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Project Cars Project Cars #280

Project Cars #280: o Fiat Uno Turbo azul estreia nos track days

Bom, estou continuando minha saga do Uno Turbo Azul, a partir da expectativa que deixei em alguns leitores do Flatout (foi mal galera)… mas antes vou apresentar em detalhes meu carrinho para em seguida continuar a história (e a saga) do Uno Viagrinha (azul, pequeno e potente). Então… vamos adiante!

Na época da compra ele estava com as seguintes especificações: ar-condicionado, direção hidráulica, teto solar manual, motor 1.4 com miolo original, turbina Masterpower F2 trabalhando a 1 bar de pressão, alimentação por Fueltech Pro-1Fi com bicos originais retrabalhados e peak and hold e conversão para etanol. Com isso, a potência chegava a 178 cv medidos no dinamômetro Dynojet, segundo o antigo dono. O Uno também tinha trambulador do Palio (a cabo), válvula de alívio, e sonda lambda wide 4.9.

Algumas fotos do Uno antes de ser meu. Nessa época eu já pirava neste carrinho e o tinha como um sonho distante, porém alcançável

Videozinho do Uno na fase de “test drive”

 

A história continua

A caminho da oficina, eu, a criança mais feliz que pinto no lixo gearhead no ferro velho, desfilando todo orgulhoso pelas ruas da capital cearense com aquele carrinho que me seria um misto de track car com o conforto e a confiabilidade de um daily car, eis que em uma troca de marchas o câmbio não quis largar a primeira… e minha empolgação inicial se tornou uma pequena frustração. Estava passando pelo meu primeiro problema com o Uno.

Por ironia do destino, eu havia passado uma semana com o carro emprestado, que meu inteligentíssimo amigo Rômulo havia deixado comigo afim de que sumissem quaisquer dúvidas sobre a certeza que eu queria aquele carrinho bonito, veloz e delicioso de guiar… e que antes de comprar eu tive várias e várias noites sem dormir pensando nele. Parecia um amor adolescente, enfim…

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A cada vez que sobe esse ponteiro da esquerda o meu sorriso sobe na mesma proporção…

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Fotinha tirada da primeira parada do Viagrinha na oficina já em minhas mãos

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Uma fotinha de capô aberto na primeira parada na oficina

Ao desmontar tudo, sempre surpresinhas aparecem, e não foram poucas:

Garfos do câmbio quebrados, anéis sincronizadores desgastados, homocinética de um lado com estriado torcido (prestes a quebrar), diversos vazamentos de pressão pelas mangueirinhas dos manômetros e da válvula blow-off, filtro do Pescador de óleo do cárter quebrado, polia regulável do comando desgastada, velocímetro e manômetro do painel não funcionavam, radiador vazando água e vazamento de óleo por praticamente todas as juntas do motor.

Assim a primeira conta dele não foi nada agradável… por volta de R$2.000. Troquei todas as peças defeituosas e paguei sem reclamar porque agora teria um carro confiável por um bom tempo.

E assim foi.. por um tempo, mas não tão bom assim.

Quando tirei o carro da oficina, apesar de o serviço ter ficado ok, faltava um “tcham” a mais que só o dono ou algum gearhead poderia dar no meu carro: era um malcontatozinho, alguns fios com excesso de emendas, era preciso a instalação de um compensador de marcha lenta (o carro quando frio morria muito, precisava acelerar constantemente), dar uma geral no ar condicionado (resfriava muito pouco), dar uma geral na direção hidráulica (estava roncando bastante), trocar o escape que estava muito barulhento, e eu… trabalhando em outra cidade não tinha como resolver esse tanto de pendência em uma velocidade que superasse a quantidade de novos defeitinhos que iam aparecendo.

