Bom pessoal, continuando meu Project Cars, de cara agradeço as visitas e comentários. Isso me faz querer sempre atualizar meu projeto e me motiva a contar com o máximo de detalhes possível a história do Viagrinha. Caso você não lembre muito bem o começo dela, aqui estão as partes 1 e 2.
O desfecho pós Trackday
Como alguns já profetizaram no post anterior, realmente tive problemas sérios com o Uno. E eram estruturais. Quando no autódromo fui levantar o carro, para minha surpresa quanto mais eu tentava, nada acontecia. O assoalho cedia e nada de subir. Até que quando fui verificar, vi um rasgo, literalmente no piso do carro.
Na hora me bateu o desespero, um frio na espinha mas creio que não havia muita coisa a fazer naquela hora. Fui aproveitar o restinho do evento para na segunda feira começar a pensar em um plano para consertar as feridas do Viagrinha. Mas não foi só isso… Durante o evento, a cada volta, o freio foi acabando… Acabando… Até que na hora de ir embora vi que a coisa tava feia. O pedal estava absurdamente baixo e o carro fingia que ia parar e n parava. Tive que ir para casa andando bem devagar, rezando para não precisar de alguma frenagem de emergência, pois naquele momento tudo que eu tinha era 5% da capacidade no pé e uns 40% da capacidade do freio de mão, ou seja… Todo cuidado seria pouco. Mas enfim, tudo deu nos conformes e consegui chegar em casa, feliz por ter andado e um tanto preocupado com as cenas dos próximos capítulos.
A primeira providência que tomei foi consertar o freio, pois afinal eu não chegaria a lugar nenhum daquele jeito, ou até chegaria… Em algum poste/muro/traseira de outro carro. E deixo bem claro que essa definitivamente não era minha vontade. Novamente fui com o ..na mão, em horário com pouco movimento e sempre contando com ajudas sobrehumanas para que nada acontecesse comigo/com o uno. E deu certo novamente, ufa!
Resumo da ópera… O cilindro mestre foi pros céus dos cilindros mestres. Além disso vários flexíveis estavam ressecados e em breve poderia ser fonte de desespero/dor de cabeça. Além disso, novamente eu estava com problemas nos engates do câmbio. E mais uma vez tive que fazer tudo no câmbio…E lá se foram alguns cifrõezinhos alados saindo da minha carteira. Confesso que paguei esse sem “nem percebe”r pois eu estava realmente preocupado com o que viria na funilaria. Os dias que se passaram eu estava me preparando psicologicamente para encostar o carro na funilaria. Aí surgiu a pergunta… qual?
Aí que surgiu novamente o salvador da pátria / o “tal-do-Dmitri” e indicou um local que ele havia pintado o gol vermelho e em um sábado qualquer marquei de ir la com ele para fazer o orçamento.
Chegando na tal da oficina, confesso que fiquei bastante assustado, me perguntando “por que o Dmitri me trouxe até aqui?” Era chão de areia, diversos carros batidos abandonados, outros sendo trabalhados, nada ali me inspirou muita confiança, mas até o presente momento meu nobre amigo nunca havia me levado em nenhuma barca furada. Resolvi arriscar no pensamento que ali poderia ser um “bom e barato”, já que a infraestrutura não me inspirou confiança. Mostrei os pontos de ferrugem que conhecia (o assoalho e o teto ao redor do teto solar) e ele me orçou 3000 reais. Na hora me assustei bastante, pois imaginava gastar 1000-1500 no máximo nesses dois itens; até porque a solda era oxi-acetileno (como engenheiro sei que ela não é a mais adequada para o serviço que eu precisava), porém não conhecia outro possível local que trabalha com MIG em Fortaleza (alguem conhece??). E meio ressabido aceitei o preço dele.
Os dias foram passando
Com o passar dos dias que insistiam em não passar, minha aflição quanto à qualidade do serviço não me deixava tranquilo. Eu não conseguia aceitar a possibilidade de gastar aquele absurdo de dinheiro em uma oficina sem infraestrutura que justificasse esse preço. Até que tocou meu cel…
– Boa tarde Davi, é o Geraldo da Oficina.
– Pois não Geraldo?
(E nessa hora me deu um frio na espinha… Coisa boa não podia ser.)
– Cara, desmontamos tudo e a coisa tá pior que imaginávamos. As caixas de ar estão podres, as portas também estão “fofas”, os paralamas bastante avariados, a tampa traseira bastante enferrujada, além de claro, o teto e o assoalho. Segundo eles, no serviço anterior, os pontos de ferrugem haviam sido escondidos com massa.
