Ele chegou de mansinho ao Brasil, em 2014, e o pessoal o achou meio caro para substuir o ancião Gol G4. O que nem todo mundo percebeu era que, aos poucos, o mercado brasileiro estava mudando e já não havia mais espaço para carros de projeto antigo maquiados para os dias atuais. E o Up provou que suas qualidades iam além da plataforma moderna e do visual simpático (ainda que um tanto discreto demais para o gosto do brasileiro médio): ele é bom de curva e, com motor 1.0 turbo, se torna um belo brinquedo entusiasta – desde que se conheça suas limitações.
É por isto que, mesmo que o novo Up GTI ainda não tenha data para chegar ao Brasil (se é que isto vai acontecer), não poderíamos deixar de acompanhar cada novidade a seu respeito. Primeiro, um protótipo foi testado por algumas publicações gringas no fim do ano passado. Depois, em maio de 2017, o modelo de pré-produção foi apresentado durante o Wörthersee Treffen. Agora, ele estreou oficialmente no circuito dos Salões do Automóvel mundiais com sua aparição em Frankfurt, na Alemanha – ocasião em que a VW aproveitou para confirmar, de uma vez por todas, o lançamento da versão de produção no ano que vem.
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Vale relembrar tudo o que sabemos sobre o Up GTI até agora. Ele utilizará o mesmo três-cilindros turbo que, no Brasil, foi oferecido primeiro no Golf TSI. O 1.0 entrega 116 cv a 5.000 rpm e 20,4 mkgf de torque a partir de 2.000 rpm. Isto já é sabido há alguns meses, e há quem ainda esteja revoltado com a potência relativamente baixa. Existe uma versão de 125 cv a 5.500 prontinha nas prateleiras da VW, e ela é usada no Golf (o torque é o mesmo).
“Ao menos ele é mais potente que o nosso Up TSI”, você pode ter pensado agora. Mas nem é só isto: é preciso lembrar que o projeto do Up vendido no Brasil é ligeiramente diferente por conta das adaptações necessárias para rodar aqui. Primeiro, ele é um pouco mais longo para acomodar três pessoas atrás com relativa dignidade, mais sua bagagem (na Europa, o Up é um subcompacto de quatro lugares feito para ser o segundo carro da família). Além disso, a diferença no torque é bem mais substancial: nosso Up TSI tem 16,8 mkgf de torque, ou 20% a menos.
Isto sem falar que, na Europa já existe o Golf GTI e em breve será lançado o Polo GTI – dois carros cujo desempenho (seja na hora de acelerar, seja na hora de vender) é mais importante para a Volkswagen. O Up GTI será um modelo de nicho, feito para quem quiser comprar um carro barato com personalidade esportiva. E tem mais uma coisa: a VW nunca dá a seus carros a chance de liberar todo seu potencial logo de cara. Deverá surgir uma versão mais apimentada do Up GTI depois de alguns meses.
Outro argumento da própria VW é a ligação histórica com o Golf GTI de primeira geração em termos de peso e potência: o hot hatch lançado em 1976 tinha um quatro-cilindros de 1,6 litro com comando simples no cabeçote e 110 cv. No caso do Golf, o peso de 810 kg garantia uma relação peso/potência de 7,63 kg/cv, enquanto o Up GTI, com seus 1.020 kg, tem relação peso/potência de 8,86 kg/cv. Na prática, porém, o torque em baixa fornecido pelo turbocompressor faz com que o Up GTI chegue aos 100 km/h em 8,8 segundos com máxima de 192 km/h. O Golf GTI Mk1 fazia o mesmo em nove segundos, e sua velocidade máxima era de 180 km/h. O nosso Up TSi? Zero a 100 km/h em 9,1 segundos, com máxima de 184 km/h.
Esteticamente, a homenagem do Up ao Golf fica por conta das faixas pretas nas laterais inferiores e nos frisos vermelhos na grade e na base da tampa do porta-malas (que é preta, de vidro) – e, com um pouco de imaginação, dá até para enxergar o desenho das clássicas “Snowflakes” de 14 polegadas do Golf nas rodas de 17 polegadas exclusivas do Up GTI. Por dentro, o carro tem bancos com a clássica padronagem xadrez usada em diferentes modelos GTI da Volks e, no caso do conceito, a face do painel de instrumentos traz uma pintura especial bordô que, na nossa humilde opinião, poderia ficar de fora no modelo de produção.
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Fora isto, a Volkswagen não revelou nenhuma informação nova a respeito do hot hatch além do que já sabíamos: o carro usa componentes derivados do Polo, como a caixa de direção e os freios com discos ventilados; e a suspensão também foi bastante modificada com novos pratos nos amortecedores, braços inferiores com novo formato e amortecedores mais firmes – além disto, o o Up GTI é 15 mm mais baixo do que um Up comum.
Como diria certo candidato: Quero!
Considerando que nosso Up já é diferente do Europeu, a esperança de ver um GTI aos moldes do Velho Mundo não é muito alta por aqui. Seria bacana ver como ele se comporta em nossas mãos.