Fala, galera do Flatout! Estou de volta, mesma praça, mesmo banco e um carro diferente! Fico muito feliz de continuar minha saga maconhística. Esta post vai ser extenso e eu vou tentar descrever aqui exatamente tudo que aconteceu nos ultimos meses. Como vocês viram no ultimo post da Val eu estava buscando um carro mais sóbrio, com um pouco de maldade, que me ajudasse a me sentir mais “senior” e depois de pesquisar e testar Bimmers, Mercedes e até mesmo Audis eu vi que sou louco e preciso de um carro difícil desse.
Sendo assim eu desvinculei totalmente algo remotamente pudesse chamar de normal. O carro que eu pretendo montar é pra ser babaca! É pra chegar gente perto de mim e perguntar “Pitão por que diabos você fez isso? Enfim, é pra ser um statement de um nível de autoconhecimento que eu nunca tive: eu sou babaca e eu gosto de ser assim.
Vamos partir agora pra história do carro. Tudo começa em um momento semi-esotérico começa algumas semanas antes de sua compra. Um amigo meu que provavelmente estava dando inicio a sua crise de meia idade (foi mal Brandones) resolveu trocar sua 540i nitro absurdamente linda por uma Z3 2.8 (sem comentários, trocou uma beldade por outra) e falou pra galera “estou vendendo as rodas da 540”. Na mesma hora fechei com ele. Quando avisei minha esposa ela retrucou “Filipe, você esta sem carros. pra que esta comprando rodas para um carro que não existe?”. Eu obviamente respirei fundo, olhei para o horizonte igual propaganda da Ellus e citei Kevin Costner em o campo dos sonhos “If you build it, he will come”. Ela olhou pra minha cara e falou “taqueos pariu… f****”
Por curiosidade, eu já estava namorando esse carro uns 2 meses antes da sua compra, mas nada platônico. Eu olhava para as fotos no OLX e pensava “da vontade de ir buscar, mas quero um carro novo”. O tempo passou, o carro saiu do OLX, eu não comprei nada novo e a vida seguiu.
Daí depois desse momento sobrenatural, em que citei o mutante do waterworld, comecei a olhar o OLX de novo. Desta vez focando em E36 MT. Meu foco era um sedã 328i MT. Apesar deste não ser a minha versão favorita, esta é a mais facil de manter. Peças abundantes e mais baratas que a coupe. Mas macacos me “mordão”, eu já comentei que coupes sao meu unicórnio?
Estava de boas, já marcando de ver uma 328i MT aqui no rio, chego em casa e me dá um estalo “olha o olx agora!”. Olhei, a vermelhinha estava de volta, nem mandei mensagem via chat! Liguei pro cara. Entendi como era o carro e estava tranquilo com o que eu ouvi.
Contei pro meu stakeholder (Esposa) que havia feito esta ligação e que estava pensando em subir para Petropolis no final de semana pra ver o carro. No dia seguinte estava no trabalho trocando mensagens com o vendedor e consigo que ele aceitasse minha proposta de comprar o carro sem as rodas de M3 que estavam nele (captaram agora o campo dos sonhos???) e começa a me bater aquela agonia de ter que ir ver o carro AGORA. Pois bem, lá saio eu do trampo rumo a serra, com uma baita sensação de deja vu pra ver uma bimmer. Falei com a minha esposa pra ir comigo pra ir pilotando a Ranger com as rodas e taca-le pau!
Chegamos na Casa do Alemão umas 14h30, meia hora antes do combinado. Deu pra comer um croquete de carne e um pão com linguiça, afinal saimos sem almocar e ninguém é de ferro. Estava lá sentado e vejo a vermelhona chegando, linda, linda, linda passando. Na hora pensei “PQP!!! É hoje!”
Quando chego pra ver o carro adorei a estetica dele, mas algumas coisas me incomodavam: emblema todo errado, vários adesivos ///M aleatórios, adesivo de fibra de carbono no teto solar e por ai vai. Um pequeno detalhe, conversando com o vendedor pelo telefone antes de ir ver o carro ele me informou que o carro havia sido pintado de vermelho. Eu tinha expectativas baixíssimas com relação à pintura e fiquei bem impressionado com a primeira vista do carro.
Interior… este não estava legal, borrachas de porta (sim aquelas que custam 400usd) rasgadas, forro de portas todos errados, bancos foram refeitos em couro cinza (bege originalmente), manopla de VW e muito, mas muito sujo.
Abri o capo e quase tive uma sincope nervosa, câmara de expansão de Ford, polia viscosa soldada, ventoinha sem uma pá, seis bicos injetores de GNV no coletor de admissão, um monte e cola de silicone na junta do cabeçote, mas pelas barbas do profeta, o cofre estava pintado impecavelmente!
Continuei minha inspeção e fui achando mais uma série de coisas a fazer. Reconheço que haviam algumas soluções criativas “interessantes ali”, mas o carro precisava de um dono urgentemente. Porém deixei o horror das gambitech de lado e pensei racionalmente “Pelo preço certo eu consigo deixar esse carro bem maneiro, e ao contrario da Val eu não vou ter dó algum de fazer todas as merdas possíveis nessa dai. Ela é o oposto de estado de zero, é o carro perfeito pra mim”.