Nessa hora tirei um minuto de silêncio. A garganta secou, o desespero bateu e eu o perguntei:
– Cara, pelo amor de Deus, quanto tu cobra para fazer isso?
Ele titubeou um pouco, deu um rodeio e falou:
– Cara, o preço é 10 mil reais, mas como não foi algo planejado, o máximo que consigo pra ti é 7 mil reais.
Novamente fiquei mudo, atônito, perturbado, arrasado, acabado, desmoralizado, todos os ados relativo a qualquer coisa ruim que possa existir. Falei para ele que iria verificar o que poderia fazer pois ninguém em sã consciência pagaria isso tudo em um conserto de um “reles fiat uno velho”.
Naquele momento eu só tinha as seguintes opções:
- Pagava o que ele queria
- Iria atrás de vender o carro do jeito que estava
- Esquecia que o carro existia até passar aquela angústia que estava me tirando o sono
E eu desliguei o celular e nesse dia eu me senti sem um chão para pisar. Precisa de um tempo para pensar em continuar ou desistir.
Joseph Climber, você de novo?
Pois é. Perdi uma noite de sono e para felicidade de vocês seguidores que curtem meu PC, resolvi mergulhar de cabeça. Aquele carro que já havia me dado uma alegria gigante na compra, várias quebradas de pescoço na rua, diversas pessoas me apoiando para seguir em frente não iria se acabar naquele momento. Liguei para o funileiro e resolvi aceitar sua proposta, a muito contragosto, mas algo me dizia que eu não devia parar meu projeto por conta disso. Acertamos o prazo e ele pediu 3 meses. Um absurdo ao meu ver, pois ele dando três meses de prazo na minha cabeça significava 5 ou 6 meses, já que vi que ali não é a primeira nem a última oficina que irá descumprir prazo.
E passou um mês… dois meses… três meses… quatro meses….
Entrei em contato com a Oficina. O veículo estava desmontado e praticamente nada havia sido feito então. Segundo o dono da oficina, o único funileiro que mexia com ferrugem estava afastado com pedra na vesícula Nessa hora meu Project Car passou por mais uma crise existencial: eu estava tão desgostoso que ligar para oficina me doía, me fazia um mal tremendo. No quinto mês, finalmente o funileiro estava de volta; como a oficina de funilaria era perto da casa do Dmitri, ele gentilmente ia lá e conferia o progresso:
Quando vi essas fotos eu confesso que “enxuguei as lágrimas” um pouco. A oficina apesar de não aparentar nada confiável, havia até então feito um belo serviço. As caixas de ar laterais foram trocadas, o assoalho foi todo refeito, as portas recuperadas e o teto, que naquela altura não vedava mais devido às deformidades causadas pela ferrugem, estava devidamente recuperado. As soldas, apesar de terem sido de oxi-acetileno, aparentemente foram bem feitas (beira o impossível achar soldador MIG aqui). Quando vi as fotos o carro todo lisinho, já no primer e com pouquíssima massa, voltei a lembrar dos tempos áureos do meu Project Car, (já quase um highlander). Toda vez que pensava em esmurecer, via o que poderia vir de bom, e assim repeti esse mantra, até que no nono mês o carro estava assim:
Para tentar dar uma animada e tirar a cara do dono anterior, resolvi que as rodas precisavam mudar de cor. Inicialmente pedi que fossem pintadas de grafite, mas não ficou legal. Pedi que pintassem de branco. E assim foi feito.
E o grande dia chegou… o Viagrinha ficou pronto
25 de Setembro de 2014 – Quando meu telefone tocou eu nem acreditei… finalmente meu Uno estava pronto. E o Dmitri, pra variar, me ajudou com mais essa missão, indo buscar e lavando o carro. Eis o resultado:
Obviamente que no mesmo dia fui correndo para buscar o carro na casa dele e levar para o encontro de todas as quintas:
E no sábado seguinte havia encontro de antigos e lá estava o azulzinho ostentando seu visual renovado.
Detalhe do teto, que virou um espelho. Nessa hora eu era o cara mais feliz do mundo! O serviço ficou muito bom! Faltava apenas colar os adesivos “turbo” e “multipoint injection”, que logo providenciei.
Para encerrar o post, um vídeo dando uma voltinha de leve e curtindo o 1.4:
E no próximo episódio…
Hora de dar alguns upgrades e incrementadas na potência do Viagrinha, mas claro que sempre há contratempos.
Até logo!
Por Davi Ribeiro, Project Cars #280