Olá, amigos do FlatOut! Meu nome é Fred, tenho 24 anos, sou de Avaré/SP e estou estreando no Project Cars com um pouco da minha história com meu Chevette 1983. Espero que curtam.
Sempre gostei muito de carros antigos, meu avô materno me levava a escola todos os dias em seu Maverick Luxo quatro-portas quando eu tinha meus 10 anos e me lembro como era bom ir à escola naquele carro que todos admiravam quando passava. Foi ali que nasceu minha paixão por carros antigos.
Era igual a este da foto, porém com a pintura bem desgastada. Eu o chamava de salsicha, pois era um vermelho já bem desbotado.
Foto: Quatro Rodas
Já adolescente, com meus 13 anos, meu pai comprou um Chevette SE 1987 no qual eu aprendi a dirigir e definitivamente a gostar de Chevette. Ele nunca foi um cara ligado a carros, apenas os tem para se locomover e nada além disso, então restava a mim dar aquele trato no fim de semana para, quem sabe, poder dar umas voltinhas no quarteirão.
Voltinhas estas que eram só alegria. Lembro até hoje o dia que decidi dar uma puxada mais forte com o Chevette em uma rua vazia. Estiquei a primeira, passei segunda e na troca para a terceira soltei a embreagem antes de entrar totalmente a marcha, encavalando o câmbio. Pensem num garoto que ficou desesperado! Encostei o carro quase chorando, sem saber o que fazer e com uma única certeza: o problema seria GRANDE. Depois de umas porradas na alavanca consegui deixar em ponto morto e voltar para a casa cambiando suavemente como um velhinho de 70 anos. Até hoje meu pai não sabe desta história (espero que ele não esteja lendo isso).
Essa é uma das poucas fotos que tenho ao lado dele. Nela estamos minha mãe, eu, irmã e minha falecida avó. Na outra estávamos na catedral de Itaporanga.
A compra
Em 2006 o Chevette se foi para dar lugar a um Mille EP 1996. Infelizmente não consegui comprá-lo do meu pai e nem o ganhei de presente. Quando completei 18 anos comecei a busca por um Chevette que coubesse em meu pequeno bolso. Levei quase 3 anos para finalmente comprar meu tão sonhado primeiro carro.
De início eu queria um modelo ‘’tubarão’’ porém no interior de São Paulo é difícil de encontrar e quando isso acontece a pedida sempre é alta.
Sempre de olho na rua por algum a venda, em um dia qualquer voltando do supermercado com minha namorada, avisto um Chevette preto à venda. Parei, anotei o contato e no outro dia já fui dar uma conferida melhor. Ao meio-dia estava eu na porta do proprietário para dar uma olhada naquele Chevette preto 1983.
Aos meus olhos o carro estava perfeito, era aquilo mesmo que eu queria e a empolgação me deixou cego diante de vários defeitos do carro.
Comentei com meu pai sobre o Chevette e pedi que fosse comigo fazer um ‘’teste drive’’ para fecharmos a compra. Demos uma volta e a conclusão dele foi a seguinte:
“Esquece este pau velho. O carro tá um lixo”!
Claro que eu não desistiria do meu sonho assim tão fácil e segui em frente por conta própria. O Chevette tinha muitos barulhos na suspensão, estava imundo mas era bem alinhado e eu seria o seu terceiro dono.
Só tinha um problema: o cara pedia R$ 4.000 e meu orçamento era R$ 2.500. Ofertei descaradamente metade do valor pedido e recebi um sonoro “não!”. Uma semana depois o telefone toca e o vendedor com uma contra-proposta diz que fecharia negócio por R$ 2.700.
Dia 12 de janeiro de 2011, um dia no qual não irei me esquecer: estava eu com meu então sonhado primeiro carro, um Chevette, é claro, com a pintura toda opaca, cofre imundo e implorando por um belo banho.
Não estava em ótimo estado, mais pelo valor pago não dava para exigir muito. Apenas lhe faltava um dono.
O primeiro ‘’trato’’
Hora de por a mão na graxa e já fazer algumas melhorias no carro. Comecei por uma boa lavagem externa, cofre, assoalho e um polimento “no braço”.
Revisei toda a suspensão trocando tudo que era necessário, como as quatro bandejas, pivôs, buchas, amortecedores entre outras coisas.
Os freios foram revisados com a troca dos discos e pastilhas. Instalei um abafador JK para deixar um ronco mais encorpado e aproveitei para dar um trato no assoalho, incluindo uma boa lavagem e pintura do eixo traseiro.
