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Project Cars Project Cars #169

Project Cars #169: preparação concluída, hora de entrar na pista com o Fiat 147 turbo!

Certo dia, durante um intervalo de almoço, minha colega de trabalho estarrecida com o fato de eu aproveitar todo santo meio-dia para olhar peças e forums me lançou a máxima: “Essa tua fase um dia vai passar e tu não vai mais nem querer saber de mexer em carros.” Pois bem. Sete anos se passaram desde essa colocação e cada dia que posso investir tempo em meus carros percebo que isso será um hobby por muito mais tempo do que ela imaginou. Creio que este é um sentimento comum neste lugar e assim começo a terceira e ultima parte do Project cars #169! Para quem não acompanhou, as partes 1 e 2 estão à um clique de distância (Post 1 e Post 2).

Aqui tentarei resumir minha breve experiência nas pistas de arrancada amadoras, a bordo de um Fiat 147 turbo.

 

Racha Guaporé

Era fevereiro de 2015 e a pista de Guaporé/RS estava pronta para um final de semana de aceleradas na sua interessante reta de quase 900m (por segurança e cronometragem aceleram-se apenas 201m). O Racha Guaporé tem estilo livre podendo competir praticamente qualquer tipo de veículo, do original ao altamente preparado para as retas, dando uma ótima chance para os novatos conhecerem o sistema e para os mais avançados treinarem suas reações e aptidões com seu carro de competição. Tudo isso acontece sem troféus, premiação, pódium. É alinhar e acelerar, seja qual for teu oponente, um conceito muito interessante.

box

Depois de algumas zicas dias antes do racha, como uma junta original queimada e pequenos vazamentos no cárter, meu carro estava pronto para acelerar: Carro regulado, revisado com fluídos trocados e uns 60 ou mais litros de álcool de posto prontos pra serem queimados pelo poderoso small block Fiat 1.500 cc!

puxada contra chevas

Chegamos no sábado pela manhã, prontos para acelerar perto das 9h. Esperamos até a cegonha chegar, o que pareceram mesmo nove meses de espera mas foram cerca de duas horas depois de estarmos no box. Estávamos relativamente preparados e por isso tínhamos muitos equipamentos reserva como velas, cabos, tampas de distribuidor, jogo de juntas, óleo, combustível, ferramentas diversas, além é claro de parcerias espalhadas pelos boxes com muito mais equipamentos que nós. O objetivo era acelerar e ficar parado o mínimo possível caso qualquer problema ocorresse durante a prova.

O carro continuava sendo o mesmo da parte 2, onde rendeu 190cv na roda e 27kgfm de torque com 1 bar de pressão na admissão. Apesar de estar com pneus 175/70R13, o carro saía sem nenhum tipo de assistência (e nem tração) para os 60 pés em 2,6 s, fechando o final do sábado com o meu melhor tempo de pista em 9,6s. Ao todo foram aproximadamente 40 puxadas entre sábado e domingo!

As puxadas mais esperadas eram as com os amigos participantes, com os quais há vários anos prometiam uma disputa épica! Isso não tem preço! Um somatório de satisfações ao ver amigos que há tanto tempo queriam estar naquele lugar. Foi demais, sensacional. Quero de novo.

Aqui uma puxada contra o Gol sleeper 2.1 do amigo Gearhead Decio (que até outro dia era de uso diário).

A noite seguimos à risca a dieta masculina de carne e cerveja, tudo feito ali no box mesmo.

churrasco

Depois de um sábado cheio de puxadas, o corpo pediu arrego e fui direto para meu quarto de hotel, onde acordei com o ronco dos aspirados e do pré corte dos turbos perto das 7h da manhã.

meu quarto

Como dá pra ver nas fotos, o carro andava sem a grade em razão da temperatura da água ser quase impossível se manter abaixo dos 100°C depois de uma puxada, lembrando que a ambiente ficava ao redor de 32°C durante a tarde. Como nem tudo são flores o eletro-ventilador trabalhou mais que put@ em dia de pagamento e entregou os pontos no fim do domingo, deixando apenas o eletro auxiliar na função (este na frente do radiador com ligação manual, que hoje não existe mais).

Uma das coisas mais engraçadas eram os dedos apontados para a pista quando o 147 caía no alinhamento, farra da galera nas arquibancadas e calcinhas voando… Apesar dessa última ser mentira fiquei feliz com a reação do público, parecendo uma torcida pelo pequeno Fiat preto. O curioso é o quanto as pessoas ficam interessadas ao ver um carro tão mal falado durante as décadas passadas literalmente atropelando alguns competidores equipados com motores maiores e mais conhecidos, e claro, sendo atropelado por outros com o mesmo motor ou com linguiças de seis ou mais cilindros. Foi demais!

