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Project Cars Project Cars #172

Project Cars #172: a longa história da funilaria do meu Corcel 1975

Salve salve, povo do Flatout! Estou de volta pra continuar a história da “Christine”. Conforme já havia dito no primeiro post, vou detalhar um pouco mais do que foi feito “na” Corcel. Então, vamos começar do começo.

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Só pra lembrar como era

Para iniciar a história, acho melhor começar com a novela chamada funilaria. O carro passou por dois “profiçionais” e um profissional. Creio que esse texto terá certa quantidade de aspas, erros propositais e citações exageradas, mas garanto que será pra garantir o nível elevado e não citar um palavreado meio chulo. Já deixo o aviso.

Quando peguei o carro, ele estava em um estado total de abandono, e como marinheiro de primeira viagem eu não sabia ao certo por onde começar a levantar o carro. Não me recordo ao certo, mas em meados de junho de 2009 fomos meu pai e eu atrás de um bom funileiro pra realizar o serviço. De início, decidimos não levar no lugar de sempre e procurar alguém com experiência em antigos.

A intenção era trazer o carro de volta à vida fazendo todo o processo na chapa. Um amigo de trabalho do meu velho disse que conhecia um ótimo profissional pra realizar o serviço e que poderia ir buscar o carro em Guarulhos/SP e levá-lo até o bairro do Carrão, na zona leste de São Paulo (parece trocadilho barato, mas é um bairro que possui ótimas oficinas). Pensamos um pouco e optamos por realizar o serviço com ele, o senhor H. Carro na oficina, e lá fomos meu pai, o amigo dele e eu ver onde era a oficina. Ao chegar deparo com cinco carros antigos, um Corcel 70, um  Passat que não me recordo o ano, um fusca do inicio da década de 1970, uma Caravan azul com que ele utilizava pra provas de arrancada e um Skoda 1.5 Coupé, azul, recém desmontado. Logo que vi os carros já pensei “Até que esse cara deve ser bom no que faz”.

Mera ilusão.

foto 1

Algumas das peças que comprei pelo caminho

Passados uns dias voltei à oficina, e em meio aos outros carros lá estava ela, desmontada. E com ela desmontada fui descobrindo mais sobre as “adaptações” realizadas como a pintura dois tons, mas não como tipo saia e blusa. O primeiro tom feito com pincel e o segundo com tinta spray mesmo. As cores eram marrom claro, marrom escuro e outro tom de desconhecido. Enquanto ele descascava a tinta do carro com uma espátula e removedor, também encontramos uma bela quantidade de massa plástica, que algum “profiçional” usou pra cobrir o ótimo serviço de funilaria anterior.

Toda a lateral traseira estava cerca de 5 cm pra dentro, nos dois lado. Diante do tamanho da encrenca que estávamos metidos, fomos às compras de folhas de porta, paralamas e assoalho novos pois os que estavam no carro saíram junto com a massa removida. Passadas duas semanas, o senhor H, o primeiro funileiro, me liga falando que est;a com problemas em sua oficina e que vai passar para um outro funileiro terminar o serviço. No sábado meu carro e a caixa com as peças já estavam em outro funileiro, o senhor Z.

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Carro recém-chegado na nova funilaria

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Recém-chegado, aos pedaços

As referências do senhor Z eram um Dodge Dart 77 azul, uma Vespa ainda não finalizada e uma gaiola que ele construiu. Fiquei mais tranquilo, porém era novamente uma simples ilusão. Infelizmente caí naquela velha historia de funileiro de carro antigo: “Isso é rápido, mais uns três meses e você já está rodando com ele” — dizia ele referindo-se ao meu carro.

Compra peça aqui, garimpa ali, e levei tudo para guardar junto com as demais. Assim foi o primeiro mês, segundo mês, e assim por diante entre agosto de 2009 até fevereiro de 2010 — sempre na oficina de funilaria! Finalmente terminada a funilaria, passei para outros trabalhos. Como já esperava que alguém riscasse o carro, já havia combinado com o funileiro os reparos, caso acontecessem os riscos.

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Quesito evolução, nota 6!

Quase me esqueço de contar a saga das cores! Originalmente o Corcel era marrom, mas convenhamos: não é uma cor muito agradável. Vasculhei todo o catálogo de cores da Ford para a linha entre 1975 e 1977 e não encontrei nada que me agradasse logo de cara. Pensei em pintar de preto mas descartei a opção devido aos riscos. Passei para o verde, mas também não ficou bacana e ainda tive uma discussão com meu pai por causa da documentação.

Quase fiquei com um marrom metálico do Maverick, o bronze Lancer, mas então apareceu o tanque azul de quando ele estava desmontado, um azul do Escort Mk4 e foi amor à primeira vista. Daí a escolha pela cor, apesar dos problemas com documentação.

