E aí, galera do FlatOut, chegamos à parte final do meu PC. Desde o episódio da junta queimada no centro da cidade, eu tinha percebido que tirar o motor do carro não seria algo tão extraordinário assim, pelo menos não pra quem gosta desse tipo de trabalho.
Desde aquele dia eu olhava o motor todo surrado do tempo, com o verdinho original quase apagando e via que ele não estava com um visual de acordo com o resto do carro, que já tinha a suspensão bem mais baixa, pneus 235/60, lata toda feita… e decidi que iria tirar ele pra pintar. Estudei um monte como iria tirar o motor, e o que iria fazer nele.
A inspiração para o motor do 1978 veio dessa foto abaixo. O verdinho original estava descartado desde o inicio por achar uma cor meio morta para a proposta que eu queria, e o vermelho eu achava muito comum dos seis cilindros. Além disso, por ser a cor dos 250S iria ficar ainda mais com aquela cara de “faltam dois cilindros nesse Opala”. Sendo assim decidi pelo azul metálico, e cromo onde fosse possível — para mim o acabamento mais bonito que existe!
Decidido isso, consegui uma girafa hidráulica emprestada de um amigo meu, arrumei uma Van também emprestada e fui com meu irmão buscar a girafa na sexta feira a tarde. Na mesma sexta comecei a desmontar o motor na garagem de casa, e no sábado às sete da manhã já tava de pé pra continuar o serviço. O desmonte não irei narrar em texto, mas quem quiser ver como foi basta assistir abaixo, dois dias de serviço resumidos em 14 minutos!!
Motor já fora, ai que começa a parte tensa, limpar 30 anos de sujeira encrustada no metal. Haja diesel e solupan. Nota pra quem for fazer o mesmo: Use roupas “descartáveis”, nunca mais ví o tênis que usei nesse dia.
A montagem depois é fácil, e ver o projeto tomando forma na sua frente assim na hora é demais, não tem preço que pague a satisfação de olhar e falar “fui eu que fiz”!
Aproveitando que o motor estava fora pra dar aquele banho caprichado no cofre.
E finalmente, o resultado desse trampo todo.
Algum tempo depois, eu precisei trocar o garfo do motor de arranque do carro. Trampo simples, tudo certo. Montei tudo de volta, liguei a bateria (e apertei os pólos — NUNCA façam isso antes de testar. Erro de principiante). Entrei no carro, virei a chave e nada, nem sinal. Quando levantei do banco pra ir ver o que aconteceu, começou subir fumaça do motor. Tentei tirar o cabo da bateria mas eu já havia apertado ele, e o fumaçeiro aumentando, quase arranquei o pólo da bateria e consegui cortar a corrente.
A cagada já estava feita, foram cinco minutos que pareceram cinco horas, junto com medo de quase ter posto fogo no carro inteiro, tremedeira nas pernas, suador… enfim, quando a fumaça foi saindo pude ver o que deu errado. Eu havia deixado um positivo desligado, e ao descer do carro e chacoalhar a carroceria o infeliz encostou na linha de freio que é de ferro e o resto eu acabei de contar agora a pouco pra voces… resultado da inexperiência: fritei o chicote inteiro do carro. O que não fritou pelo curto circuito, derreteu junto pelo calor. Da parede corta-fogo pra dentro do carro não se salvou nada do velho chicote.
O chicote todo teve de ser feito novamente. Isso deixou o carro parado mais ou menos 3 semanas até que eu consegui desvendar o que ia pra onde, e até agora não entendo como pode um carro que só tem ventilador e um radinho AM ter tantos fios sob o painel!!! Como o painel teve de ser removido, aproveitei pra fazer um outro up no carro em algo que me incomodava no original, a iluminação “a lampião” dos mostradores. As luzes originais simplesmente não servem pra nada, são uma porcaria. Mas como eu sou mais do original customizado do que do original tunado esses kits de led ultra forte branco a venda prontos não me interessaram.
Fui atrás de fita led verde, no tom parecido com o do original, mas ao invés de simplesmente enrolar ele nos mostradores como geralmente fazem, cortei pedaços menores dá bem mais trabalho, cortar, medir, testar a luminosidade no painel, fazer aquelas soldas minúsculas entre as seções de led até que fique bom… o resultado foi um painel com led, que resulta numa iluminação como se fosse “original” mas que funciona, sem parecer que tem um farol apontado pra cara do motora dentro do carro.
Aproveitei também e embuti um led no acrílico dos botões do painel e moldura do acendedor de cigarros, agora sim eles acendem do jeito que o projetista do carro imaginou. Também aproveitei pra dar um trato na mascara do painel com silicone, e refiz os aros dos mostradores em prata com adesivo.
Em 2012, apareceu uma oportunidade de comprar uma caixa de ar antiga, original/opcional dos Opalas, em ótimo estado por um preço muito bom e eu não deixei passar. Mas era só isso que eu tinha… depois achei um suporte do compressor num ferro-velho, polia dupla… E aos poucos eu ia juntando as peças, mais por juntar, do que por “preciso montar o ar”, mas eu sabia que algum dia elas iriam ser usadas.
