Há pouco menos de um mês, dirigi um dos carros que mais me surpreendeu na vida – o Datsun 240Z aí embaixo (clique aqui para ver a reportagem). Algumas semanas depois, o designer Leo Castilho (Cast Design) me mostrou o esboço de um sketch do mesmo modelo, reinterpretado numa pegada mais racing. Perguntei a ele se não faria um passo a passo, da mesma forma que foi feito com o sketch do Opala, há cerca de dois meses. Ele topou na hora – e é o que vocês verão neste post!
Na primeira versão do sketch, feito 100% à mão livre, Cast basicamente reproduziu o Datsun 240Z que acelerei. Note as rodas American Racing Ansen Sprint Slot Mag, os piscas laterais (exigidos pela legislação norte-americana), o cano de escape longo e os espelhos nas portas.
Com esta base definida, Leo partiu para uma customização racing JDM – para-lamas alargados, rodas Panasport (inspiradas nas clássicas britânicas Minilite), para-choques eliminados, escape embutido, bocal de combustível de competição, bigode aerodinâmico na dianteira e dois elementos que o transformam em um Nissan Fairlady 240Z (ou seja, o carro do mercado japonês): volante à direita, espelhos montados nos para-lamas e piscas laterais eliminados.
Como muita gente pergunta a ele sobre os seus materiais, Cast tirou esta foto: papel marker, marcadores Copic e Chartpak, e tinta guache branca.
Leo começa demarcando as áreas cromadas e polidas. Note com muito cuidado a diferença de textura do miolo da roda, que é pintado de cinza, e o aro, que é de alumínio polido. As cores usadas são as mesmas – tudo é uma questão de técnica.
Com os mesmos demarcadores, Cast cria uma terceira textura: o plástico fosco dos alargadores de para-lama. Note que, quanto mais fosca a superfície, mais amplas ficam as áreas de uma cor (ausência de reflexos). A variação de tons também é menor: compare com a borda dos aros.
Com o demarcador azul, Leo cria o reflexo do céu. Preste atenção nos locais em que ele foi aplicado: isso é essencial para se criar os volumes musculosos da linha de cintura do Datsun, principalmente na porção traseira da lateral. O reflexo também aparece na parte inferior dos aros das rodas.
Da luz para a sombra: com este demarcador cinza, ele destaca os volumes criados pela menor presença de luz, conferindo o efeito tridimensional. Agora o Datsun tem cara de objeto sólido e nós podemos identificar seus volumes, como o formato abaulado das laterais. Como o carro é branco, não há necessidade de aerógrafos para se preencher os tons médios, como foi feito no Opala.
Hora de aplicar os pretos e reforçar alguns volumes com cinza, também usado para fazer os reflexos do vigia. Agora podemos compreender por que a tampa traseira tinha uma área vazia: o 240Z de Cast possui uma racing stripe negra. Note a sutileza na janela do passageiro: o reflexo da parte inferior do vidro suaviza a coluna A do lado esquerdo do carro. A arte parece finalizada, mais ainda falta a cereja do bolo.
Com guache branco e pincel, Cast cria os highlights, que dão o toque final de tridimensionalidade no objeto: lanternas, bordas da lataria e dos arcos plásticos dos para-lamas, aros das rodas, quase tudo recebe um toque bastante sutil e que faz toda a diferença.
Visão geral do sketch finalizado.
Detalhe dos highlights feitos com guache branco. Note o “Y” formado pela junção da traseira com o porta-malas e a lateral. Compare também as lanternas e as rodas com as imagens sem o guache.
Tudo pronto, só digitalizar a imagem, fazer alguns acertos de saturação, publicar no FlatOut, e claro…
…acelerar!
Não deixe de conferir a para ver todas as artes que o cara fez. E se você quiser um sketch do seu carro, é só fazer um orçamento com ele.
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