Salve, povo gearhead! Meu nome é Fabiano, tenho 39 anos, sou nascido e residente em Belo Horizonte/MG e desde moleque já gostava de tudo que tinha volante e quatro rodas. Hoje ou falar do meu Project Cars, um raro Volkswagen Corrado G60.
Na década de 1990, que marcou a minha adolescência, eu “batia ponto” todas as noites de quarta-feira no Mineirão, e aos domingos de tarde era no Seis Pistas ou no Cristo (quem é de BH sabe do que estou falando). Nessa época os carros “bravos” eram os Opala e Caravan seis-cilindros, os Gol GT/GTS e GTI, Passat Pointer e Kadett GS/GSi. Meu sonho era ter um Gol GT/GTS ou um Passat Pointer, mas sonho esse estava muito distante de minhas posses na época, então me contentava (aliás, me aborrecia) com um Fiat 147 1982 que tive o desprazer ter como primeiro carro.
Logo depois tive uma Marajó 1981 (que só me deu alegrias), passei depois por um Quantum Sport 1990, e finalmente passei para uma Saveiro 2002 que comprei zero quilômetro, turbinei e fiquei dez anos com ela e sem nunca ter aborrecimento, mesmo turbinada.
Mas aquela vontade de ter um esportivo dos anos 80/90 sempre martelava a minha cabeça. Um dia, passeando na oficina de um amigo, topei com um Gol GT 1986 impecável e turbinado. Para o meu desespero, ele estava à venda.
Não foi barato e após um ano de namoro e muita negociação, comprei e trouxe o GT para casa. Fiquei seis anos com ele, me diverti muito. Mas porque “meu desespero”? Porque na época eu não tinha a grana para comprar o carro e minha namorada (hoje minha esposa) me emprestou…
Tá… mas e daí? Onde entra o Corrado nessa história? Ele entra lá na década de 1990. Quando eu lia/colecionava tudo quanto era revista automotiva, vi na capa da Revista Oficina Mecânica o VW Corrado. Aquele carro me despertou um enorme interesse. Achei o design e as especificações técnicas do carro fantásticas! Literalmente “babei” no carro… e apesar de nunca ter visto um ao vivo até uns cinco anos atrás (2010) eu nunca esqueci dele… mesmo antes de pensar em comprar um Corrado eu já lia os tópicos no VW Vortex sobre ele.
Como a maioria dos gearheads, eu sempre fico de olho em sites de classificados de carros, procurando modelos interessantes de oportunidade, e o Corrado era sempre dos que eu sempre digitava nas buscas. Infelizmente os poucos que apareciam os preços estavam muito além das minhas posses (de novo!). Até que vi um dia (isso foi em 2008 para 2009) um Corrado G60 vermelho em SP com um preço que meu bolso podia pagar. Mas… (sempre tem um “mas”) o carro tinha defeitos. Ele era automático e a ECU do motor tinha queimado e o câmbio era controlado por ela. O antigo dono do carro tentou adaptar uma ECU de Santana, mas obviamente não ficou legal. O ABS também estava com problema e o pára-choque dianteiro tinha sido trocado por um horrível de fibra. O resto estava ok, incluindo a lataria, lacrada, sem batidas.
Ficamos na negociação somente por email e telefone por uns três meses. Eu ainda não tinha visto o carro pessoalmente, mas fiz uma oferta. Ela foi R$ 3.000 mais baixa que outra oferta e acabei perdendo o negócio.
Bom… continuei me divertindo com meu Gol GT (eu dizia à minha esposa que só venderia o GT para comprar um Corrado) e também continuei com meu hábito de garimpar carros bacanas na internet. De repente aquele mesmo Corrado G60 vermelho de SP apareceu a venda de novo. Melhor ainda: ele estava aqui em Belo Horizonte! Na mesma hora mostrei o anúncio para minha esposa e marcamos de ir ver o carro!
