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Project Cars Project Cars #208

Project Cars #208: a história do meu raro BMW 750iL V12 E38

Olá a todos. Meu nome é Marco Centa e vocês já devem me conhecer pelo Project Cars #09, o BMW 850i. Neste novo Project Cars, irei contar a história do BMW 750iL que comprei para meu pai. Espero que curtam.

Meu gosto por carros foi uma herança do meu pai. Desde pequeno ele percebia meu entusiasmo e me incentivava da forma que podia. Aos oito anos já aprendia os primeiros passos da direção ao lado dele, que me levava dentro de um Gol Star para dar voltas pelo bairro — a única ressalva é que não poderia passar da primeira marcha. Os anos passaram e após tirar minha carteira, fui atrás de meu primeiro carro, que deveria encaixar no meu orçamento de estagiário. Na época eu mal poderia financiar, pois tinha pouco tempo no estágio, e lá foi meu pai me ajudar na entrada do Gol 1.0 mesmo com dificuldades na época.

Ali foi o começo da minha vida com carros. Anos se passaram, o Gol ainda permanece comigo pois representa o começo de tudo. Depois vieram mais irmãs para ele e a família de carros cresceu. Toda vez que chegava uma nova integrante na família, minha mãe ficava brava e meu pai só ria. Sabia que aquilo era uma felicidade grande para ele, pois eu estava realizando mais um sonho.

Alguns anos atrás meu pai estava trocando o carro dele e me pediu opinião. Na época eu já estava envolto no mundo BMW e fiquei pentelhando para que ele comprasse um 330. Um dia em casa estávamos conversando e minha mãe foi contra a idéia, afinal queria um carro zero e eu tentando convencer a comprar um carro com quase 10 anos de uso. Falei meio que de brincadeira que então eu ia dar um carro para meu pai, assim ele poderia ter o brinquedo dele sem ela palpitar.

Aquela brincadeira se tornou uma meta, conversei com minha esposa e ficamos com aquilo na cabeça. Na verdade era uma meta de longo prazo. Entramos em acordo sobre qual carro seria, mas não estávamos buscando com muito afinco. Havíamos acabado de trocar de apartamento, e outras filhas surgiram no meio do caminho. Além disso, o foco maior estava em concluir o 850i.

Porém, logo após o aniversário do meu pai em 2014, tivemos uma notícia preocupante: ele havia sido diagnosticado com um tumor bastante agressivo, e iniciaria um tratamento longo e pesado para a cura da doença. No dia que recebemos a noticia ficamos bastante chocados e tristes e naquela mesma noite virei para minha esposa e disse: “É agora”. Queria poder fazer isso para ele nesse momento tão desafiador, seria minha forma de incentivá-lo a se recuperar. Dali mesmo começamos a procura.

O carro já estava definido. Queria presenteá-lo com uma E38. Meu pai sempre gostou de carros grandes, e pelo porte dele, é até necessário. Além disso, ele parece muito com aqueles caras do seriado The Sopranos, então ou achava um Cadillac ou tinha que ser uma E38. Tínhamos estipulado um budget para o carro, então estava quase convencido que seria uma V8, apesar de querer muito a V12, até para termos o “par de vasos” depois da 850i ficar pronta. Contudo, seria difícil achar uma no preço que poderíamos gastar.

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Passamos algumas semanas na busca. Eu já havia visto uma 740i da qual havia gostado muito, mas certa noite encontrei num site de vendas ela, a banheira. Uma 750iL, blindada nível “Faixa de Gaza” com 98 mil km, que estava a venda em SP. No anúncio havia poucas fotos e bem escuras, mas ela me chamou a atenção, pois o preço se encaixava no que eu podia pagar e era V12. Além de tudo me chamou a atenção o fato dela ser longa, que era algo raro de se ver. No dia seguinte entrei em contato com o vendedor, falamos sobre o carro, ele me passou algumas informações mas como tinha recebido o carro em um negócio, não tinha tantas infos. Fiquei de levar algum mecânico para conferir e dali continuaríamos a negociar.

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Através de um amigo, consegui um mecânico que pudesse ir lá conferir o carro por mim. Na data combinado o mecânico e meu amigo foram lá, viram o carro, e me ligaram com as boas notícias. O carro parecia estar muito bom, mas tinha mais coisas para fazer que as fotos mostravam (como alguns ralados na porta do passageiro traseiro, frisos soltos etc.) mas mecanicamente parecia muito boa.

Essa notícia foi suficiente para que eu marcasse uma viagem para SP no final de semana seguinte para buscar o carro. Fomos eu e minha esposa num sábado pela manha. Já tínhamos todo um plano para isso.

