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Os melhores carros para gearheads brasileiros

Ser gearhead no Brasil não é fácil: carros caros, pouca oferta de peças de preparação, falta de mão-de-obra especializada e uma burocracia enorme para modificar seu próprio carro. Mas isso não significa que devemos desistir de tudo e mudar para um país mais gearhead-friendly. 

Procurando bem, você consegue encontrar alguns carros perfeitos para um gearhead — algo que seja acessível, fácil de manter, de reparar e de preparar, e que também seja minimamente divertido ao volante. Então pedimos ajuda aos nossos leitores para descobrir quais são os melhores carros para gearheads brasileiros e aqui estão os escolhidos.

 

Chevrolet Chevette

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O Chevette tem quase tudo o que um carro de entusiasta precisa ter: baixo peso, dimensões compactas, mecânica robusta, barato de comprar e de manter, e tração nas rodas certas. O que falta ao Chevette é só um pouco de potência para deixar o conjunto mais divertido, algo que você pode resolver com uma receita básica de preparação — aumento da taxa de compressão, carburação dupla, coletor de escape redimensionado e um comando de válvulas mais esperto — ou até um engine swap. Mesmo que custe caro, ainda será barato perto da diversão proporcionada.

 

Fiat Uno 1.6 R mpi

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Entre as sugestões dos leitores estavam o 1.5 R e o 1.6 R, que também são excelentes opções, mas nós decidimos incluir o 1.6 mpi por alguns motivos: o primeiro deles é a lista de equipamentos, que inclui com teto solar de fábrica, ar-condicionado, direção hidráulica progressiva, bancos de veludo, vidros elétricos e praticamente tudo o que consideramos básico atualmente.

Depois por que ele ainda é leve como seus antecessores, mas já tem injeção multiponto, o que faz seu 1.6 produzir 92 cv. Era bem menos que os 118 cv do Turbo, mas os números não traduzem a agilidade do 1.6 R mpi — algo proporcionado pela leveza do carro e por seu acerto de suspensão, que contribuem muito para o fator diversão. Por último, se você precisa de um carro quatro portas, basta procurar pelo 1.6 mpi, que usava o mesmo motor do 1.6 R, mas tinha o visual comportado — ou sleeper, nesse caso.

 

Volkswagen Gol

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Ele foi o carro mais vendido do país por mais de duas décadas — e boa parte desse período ele foi equipado com os motores Alta Performance da Volkswagen, mais conhecidos como AP. Por isso você conseguirá encontrar peças de reposição e preparação em praticamente qualquer canto do Brasil. O mercado aftermarket tem praticamente tudo para o popular da VW: de coletores de escape a blocos de alumínio para o motor, e as receitas de preparação são mais do que conhecidas.

Os preços de aquisição são um pouco mais altos que os de modelos similares da mesma época, mas isso é justamente uma consequência de sua popularidade e alta procura. Os primeiros modelos, conhecidos como “quadrado”  ou “caixinha” por motivos óbvios, são um pouco mais limitados para preparação e têm menos rigidez à torção do que os modelos mais recentes, da segunda geração (chamados de G2, G3  G4), mas todos eles podem ser carros verdadeiramente divertidos de guiar por aí.

Claro, a regra se aplica também aos irmãos do Gol: o Voyage e a Parati. E como todos eles já completaram 30 anos em suas versões iniciais, você pode mantê-los originais e descolar uma placa preta. Poucos carros tem o charme oitentista de um Voyage original, circulando pela cidade calmamente, como se o tempo não estivesse passando.

 

Volkswagen Passat

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Embora esteja começando a valorizar no mercado de antigos, você ainda conseguirá encontrar um Passat em bom estado por um preço acessível. As vantagens dele são as mesmas do Gol: receitas de preparação testadas e consagradas, além da abundância de peças de reposição e preparação para o motor AP-800. Mesmo original, ou com uma modificação leve na carburação, ele não faz feio — originalmente são 99 cv (com etanol) para 1.000 kg, mas não será difícil passar dos 120 cv.

Além disso, o Passat já atingiu o status de clássico, então você pode simplesmente deixá-lo original e rodar por aí cheio de estilo — afinal, quando se trata de relação com um carro nem tudo se resume a acelerar e andar forte. Curtir um bom clássico pode ser tão prazeroso quanto acelerar em um track day.

 

Chevrolet Tigra

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Ao escolher o Tigra fomos motivados por dois fatores: o visual diferenciado, que também tem um excelente coeficiente aerodinâmico — algo que ajuda no consumo de combustível em viagens e também na hora de acelerar ao máximo —, e o motorzinho 1.6 16v de 100 cv declarados que empurra esse Corsa GSi disfarçado de cupê com valentia.

É exatamente a semelhança com o Corsa que faz dele uma bela escolha para o gearhead brasileiro: boa parte dos componentes mecânicos são compartilhados com o Corsa 1.6 16v, o que facilita a manutenção e os reparos, e também alivia o bolso. O preço de compra não é muito baixo, mas encare isso como o preço da exclusividade e da diversão ao volante.

Ford Ka 1.6 Mk1

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As versões 1.6 da primeira geração do Ka são pura diversão ao volante. Por serem espartanos eles são leves: apenas 905 kg. O entre eixos curto e as rodas nas extremidades do chassi dão a ele agilidade e estabilidade, que juntas engolem curvas como gente grande. O motor 1.6 de 96 cv foi usado em praticamente toda a linha Ford de sua época, e por isso é fácil e barato de consertar. Como se não bastasse, ele ainda é barato de comprar, custando a partir de R$ 12.000 nos modelos mais antigos.