Vi e babei. A lataria lacrada, interior legal, arrumaram uma central original e agora o motor funciona direito, mas o câmbio continuava com problemas para trocar as marchas, o ABS estava ruim, e havia vários probleminhas elétricos — sem contar o mesmo pára-choque dianteiro horrível, com lanternas adaptadas de Golf.
O carro agora pertencia a um colecionador/restaurador de carro daqui de BH e o cara estava com várias outras raridades na garagem e desistiu de reformar o Corrado. O preço estava interessante, não estava barato e nem caro, mas de novo, novamente, mais uma vez, as oportunidades só batem a minha porta quando eu não estou podendo e eu não tinha a grana para comprar! Ofereci meu Gol GT mais uma quantia de volta e ele não quis, daí então ofereci a minha Saveiro turbo (meu carro de uso diário) mais uma volta. Ele queria um pouco mais de volta e ficamos “cozinhando galo” alguns meses.
Nesse meio tempo achei o anúncio de um Corrado G60 preto em São Paulo e com um valor até barato. Trocamos fotos, telefonemas e marquei de ir ver o carro. Sabadão de madrugada, peguei a Saveiro, chamei a esposa e partimos para um bate-e-volta de BH a SP para ver o Corrado preto.
Chegando no endereço do vendedor, assim que virei a esquina da rua, ainda a uns 50 metros de distância vi o Corrado estacionado na rua e disse a minha esposa: “Perdemos a viagem!”
A traseira do carro estava toda torta. Já havia sofrido algum acidente. Pena… nas fotos estava lindo!
À medida em que chegávamos mais perto, mais feia a coisa ficava. O carro estava em péssimas condiçoes, era amarelo e fora pintado de preto, a lataria estava toda torta, o motor vazava óleo por todos os lados, o compressor G60 tinha um buraco na carcaça, adaptaram um câmbio manual e a pedaleira estava torta. Só compraria se fosse muito barato e para usá-lo como doador de peças.
Como o dono estava me esperando, eu o chamei, me apresentei, conversei e expliquei o carro não estava dentro das minhas expectativas. Voltei frustrado, mas ao menos voltei decidido a fechar negócio no Corrado vermelho de BH. Chegando lá, perdi de novo: o Corrado foi vendido!
É… se esse Corrado vermelho tiver que ser meu, um dia ele virá.
A vida seguiu e com os velhos hábitos, depois de quase dois anos garimpando na internet o Corrado vermelho apareceu novamente. Dessa vez eu tinha a grana no bolso para comprar! O preço estava razoável e com uma barganha cheguei ao valor que eu queria. Negócio fechado!
O atual proprietário também era colecionador de carros, e para variar tinha a garagem lotada de raridades. Ele começou a reformar/consertar o carro: importou ECU original, chicote elétrico, lanternas e até um pára-choque dianteiro original, também havia algumas peças de upgrade etc. Alguma coisa ele já tinha instalado, mas a maioria das peças ainda estava nas caixas. Sem pensar duas vezes, negociamos um valor bacana nas peças e fiquei com tudo!
Acertamos a papelada, marquei com o caminhão para buscar o Corrado — ele andava, mas como estava sem para-choques dianteiro, sem placa e sem setas nem arrisquei a ir rodando.
Sonho realizado!
Com o carro na garagem, hora de buscar o máximo de conhecimento técnico sobre o modelo devorando o manual de serviço e os tópicos de fóruns como VWVortex e The-Corrado Forum.
Aqui chegamos ao final da primeira temporada da novela, que foi a aquisição desse Corrado. No próximo post, darei inicio à próxima novela, que está sendo o conserto dos problemas (e são muitos) a fim de fazer o carro funcionar e rodar perfeitamente — incluindo o swap de câmbio automático para manual e a adaptação do compressor Eaton M62 no lugar do original G-Ladder 60 que estava em péssimas condições.
Abraço a todos a até breve!
Por Fabiano Silva, Project Cars #248