Todos os anos, normalmente alguns dias depois das 24 Horas de Le Mans, rola outro evento automobilístico importantíssimo: subida de montanha de Pikes Peak, ou Pikes Peak International Hillclimb. E a gente comemora, pois se trata de uma prova extremamente desafiadora que rende uma porção de momentos épicos a cada edição. Vamos ver como foi a última delas, que aconteceu ontem, dia 25 de junho!
Aquele percurso de terra que você percorria em um minuto e meio com o Suzuki Escudo Pikes Peak em Gran Turismo 2 é apenas um gostinho do que é a prova na realidade. O trecho da Pikes Peak Highway, estrada que percorre a montanha de mesmo nome no condado de El Paso, no Colorado, abrange exatamente 19,99 km e nada menos 1ue 156 curvas. A largada fica a 1.440 metros de altitude, e a chegada a nada menos que 4.300 metros.
Até 2011, havia uma mistura de asfalto e terra na pista. Hoje, por questão de segurança, é tudo asfalto – o que aumentou a velocidade que os veículos alcançam, mas também tirou um pouco do charme original da prova. É claro que, pela distância percorrida e pelo traçado, Pikes Peak continua sendo o “Nürburgring das subidas de montanha”, e segue como um dos eventos automobilísticos mais icônicos do planeta.
Todos os anos, recordes são quebrados em Pikes Peak. Desta vez, não foi diferente. Na categoria Time Attack Production, por exemplo – para carros produzidos em série com modificações leves –, o Acura NSX (o Honda NSX vendido nos EUA) guiado por Rhys Millen completou os quase 20 km da escalada em 10:03,443. O recordista anterior era David Donner, que em 2015 virou 10:26,896 com o Porsche 911 Turbo S.
O carro não recebeu modificações mecânicas, competindo com o mesmo V6 biturbo de 3,5 litros e 500 cv, mais três motores elétricos que elevam a potência para 581 cv no total. As únicas modificações foram preparação na suspensão, alívio de peso e instalação de um kit aerodinâmico mais agressivo para gerar o máximo de downforce possível nas curvas. E, claro, pneus de corrida.
É claro que, em Pikes Peak, as coisas ficam bem mais radicais do que um NSX praticamente original. O vencedor Romain Dumas conquistou a montanha pela terceira vez em 2017 – com o mesmo carro das outras duas, o Norma M20 RD com o qual venceu em 2014 e 2016.
O protótipo francês é equipado com um motor Honda K20 de dois litros preparado para entregar cerca de 600 cv, e pesa 610 kg – Dumas, que participou do processo de desenvolvimento, disse que o objetivo era chegar na relação peso/potência mágica de 1 kg/cv. O câmbio é sequencial de seis marchas da Sadev, o chassi é do tipo monocoque, feito de fibra de carbono, a suspensão usa braços triangulares sobrepostos e amortecedores ajustáveis nos quatro cantos, e os freios são da AP Racing, criados especialmente para o Norma M20 RD.
Dumas pilotou o protótipo cv até o topo da montanha em 9:05,672. Não foi seu melhor tempo: no ano passado, ele virou 8:51,445. Mas dá uma olhada no vídeo acima e nos diga se ele parece quase 15 segundos mais lento.
Também houve quebra de recordes nas categorias de duas rodas – que contou com a participação do brasileiro Rafael Paschoalin, que já apareceu aqui no FlatOut algumas vezes graças as suas participações no perigosíssimo Tourist Trophy na Ilha de Man. Paschoalin liderou nos treinos, mas acabou ficando com a segunda colocação na categoria Middleweight, para motos de 501 cm³ a 750 cm³, com 10:42.793.
Paschoalin em Pikes Peak, 2016
Sua moto, como em 2016, foi a Yamaha MT-07, que tem um dois-cilindros de 689 cm³ com 74,8 cv. Segundo a Yamaha, a motocicleta usada por Paschoalin é praticamente igual à que roda nas ruas (e é vendida no Brasil por cerca de R$ 31 mil), exceto pela ausência de farol, piscas e do suporte da placa, além de amortecedores mais rígidos.
O piloto mais veloz na Middleweight foi Codie Vahsholtz, que chegou até o alto da montanha em 10:34,967 com a Husqvarna Supermoto.
Já vencedor da categoria principal das motos foi Chris Fillmore, que pilotou sua KTM Super Duke 1290 R (movida por um V2 de 1,3 litro e 176 cv) até o topo de Pikes Peak em 9:49:625.