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Project Cars Project Cars #13

Picape Corsa 2.4 16V Turbo: a história da “Picapeta”, o Project Cars #13

O sonho do carro próprio foi realizado meio tarde para mim – e ainda assim, foi presente de meu pai. Mas, e daí? O importante era que finalmente eu teria um carro meu, em meu nome, mesmo que todas as manutenções e custos com combustível ainda fossem do meu pai. Meu primeiro carro, uma Chevrolet Pick-up Corsa STD 2000/2001, adquirida em julho de 2004, aos meus 22 anos de idade. É mais ou menos assim que funciona quando você se dedica em período integral aos estudos, no meu caso, engenharia mecânica na Universidade Federal de Uberlândia/MG. Meu nome é Weverton Vilas Bôas, e aqui vou contar a estrada que me levou ao cenário atual da “Picapeta” e seu 2.4 16V sob o capô.

De volta à 2004. Meu pai me disse: você tem dez mil reais para achar um carro. As influências passadas de um tio que apareceu em casa com uma Saveiro quadrada, amarela, rebaixada e com rodas pretas, me levaram a querer algo parecido. Fiz uma planilha, separei R$ 7 mil para o carro e três mil para acessórios. Sonhar e planejar são coisas boas, mas a realidade trouxe uma surpresa maior: esta pick-up Corsa por 14.400 reais, já com rodas de Astra 14″, levemente rebaixada, abafador modelo turbão, funilaria e motor muito bons, baixa quilometragem e um desempenho que deixou eu e meu irmão de queixos caídos. Na primeira descida em rodovia, quando estávamos a levando para a cidade dos meus pais, a picape passou dos 190 km/h! Considerando o motor 1.6 com 92 cv, era bom demais para ser verdade. Acho que a doença por velocidade transformou-se de benigna para maligna a partir daquele momento. Antes era só sonho, agora era real…

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E eu queria mais. Tudo bem que foi uma fase da qual hoje não me orgulho muito, mas lia a rodo a extinta Maxi Tuning e estava aloprado com a tendência que o filme Fast and Furious trouxe ao Brasil. Só que entre o querer e o poder, havia um fato: continuava estudante! Resolvi que, em vez de comprar as marmitas do almoço e jantar com a grana que meu pai fornecia, comecei a fazer minha própria comida – e assim economizava uns trocados para fazer pequenos upgrades. Também reduzi os gastos com motel (namorava firme desde os 21) e cortei fora as baladas e boates, que de qualquer jeito eram mais para solteiros. Meu foco era outro.

Em pouco tempo, minha Picape tinha capô preto fosco com falsa saída de ar, angel eyes vermelhos feitos sob medida e um volante Shutt R1 com detalhes em vermelho, que gosto tanto que o uso até hoje. Para dar uma apimentadinha no desempenho, fiz remapeamento da injeção (a gasolina) e instalei um filtro esportivo duplo fluxo Air Chrome. Sem querer levantar discussões sobre os ganhos em potência, agora minha picape tuning beliscava os 210 km/h. E consumia 10% a mais do que antes.

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Não era rachador de encontro marcado, mas na rodovia eu tinha o dever de nunca ser ultrapassado. Encontros casuais de semáforos fechados na madrugada se tornavam os pinheiros de arrancada. Muita irresponsabilidade, sem dúvida, mas também muito sucesso com a picape – e, claro, muita sorte em não se acidentar.

Em 2007, instalei um coletor de escape dimensionado com primários de 1,5 polegadas, levei ao dinamômetro e, somando todas as alterações até aquele momento, a potência chegou aos 105 cv. Como estava em Brasília (DF), era hora de fazer do jeito certo e participar da arrancada no Autódromo Nelson Piquet. Entrei na categoria Desafio 16 s, que existia na época. Aprendi três coisas importantes naquele evento. Primeiro, os carros realmente fortes na aceleração estão lá. Segundo, minha picape não andava nada em competição de verdade. Terceiro, achei outro meio de gastar dinheiro: a arrancada entrou no meu sangue. Só pela curiosidade, virei 17,7 s nos 402 m na melhor passagem.

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Tirando a ideia de plagiar a picape Saveiro do meu tio no passado, passei a traçar meu próprio caminho. Nunca curti ter nada igual ao dos outros, de qualquer jeito. Comecei a participar muito de fóruns, pesquisava e estudava muito, e então passei a usar o meu curso de engenharia para o que eu mais gostava.

Em 2008, resolvi fazer uma preparação aspirada de rua, mas tinha que inovar. Até onde sabia, ninguém ainda havia utilizado os cabeçotes do Corsa 1.8, com balancins roletados, no motor 1.6. A meta era chegar aos 125 cv, mas fui traído pela falta de dados específicos dos Chevrolet no Brasil. Um único dado que me faltou no projeto foi o responsável por render menos 12 cv do esperado: o lobe center deste comando fez o custo de cada cavalo ganho ser o preço de um cavalo de verdade! Só fazendo piada mesmo. Mas o aprendizado foi enorme. Agora a picape tinha 113 cv, utilizando álcool, e ficou extremamente econômica: viajando a 160 km/h, fazia média de 9 km/l e o desempenho era bem agradável.

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Era hora de aferir os ganhos na prova de arrancada: 8 cv a mais me renderam 0,4 s a menos no cronômetro – virei 17,3 s na melhor passagem. Neste momento concluí que estava inovando pouco – foi quando surgiu o projeto Picapeta 2.4 16V Turbo que será detalhada com o maior prazer para vocês, aqui no FlatOut.

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Off-topic: como forma de divulgar esse grande hobby, os trabalhos que executo em meus carros e diversas matérias técnicas criadas por mim, criei o blog – Engenharia de Preparação Automotiva, que também tem um canal de YouTube. Isto tudo é um enorme prazer e estou sempre à disposição para ajudar.

Por Weverton Vilas Bôas, Project Cars #13

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