Se você quiser um visual mais descolado, a opção é a versão XR, que tem saias laterais e um spoiler funcional na traseira — a primeira versão, 2001, tem até suspensão recalibrada. Claro, ele não é perfeito: você dificilmente encontrará peças de preparação e falta espaço no cofre para swaps e modificações mais extensas. Mas se você não conseguir se divertir com um Ka 1.6 desses, o problema certamente não está no carro.

 

Chevrolet Kadett GSi

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O Kadett GSi era o sonho possível de boa parte dos moleques dos anos 1990. Você até sonhava com as Ferrari e Lamborghini, mas o Kadett era algo mais real, o que víamos nas ruas todos os dias e, com sorte, até conseguíamos uma carona com algum amigo. Ele ainda está naquela zona de esquecimento entre o fim da produção e a valorização como clássico, por isso é fácil encontrar um exemplar bem cuidado por um preço baixo.

O motor 2.0 é basicamente o mesmo que foi oferecido até metade da década passada no Astra e no Vectra. Ele produz 121 cv e pode levar o esportivo engravatado aos 100 km/h na casa dos dez segundos, marca suficiente para não passar vergonha numa arrancada de semáforo. Se você quiser prepará-lo a tarefa não é das mais baratas, mas não é difícil encontrar peças para deixá-lo mais potente sem apelar para um engine swap.

 

Renault Clio 1.6 16v

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No começo ele assustava: carro francês com motor multiválvulas? Quem vai arrumar esse negócio? Mas depois de dez anos e milhares de exemplares vendidos, o Renault Clio conquistou um lugar especial no imaginário dos gearheads e provou ser uma boa alternativa no mercado de usados, especialmente agora que eles custam cerca de R$ 20.000.

O motor 1.6 16v produz 110 cv com gasolina ou 115 cv com etanol, suficientes para uma condução mais animada pela cidade ou estrada. Some isso à ótima estabilidade do hatchback francês e você tem uma receita bem interessante de daily driver entusiasta. Há alguns anos não era simples encontrar um mecânico que encarasse o Clio, mas hoje praticamente todos eles conhecem bem o modelo nacional e você também encontrará peças de reposição no mercado paralelo. Quanto à preparação, não há muitas receitas. As poucas que se encontra por aí consistem em coletores de escape redimensionados, ou engine swaps.

 

Ford Focus Mk 1

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O Ford Focus vendido no Brasil entre 2002 e 2008, é uma boa pedida para quem procura algo mais confortável e moderno. Com exceção do modelo GL feito a partir de 2004, todas as versões têm motores 16 válvulas e suspensão traseira multilink. A ergonomia e posição de dirigir são excelentes. Os primeiros modelos, vieram com o motor Zetec 1.8 16v de 115 cv ou 2.0 16v de 130 cv e não são tão populares quanto os motores oferecidos a partir e 2004 — o 1.6 8v de 103 a 115 cv e o Duratec 2.0 16v de 143 cv.

O modelo sedã é mais barato que o hatch devido ao visual — que está longe de ser uma unanimidade —, mas tem as mesmas qualidades do irmão mais curto. Outra característica dos Focus é o escalonamento do câmbio, com marchas mais longas do que o público brasileiro em geral está acostumado (leia: Volkswagen). Os preços variam entre R$ 16.000 e R$ 28.000. Ah, e tem mais uma coisa: se você for seduzido pela versão XR de 2003, lembre-se que apesar do motor 2.0, ela tem apenas 126 cv — 4 cv a menos que as demais versões com o mesmo motor.

 

Honda Civic

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O Honda Civic de quinta e sexta gerações é um dos carros mais populares do mundo em termos de preparação e modificação. O primeiro, de quinta geração, foi importado aos montes no começo da década de 1990 e só parou de ser trazido porque a Honda começou a fabricar a geração seguinte por aqui mesmo.

Com a crescente onda de popularidade da cultura automotiva japonesa e o sucesso das gerações seguintes no Brasil, já se encontra várias oficinas especializadas em manutenção e preparação do Civic. Você nem precisa desembolsar muito por um desses: os modelos sedã e cupê da quinta geração, já podem ser encontrados a partir de R$ 12.000 em bom estado. Os de sexta geração foram fabricados somente na versão quatro-portas no Brasil, e custam um pouco mais que isso, mas raramente chegam aos R$ 20.000.

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As maiores qualidades são os motores com potência específica relativamente alta e bastante resistentes— mesmo aqueles sem o sistema VTEC —, e a dinâmica bem acertada auxiliada pela suspensão dianteira tipo duplo A. Com sorte, você encontra um modelo VTi com seu motor B16 1.6 de 160 cv dando sopa e fatura um dos hot hatches mais legais que se pode ter por essas bandas.

 

Chevrolet Vectra B

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Some todas as qualidades do Kadett a um design aerodinâmico e que ainda não envelheceu (é você que já cansou de ver) com plataforma mais moderna e você tem o Vectra B. Mas não é só isso: ele também tem suspensão traseira multilink e opções de motores 2.0 e 2.2 com cabeçote e 16 válvulas que esbarravam nos 140 cv.

Com peças fáceis de encontrar, tanto originais quanto paralelas, manter um Vectra de qualquer motorização é relativamente barato. O negócio pega na hora da preparação, que pode sair um pouco mais cara que em modelos de outras marcas. Mesmo assim, se você quiser manter o carro original o Vectra será um carro com excelente desempenho — especiamente em longas viagens.

 

[ Fotos: Reginaldo de Campinas (Kadett e Passat), Ed Cunha (Ka e Clio), Gustavo Loeffler (Passat) ] 

 

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