Olá! Meu nome é Vitor Martins, tenho 22 anos e esse é meu Project Cars, um Mini John Cooper Works de segunda geração, cuja história começarei a contar neste post.
Muito se pergunta aonde começa a consciência humana, os filósofos dizem que a consciência vem quando começamos a pensar. Gearheads dificilmente nascem apaixonados por carros,mais apartir de algum ponto, esse tema entra nos seus cérebros com tanta força que nunca mais sai.
Até pouco tempo atrás eu achava que a minha paixão por carros era algo recente, que veio junto com minha carta de motorista e que foi ficando cada vez mais complexa, mais hoje analisando melhor, vejo que tudo que fiz desde criança tinha algo de carro relacionado. Grande parte dos meus jogos eram de carros, os blocos de Lego viravam carros, nos desenhos sempre tinha carro. Como esquecer do Speed Racer e seu icônico Mach 5?
De algum modo meu pai teve muita importância nessa história, era o tipo de pessoa que por muitos anos sempre assistiu Fórmula 1 nos domingos de manhã, e sempre contava de cenas memoráveis que assistiu de Emerson Fittipaldi e Ayrton Senna. Sempre que relata o dia da morte do Senna eu sinto algo absurdamente triste.
Nesse Project cars além de falar sobre o assunto principal que é o Mini Cooper, falarei muito sobre a experiência que estou tendo nos eventos de trackdays, que comecei a andar nos últimos tempos. Assim contando as dificuldades e os avanços, afinal o projeto nasceu da necessidade que existe do carro se tornar uma extensão do corpo do piloto.
Primeiro Carro
Quando fiz 18 anos chegou o momento que eu estava esperando por tanto tempo: conseguir minha carta de motorista e ter meu próprio carro. O primeiro foi um Fiat Punto 1.6 16v e-torq, comprador zero quilômetro na Fiat,e que chegou um mês antes da carta. Imaginem a angústia de ter um carro novo na garagem e não poder dirigir.
Desde os 16 anos eu tinha decidido que queria um Punto, pois era um carro bonito e que vinha bem completo, tinha um boa potência — 116 cv com etanol (que mais tarde se tornaria muito pouco). Vale lembrar que em 2011 a única coisa que concorria com o Punto era o VW Polo, que naquela época já era um carro defasado.
Depois de dois anos com o carro, um amigo meu chamado Leonardo, que falava 24 horas por dia de carro, centenas de postagens lidas no antigo Jalopnik e uma algumas voltas inesquecíveis de carona num porsche 997 turbo em Interlagos, a gasolina no sangue atingiu níveis sem volta e os 116 cv não surtiam mais efeito. Era a hora de vir algo mais especial.
Honda Civic Si
Quando fui procurar o meu segundo carro sabia que ele precisaria de três coisas: câmbio manual, potencial de preparação e cerca de 200 cv. Procurei o BMW 130i, mas estava fora do meu orçamento na época. Subaru WRX… meu deus como é difícil achar um exemplar em bom estado. Por último, pensei no Civic Si.
O Honda Civic Si foi o que mais atendia a tudo com um preço bacana, nas primeiras voltas fazendo teste drive em alguns carros reparei que ele andava muito, tinha uma segunda marcha bem curta, e o som do motor…mesmo stock era algo que digamos vinha de Deus. O som do K20Z3 é algo que marca o carro, e quando abre o VTEC… aí não teve mais volta.
Comprei o carro e nos primeiros dias ficava espantando que a quinta marcha dele parecia ter a mesma força da segunda do punto. Alguns meses depois eu levei o carro ao Hot Lap de Limeira a convite do Fábio Machado para dar algumas voltas nesse evento bacana — você coloca o seu carro para andar numa pista de kart.
Sempre tive a vontade de andar na pista, com qualquer coisa que tivesse um motor e quatro rodas. Mas até aquele momento eu não conhecia quase nada de dinâmica dentro de um carro num circuito. Achei que os hot laps, onde as velocidades sao baixas e as curvas abundantes, seriam a melhor opção para começar a aprender a segurar o carro.
No primeiro evento fazia algumas curvas com marcha errada e um pessoal la não me perdoou e caiu na zoeira. Fiz um tempo de 1:12 e alguma coisa que nem lembro. Tempo alto para um carro desse porte. Nesse momento coloquei na cabeça que tentaria participar o máximo possível desses eventos para tentar melhorar isso.
No evento seguinte eu fiz 1:09, depois 1:08 e a última vez que fui com o Si no mesmo evento fechei com 1:07,848. Não satisfeito parti para a preparação, e aí entrei num dilema, eu sou um apaixonado por carro, mas não sei praticamente nada sobre mecânica em si. Passei alguns meses lendo tudo possível sobre Honda e em especial o Civic Si de oitava geração. Entrei no 8thcivic e acho que li todos os tópicos do ano de 2013.
Para começar resolvi ir por algo básico e ir partindo para algo mais complexo.Comprei um Cold Air Intake da Injen,depois uma Hondata e depois de uns meses um Coletor com cat deleted da Vibrant.troquei a embreagem por outra original ja que a potencia era algo em torno de 250 cv no motor e parti para os trackdays.
Conheci o José Santiago que é sócio fundador da Crazyforauto, uma famosa organizadora de trackdays e corridas até mesmo fora do Brasil. Levei o meu carro para o autódromo de ECPA e parti para ver o que conseguia, além de me divertir muito conseguir dar 40 voltas sem nenhum problema no Si. Honda é Honda.