E certo dia, fui para a minha primeira exposição de carros antigos nele. Quando vou ligar o Viagrinha para ir embora, vejo aquela poça de água embaixo dele… xi… zica de novo…

Consegui ir andando para casa nele completando a água a todo momento e levei o carro para a mesma oficina. Era um cano de aço que estava furado (corroído) e com isso a água vazou, causando o superaquecimento. E esse defeito se repetiu mais uma vez, coisa de um mês depois e novamente o cano foi trocado. Outra peça que insistiu em quebrar foi o mangote inferior da pressurização, que rasgou duas vezes.

 

“O cara” chamado Dmitri

Certo momento de minha saga Gearhead, eu já estava um pouco decepcionado com o excesso de quebras do carro, era uma besteirinha aqui, outra ali, que sempre me chatearam e impediram minha completa curtição do meu brinquedo. Não me sentia seguro e não conseguia confiar 100% nos preparadores daqui, pois quase nunca tive oportunidade de ir nas oficinas e acompanhar a contento, vendo o que estava sendo feito e dizendo como queria que as coisas acontecessem, enfim.. aí lembrei de um amigo chamado Dmitri.

O Dmitri estagiava na Troller no meu setor e havia estudado comigo na Eng. mecânica. Ele é um Gearhead fanático. Tem um Gol G4 2007 1.8 (raríssimo) Turbo montado por ele mesmo e um Voyage 1.8 aspirado (hoje é 1.9i) também muito novo e bem cuidado.

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Dmitri e sua versão Junior, Pedro Henrique, Gearhead igual ao pai

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O Volkslover Dmitri aceitou o desafio de fuçar o Uno, um intruso no seu ninho AP. Nessa época eu havia parado o Uno para a primeira grande reforma: a elétrica. Gastei por volta de 1000 reais com um cara bastante conhecido pela excelente qualidade dos serviços. Desta forma contratei-o para refazer a elétrica inteira do carro, fio por fio. E assim foi feito. Serviço nota 10 e as zicas elétricas finalmente foram resolvidas, apesar de ter levado 1 mês para realização.

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Enquanto isso comecei a falar do meu projeto para o Dmitri, que prontamente se interessou pelo carro e pelo projeto, assim como o Pedro Henrique, filho do Dmitri e Gearheadzinho igual ao pai. E assim quando peguei o carro da elétrica, já entreguei ao Dmitri, que prontamente iniciou o serviço de revisão básica do carro, com o objetivo de participarmos do Trackday, de 25/08/13.

O Parceirão Pedro Henrique ajudando a revisar o carro para poder ir à escola a bordo do UT.

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O Intercooler estava precisando de um trato.

 

Preparativos para meu primeiro trackday a bordo do uno

Nisso foram trocados os prisioneiros da turbina, a pressurização foi limpa (mangotes, mangueiras, intercooler), alguns mangotes que estavam rasgados foram trocados, alguns outros vazamentos de óleo sanados, as mangueirinhas azuis de vácuo também foram trocadas, a Fueltech foi acertada (aumentei a pressão para 1,2bar) juntamente com a sonda wide 4.9 que adquiri, o óleo do motor foi trocado, os esguichos do parabrisa que estavam inoperantes foram consertados, as palhetas dos limpadores foram trocadas e muitos outros detalhezinhos que estavam precisando de cuidados. Ao terminar a parte que ele conseguiu fazer em casa, ele deixou na oficina para consertar a direção hidráulica. Novamente outro preju grande: quase 500 reais, pois foi necessário trocar a bomba da direção e o reparo da caixa. Quando peguei o carro não fiquei 100% satisfeito pois ao esterçar o carro a direção estava travando e fazendo um ruído metálico, logo não estava me sentindo seguro em ir correr assim.