 

O upgrade

stock internals

O motor do 147 foi completamente desmontado para avaliação após o racha guaporé. Nesse momento foram revisadas folgas de pistão/cilindro, bronzinas de biela e planicidade do cabeçote e bloco. Aproveitando isso, foram trocadas as bronzinas que já apresentavam desgaste por sobrecarga e foi montada uma junta de cabeçote fabricada em aço pela General. Com essa nova junta de 2,2mm a taxa de compressão caiu de 10,2:1 para 8,8:1, dando um pouco mais de segurança para subir a pressão. Subir a pressão? Yeaaahhhh

sobrecarga

Sim eu quero pressão! Esse novo ajuste aconteceu novamente no dinamômetro da RDR de Vacaria/RS, onde o Marcio deu uma bela refinada no mapa e puxou 1,8 bar de pressão na admissão. Agora a p**** ficou séria.

grafico

Notem como esse mapa ficou bom (considerem sempre a potência e torque nas rodas), o carro ficou mais arisco e os pneus Yokohama 175/70R13 se mostraram insuficientes para segurar esse torque todo, incrivelmente com 1 bar eles seguravam a bronca muito bem. Até hoje ando com esses pneus pequenos para manter o visual clássico do carro, entretanto é necessária muita atenção na condução.

teste

Com essa brutalidade toda jogada nos pneuzinhos, foi necessário testar varias configurações de pressão de pneu e geometria, até que encontrei algo que foi satisfatório. O carro destraciona bastante (e isso é bem divertido) mas anda em linha reta, sem perigo de ir parar no barranco.

No vídeo, gravado numa subida de pista dupla dá pra ter ideia da retomada de 70 à 170km/h do carro. Nesse dia estava muito frio, veio mais pressão que o normal e a mistura ficou um pouco pobre se vocês notarem o hallmeter e o analisador da sonda wide.

 

Racha Pista Hot Racing – Antônio Prado/RS

Em meados de agosto fui intimado para ir até Antonio Prado – RS, seguindo o estilo outlaw e ir rodando com o carro até o evento. São apenas 70km, mas o risco de cair numa blitz da sempre-de-bem-com-a-vida turma da lei era alto. De qualquer forma aceitei o convite (e o risco) e me uni no meio do caminho a diversos amigos a bordo de Voyage 1.9 nitro (o Decio de novo com seus ex-carros do dia-a-dia), C10 de apoio, Landau aspirado e um Polo GT nitro. Infelizmente estávamos todos tão ansiosos que não tiramos nenhuma foto dessa parte… que falhada! Bah!

Chegamos lá, pagamos as inscrições, arrancamos o escapamento (meramente ilustrativo), regulamos suspensão, trocamos pneus e… hora da reta! Minha nossa como demorava, passavam 10 minutos que mais pareciam horas na fila do treino livre.

des08-2015

Como eu nunca tinha arrancado com pneus maiores e pista tratada, meu carro sem booster (230cv no pé) e sem pré corte ajustado para largada, admito que foi uma guerra tracionar o carro. Errei simplesmente todas as puxadas do treino livre, que são apenas 3. Na hora das puxadas válidas consegui marcar um tempo de pista + reação melhores, mas ainda sem cadencia nenhuma, e me classifiquei na categoria 10 segundos. Durante essa classificação você larga com quem está do seu lado no alinhamento e larguei junto com um nobre amigo e seu impecável Opala 6 cilindros turbo calçados com slicks…

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Depois de classificado, você entra no mata-mata. Aí o bicho pega: Ficou pra trás, cai fora. Foram mais 4 puxadas no mata-mata, onde em 3 delas consegui extrair o possível do carro e na puxada valendo a final acabei errando a largada. De qualquer modo, o segundo lugar foi uma vitória pra mim!

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Aqui uma foto do recebimento do troféu, junto com uma galera altamente gente boa que sempre incentivou a todos na prática do esporte e na preparação de motores! Denominamos nosso grupo informalmente como Colonial Racers, título fanfarrão com a colonização italiana da serra gaúcha.

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Ir e voltar rodando de um evento de arrancada com um carro antigo turbo e carregado de combustível, pneus, ferramentas, cadeiras e um troféu foi uma experiência muito gratificante.

 

Conclusão

Toda essa história dos três posts não aconteceu em um mês. Foram anos lendo, testando e juntando dinheiro para adquirir peças e ferramentas. Erros e acertos aconteceram nesse tempo mas todos fazem parte do show, o importante é se dedicar e acreditar!

Este espaço dedico a todos que tem vontade de correr atrás do seu sonho e lutar com os próprios punhos para atingir seu objetivo. Parafraseando o Alexandre Garcia, “se eu posso, qualquer um pode”!

Agradeço imensamente aos redatores do Flatout por ceder um espaço para contar essa história, aos leitores por tirarem um tempo para ver a matéria, aos amigos e família pela força e complacência com as ideias desse que vos escreve!

Um abraço a todos e fiquem com o vídeo que resume um dos principais objetivos desse carro!

Burnouts!

Por Giovanni Franceschini, Project Cars #169

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Uma mensagem do FlatOut!

Giovanni, seu project car é uma boa mostra de que é possível fazer muito com pouco e que não é preciso voar longe para fazer um carro que garanta a diversão — basta manter os pés no chão e fazer acontecer. Parabéns pelo esforço, pela construção e pela conclusão do projeto!