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Project Cars Project Cars #289

Project Cars #289: a história do Ford Escort XR3 1985 de Daniel Bronzatti

Salve, galera do FlatOut! Sou Daniel Bronzatti, tenho 36 anos e atualmente moro em Curitiba/PR. Peço licença para contar a história do “BI”, meu Escort XR3 Mk3 1985.

Final dos anos 80. Embalado por sucessos do Ultraje a Rigor, Camisa de Vênus e Ira, invariavelmente turbinados por um Bass Boost vindo de um walkman Sony Sports, um rapazote de São Paulo começava a flertar com uma das suas maiores paixões: carros. Época de discussões intermináveis entre amigos para cada um tentar – em vão – impor um consenso sobre qual era o melhor esportivo nacional, nos reuníamos em bando em qualquer horário disponível entre as aulas do colégio. Revistas Quatro Rodas, AutoEsporte e, mais raramente, Motor 3 eram clamadas fervorosamente como provas em defesa de verdades absolutas para aqueles moleques entusiastas, o que não raro era estopim para entradas mais duras no futebol durante as aulas de educação física.

Naquele grupo, uma voz muitas vezes isolada batia na tecla de que um certo pequeno Ford era destacadamente o mais belo, esportivo e chamativo entre as parcas opções nacionais disponíveis: o Escort XR3. Ao meu favor, carregava uma bem surrada Motor 3 de Agosto de 83, onde José Luiz Vieira destilava amor para com aquele belo esportivo preto que, nas palavras do saudoso escriba, era como um “potente magneto de atenções, inclusive daquelas femininas que tanto apreciamos”.

“Eu tenho um”. E ele tinha mesmo, mais de um até, no Brasil e na Inglaterra

1997. Recém habilitado e trabalhando em uma empresa de tecnologia bancária (emprego este que me convenceu a fazer carreira em TI, mas isso é outra longa história), fui atrás do meu primeiro carro. Em tempos onde não havia classificados on-line e muito menos redes sociais, a melhor forma de procurar era sujar a mão de tinta folheando páginas e páginas dos classificados de jornais dominicais e principalmente, o nostálgico . Como tinha uma certa predileção por carros com sotaque europeu, minha escolha foi ficando restrita entre alguns modelos específicos: Escort (claro!) e Monza Hatch, de preferência XR3 e S/R respectivamente. Na época, meu irmão tinha um XR3 1988 Vemelho Rosso e foi libertador dirigi-lo ouvindo Infinita Highway do Engenheiros do Hawaii em alto volume e com o teto solar aberto. Aquilo ficou tão marcado na minha memória que só colaborou para eleger o prioritário da lista para ser meu primeiro carro: seria um Escort e ponto.

O “cara” sabia das coisas. E eu não poderia estar errado.

Belo dia, na ducentésima pentelhésima vez que eu enchia o saco de alguém da família para ver mais um carro, eis que deparo com um Escort pratinha no fundo de uma loja. Cheguei mais perto e de cara bateu aquela típica ansiedade de jovem adulto que – infelizmente – arrefecemos quando amadurecemos. Era ele. Um Escort Hobby 1996 prata com alguns opcionais de fábrica, pouco rodado. Tá, ok, era 1.0 com mirrados 50 e poucos pocotós, mas era o que cabia no meu bolso de estudante universitário. Econômico, resistente e pouco visado, foi meu companheirão em mais de 80 mil quilômetros de incontáveis e inesquecíveis histórias. Infelizmente tive um problema há alguns anos atrás e perdi um HD com muitas fotos escaneadas dele, a única que restou foi a primeira que tirei, ainda com as rodas e calotas originais.

O tempo passou, o Hobby foi vendido e vieram vários carros depois. Mas algo permanecia vivo no inconsciente, uma inquietude que motivava a um dia poder reviver aquela sensação de liberdade que só um teto solar em uma Infinita Highway poderiam resgatar.

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Meu primeiro carro, um Escort Hobby 1996, cujo fim não poderia ser mais trágico: Atualmente é dado como roubado no cadastro do Detran

 

Quando ele apareceu, vermelho e arrebatador

O ano era 2006. Por virtude do trabalho, havia me mudado de São Paulo para Curitiba. Curitiba é uma cidade de verdadeiros entusiastas por carros. Ruas largas, belas paisagens e tráfego desimpedido ajudaram a formar uma comunidade efervescente em torno do assunto automóveis. Junto aos amigos mais próximos, já confessava aquele que era meu maior desejo: encontrar um XR3 para chamar de meu. Em 2006, um Escort XR3 era só um carro velho para 90% das pessoas. Felizmente, tive o apoio e ajuda de grandes camaradas que, dentre muitas indicações, acabaram me levando para aquele que seria, na minha garagem, o primeiro XR3 de uma série.

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Em um sábado pela manhã fui apresentado a este XR3 1985 Mark III, também conhecido “BI”, apelido dado por uma pessoa muito importante pra mim.

Estava bem vistoso pelas fotos, só que não. Em uma época onde fotos digitais não tinham muita definição, uma série de problemas não apareciam nelas. Ferrugem, amassados, acabamentos ausentes, algumas gambiarras elétricas e mecânica bem “mais ou menos”. Mas, amigo, quando “é pra ser vai ser”, já diria minha querida mãe. Durante um breve test-drive, aquela velha emoção bateu forte e me fez ignorar toda a fumaça, barulhos e o rodar instável que se faziam presentes. Tinha que ser ele.

Negociação feita, valores acordados, fui conhecer a história do “BI”. Adquirido por um senhor que gostava muito dele, o carro foi conhecer o fundo escuro de uma garagem quando seu antigo dono veio a falecer. Alguns anos depois, a viúva o repassou ao sobrinho que não dava muito valor ao carro, usando-o sem nenhum tipo de manutenção. Águas passadas, como já diria o poeta.

Já na minha garagem, eis que começa um dilema. Sempre gostei de carros potentes e torcudos. O cambaleante CHT estava nas últimas e o carro era um bom candidato a uma nova mecânica. Comecei a devorar todo material que existia: Revistas antigas, fóruns de entusiastas como o e , catálogos de serviços, literatura nacional e importada… mas faltava a decisão: original ou modificado? Na época, eram raros os XR3 desta geração originais, a maioria estava em estado deplorável ou irremediavelmente tunados, vítimas do auge da febre Fast & Furious. Decisão tomada: Eu me dedicaria ao resgate da sua máxima originalidade, o que por si só já seria uma grande tarefa. Fixei em minha mente que este carro seria uma referência para outros entusiastas do modelo, o que de fato se tornou algum tempo depois.

Procurando ser organizado para evitar gastar dinheiro à toa, fiz uma planilha de tudo que precisava ser feito, na ordem: mecânica completa com retífica e preparação leve do CHT Fórmula, funilaria, pintura, restauração do interior, compra de equipamentos e acabamentos novos e originais, entre outros. Em mente, uma meta: tinha 9 anos para conquistar a Placa Preta, com o máximo de originalidade possível. Felizmente ele é praticamente idêntico ao modelo vendido na Europa, o que facilitou encontrar os detalhes mais encardidos.

Convido a vocês a conhecerem os próximos passos desta jornada, realizada na garagem de prédio, muitas vezes no próprio apartamento, sem ferramentas especializadas mas com muita boa vontade e a ajuda de pessoas queridas demais para caberem todas neste espaço. Até a próxima parte e obrigado!

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Meu Deus! Como farei pra remontar isso tudo?! A resposta fica para o próximo post. Até lá!

Por Daniel Bronzatti, Project Cars #289

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