Na véspera do Trackday quase implorei pro Dmitri ir comigo ver isso, mas ele estava ocupado preparando o Gol g4 para correr no mesmo evento. Já era quase 11 da noite quando eu ligo pra ele:

– Cara, eu acho que não vou mais, não estou confiando no carro…

– Davi, faz o seguinte, vem pra ca que eu estou com outros amigos e vamos tentar te ajudar

E assim fiz… juntei minha caixinha de ferramentas e me mandei pra lá na última tentativa de correr o Trackday no dia seguinte, mesmo sabendo que provavelmente não iria dormir quase nada para acordar 6h e partir para o Autódromo. Chegando lá a garagem do prédio dele lotada de outros malucos fanáticos, cada um mexendo no seu carro.. e resolvi fazer isso no meu também. Desmontei a chave de seta e a parte que fixa a coluna de direção no assoalho e comecei a esterçar  o volante. Logo vi que o problema todo aparentemente era simples: a coluna de direção secundária havia sido montada errada e o parafuso de fixação da parte final da coluna estava pegando no suporte do cross beam, desgastando a peça e travando o volante. Já eram 2h da manhã e finalmente eu estava pronto para correr meu primeiro Trackday com o Uno. Graças às c*gadas da oficina que reparou a DH, eu dormi menos de 4h, mas é a vida.

 

Chegou o dia! Trackday com o Uno!

Acordei cedinho como havia planejado, mas ainda tinham algumas coisas a resolver no carro:

  • Uma lavagem pois pelo tempo que passou parado, estava tudo muito sujo;
  • Adesivar o carro conforme solicitado pelo evento;
  • Consertar o volante pois estava com a capa quebrada (e consequentemente sem buzina)
  • Pegar pneus reservas e um jogo de slicks que foram gentilmente cedidos pelo meu amigo e piloto Pedro Virgínio.

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Viagrinha relativamente limpo e adesivado para o evento

Era 9h e finalmente eu parti para o Autódromo. Enchi o tanque e passei na casa do Pedro Virgínio, que iria rebocando uma carretinha levando os pneus reservas e os slicks (em fim de vida mas foram grátis, ótimo). Chegando lá fui atrás dos acertos finais do carro (calibrar pneus, separar os jogos reservas, conferir fluidos, etc) e havia chegado a hora tão esperada hora de entrar na pista…

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A bordo do Uno com meu amigo e instrutor Pedro Virgínio

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Viagrinha fazendo a pose para foto

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Cansado depois de algumas voltas, mas com um sorriso difícil de disfarçar

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Uma fotinha dele em ação, com slicks na dianteira. O desempenho melhorou absurdamente!

O evento era dividido em dois turnos, manhã e tarde. De manhã andei muito pouco, estava acertando o carro, então foi na tarde que “o bicho pegou”.

 

Impressões do Uno na pista

Acho que vocês devem estar curiosos sobre o comportamento do Viagrinha na pista. Então vamos lá: talvez pela minha falta de intimidade com a máquina, tive bastante dificuldade em domá-la. O excesso de potência atrapalhava a saída de curvas e a suspensão traseira não ajudava muito, deixando o carro bastante subesterçante. Tive que aprender a adiantar a frenagem e aumentar mais a calibração nos pneus traseiros, isso com pneus slicks na dianteira. Ao mesmo tempo estava com bastante medo de quebrar o carro e voltar para casa frustrado, já que havia  investido muita grana para estar ali naquele momento.

Então fui com muita prudência (e claro, minha falta de experiência colaborou) e fiz apenas o 14o tempo, 1:42:8, conseguidos com pneus slicks fim de vida na dianteira e pneus radiais na traseira. No frigir dos ovos, consegui andar por volta de 12 voltas e nas últimas o carro estava sem freio e os slicks já estavam no arame, então para mim o Trackday havia acabado. Fiquei naquele misto de gostinho de quero mais, um pouco de tristeza pelo desempenho do carro e (por incrível que pareça) eu não estava ligando em voltar para casa tendo que parar o carro no freio de mão.

 

A revelação pós-trackday

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Foto tirada pelo meu amigo Victor Eleutério no momento que eu e o Pedro colocávamos os slicks

No momento dessa foto, quando estava erguendo o carro, algo inesperado (mais uma vez, Joseph Climber) aconteceu, fazendo com que eu quase desistisse do meu projeto… e que mais uma vez deixarei para contar no próximo post. Até lá!

Por Davi Ribeiro, Project Cars #280

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