Estou de volta, amigos. Desta vez com muito conteúdo de qualidade sobre o carro. Primeiramente estou muito feliz por ter conseguido chegar aos meus objetivos iniciais com o carro na fase em que está. Neste post irei mostrar os resultados obtidos, como prova do que falei anteriormente.
Depois de duras críticas de quem duvidava que eu conseguiria um aumento de potência sem um grande investimento, realmente fiquei meio triste e sem esperanças de conseguir até 5 cv a mais no meu carro.
Também me falaram que meu Fit de 80 cv ser “amarrado” pelos pneus slick, mas aqui vou mostrar que não devemos dar bola para o que algumas pessoas falam. Às vezes é só pra desmotivar a gente, pois eu consegui mais que o dobro do que eu pretendia no momento.
Retífica do cabeçote
Depois daqueles problemas com aditivos de óleo, levei o carro na melhor oficina Honda de Brasília, a Kingz Auto, do Duda. Os retentores de válvulas não estavam estourados, mas estavam bem duros e alargados. Tive que trocar quatro válvulas também.
Tinha que fazer a parte de baixo do motor, mas este é meu único carro, então pedi pra fechar o motor e marquei de levar o carro para fazer a parte de baixo depois do Hot Lap de dezembro. Dava pra sentir uma saliência passando o dedo na parede do cilindro, onde o último anel chega.
Depois de tudo montado, o carro ficou muito forte. Acho que estava perdendo compressão antes, e queimando apenas três cilindros. Também parou de fumar em baixa, possibilitando o uso diário do carro para ir ao trabalho ou viajar. Em rodovias nem baixa muito. O consumo de óleo é menos de um litro por 1.000 km a andando entre 120km/h a 160km/h. Só que como a parte de baixo já está no limite, quando passa de 5.500 rpm, começa a sair fumaça em marchas baixas.
Remapeamento da Injeção
Não sabia que era possível mexer na central original de carros Honda aqui em Brasília, até descobrir a Horse Power Performance. Levei o carro lá no Ricardo, que é dono da franquia da Inglesa Viezu aqui em Brasília. Ele tem dois métodos para acesso à central do carro. O método Kess e o K Tag. No método Kess, ele consegue fazer tudo pelo OBDII do carro. Já no método K Tag, precisa abrir a ECU e conectar uns pinos na placa. Ele nem usa solda.
No meu carro com ECU Bosch, só foi possível via método K Tag. Ele copia a rom e envia pro pessoal na Inglaterra, e em poucos minutos eles enviam de volta o arquivo alterado, então ele grava este novo arquivo na central. Como o Ricardo fala inglês fluentemente, ele conversa diretamente com o pessoal da Viezu na Ingleterra, via Skype.
Depois de tudo feito, fomos testar o carro, pois muitos falam que não aumenta nada. Testando na cidade percebi uma leve melhora no torque, mas o carro parecia igual. Só depois fui testar o carro em alta, e levei um susto. Antes, quando meu carro passava do pico de potência, nos 5.700 rpm, o barulho do carro caía e dava pra perceber o carro perdendo fôlego. Agora estava querendo girar mais, e com muita força. Parecia que o carro queria girar mais de 8.000 rpm, só que cortava precocemente em 6.600 rpm.Acho que é possível aumentar o corte, mas não vou arriscar isso.
Ganho de 27cv nas rodas
Depois dessas modificações, eu sentia que o carro não era mais o mesmo. Quando corri com um Bravo 1.8 16v e andei à frente até 170kmh, quando acabou a pista, e ganhei de um Chery Cielo com 119cv 3 vezes seguidas com muita vantagem, vi que o carro estava bem diferente. Então levei ele pra testar num Dinamômetro. Chegando lá na Shift Performance, eu só ia conferir o preço, pois já era 11:00 e tinha acabado de rodar 80kms com o carro, então já estava muito quente, e eles haviam guardado o ventilador, pois estavam mudando de loja naquele mesmo dia. Rapidinho eles tiraram um gol que estava no Dyno, e amarraram meu Fit, que rendeu 85cv na roda, sem o CAI que uso geralmente em eventos.
O Fit original tem 58cv na roda, e 80 no motor. Conferi em vários sites, os testes do Fit no dinamômetro. Todos os Fit i-dsi entregam 73% da potência na roda. No continente asiático existiram 3 versões deste motor: 1.2, 1.3 e 1.5 (Não é o 1.5 VTEC). Um Fit 1.5 VTEC nacional, entrega em torno de 87cv nas rodas e 105cv no motor. Todos os i-dsi entregam 73% da potência do motor, nas rodas. Se eu fosse usar a lógica dos 73% na nova potência, usando a fórmula para encontrar o valor de X, meu carro estaria com 116cv no motor, mas não acredito. Mas acredito na seguinte fórmula: WHP+10%+10CV, que no meu caso cheguei a 103,5cv no motor. Para carros de tração traseira, usam a fórmula WHP+12%+10CV para chegar a um valor aproximado da potência no motor. No torque, ganhei em torno de 1.2mkgf.
