Há quanto tempo, pessoal do FlatOut! Que tal falarmos um pouco mais da restauração do Dodge Charger R/T 72 LMS? Neste post de hoje veremos o andamento dos serviços de funilaria, pintura e mecânica — e, para nossa surpresa, mais alguns problemas!
Antes que vocês me perguntem, o carro ainda não está pronto. Avançou e muito, é claro, mas ainda não atingiu o necessário para merecer o selo “LMS” no vidro traseiro. Vamos aos detalhes dos serviços:
Funilaria
No post anterior, mencionei que, exceto pela churrasqueira, todos os paineis externos da carroceria foram substituídos; garanto que não foi por preciosismo de minha parte.
A lateral esquerda tinha remendos de 9mm de massa plástica, o teto estava ondulado e tinha uma diferença de 1,5 cm na altura entre um lado e outro e o assoalho tinha remendos de todos os tipos, de forma que a única solução foi comprar um novo, vindo de um estoque antigo, assim como o assoalho do porta-malas.
Erro número 1: o funileiro não tinha experiência anterior em Dodges nacionais. Achei que as premiações em Lindoia e os belos carros restaurados por ele fossem suficientes para garantir a qualidade. Não foram. E nem vou discutir o preço cobrado, bastante alto, mas que me pareceu aceitável em vista do trabalho necessário, do resultado pretendido e do nível de serviços da oficina.
Em uma restauração dessa monta, é normal que ocorram atrasos, especialmente quando o funileiro trabalha quase sozinho. O que não é possível é demorar 23 meses para entregar o carro (a previsão inicial era seis meses!) e ainda não terminar o carro.
Erro número 2: quando a minha paciência se esgotou, dei um prazo de uma semana para ver avanços no trabalho. É claro que não houve avanço algum: quando percebeu que seria despejado e que não teria tempo hábil para terminar o carro, o funileiro simplesmente desistiu do trabalho.
Laterais AMD, servem muito bem nos Dodges nacionais
Assim me vi obrigado a encontrar um lugar para levar o carro em 48 horas, sob risco do proprietário da área trancar o galpão com meu carro dentro. Alguns bons amigos me ajudaram e, dez dias depois, o carro já estava com o João Andrade para conclusão do serviço.
Gato escaldado, controlei prazos e pagamentos com muita atenção. Na data combinada, a funilaria estava pronta. Lição aprendida: ainda que você tenha que esperar um pouco mais, aguarde por um funileiro que tenha bastante experiência na restauração do modelo do seu veículo. Ele vai saber exatamente o que fazer.
Funilaria pronta
Pintura
A preparação e pintura de um carro com laterais, paralamas, assoalhos e outras peças novas é bem mais simples que um que exija muita correção. No LMS, não quis que se corrigisse imperfeições com massa, somente o fundamental.
O pintor trabalhou muito bem, com bastante capricho e vontade de acertar. Fiquei bem impressionado com a sua disposição de refazer o que fosse necessário, sem acréscimo de custo de mão de obra ou material.
Foi uma decisão de risco, mas os pintores que orçaram o serviço estavam ocupados – e custavam caro. O pintor escolhido, até por ser jovem e estar se firmando no meio, fez o serviço em apenas 70 dias, contra 120 da estimativa, a um preço 40% inferior ao que eu havia obtido com outros profissionais.
Para obter o tom exato da cor original, Branco Polar, contei com o auxílio luxuoso de um dos grandes conhecedores e entusiastas dos Dodges nacionais, Lincoln Gomes de Oliveira Neto, que conseguiu uma amostra a partir de uma parte pintada original, nunca retocada.
As faixas do capô em preto fosco foram pintadas a partir do gabarito de um capô original, de modo a assegurar a máxima fidelidade possível. Esse era um ponto muito importante, pois em um carro branco as faixas se destacam muito, não havendo espaço para erros.
O carro pintado, já com o teto de vinil e alguns acabamentos
Mecânica
Concluída a pintura, o carro seguiu para a montagem mecânica, o que deveria tomar em torno de 90 dias, em vista que o motor e demais componentes haviam sido retirados do carro há dois anos, logo, deveriam estar prontos quando da chegada do carro.
Lógico que não estavam! Com isso, o prazo da montagem mecânica se alongou e muito, tomando 250 dias, um exagero injustificável.
Parte desse atraso foi alegada na dificuldade de se obter peças novas para a suspensão e diferencial. Eu fazia questão de peças novas de estoque antigo, tanto quanto possível, pois as peças de reposição que se encontram atualmente não têm a mesma qualidade (ou usam materiais diferentes, o que eu não queria).
Não houve dificuldades com o motor 318PS, original do carro. Bloco e cabeçotes estavam em bom estado, exigindo apenas retífica e trabalho de fluxos, respectivamente. Mantivemos o virabrequim original, com substituição das demais peças móveis. O comando de válvulas original foi substituído por um de maior abertura (270º), pois eu queria que o carro ficasse bem disposto e não passasse vergonha perto do meu Maverick GT Quadrijet.
Não fosse um R/T 72, muito raro, eu teria optado por uma preparação leve, com coletor de admissão de alumínio, carburador Holley 600CFM de segundo estágio mecânico e ignição/distribuição mais modernos; para respeitar a máxima originalidade possível, foi colocado um carburador DFV 446 e distribuidor com platinado. Vamos ver como o carro vai ficar, se necessário depois altero esses itens.
Quando o carro estava em vias de sair da mecânica e seguir para a montagem, houve o acidente com a minha Amada filha Luísa. Quando consegui voltar a raciocinar, decidi fazer da restauração uma homenagem a ela: o carro então se tornou “o” Charger R/T 72 LMS. Vocês podem imaginar o quanto aumentou o meu nível de exigência!
A mecânica no lugar
Como em todos os demais itens, a ideia na mecânica foi de se voltar à confiabilidade e sensação de zero quilômetro que o carro tinha quando da entrega ao primeiro dono, em fins de 1971 (o carro é ano-modelo 1972).
No próximo post, vou detalhar a montagem do interior, acabamentos externos e as primeiras impressões do carro pronto.
Abraços!
Reinaldo Silveira, Project Cars #28