Avisei meus pais que iríamos a um evento em SP sábado, dormiríamos por lá e no domingo avisaríamos quando estivéssemos no aeroporto para eles nos buscarem. A idéia na verdade era pegar a banheira no sábado pela manhã, pegar a estrada até Curitiba, editarmos um vídeo no sábado a noite para fazer a surpresa (iria dizer que era um filme sobre o evento para surpreender meu pai) e domingo levarmos o carro até o estacionamento, mostrar o vídeo e depois apresentá-lo ao carro.

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Chegamos em SP às 10h, pegamos um táxi e fomos até a casa do vendedor. Ficamos esperando até perto do meio dia, horário que ele chegou e formos ver o carro. Tinha levado comigo o “kit análise”, que consistia a um manual da Série 7 no telefone e uma lanterna (que quase me tomaram no aeroporto no check in). Chegamos na garagem e comecei a análise. Vimos os ralados na lateral e também em outros pontos, mas apenas na lateral que parecia mais profundo. A interna dela estava muito boa, única ressalva era o porta luvas que estava quebrado o puxador e o teto solar, que com a blindagem, foi “lacrado” por um novo forro de teto completo. Além disso me impressionei com o tamanho do vidro. Temos outra pequena blindada, mas o vidro dela parecia ser normal frente o da banheira, tanto que nela o vidro só desce uns dois dedos (só lembro disso entrando no supermercado, na hora de pegar o ticket). Depois de checar toda interna, fomos escutar o coração da banheira.

MotorBMW750il

Ligar o V12 é uma sinfonia. Aquele barulho forte da ignição até a suavidade do motor girando. Realmente parecia muito saudável, apesar da sua idade.

Desliguei o carro e fui para a frente, analisei o cofre (estava um pouco sujo de pó mesmo), conferi o óleo, que parecia mais baixo que o normal, e chequei debaixo do carro. Vi uma grande sujeira de óleo na lateral esquerda, perto do reservatorio da direção hidráulica, que me assustou um pouco (até porque o nível de óleo estava baixo, e eu tinha receio que aquilo fosse óleo de motor). Mas no geral, a possibilidade de levar ela pra casa me animava muito.

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Muito empolgado como sempre fico quando decido comprar outro carro, já havia combinado com minha esposa que ela seria minha razão. Se ela visse qualquer coisa estranha, pelo olhar ela iria me avisar. Olhei para minha mulher e ela estava com uma cara meio esquisita. Com isso resolvi deixar a emoção de lado e continuar a análise. Voltei para dentro do carro para checar a tarjeta do óleo, e vi que já havia mais de um ano desde a última troca, além daquela sujeira que me assustava. A razão pesou e pensei: vou viajar 400 km, numa estrada que não conheço, com um carro que nunca andei. E com minha mulher junto. Desanimei.

Saí do carro, olhei para o vendedor, agradeci mas falei que não ficaria com ela. Seria muito arriscado viajar assim. Mas por dentro estava bem decepcionado de não conseguir fazer isso pelo meu pai, e com receio de não ter feito a coisa certa.

Fomos para a frente do prédio e liguei para meu amigo. Conversamos um pouco, expliquei meu medo, e no final da ligação ele me deu um incentivo: “Marco, não deve ser nada grave, não perca o negócio por isso”. Mesmo assim fomos até Congonhas, compramos a passagem de volta a Curitiba no balcão e voltamos.

Passei aquele final de semana todo pensando no carro, e se realmente não deveria insistir nela.

Passou segunda-feira, terça-feira, e na quarta-feira falei com o vendedor novamente. Expliquei meus medos, e também sobre os outros pontos do carro que prejudicavam a análise inicial, e chegamos num acordo financeiro sobre o carro. Além disso, outro amigo se prontificou a me ajudar indo ver o carro, testar com mais profundidade compressão dos cilindros e até dar uma revisada prévia, se fechasse o negócio. Tudo isso foi feito durante a mesma semana e, finalmente, a banheira era nossa!

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Combinamos a transferência e retirada dela (que iria ficar um tempo na casa de meu amigo até eu acertar o transporte dele ou checagem e troca de óleo para vir rodando). Na retirada, pedi para que ele tirasse umas fotos, pois usaria elas para surpreender meu pai de forma diferente, mesmo antes dela chegar efetivamente em Curitiba.

A surpresa, chegada e outros detalhes ficam para o próximo post. Até lá!

Por Marco Centa, Project Cars #208

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