Este Dinamômetro da Shift é muito preciso e realista. Dizem que se ele errar é pra menos potência, até porque o pessoal lá é amigo de quase todo mundo que prepara carros aqui em Brasília, e jamais faria dyno lottery com a gente. Dá pra ver pelo torque, que está aceitável, pois achei que ganharia mais.
Lembrando que eu fiz mais alterações no carro, como 8 velas ngk iridium, escape de duas polegadas direto, 100% na Podium, o filtro é só uma tela, sem papel, etc.
Testando o carro nos 402 metros
Fui testar o carro nos 402m, mas infelizmente nesses tipos de evento, só tem carros bem superiores ao meu. Fui correr com um March 1.6 16v e levei benga por uns 2 carros. Mas aquele carro é sinistro, e ainda estava com alivio de peso. Depois apareceu um Palio Attractive 1.4, dos novos, e me desafiou. Segundo ele, era 1.4 com 88cv e só rodava no álcool. O Palio pesa um pouco menos que o Fit, tem mais potência e torque que um Fit original. Na hora da arrancada, meu Fit andou muito na frente. Mais de uma carreta nos 402 metros.
Só filmaram eu levando benga de Gol AP preparado. Reparem que a chegada é quando sobe um pó branco, que marca os 402 metros.
Personalização
Comprei uns red emblems Honda, originais do Civic Type R, ficaram bem legais.
Mandei fazer alguns adesivos, mas eu estava sem tempo, e alguns não deram certo.
“If in doubt, flat out”
Fiz o mosquito errado. Era pra ser branco.
Achei umas placas que combinaram com o carro.
A hora da verdade
Era um sábado à tarde, quando surgiu uma nuvem de fumaça branca no Kartódromo Ayrton Senna. Muitos se assustaram (rsrs), mas era só meu Honda suando para baixar uns décimos de segundo no último Hot Lap do ano em Brasília, organizado pelo Distrito Racing.
Cheguei ao abrir os portões, sozinho, com o carro carregado de pneus, ferramentas, colei os adesivos de número 10 e então comecei o trabalho árduo de trocar as quatro rodas com macaco original do carro. Quando o Fit mais zoeiro foi tomando forma, juntou uma galera em volta para prestigiá-lo.
Acharam o carro bonito, começaram me zoando, falando que um tal mecânico trocador de peças ia me pegar (kkk), ai rapidinho o tempo passou, e o Fit estava pronto. Pronto no meu ponto de vista, porque eu não entendia nada de calibragem, ainda mais com pneus slick e suspensão original.
Acho que corri com mais de 40psi nos pneus frios. Nem sei quanto chegou com eles quentes. Depois me emprestaram um calibrador e baixei todos pra 30psi. Estava muito ansioso quando entrei na pista, com medo das rodas pra fora quebrar a suspensão e sofrer algum acidente, ou o magnésio pegar fogo, o freio falhar pela falta de ventilação das rodas de monoposto, e muitos outros fatores.
Achei que eu era louco de ficar uma hora lá trocando pneus dentro do kartódromo, até ver um brother desmontando o cabeçote do Chevette de drift dele ao lado da pista, trocando junta, montando e já tocando o terror na pista, ficando entre os três melhores tempos do evento.
Na segunda volta eu já tinha andado 1 segundo mais rápido que o meu melhor tempo das 38 voltas no primeiro Hot Lap. E eu só estava testando o carro, pois os pneus traseiros eram sem uso, e o carro estava com a traseira igual um sabão. Depois que melhorou, me senti num kart. Com a largura insana, meu carro se comporta diferente dos demais, pois não levantava mais roda. Era o tempo todo grudado no chão as quatro rodas. A Suspensão original do Honda é muito dura, o que me ajudou muito. O carro tinha uma rolagem mínima, e em algumas curvas a aceleração lateral era absurda, o que acabou comigo já nas primeiras 15 voltas.
Não consegui a planilha com o tempo final, por isso me desculpem ai os outros participantes que baixaram seus tempos. O meu tempo já está o melhor. Acho que só o Gol me passou. Depois correram dois Subaru WRX, do Colchão Team (O dono do Samurai que anda junto com GT-R e que patrocina maioria dos eventos automotivos aqui no centro-oeste).