Até que em julho de 2014 me avisaram no trampo que eu precisava tirar férias. Depois de três anos só com coletivas eu tinha 20 dias pra ficar em casa. Comecei a planejar mais um projeto do carro, o projeto AC/AQ. Eu gosto muito de viajar com o Opala, e sempre quis deixar ele o mais completo e confortável possível para isso. Então corri atrás das peças pra por o ar quente e o ar condicioando que faltavam antes de eu entrar em férias. Então meu primeiro dia de férias começou com essa lista, quem acompanha o canal HotRod Magazine logo vai sacar de onde veio a inspiração pra lista de montagem!!
O compressor do ar eu troquei por um carburador 228 que sobrou da montagem da dupla e estava em casa guardado desde então… só precisei trocar os reparos. Já aproveitei e mandei ele e mais algumas peças pra serem cromadas e outras eu pintei em casa no mesmo azul do motor.
A parte de montagem do ar, foi toda feita em casa, caixa, compressor, suportes etc, o carro foi pra auto elétrica apenas pra ligar mangueiras, dar carga de gás e soldar o condensador. Alguns detalhes diferentes do projeto do ar foram: O uso do condensador de Palio 2001.
Ele serve perfeitamente no radiador do Opala, e elimina o filtro secador original que é parafusado no paralama. Pra mim isso foi um furo a menos no carro e uma mangueira a menos no visual, que é uma coisa que eu detesto na maioria dos Opalas e outros antigos com AC, o cofre do motor poluído com as tralhas desse sistema. Conversei com o pessoal da Auto Elétrica pra tentarmos esconder o máximo possível as mangueiras, afinal, de que teria adiantado todo trabalho de pintar o motor pra depois jogar um monte de mangueiras pretas por cima?
A solução foi passá-las para dentro do carro por baixo do suporte da bateria, e para o condensador por baixo, junto coma longarina. A do ar quente não teria como esconder muito já que ela corre da válvula termostática que fica bem no centro do cofre, então usei uma mangueira com malha de aço e passei ela mais por baixo do cofre não ficando tão evidente.
O resultado visual foi esse, e o ar gela muito! O caroneiro até “sofre” um pouco com o frio depois que o carro começa a gelar.
Depois dessas modificações o carro me rendeu dois prêmios, Opala destaque no encontro do clube Antigos de Garagem em Joinville, e cofre do motor no 7º Opalapa, ambos 2014.
E nesta abaixo o Opalão no 2º encontro de Opalas de Joinville, o qual fui premiado no ano anterior, que foi realizado no dia 8 de março de 2015.
Por fim, pra encerrar meus posts aqui no PC, carro parado não conta historia!! Então deixo fotos feitas desde 2010 em algumas viagens que fiz com o Opalão, por SC, PR, RS e SP, uma participação no trackday no Autódromo de Curitiba e um Autocross realizado em 2014, o qual rendeu um primeiro lugar também pra nós. A ideia algum dia é conseguir ir até o Chile ver a neve de perto, mas esse é outro projeto e vai ficar pra mais tarde. Espero que tenham curtido a historia do meu Opalão, abraço!!!
Agora um “remendo” no meu post. O texto já estava pronto, enviado pro pessoal do FlatOut, mas devido a uma limitação do servidor que usei, o link havia expirado e acabei precisando enviar outro link. Nesse meio tempo, um rolou um novo upgrade.
Eu estava dando um rolé pelos classificados, (sem precisar de nada) como de costume, e deparo com um jogo de rodas Mercedes cromadas (eu gosto de cromo, já deu pra ver né?) aro 18, furação de Opala, preço convidativo e boa procedência. Pra “ajudar” é a roda do carro dos meus sonhos, que eu ainda vou ter um dia (Mercedes Classe E W210, aqueles dos quatro faróis redondos) e o cara que estava vendendo as rodas mora em Curitiba. Como eu iria para Curitiba assistir à Stock Car fiz uma proposta no sábado à noite e o cara topou. Enchi o tanque e subi a serra de Opalão pra assistir à corrida, e depois fui até a casa do camarada para montar as rodas. Parecia que elas foram feitas pro carro, e olha que eu não sou fã de rodão, mas é aquilo, roda é conjunto e essas me desculpem a palavra mas ficaram do car…..!
Abraço a todos e esperam que tenham curtido!
Por Luís Felipe Fendt, Project Cars #160
Uma mensagem do FlatOut
Luís, belo trabalho feito no Opalão! Legal ver que você transformou um sonho de moleque em um carro confiável e confortável para o dia-a-dia — e com direito a ar-condicionado, pois o verão úmido de Joinville… só quem suou sabe. Mais legal é ver que você fez um legítimo “road & track”, colocando o carro na estrada e na pista sem medo, para que eles façam o que foram feitos pra fazer. Parabéns pela máquina.