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Pneus para carros antigos: Pirelli Collezione chega ao Brasil! Veja todos os modelos e medidas

Quem tem ferrugem nas veias e enxerga a beleza e o valor da pátina sabe que um dos maiores desafios de preservação histórica no mundo do antigomobilismo tradicional está nos pneus. O carro depende totalmente dos pneus de época para apresentar a aparência correta em todos os sentidos – dimensões, desenho da banda de rodagem e dos flancos, o abaulamento apropriado destes últimos –, mas também para apresentar uma dinâmica e dirigibilidade compatíveis com a geometria e os elementos elásticos do projeto original da suspensão.

Contudo, ao contrário dos componentes mecânicos ou da carroceria, os pneus são produtos perecíveis, não importa o que você faça. Independentemente da quilometragem rodada, ao longo dos anos seus óleos, ceras e outros componentes químicos perdem estabilidade, migram, evaporam ou ressecam, e a própria carcaça do pneu se danifica no caso de ficar assentada sobre o mesmo ponto por muito tempo, assumindo uma deformação plástica, permanente.

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Para carros de coleção especialmente das décadas de 60 para trás, isso era um problema crítico. Os colecionadores mais rigorosos acabam usando pneus de estoque de época, muito ressecados e danificados, e com isso seus carros acabam virando peças estáticas – os famosos trailer queens, que só se deslocam em caminhões de transporte de um evento para o outro. Isso cria dificuldades para preservar o conjunto mecânico, visto que o powertrain e a suspensão precisam trabalhar de vez em quando.

Já os colecionadores que não abrem mão de degustar seus clássicos acabam sendo forçados a instalar pneus inapropriados, mas de dimensões mais ou menos semelhantes, como pneus de caminhonetes, vans de carga e outros veículos do tipo. Ou se arriscam com pneus fabricados na época nas ruas e estradas – e histórias desagradáveis ou traumáticas de colapso desses pneus cansados não faltam nas rodas de colecionadores.

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Em maio de 2016 a Pirelli iniciou a sua missão de preservação dos carros de coleção ao lançar a linha Collezione, a princípio atendendo os modelos homologados para os Porsche clássicos de todas as décadas – com direito à participação de ninguém menos que Walter Röhrl no desenvolvimento. Imaginamos que devem ter sido os dias de testes e homologações mais divertidos dos últimos anos…

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Foi literalmente o renascimento de linhas de pneus extintas há muitas décadas: o mesmo desenho de época e linhas-mestre dos projetos antigos, mas com componentes e compostos muito mais modernos. Em setembro de 2017, a Pirelli Collezione cresceu como nunca, se expandindo para uma série de outros projetos de época e medidas, atendendo a um universo muito maior de modelos e marcas automotivas.

E a grande notícia é que agora a Pirelli está trazendo estes pneus ao Brasil.

 

Pirelli Collezione: visual histórico, mas com confiabilidade

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Na linha Pirelli Collezione, a preocupação da marca foi em atingir a delicada linha fina entre três pilares: o desenho 100% period correct – essencial para clássicos de coleção –, preservar a comunicabilidade e o balanço dinâmico dos projetos originais, mas ao mesmo tempo, oferecer mais grip (no seco e no molhado), maior durabilidade e confiabilidade que os projetos originais e atender às exigências ambientais dos processos de fabricação contemporâneos.

Ou seja, não foi exatamente abrir os blueprints originais e botar a fábrica para rodá-los. Pelo contrário, para atender a este desafio, a Pirelli usou a sua fábrica mais avançada, a planta de Izmit, Turquia, que produz todos os pneus de motorsport (incluindo os da Fórmula 1) e a linha de extrema performance Trofeo R, para confeccionar a linha Collezione. Em março deste ano, a Pirelli chegou ao ponto extremo de renascer um pneu exclusivo da Ferrari 250 GTO de competição: o Stelvio Corsa. Apenas 36 veículos no mundo poderão calçá-los.

Considerando o volume baixíssimo de produção de toda a linha Collezione somada e o custo de desenvolvimento e de se interromper a produção de modelos modernos com volumes de venda muito maiores, é quase certo que o lucro efetivo da linha Collezione, se existe, está longe de ser o objetivo da iniciativa. Trata-se de um projeto passional em parceria com a Fédération Internationale des Véhicules Anciens (FIVA) e só podemos aplaudir os nossos parceiros pela iniciativa de preservação histórica.

