E aí, galera do Flatout! Com muito orgulho vou iniciar meu post e compartilhar com vocês o que, para mim, tem sido mais do que um projeto. É uma história de vida e, principalmente, de superação.
Aos 19 anos adquiri meu primeiro carro, algo um pouco fora dos padrões do típico “primeiro carro”. Não comecei como um compacto 1.0 pelado como a maioria da galera prefere optar. Por conta da idade na época, (hoje tenho 26 anos), também influenciado pelo enorme sucesso que a franquia do filme “The Fast and The Furious” fazia, além de anos acumulados em games como Tokio Xtreme Racer (Kaido Battle) e também apoiado pelo meu irmão mais velho, tomei coragem e parti logo pra um JDM antigo por pura paixão. Após ajuda dos meu pais e com o meu trabalho, decidi fechar negócio em um Honda Accord 1995 LX impecável com pouco mais de 90.000 km.
Sim boa parte de vocês devem estar pensando “mas caraca, podia ser um Civic VTi, uma Eclipse, um Lancer ou algo mais esportivo e menos ‘tiozão'”, em vez de um sedan sem graça, branco e com 4,7m de comprimento para alguém que mal sabia fazer baliza, com habilitação novinha em folha.
Aí que está a graça meus caros. Pensar fora da caixa, fazer um projeto diferenciado do que a gente costuma ver por aí é muito mais gratificante, pelo menos pra mim; ser diferente é algo que eu levo isso bastante à risca desde que comecei a dirigir e em meus projetos.
Carro novo, financiamento aprovado e um carro virgem para brincar, com motor 2.2, 130cv e 19kgfm de torque em ótima forma e com a cereja do bolo: câmbio manual. Esqueça tudo o que você sabe sobre aqueles Accord lentos, sem pretensão esportiva alguma e sem potencial de personalização. O universo muda bastante com um câmbio manual, torque (sim, em um Honda!) e menos de 1.300kg. Pode não parecer mas o carro é bastante ágil pelo porte dele.
Não demorou muito para eu investir suor e dinheiro em pequenas personalizações. Por conta de ser completamente newbie na época, as mudanças foram meramente estéticas. Com as mudanças também veio o excesso de confiança, e foi aí que as coisas mudaram.
Sem maiores delongas, acima da velocidade em uma curva perdi a traseira do carro em uma madrugada, a aproximadamente 100km/h e o carro foi reto em um barranco, capotando duas vezes e acabando com meu sonho assim, de forma bem curta e rápida, por pura irresponsabilidade de alguém que achava que sabia o que estava fazendo no volante. Dos males o menor: eu saí do acidente sem um corte sequer, devido grande parte a qualidade de construção do carro e da carroceria que apesar da pancada, praticamente não deformou.
O baque foi muito grande, mas a lição foi aprendida e após sete meses sem carro e juntanto cada centavo que pude, fiz questão de retomar meu projeto. A teimosia persistiu e eu comprei o carro que agora, após essa mega introdução, venho apresentar a vocês: sim, outro Honda Accord, mas dessa vez um raro modelo EX 1994 e como não podia deixar de ser, com câmbio manual. Mas apesar da versão sugerir, ele não é equipado com motor Vtec, e sim um F22B4 de 135cv muito similar aos motores dos F22B2 do meu primeiro Accord LX de 130cv — o carro foi trazido por importação independente e com catálogo de equipamentos e motor diferente.
Esse carro foi de fato o instrumento que me serviu para enriquecimento de car culture, pois na época frequentava os grandes encontros semanais do Honda Club, lugar que fiz colegas, conhecidos e alguns amigos acima de tudo.
O know how adquirido com o tempo fez subir meu patamar para uma personalização mais fina, com conhecimento das melhores peças gringas e montar um carro que fosse não só muito gostoso de guiar, mas de visual matador. Com uma carcaça destruída e financiada e um outro carro gerando gastos constantes ao mesmo tempo, confesso que foi bastante complicado dar conta da manutenção do carro. Apesar de ser o modelo que eu queria, tinha sido um carro um tanto maltratado pelo tempo e pelo antigo dono, sobrando pra mim resolver todos os problemas antes de partir de fato para a diversão.
Após sanar os maiores problemas, parti de fato ao que interessa, que é o início da personalização do carro. Comecei com toques sutis, mudando a cor das rodas originais para minha cor favorita (branco), trocando lanternas por modelos red/clear e faróis da versão esportiva (Japan exclusive) Accord SiR com mascara negra. Isso foi suficiente para dar uma descontraída no visual vovô do carro.
Esse carro sempre me deu muita alegria de dirigir, não só pelo conforto, segurança e solidez… mas por ser o meu projeto, o carro que eu escolhi, meu companheiro de garagem. Mas como todos nós sabemos, somente visual uma hora cansa e com o tempo o motor de 135cv do motor 2.2 entrou na pauta de modificações.
Encerro esse post de introdução do carro, me apresentando aqui para todos vocês e deixando um pouco mais da (longa) história pros próximos posts. São longos seis anos e quatro meses como proprietário do carro, e no próximo post conto a vocês o que houve para ele estar há cinco anos e quatro meses parado. Apesar da fama, Honda dá manutenção sim — principalmente os modelos mais antigos!
Aproveito para agradecer ao Flatout o espaço para contar minha história e principalmente ao staff por ter escolhido o carro, que muito além de um automóvel, tem sido um companheiro e motivo de suor, amor, frustração e tudo mais que envolve esse projeto do gearhead que vos escreve! Acompanhem!
Valeu galera!
Por Caio Cesar Peres, Project Cars #285