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Enfim a cor definitiva

Carro e bancos na tapeçaria e novamente a mesma promessa de serviço rápido, e pra variar, mais dores de cabeça. O “digníssimo” prestador de (des)serviço, além de demorar mais de um mês pra iniciar os trabalhos, me deu uma bela surpresa: uma tampa do porta malas com um risco tão profundo que dava pra ver o metal. O cara enfiou meu carro embaixo do balcão! Além de um amassado entre o capô e o para-lama, isso retirou  parte da tinta azul do capô. Brigas e discussões à parte, ele acabou pagando o conserto.

Foto 6 (1) Foto 6 (2)

Os primeiros riscos

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Tapeçaria pronta

Próxima dor de parto da saga: a vidraçaria. Como o carro ainda não tinha fechaduras e nem vidros fui garimpar as peças por um preço acessível. Só para fins de exemplo: dependendo da loja, um simples plástico/reparo do capô chega a custar de R$ 8,00 à R$ 30,00! Por isso consegui achar as fechaduras novas e mais algumas peças extras. Infelizmente, apesar do ótimo serviço que foi realizado, não escapei de mais alguns riscos nas portas.

Vidros e travas das portas nos devidos lugares. E mais alguns riscos

Passada mais essa fase, lá vai o carro fazer toda a parte elétrica, um dos serviços que não precisei mexer e continua em perfeito estado até hoje. Para conseguir dar a partida na chave precisava de um miolo de chave. Como falei anteriormente, o carro ligava com uma combinação de botões. Garimpei um pouco e consegui achar um miolo de chave original de estoque antigo. Um belo achado, pois tem até a chave reserva original.

Foto 9

E assim ela começava a ganhar vida novamente

De volta a funilaria, começam os consertos dos riscos enquanto arrumo um mecânico pra resolver o problema da fumaça saindo do escapamento. E lá vai o carro novamente para outra oficina. Acabei precisando fazer uma retífica completa e comprar um virabrequim novo, tanque de combustível novo, fora os kits e demais peças pra se fazer uma retífica completa no motor.

Na hora de levar o carro de volta à funilaria, por incrível que pareça o carro não pegava logo depois de fazer o motor! Por questões de segurança, quem levou o carro até a funilaria foi o próprio mecânico — mais de um quilômetro enchendo a cuba do carburador a cada 200 m e praticamente sem freios. Por lógica pensei o que o motor não fosse durar muito e já pensava em trocá-lo por um mais novo e mais potente, mas para minha surpresa, resolvida a parte de carburação, velas, cabos e algumas ligações erradas na linha de combustível, o motor continua firme e forte até hoje. Já são três anos funcionando sem abrir o bico ou dar sinal de cansaço!

Foto 10

E no meio tempo, meu tanque era uma garrafa PET

De volta à batcaverna, digo funilaria. A essa altura meu carro já estava havia quase três anos parado e aproximadamente dois anos atrasados dos seis meses prometidos inicialmente. Como o painel estava começando a descascar e a pintura a criar bolhas mesmo sem eu usá-lo começaram então as confusões com o Sr. Z. Em resumo, depois de algumas discussões o carro finalmente estava indo para casa… em um guincho (!) pois ele não andava e não tinha freios.

Levei para mais um mecânico, que pelo menos fez o carro ligar por conta própria. Pela primeira vez em mais de dois anos escutei novamente aquele ronco meio rouco dela. Tudo que meu pai e eu havíamos passado para achar peças e tudo o que ela havia passado já não importava. Era como se eu tivesse acabado de iniciar tudo novamente. Mas como nada nessa vida são flores, cheguei na oficina e encontrei dois caras, funcionários da oficina, dormindo dentro do meu carro. Lógico que fiquei p*** da vida e não fui muito amigável pedindo que saíssem do meu carro. Devo até ter me alterado um pouco, mas não era por menos: imagine encontrar duas pessoas desconhecidas dormindo dentro do seu carro pra descansar do almoço.

Com a pintura do carro cheio de bolhas, volta o carro pra oficina novamente, mas dessa vez para um profissional de verdade, conhecido por Beto, raspou a lataria completa, lembram-se das laterais que não estavam corretas? Pois bem, elas foram acertadas com massa novamente, cerca de três centímetros de massa. Aí finalmente foi tudo refeito realmente na lata. E finalmente o carro foi montado, as borrachas do para-brisa devidamente trocadas por causa dos vazamentos, um sistema de freio novo e funcionando, suspensão nova, rodas novas, carburador revisado em uma ótima oficina aqui da Zona Leste, a Carburama.

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Enfim um serviço bem feito

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E um novo tom de azul, vindo do Peugeot 307

Então ela vai pra casa com seu ronco ainda rouco. Nunca me senti tão feliz em uma coisa tão simples, dirigir meu carro depois de três anos parado.

Camera 360

Enfim, chega o fim dessa saga e da Fase 1 do projeto.

Bem, dei uma grande resumida em toda a história que conta como foi o enredo desses anos parados. Mesmo assim nunca escrevi tanto desde meu TCC.  No próximo post irei contar como tem sido a convivência com ela e as confusões em que ela me meteu, e adianto algo: usar um carro 1975 como daily driver não é tarefa fácil.

Até a próxima!

Por Renan Santos, Project Cars #172

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