Agora que vocês já conhecem a história do tranqueira e de como ele veio parar na minha garagem, é hora de encarar o “problema”. A primeira coisa a fazer é analisar com o que irei trabalhar nos próximos posts.
Vamos começar pelo mais fácil: lataria e peças de acabamento.
No geral a lataria do carro não está tão ruim — o que com certeza assusta é a frente dele. Como vocês perceberam no primeiro post, o antigo dono colocou faróis de Marea/Brava no carro, o que me causou algumas dores de cabeça para resolver esse problema.
No meio dos documentos que vieram no carro consegui entender o porquê dessa “adaptação”. Entre os vários papéis tem um papel de guincho falando de uma colisão frontal e um orçamento de um par de faróis novos e com valores absurdos para a época. A importadora pediu US$ 500 pelo par de faróis e mais US$ 500 para “pagar impostos”. Com certeza algum funileiro disse para o dono que colocaria faróis de marea por bem menos no carro dele e voilà. Assim surgiu essa bela adaptação. Como vocês devem imaginar esses para-lamas não têm mais uso, pois foram recortados e têm vários pontos de ferrugem.
Outro ponto que precisa de uma atenção fica ao redor da tampa traseira. Próximo ao teto formou-se um ponto de ferrugem que com o tempo virou um buraco. Com isso a água entrava e corria por dentro da estrutura e ficava parada bem atrás do acabamento triangular esquerdo.
O interior não estava tão ruim. Estava sujo, mas apenas o controle do ar que estava quebrado. O resto parecia muito inteiro e praticamente tudo aproveitável. Até mesmo o toca-fitas funciona e com certeza ficará no carro, como um símbolo nostálgico.
Agora que o Tranqueira não é mais um estranho, chegou hora de ver se esse motor 1.5 ainda funciona.
Em casos como esse o ideal seria desmontar partes do motor, verificar lubrificação das peças, conferir se não tem borras girar ele algumas vezes na mão para lubrificar corretamente e só depois dar uma partida. Mas quando comecei a conferir vi que o motor não tem algumas juntas (a tampa de válvulas por exemplo esta 100% colada no cabeçote com silicone). O antigo dono também me falou que o carro estava fumando e o interior do radiador estava completamente marrom, ou seja, rodou com água da rua.
Depois de todos esses cenários mais o fato de que esse motor será substituído, preferi partir para o caminho errado, porém mais rápido. Troquei óleo, filtros, combustível e decidi ver se os motores Honda não morrem nunca mesmo.
Depois de trocar o óleo e seu filtro, desmontei toda a TBI (corpo de borboleta) do carro. Como ele funciona com um sistema dual point (com apenas duas válvulas injetoras), os injetores de combustível também ficam nela. Limpei bem as peças com descarbonizante, conferi as mangueiras e sistemas mecânicos que funcionam com vácuo, limpei todos os conectores dos sensores e parti para tirar a gasolina do tanque.
Não sei se todos sabem, mas a gasolina tem prazo de validade. Após seis meses ela começa a perder as suas propriedades e não queima mais como deveria. Agora imagine uma gasolina que está há anos parada dentro do tanque. Já imaginou? Pois essa é a gasolina que saiu do tanque do Honda.
Sim, isso é gasolina
Com gasolina nova no tanque, bateria nova, óleo novo, sensores ok, chegou a hora de virar a chave. Nada do carro pegar. A bomba de combustível não estava funcionando. A gasolina parada e que com o passar dos anos se tornou aquele liquido escuro, enferrujou completamente a bomba. Solução? Trocar a bomba.
Levanto o carro, tiro o tanque e corro atrás de uma bomba usada nos desmanches.
Lógico que não achei uma bomba igual para usar nele. Então parti para a adaptação, pois no futuro o sistema será substituído por bombas externas de alta vazão. Com isso comprei uma bomba usada de Civic 92-00. Não ficou perfeito, mas ficou melhor que os faróis de Marea.
Agora sim, momento de grande expectativa…
Agora que ele funcionou novamente, podia me movimentar com o carro dentro do condomínio e com isso parti para a próxima etapa.
Mas como remover ferrugem das peças?
Pesquisei em alguns fóruns e achei vários tutoriais de como remover ferrugem das peças e resolvi testar na tampa de combustível do CRX.
Como vocês podem ver a ferrugem já estava em toda a superfície da tampa, mas existem alguns produtos no mercado com o nome de “decapante para metais” ou “removedor de ferrugens”. No meu caso usei um produto chamado Quimox, que é um removedor ultra-rápido.
Como ele é um ácido, você deve tomar muito cuidado ao aplicar o produto, sempre usando luvas de borracha e óculos de proteção para não correr o risco de respingar nos olhos.
Aqui esta uma foto da tampa ainda com a ferrugem e pronta para começar o processo.
Deixei-a mergulhada no ácido por 24h, mas após umas 9h ela já estava deste jeito:
E após as 24h e uma limpeza com Bombril para tirar o excesso do produto ela ficou deste jeito.
Eu cheguei a fazer um vídeo explicando o passo a passo, mas como fiz durante a noite, na sacada do meu apartamento e com meus filhos (recém-nascidos) no quarto ao lado, acabei falando baixo demais e o áudio não ficou bom. Mas já ajuda quem precisa remover a ferrugem de peças do carro e não sabe como.
E aqui como ela ficou no carro. Só um cadinho diferente né?
No próximo post vou contar como foi a aventura de trazer peças grandes de fora para o Brasil e como foi a remoção dos faróis de Marea. Até lá!
Por Leandro Garcia, Project Cars #109