Aqui um vídeo logo depois de instalar o novo sistema de escape.
E assim fui fazendo melhorias simples e que coubessem em meu orçamento. Neste tempo ainda não sabia ao certo qual seria meu projeto e que rumo tomar, eu estava apenas fazendo o necessário para rodar com segurança.
Minha idéia era todo mês reservar uma grana para fazer algo, nem que fossem detalhes mínimos, mas que no final fariam grande diferença.
Toda parte elétrica foi revisada, retirado tudo que não funcionava, como alarme, bloqueadores, entre outras coisas antigas. Quando o comprei ele tinha um kit ‘’Monza’’, com antena elétrica, retrovisores, porta-malas e vidros elétricos, porém nada funcionava então resolvi tirar para evitar dores de cabeça e um possível incêndio.
Emaranhado de fios e um sistema de alarme lá dos anos 1990!
E só quem tem Chevette sabe o quanto é difícil encontrar um painel sem trincas. Em umas das minhas inúmeras visitas ao ferro-velho acabei encontrando um em perfeito estado e não pensei duas vezes em comprar.
Com ajuda de amigos que me explicaram como era todo o processo de retirada do painel, fiz o serviço em casa, sozinho, com ferramentas Made in Walmart e duas horas de trabalho. Finalmente tudo no seu devido lugar.
Antigo tabelier, depois de sofrer um pouco com a desmontagem e dar um belo trato no painel novo consegui deixar tudo montado e funcionando.
Também fiz a reforma das rodas Jolly modelo Piquet que foram diamantadas e ficaram um bom tempo no Chevette.
Instalei também um par de fárois de neblina Cibié Serra II amarelos. Foram um achado e tanto! Retirei de um Gol BX bem surradinho por meros R$ 100 e ficaram perfeitos no Chevette.
Gol BX doador e já instalados no Chevette.
Algumas pequenas mudanças e o Chevette já havia melhorado muito. Até que chegou a hora de focar no motor, pois além de inúmeros vazamentos ele estava rajando e começando a perder força.
Lá fui eu em busca de um mecânico de confiança, que me deixasse acompanhar todo o processo e também aceitasse as peças que eu mesmo compraria. Por indicação do meu avô conheci o Gabriel, um cara super honesto e disposto a me ajudar.
Motor desmontado e a surpresa, era tudo como saiu de fábrica 30 anos antes
Então mandamos o bloco para a retífica para brunir as camisas que agora seriam na medida 0,50. O virabrequim precisou apenas de um leve polimento e as bielas agora recebiam novos pistões Metal Leve 0,50.
O cabeçote foi revisado. Como não havia trincas bastou um jogo de anéis novos, limpeza das válvulas originais e assentamento. Com todas as juntas novas, retentores e correias o motor estava pronto para ser fechado.
Além disto, comprei um kit novo de embreagem, revisei câmbio e diferencial e fiz a troca de óleo dos mesmos, e também revisão do motor de arranque e alternador.
Na parte de ignição troquei velas, cabos, tampa do distribuidor e bobina. O funcionamento ficou perfeito.
Uma coisa que sempre gostei de fazer é anotar todos os gastos, mesmo que sejam mínimos, uma boa e velha planilha do Excel me faz ter uma idéia de quanto já foi gasto no projeto — o que serve como referência para quem quiser embarcar numa aventura como a minha. Vejam o valor de algumas peças:
Aqui o motor já fechado, com todos seus periféricos pintados e pronto para ser instalado.
Este foi um dos dias mais felizes com meu Chevette. Ali meu carro melhorava muito, tanto em desempenho, como em confiabilidade. Até então eu o usava apenas na cidade, pois não tinha confiança para viagens longas com o antigo motor.
Vocês vão pensar: “por que já não fez um engine swap”, “não fez uma leve preparação aspro ou turbo”? Vou explicar.
Não tinha grana para nada além de um motor original, com peças de qualidade e uma mão de obra honesta, obviamente tenho em mente algo mais apimentado para este motor, mais isso ficará para os próximos posts.
Agora teria que tomar uma decisão, manter a originalidade ou partir para algo, digamos, diferente. A decisão e o rumo do projeto vocês ficarão sabendo na segunda parte, onde o Chevette se transformará literalmente em um Project Car.
Quero agradecer a todos do FlatOut pela oportunidade de mostrar meu projeto e deixo aberto a seção de comentários para sugestões, críticas, opiniões e qualquer tipo de dúvidas, que responderei com o maior prazer.
Até a próxima pessoal!
Por Fred Castro, Project Cars #157