Sempre me perguntei por que não havia um Audi no Project Cars. Afinal, eles têm ótima plataforma, abundância de componentes aftermarket e ainda é possível achar bons exemplares com preço razoável. Meu nome é Leonardo Vida e estou aqui para contar a história do meu Audi A3 1.8T 1999.
História foi feita para contar
A paixão por motores barulhentos e perfumados começou cedo, algo certamente herdado do meu pai. Por ele, o cheiro dos caminhões diesel Ford da década de 80 teve um significado diferente na minha infância. Já na adolescência, os rádio controlados movido a nitrometano com uma peculiar fumaça capaz de arder os olhos, foram a base para os primeiros passos no mundo da mecânica. Aliás, não vejo nada mais divertido para um gearhead sem CNH.
Bigfoot ao fundo e seus 15 anos de trabalho duro
Depois vieram as motos 2T onde vale destacar a YZ125, tive a oportunidade de comprar a última 0km importada oficialmente pela Yamaha. E foi nela que meu gosto por graxa ganhou força. Foram diversos upgrades, incluindo o dia que resolvi desmontar a moto completamente para ver o desgaste das peças, na verdade foi pura curiosidade. E aqui estamos falando de uma fragrância ainda mais nobre que o nitrometano, dosado rigorosamente com 50% AVGAS 100 e 50% Podium, na proporção ideal com óleo Motul 2T. Um perfume singular, lançado ao mundo torcendo o cabo com vigor, embalado ao som apaixonante dos motores 2T.
À esquerda desespero e a direita a última foto antes da despedida
Alguns acidentes mais tarde, resolvi vende-la após quebrar o quadril na última etapa da copa PHO MX em São Paulo, não conclui a prova mas fui campeão antecipado devido a somatória de pontos das etapas anteriores. Falando sério, qual outro jovem consegue quebrar o quadril? Dois meses de cama foi o suficiente para sofrer pressão familiar e colocar a cabeça no lugar. Moto vendida, hora de arrumar outro brinquedo.
Sessão de treino na pista municipal da Praia Grande, clicada pelos amigos da Attitude Riders
Travis Pastrana sempre foi um cara que acompanhei no motocross, e como ele, eu estava todo quebrado procurando algo que desse adrenalina, mas que tivesse pelo menos airbag. O cara matou na mosca. Entrou para o time de rally da Subaru e com isso meu mundo pós-mx se tornou um lugar cheio de possibilidades. A dificuldade de achar um Impreza GC em bom estado e que coubesse no meu orçamento, fez com que eu procurasse outros carros. BMW E36 me pareceu bastante obvio, mas tinha que ser coupé e manual. Um ano depois do início da busca pelo exemplar perfeito me deparo com um Audi A3 1.8T, único dono, 2 portas, manual, extremamente original e impecável. Vi o anúncio na sexta, falei com o proprietário, fim de semana pesquisando as possibilidades e limites do carro, segunda-feira o carro era meu.
No dia que chegou em casa
O primeiro contato
Foi amor à primeira vista. Originalmente estimulante, descer a serra rumo ao novo lar foi uma experiência incrível. O A3 esconde seu potencial, é nítida a sensação de que o projeto foi elaborado para mais potência e que por algum motivo o departamento de vendas limitou a 150cv e 21,4 kgfm. Com isso em mente, era hora de elaborar meu projeto. Aumentar o desempenho de forma equilibrada e com visual que transmitisse mais esportividade. Mais resumido ainda: Fazer aquilo que os engenheiros gostariam de ter feito e o pessoal de vendas não deixou.
Visual atual: rodas, suspensão e escape com saída dupla
Os primeiros passos: pesquisar é fundamental
Antes de detalhar o projeto gostaria de compartilhar algumas dicas para os leitores que tem vontade de se aventurar em um Project Car. Pesquise. Pesquise muito. E se me permitem mais uma dica: pesquise.
Não compre um carro para um projeto sem antes buscar informações com quem já trilhou o caminho. Existem milhões de fóruns sobre os mais variados modelos, você não está sozinho nessa. Sempre terá alguém querendo turbinar qualquer coisa que tenha motor. Aproveito para agradecer a todos participantes do A3clube.com pelo excelente conteúdo disponibilizado.
Definido o carro com que você vai se casar, é hora de achar a noiva ideal. Fóruns nessa etapa também são bem-vindos. Geralmente carros anunciados na internet são facilmente reconhecidos por membros, uma ótima fonte para saber a procedência e julgar se vale a pena. Descubra os problemas crônicos, como por exemplo, a hélice da bomba de vácuo do A3 que é feita de grafite, tende a esfarelar após anos de uso, resultado: problemas na central conforto. Fique de olho na documentação, uma visita ao Detran com a placa do veículo é possível verificar se há alguma pendência. Do resto como em qualquer carro, fique atento a manutenção, estado geral e barulhos anormais.
Manutenção, uma base sólida faz a diferença
Você já deve ter ouvido falar que é melhor investir mais em um carro bom do que pagar barato em um carro ruim para depois consertá-lo. E por melhor que esteja sempre terá algo a ser feito em um carro com idade.
Sensor de temperatura, knock sensor, MAF, regulador de pressão do combustível estão entre algumas peças que foram substituídas por mal funcionamento ou apenas preventivo. Conexões, mangueiras e reservatório do arrefecimento também entram na lista juntamente com a básica troca de todos os fluídos e filtros. Optei por usar Pentosin e Motul que atendem as especificações do fabricante, são mais caros mas como, excluindo motor, são óleos que não precisarão ser trocados em breve, valem o investimento.
Cofre original
Buchas, pivôs e batentes precisavam ser substituídos e como já teria que desmontar a suspensão, aproveitei para trocar o conjunto de molas e amortecedores. Optei por buchas originais pela questão da durabilidade e eliminei a idéia de usar PU devido ao barulho excessivo que produzem. As molas são H&R modelo sport, já os amortecedores de dupla ação foram feitos pela GASS em São Paulo, com curso reduzido e aumento da carga.
Nesse meio tempo me deparei com as rodas do Audi RS4 e como eu buscava uma personalidade esportiva sem me distanciar da originalidade, resolvi arrematar. As 17” eram o tamanho certo para a potência que almejava e resolvi calça-las com pneus radiais 225/45R17 da Dunlop, modelo Sport Maxx.
O conjunto ficou excelente, o controle ficou muito mais preciso e direto. O A3 tem o protetor de cárter bem baixo, sem contar que se for necessário rebaixar o carro em mais de 5cm é necessário substituir a barra estabilizadora, pois a mesma raspa no semi-eixo. A solução mais econômica nesse caso é trocar pelo do S3 que possui um gap maior. No meu caso não houve necessidade, pois foram apenas 3,5cm.
[vimeo id=”134614383″ width=”620″ height=”350″]
A foto acima já diz que os freios não são mais originais. Mas isso, entre outras coisas, é assunto para o próximo post. Acima deixo um vídeo que, por coincidência, foi feito dias antes de abrir essa nova convocação do Project Cars. Obrigado a todos que votaram.
Por Leonardo Vida, Project Cars #260