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Precisando preservar o desenho 100% fiel aos originais e o mesmo conceito básico de projeto de carcaça para não modernizar a experiência ao volante e arruinar a relação com as suspensões originais, a Pirelli precisou trabalhar com exaustão nos compostos e nos componentes que estruturam a carcaça para atingir estes objetivos. A carcaça com construção dupla e o emprego de Nylon Zero Grau em espiral aplicado com um único cabo usam a mesma tecnologia dos pneus Ultra High Performance da Pirelli.

O mesmo vale para os compostos, objetivando reduzir as perdas energéticas via histerese, mas ao mesmo tempo oferecendo o melhor encaixe e interação molecular com a superfície do asfalto. Se os carros do WRC evoluíram um absurdo com a evolução dos compostos dos pneus que ocorreu entre os anos 90 e 2000, imagine o abismo tecnológico que existe entre os compostos da década de 50 e hoje. Com estes avanços na carcaça e no composto, a linha Collezione consegue o delicado balanço de se apresentar ao volante as mesmas características que um pneu histórico precisa ter, mas com robustez e níveis de aderência – no seco e no molhado – muito mais inspiradores.

 

A linha que está chegando ao Brasil

A partir deste mês (setembro 2018), você consegue encomendar qualquer um destes pneus abaixo através da BTS (Batistinha Garage), parceira oficial Pirelli que está à frente dos pedidos da linha Collezione, pelo contato (11) 3392 2235. Os pneus são importados somente sob encomenda, com prazo de entrega de 30 dias. As medidas apresentadas em negrito são as que estão disponíveis para encomenda para o Brasil.

Importante: os carros listados após as medidas referem-se aos modelos homologados na época. Há diversos clássicos brasileiros e veículos de competição da mesma época que usavam pneus de mesmas dimensões e que obviamente poderão fazer uso da linha Pirelli Collezione. Por exemplo, os automóveis da DKW produzidos no Brasil, que usavam as mesmas medidas de pneu do Fusca (vide Cinturato CA67).

 

Década de 1950: Cinturato CA67

Pirelli-Cinturato-CA67

O Cinturato CA67 foi primeiro pneu radial com cinta têxtil, que tinha uma função estabilizadora na carcaça com o rolamento do pneu, com código de velocidade SR (até 180 km/h). O desenho do Pirelli Cinturato foi patenteado em 1951 e batizado posteriormente com as siglas CA67 e CF67, fazendo referência às 67 homologações conquistadas em 25 países pela Pirelli com este modelo. Seu desenho clássico com quatro seções separadas por quatro ranhuras longitudinais e ombros cortados marcou a indústria, bem como o seu nível de resistência e desempenho. Pense que este pneu foi homologado para atender o Fusca e, ao mesmo tempo, atendia à maior parte das Ferrari da década de 50 e ao épico Mercedes-Benz 300SL asa de gaivota.

165R400TL 87H CA67: AC Ace, Alfa Romeo (1900, 2000, 2600), Aston Martin DB2/4, Citroen Traction Avante, Ferrari 250 GT, Lancia (Aurelia e Flaminia).

165R14TL 84H CA67CI: Alfa Romeo (Alfetta, Giulia, Spider), Audi 100, Austin (A55 e 60), BMW (1800, 2000), Citroen GS, Lancia Fulvia, Mazda 1800, Porsche 924, Rover (2000, 2200).

155R15TT 82H CA67CI: Alfa Romeo (Giulietta, Duetto, Giulia pré 1969), Lancia (Flavia, Appia), Lotus Elite, Peugeot (403 e 404), Porsche 914, VW Beetle/Fusca.

165R15TL 86H CA67CI: Alfa Romeo Giulietta Giardinetta, Daimler SP250, Ferrari (195 Inter, 212 Inter, 166 Sport, 166 Inter), Lancia Flavia, Porsche 356.

185R15TL 91V CA67CI: Aston Martin (DB4 pós 62, Db5, DB6 Series 1), Ferrari (330 L, 250 GTO, 250 GT Lusso, 400 Superamerica, 410 Superamerica Series II, 410 Superamerica Series I e II, 250 GT 2+2, 375 America, 250 Europa), Jaguar (Mark II, E-Type Series 1 e 2, S-Type), Mercedes 220D, 300SL.

185R16TL 93V CA67CI: Aston Martin (DB2, DB2/4, DB2/4 MK3, DB4, DB4 GT Zagato), BMW 375, Jaguar (XK120, XK140, XK150, Mark IX), Maserati (3500 GT, Mistrale).

