Olá pessoal, meu nome é André Bringhenti, sou de Vila Velha (ES) e esse é o Projeto 198, um Santa Matilde. Porque 198? Porque esse é o número de série dele, de um total de 937. O mais legal do Santa Matilde SM é que todo mundo pergunta: que carro é esse? É importado? Como é? Quem que fabricou? Resumindo, ele é um hatch 1979, que tem 50 cm a menos que um Opala, motor 250-s e tração traseira.
A história deste carro na minha família foi engraçada. Meu pai é advogado e adora esse tipo de carro (já tivemos Mustang, Maverick, Mercury Cougar, Impalas, Dodge Magnum, Dodge Dart, Jeep Cherokee, Opala e um Fiat 147 pick-up, que não sei o porque até hoje comprei esse carro num estado de lixo). Com exceção dos Dodge, do Maverick e do Opala, nenhum deles andou. Isso sem contar as motos, 750 Four, 400 Four etc. Desta forma, um de seus clientes enrolados, dono de um ferro velho, ofereceu o SM em 2004 por R$ 1.500. É claro que meu pai aceitou.
Teste do Santa Matilde 1978 na Revista Quatro Rodas
No começo, olhei de lado o carro, pois estava com uma pintura de fogo bizarra e parecia que tinha sido usado como propaganda do ferro velho, pois tinha o nome escrito na lateral. Nessa época, eu tinha um Maverick quatro cilindros 1976 que transformei para V8, porém eu nem estagiava na época e não tinha um puto pra manter o carro. Logo como a gambiarra imperava, as dores de cabeça também vinham junto, e por isso acabei vendendo o vê-oitão. Eu nem dava bola para o SM pois estava numa condição não muito adequada (vocês verão nas fotos).
Em 2005, já estagiando, comprei um diplomata 4.1 1988 que era do meu irmão. Fiquei com o carro por dois anos e foi uma época legal, pois ele era a sensação da faculdade. Como fiz Engenharia Mecânica, um amigo meu queria transformar o porta-malas dele em freezer para manter nossa cerveja gelada de forma mais adequada. Mas acabei vendendo pois mesmo estagiando, eu queria um carro melhor, com pintura boa, tudo 100%, e falei pra mim mesmo que só mexeria de novo com isso quando fosse pra valer.
Como o vírus da tração traseira e do motorzão nunca me largou (aprendi dirigir num Comodoro 4.1 1989 e isso estraga as pessoas), em 2008, já trabalhando , queria comprar um Opala. Só que nessa época, os opalas já estavam caros e os mais em conta, estavam muito ruins. Vila Velha é cidade praiana e a corrosão aqui é feroz.
Foi quando eu olhando nossas tranqueiras lembrei do SM. Comecei a olhar com outros olhos, pois sempre achei um carro bonito e diferente, além do fato de ser fibra e ter o chassi galvanizado que o manteve imune à maresia. Vi que a fibra estava alinhada e a carcaça bem integra e falei pra mim mesmo: “por que não?” (vocês vão discordar quando olharem as fotos).
Quando comecei a mexer, descobri que no tanque de gasolina, havia uma colmeia de abelhas. Além disso, o motor estava desmontado, o que já permitiria uma mudança — quem sabe um 4.4? Na verdade eu comecei com o 4.4, abri os cilindros, comprei pistões e tudo mais. Mas no fundo, lá no fundo mesmo vi que o carro tinha potencial. Eu tenho vírus da ferrugem e não gosto de ver carro abandonado.
Logo comecei a fibra por aqui mesmo assim como a mecânica, comprei peças de acabamento originais com o Fernando Monnerat (que foi o engenheiro chefe da fábrica do SM), porém fiquei refém de mão de obra cara, sem qualidade e que me enrolava, e quase desanimei. Como já tinha gasto dinheiro no motor e nas peças, ou eu desistia e deixava de lado uma boa grana, ou ia em frente e faria algo direito. Escolhi a segunda opção.
Mas isso é assunto para o segundo post, assim como os detalhes da mecânica, afinal eu disse que ele será 4.8, não é? Um abraço a todos e até a próxima!
Por André Bringhenti, Project Cars #124