Depois de quase 1h30 de negociação conseguimos chegar a um valor bom para todo mundo e levei o carro pra casa. No meio do caminho as expectativas da minha galerinha aqui do rio já eram altas e varias piadas já circulavam no whatsapp, pra vocês terem uma ideia cheguei na Barra já era 9h30 e dei uma passada no nosso encontrinho para conhecerem minha mendiguinha.
No primeiro final de semana eu resolvi dar o primeiro banho de loja nela, coisa leve. Lavei, encerei, removi os adesivos mutcho lokos, limpeza profunda no interior e removi o insulfilm. já era outro carro, não era mais uma mendiga, acho que estou na vibe dos filmes 80s e acho que rolou a versão automotiva do clássico “A Malandrinha”:
Desde então eu já devo ter feito trocentas listas de todos as rebimbocas e parafusetas que eu preciso trocar, e mudado o escopo do meu projeto outras milhões de vezes.
Como se este dilema já não fosse suficiente, tive algumas complicações que me fizeram recorrer a uma troca emergencial de motor. Através da benção de Odin e pelos bons amigos (valeu, Roeder) fui indicado a um amigo de um amigo que estava vendendo um M52B28 já fuçado, o cambio ZF e uma FT250. Era exatamente o que eu precisava, abracei, mas ainda não instalei.
Outros amigos me ajudaram, sai comprando algumas “sobras” de projetos, aproveitei as sobras da Val, boas oportunidades ali e a coisa toda foi tomando forma em uma velocidade que ate agora me espanto. À medida que as peças forem apresentadas vou contando a historia de como chegaram aqui.
Um pequeno comentário, estou passando por um momento mega conturbado no trabalho e pessoal, uma rotina bem hard mesmo. Ando com muito pouco tempo pra dar atenção ao build. Então estou dando maior foco no planejamento e terceirização do que posso.
Tomar decisoes quando temos todas as informacoes disponiveis e muito facil, mas quando voce e planejador, executor e fiscal da obra, não tem quem culpar senão voce mesmo. Entao as coisas levam tempo e os amigos ficam no modo revolta porque você passa o dia todo fazendo as mesmas perguntas. Vou tentar elencar aqui os principais dilemas deste projeto.
Turbo ou supercharger?
Eu tenho uma kit turbo que comprei usado de um conhecido, que estava em uma bimmer eu imagino que já vai dar uma onda interessante, porem no meio do caminho apareceu um Vortech V1-T. Manjam V1-t? aquele superxargi grande para pênis ereto? Para motores ate 950hp? Então, comprei um na época da val.
Sempre quis um carro SC, ainda mais centrifugo. Só que eu comprei só a unidade do SC, preciso resolver os seguintes problemas para poder implantar a solucao:
a) Polia: usar uma mais longa e instalar o SC do lado do coletor de admissão, complicando o encaminhamento da linha de ar. Como existe a limitação de uma polia do gira pequena, que só daria 0,6bar em altas rotações ou fazer uma polia dupla, usar uma medida externa maior no gira, ter 0,6bar em 2500 rpm (pop-off pra travar em 0,8 recirculando pro intercooler) e b) me foder porque vou ter que jogar fora a ventuinha mecânica e usar uma elétrica. Isso e um desafio qdo vc mora no hell de janeiro, o bagulho tem que ser sinistro mermão!
Engine Swap
Minha duvida aqui é se ja monto sobrealimentado ou se monto e testo. Obviamente eu quero montar sobrealimentado de primeira, mas não quero que o carro fique encostado 3 meses na oficina. Estou adiantando a compra de tudo que posso para não ter surpresas e eu sei que vou ter).
Interior
Minha ideia com o interior era interior “normal” com roll cage , conchas e rear seats delete. no meio do caminho comprei o jogo completo de bancos bege de uma E90 joy (mecânicos, lindos e identicos aos sport da E36). So que os forros de porta estavam depriments e eu achei que se pintasse de preto resolveria.
Passei uma epopeia atras da tinta de couro perfeita, achei, aprimorei a aplicação, mas o forro de porta praticamente desintegrou na minha mão no processo. A solução que achei ate agora foi vou depenar tudo, usar poliestireno de alto impacto no modo “because weight relief bro” até achar bons forros de porta.
E o dilema? Manter os esportivos ou comprar os concha? A grana ta curta, o problema de onde colocar minha bunda ja foi resolvido. Se conchas aparecerem em um bom preco, tb compro..
Resumindo: nao sei se uso turbo ou supercharger devido às restrições de conhecimento meu sobre como colocar um SC plus size no cofre, não sei se full retarded, ou sport social sem saber onde conseguir os forros de porta. Minha estratégia é usar o que tenho e esperar a vida me guiar pro final desse projeto.
Por Filipe Soares, Project Cars #297