 

Década de 1960: Cinturato CN72

Pirelli_Cinturato_CN72

Em meados da década de 60, os automóveis evoluíram em seu nível de performance e o CN72, lançado em 1966, foi o produto criado para atender a este novo patamar de desempenho. Com maior capacidade de velocidade (primeiramente HR, até 210 km/h, e depois VR, até 240 km/h), medidas mais generosas e a introdução do perfil baixo (para a época, claro!) 225/70 VR 15, o CN72 foi usado em quase todos os modelos da Ferrari da época, bem como diversos modelos da Lamborghini e Maserati.

205R15TL 97V CN72: Aston Martin (DB6 MKII 1970-71, DBS 1969-71), Bentley T1 (1966-1973), Ferrari (365 GT 2+2, 365 California, 500 Superfast, 330 America, 330 GT 2+2), Lamborghini (350 GT, 400 GT 2+2, 400 GT 2p., Espada, Islero, Islero S, Miura P400), Maserati (5000 GT, 4200 Quattroporte, Mistral 1968, Mexico, Ghibli, Sebring).

 

Década de 60: Cinturato CN36

Pirelli_Cinturato_CN36_02

Quem viveu os anos dourados do automobilismo nacional nas categorias Divisão 1, primeiros anos da Stock Car e Turismo 5000 sabe bem o que significa a sigla CN36. Era o pneu a ser batido, ainda mais em sua especificação de competição “cinco estrelas”. O CN36 introduziu uma nova era tecnológica nos pneus, com o uso de cinta de aço, e trouxe muitas vitórias para a Pirelli no mundo motorsport tanto aqui quanto lá fora. Ele nasceu em 1968, homologado para o Fiat Dino, e rapidamente se expandiu para um universo de homologações de extrema performance. Seu slogan na época era “suave em baixa velocidade e preciso em alta velocidade”.

185/70R13TL 86V CN36: Alfa Romeo Giulietta 1800, Fiat (124, 125, 131), Lancia Monte Carlo, Lotus Eclat.

185/70R14TL 86V CN36: Alfa Romeo (Spider, Alfetta, Giulia, GT Junior, GTV), Lancia Gamma

205/70R14TL 89W CN36: Ferrari (208 Turbo GTB/GTS, 208 GTB/GTS,  308 GTBi/GTSi/GTB/GTS, 308 GT/4, Dino 308 GT4, Dino 246 GTS/GT, 365 GTC), Fiat (Dino), Lamborghini (Urraco P200, P250, P300), Mercedes-Benz (280, 300, 350, 380, 450, 500).

165/80R15TL 87VN4 CN36: Alfa Romeo (Giulietta, Giardinetta), Daimler SP250, Ferrari (365 P, 250 LM), Fiat (2300 Coupe), Lancia Flavia, Porsche (914, 911F, 356).

185/70R15TL 87VN4 CN36: Porsche (944, 924, 911 G, 914, 911 F, 356).

215/60R15TL 94WN4 CN36: Porsche 944.

 

Década de 70: Cinturato CN12

CN12

A evolução do CN72 trouxe um perfil 60, ainda mais baixo, que foi introduzido em carros como o Lamborghini Miura e o Aston Martin Vantage. Os modelos de perfil 70 foram usados em diversos modelos de alta performance, como os Aston Martin DB4, DB5 e DB6 e toda a família Jaguar E-Type.

205/70R15TL 90W CN12: Aston Martin (DB4, DB5, DB6), Jaguar (Mark X 3.8 e 4.2, E-Type Series 1, 2 e 3, 420, Xj6 Series 1 e 2, XJ12 Series 1 e 2).

215/70R15TL 98W CN12: Ferrari (400i, 512 BB, 400 GT, 365 GT4/BB, 365 GT4 2+2, 365 GT4 2+2, 365 GTS/4, 365 GTB/4, Spyder, 365 GTC/4), Lamborghini (350 GT, 400 GT, Espada, Jarama 400 GT, Islero, Islero S, Miura P400S, Miura SV).

255/60R15TL 102W CN12: Aston Martin Vantage 1979-84, Lamborghini Miura SV.

 

Década de 70: Cinturato P5

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Um curioso caso de como uma parceria entre uma marca de automóveis e uma fábrica de pneus pode trazer frutos. A Jaguar trouxe uma demanda de um projeto de pneu extremamente confortável,  tanto em capacidade para absorção de impactos quanto em nível de ruído, mas que tivesse um índice de velocidade generoso e apresentasse alta precisão. Nasceu assim o Cinturato P5.

225/65R15 99W P5: Jaguar XJ40.