobro do Hellcrate básico (US$ 21.800), e que o Ford 572 (US$ 19.990) e pouco menos que dois Ford Megazilla (US$ 25.500) ou dois Chevrolet ZZ572 (US$ 25.500).
Por último, há outro super “crate engine” independente, mas desta vez baseado no Hellcat — sim, alguém pegou o Hellcrate e achou que ele tinha pouca potência. Esse alguém é Don Schumacher da DSR Performance. Sendo um ex-piloto de funny cars, Don Schumacher decidiu usar o Hellcrate como base para um motor de competição e acabou com algo muito parecido com o Hellephant A30, o DSR 1150, que tem esse nome por ter 1.150 hp (e 134,4 kgfm).
Entre as várias mudanças no projeto estão o compressor Whipple de 3 litros — não por acaso com o mesmo deslocamento do Hellephant, mas aqui sem a necessidade de ser “street legal”, então a potência ficou bem menos civilizada. Curiosamente, ele ficou bem mais caro que o Hellephant A30: enquanto o Dodge sai por US$ 30.000, o DSR cobra US$ 10.000 a mais pelos 150 cv extras.
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