Algum tempo depois e apos dar uma errada em um punta-taco numa estradinha sinuosa destruí uma embreagem com apenas 5.000 km. Reparei que com o jeito que eu dirijo a original dificilmente faria sua função. Assim para uma embreagem de cerâmica que provavelmente irá durar mais que o carro.
Depois disso coloquei freios maiores vindo de outros irmãos Honda, volante de motor aliviado, cilindro mestre de embreagem mais eficaz e assim a coisa foi. Cheguei a um momento que só tinha três caminhos a seguir: transformar o carro em turbo com um kit da Greddy o que era uma opção cara, uma vez que o kit custa US$ 4.930 e não vem completo. Com ele conseguiria 400 cv, mas teria um problema: precisaria de mais alterações para fazer o carro tracionar tracionar. Um carro tem que conseguir colocar toda a potência no chão, se não, será inútil tanta potência.
A segunda opção era trocar os comandos, aumentar a taxa de compressão e chegar a 300 cv — o que também seria uma opção cara. A última opção seria vender o carro e comprar algo melhor.
Fiquei por um tempo com essa dúvida mas, depois de muito pensar sobre cada alternativa, pareceu mais que óbvio o caminho que eu deveria tomar.
Mini Cooper John Cooper Works
Desde o dia em que assisti ao filme “Uma Saída de Mestre” (The Italian Job – 2003) fiquei com aquele carrinho pequeno e chamativo na cabeça. Como esquecer de um carro cheio de ouro no porta-malas e que fez cenas épicas em Los Angeles? Assim como não tem como esquecer do famoso Mini do Mr Bean com seu sofá no teto.
Um dia estava numa estrada sinuosa com o Civic Si e um carro me deu sinal de luz alta. Um pequeno ponto vermelho. Fiquei pensativo e deixei passar. Era um Mini Cooper S. Pensei comigo: “Essa vai ser fácil”.
Acelerei e aquilo virou um touge. Começamos a entrar em curvas bem próximos e parecia que eu não conseguia me manter próximo. Quando cheguei em casa fiquei pensando naquela história. Sabia que o Mini era bom de curvas, e cheguei à equivocada conclusão de que o carrinho era bom de curva, mas na reta eu daria pau nele. O destino me deu essa oportunidade no trackday em Curitiba. Encontrei outro Mini Cooper S nos boxes,e fiquei esperando a oportunidade de pegar o cara na reta grande do AIC.
Depois de algumas voltas acabei encontrando o Mini na pista. Ele estava um pouco atrás de mim e eu pensei: é agora. Entrei na reta principal e ele enconstou em mim… e passou!
Fiquei pensativo: como pode um carro de 184 cv andar tão mais que o meu Si de 250? Fui até conferir para ver ser o carro era chipado ou coisa do gênero. Malditos Mini.
Pesquisei na internet e descobri que existia algo mais insano que S. O Mini que leva o nome do grande responsável por toda a lenda do carro: John Cooper. O carro tinha 212 cv e 28 kgfm de torque, freios Brembo, suspensão e chassi bem acertadas e câmbio manual de seis marchas (depois fui descobrir como os manuais são raros aqui no Brasil).
Comecei a procurar carros para trocar pelo Si. Fui atrás de Subaru WRX 2011, e novamente foi muito difícil achar um inteiro. Os que estavam em ótimo estado eram muito caros. Procurei BMW 335i, mas novamente estava bem além do meu limite. Sem contar que era automático, o que eu queria evitar ao máximo.
Procurei então os John Cooper Works. Dei algumas voltas em outros e fiquei abismado que ele andava mais que o WRX de 270 cv também. Eu estava relutante em aceitar, mas o JCW era um carro super divertido e mesmo antes de comprar o carro eu pensei: “E se eu preparar esse carro?”
Procurei e achei um Mini JCW manual em ótimo estado e com menos de 20.000 km rodados. Comprei e dirigindo pelas ótimas ruas de Sao Paulo descobri por que ele fazia tanta curva: a suspensão era absurdamente dura. Tive a oportunidade de dirigir C63 AMG, Evo X, Boxster 981, M5 E60, 130i e outros. Mas digo uma coisa, nenhum desses carros tem uma suspensão mais dura que o Mini JCW.
Depois de uma semana com o carro levei ele ao Hot Lap Limeira para ver do que era capaz. Infelizmente choveu o dia inteiro e só pude dar duas voltas no seco.
Essas duas voltas foram suficientes para baixar um segundo em relação ao Si em seu melhor tempo sem muitas dificuldades. Vale lembrar que os tempos de hot laps são bem diferentes que os de trackdays e um segundo de diferença é um tempo significativo.
Dois meses depois levei ele para o ECPA para um novo trackday da Crazy for Auto, dessa vez com um tempo maravilhoso e com direito a céu de brigadeiro. Nesse dia eu dei incríveis 73 voltas e gastei 60 litros de gasolina Pódium mais a banda lateral de um dos pneus. No fim, acabei apelidado de “endurance boy”. Mesmo assim foi muito proveitoso.
Fiz uns dos melhores tempos de tração dianteira, ficando atrás somente de um Gol quadrado com gaiola, 400 cv, buchas de P.U., banco concha, pneus slick e tudo mais — que também foi mais rápido que o segundo lugar, um Linea do antigo Trofeo Linea. Fiquei em terceiro, logo à frente de outro JCW.
Por fim, termino esse texto colocando um vídeo do Mini em Interlagos, que será o tema do próximo post. Até lá!
Por Vitor Martins, Project Cars #246