Aí ficaram os dois com o tempo em torno de 51 segundos também. Mas acho que foram menos de 10 voltas, testando o WRX 2015. Então não é o tempo dos WRX. No Primeiro Hot Lap, eu com rodas 17 e pneus radiais, consegui andar na frente de um Punto T-Jet de 250cv. Desta vez passei sufoco com um de 180cv e 33mkgf de torque. Fiquei em 17º de 25 ou 24 carros no total.
Preparo físico
Sou programador, então fico o dia todo na frente do PC, estressado e tomando refrigerante e comendo M&Ms. Não faço nenhum tipo de exercício físico. Então me dei mal. Estava três dias sem dormir direito por causa do Hot Lap, e como tenho uma vida sedentária, minhas forças acabaram na terceira bateria. Meu corpo doía tudo, o banco original do carro ajudou a me destruir. Acabaram as forças dos meus braços, não conseguia nem corrigir a traseira do carro. Senti que o carro andaria mais de um segundo melhor. Tanto é que minha melhor volta foi na terceira bateria. Depois dei umas 30 ou 40 voltas sem baixar tempo, e sem a parte psicológica e física 100%.
O Hot Lap era de 16:30h às 23:00h. No início da noite parei de correr por mais de uma hora, pra descansar, mas fiquei foi pior. Me senti tonto, uma moleza no corpo todo, dores nas costas. E já à noite fui punido em muitos segundos, pois a coluna A do meu carro, que é enorme, atrapalhou muito eu apontar o carro pra zebra, ai pegava o pneu na grama. E eu não aguentava sair do banco pra apontar o carro nas curvas. Da próxima vez, vou cuidar de mim também. No primeiro Hot Lap, eu baixei tempo até nas últimas voltas. Eu senti que não tinha mais como baixar, pois eu tinha explorado cada curva e cada reta da maneira mais agressiva possível.
Resultados
Mesmo eu cometendo alguns erros, estou feliz com o resultado. Fiz tempo de super carros. Um carro de 51 segundos, já merece muito respeito lá no Kartódromo, ainda mais meu Fit sendo o carro mais fraco de todos. Andei décimos de diferença de dois Subaru WRX, e pouco mais de 2 segundos de diferença de um John Cooper Works mexido e com slicks.
Mas meu carro vai andar nos 50 segundos, quando eu levar gasolina num galão, ao invés de correr com mais de 45 litros no tanque, acertar a calibragem e pilotar de forma agressiva. Sai do Kartódromo, e o marcador de combustível ainda estava no topo. Também os slicks nem aqueceram. Os novos nem perderam os risquinhos que eles tem. A batalha aqui nem é com os carros e nem com ninguém, pois mudam muito, os tempos e os carros. Desta vez haviam muitos carros bem preparados.
Antes meu carro ficava longe de cortar giro. Desta vez cortava de segunda marcha em 90km/h em dois pontos da pista. Mas como era perto das curvas, eu nem colocava a terceira.
Gravei dois vídeos com uma GoPro Hero 4. Um ainda de dia, ficou ótimo. Já o outro, não dá pra ver nada. Coloquei na traseira do carro, aí só dá pra ver a fumaça de vez em quando. Em compensação dá pra ouvir um ronco muito bonito do Fit, com escape direto.
Aqui o vídeo legal. Não pega o som do escape, mas está com ótima qualidade. Saí da pista umas duas vezes no primeiro vídeo. Vejam em 01m25seg. Peguei terra. Acho que um carro de drift puxou terra de fora da zebra.
Abaixo, um vídeo só do barulho do escapamento dimensionado e direto, do Fit.
Neste vídeo, dá pra ter mais ou menos uma noção de como faço a curva mais lenta da pista. O pessoal na arquibancada estava com medo do meu carro explodir. Dá pra ouvir no áudio do vídeo.
Um amigo gravou mais dois vídeos em 120FPS.
Vou comprar outro carro em breve, para poder mexer mais no Fit. Estou pensando em comprar outro Fit, se eu achar um com preço bem bacana. No início de 2016 tenho que fazer o motor dele completo, pois não dá pra viajar com o ele fumando assim.
No próximo post, falarei quando Ischishima San, proprietário da Spoon, apresentou o Honda Fit ao Drift King, Keiichi Tsuchiya. Ele mostrou que o Fit tem a estrutura monobloco de um verdadeiro esportivo, como carros de categoria GT. Sendo a parte superior flexível, e a inferior rígida, tanque de combustível no centro do carro, estrutura muito reforçada e com barras tubulares, etc. Isso mesmo: no Fit original de fábrica. Até o próximo post, pessoal.
Por Lucas Ribeiro, Project Cars #279