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Project Cars Project Cars #326

Project Cars #326: a história do meu Chevrolet Corsa GSi Turbo

Salve, galera do FlatOut! Em primeiro lugar, quero agradecer muito pelos sinceros votos no PC do meu Corsa GSi, que chamo carinhosamente de Manco! Tinha o desejo de inscrevê-lo há algum tempo, mas sempre hesitava; desta vez resolvi arriscar, e aqui estou como um dos eleitos!

Bom, para me apresentar: meu nome é Jonathan Silva Farias, tenho 25 anos, e neste espaço cedido por este sensacional site da mais pura (e de muito bom gosto) “car culture”, quero apresentar minha história com o mundo automotivo, como me encantei pelos Chevrolet e em especial pelos Corsas, que culminou com a aquisição da minha jóia atual, um Corsa GSi 1.6 16v ano 1995. Desculpem se o texto vai ficar imenso, porque gosto muito de escrever (e já deve estar começando a ficar chato todo esse mimimi, haha), mas pretendo contar tudo isso com riqueza de detalhes e – principalmente — de ibagens.

 

O início de tudo

Desde nossa infância, sempre desenvolvemos diversas atividades, que nos levam a diversos gostos. Nos brinquedos, por mais simples, para alguns o melhor foi uma bola, para outros, um peão, bolinhas de gude, enfim… Eu sempre fui daqueles que o melhor presente era sempre um carrinho!

O tempo foi passando, fui crescendo, e o convívio com os carros da família era intenso. Antes de completar idade para ter habilitação, me inundava de revistas de tuning e preparação (febre naquela época, o advento do “Velozes e Furiosos”), sempre dadas por um dos meus tios. Ainda tenho uma caixa repleta delas até hoje.

Caixa de Revistas Revistas Diversas

Assim, fui formando minha “opinião” para o momento em que pudesse ter meus próprios carros. Sempre fui adepto do “tuning” de bom gosto, ou seja, mesclar detalhes “originais” do carro com uma “pitada” de personalizações. Deixo claro que me amarro em ver algumas relíquias 100% originais, verdadeiras raridades, mas esse não é meu estilo. Bom, vocês poderão tirar conclusões, dar opiniões, elogiar, criticar… rs Estamos aqui para discutir idéias e compartilhar!

Dito tudo isso, vamos ao que interessa: os carros!

Minha história com os GM começou quando (finalmente) fiz 18 anos e em 2009 meu pai me deu um simpático Chevette 1992 1.6/S. Infelizmente, não encontrei fotos dele no meu computador, mas ele era igual a essa foto que encontrei na internet:

Foto Internet Chevette

Esse carrinho ficou comigo apenas 3 meses, o que não me impediu de rebaixar a suspensão logo na primeira semana de uso (yes!) e colocar um jogo de rodas aro 15 do Astra CD. Logo comecei a trabalhar firme, e assim fiz a minha primeira aquisição por conta própria (leia-se recur$o$ próprios…), e que deu início à minha história com os Corsas: um Corsa 1.4 GL EFI, ano 1995:

Corsa GL 1 Corsa GL 2

Esse carrinho me deu muitas alegrias por 3 anos. Teve alguns jogos de rodas, foi baixo, foi alto, alterei a iluminação várias vezes… E um desejo de criança era formado: ter um carro turbo (Abrindo um parêntese aqui, desde os meus 14 anos, sonhava em ter um carro turbo, e o projeto para o GL era esse).

Desenhos

Os sonhos iam sendo passados para o papel… eu e meus rabiscos!

Mas, por ocasião de oportunidade, em outubro de 2012, acabei vendendo ele com muita dor no coração, e comprando um Corsa C 1.0 completo:

Corsa Novo 1

Apesar das irritações constantes com o horrível motor 1.0 VHC deste carro (pois era muuuuuito lerdo, aliado ao acelerador eletrônico e ar condicionado…), passei um ano e meio com ele completamente original, igual a essa foto. Nesse momento, eu já estava casado, e em constantes negociações com a minha esposa, já estava conformado que não iria realizar esse sonho “turbinado” tão cedo, pois eu não queria o C turbo por ser o nosso “carro de uso”, e ela não queria que eu comprasse um segundo carro para esse fim. Então, cheguei a fazer alguns ups simples (é, quem tem carro “personalizado” não consegue andar de carro original por muito tempo…), e então vieram as rodas aro 17:

Corsa Novo Aro 17

Mesmo assim, o desejo de um carro turbo ainda não saia da minha mente, e nem do meu coração, e sempre que podia, tentava emendar o assunto com a “delegada”. Até que um dia, as nossas “negociações” tomaram um rumo. O diálogo foi mais ou menos assim:

Eu: “Amor, você sabe como eu sonho em ter um carro turbo…”

Ela: “É, percebi que quando colocou essas rodas ainda não ia ser o bastante…”

Eu: *apreensivo* “……”

Ela: “Bom, se você quer, vamos em frente. Mas tem que ser esse carro aqui!”

E o improvável aconteceu: eu ia ter um carro turbo! Mesmo a contra gosto de ser aquele Corsa.

Assim aconteceu: meu primeiro carro turbo. Tive inúmeras dores de cabeça como a má montagem da preparação pelo “mecânico/preparador” que deixei o carro, mas acabou sendo uma bela escola esse carro, vocês saberão mais adiante. Encurtando a história, ainda antes de decidir vendê-lo, coloquei molas esportivas, painel em LEDs brancos, bancos de couro, milhas amarelos…

Após ele ser “preparado”, em fevereiro de 2014, fiquei quase cinco meses consertando as c***** que o mexânico fez. Andei 3 meses com o carro acertadinho, e então me vieram alguns “pensamentos”…

“Esse carro é 1.0 e esse acelerador eletrônico me irrita”

“Preciso de um motor maior, e vai ter que ser turbo também”

“Mas preciso dos opcionais que esse tem”

“Mas já que é pra trocar, o próximo carro tem que ter teto solar”

E assim (isso mesmo, vocês já sabem)… Comecei a pesquisar, e não demorei para me dar conta que o carro que se enquadrou no perfil que eu buscava (e que eu me apaixonaria) era um Corsa GSi!

 

Mudança de planos: a aquisição

Antes de falar diretamente da aquisição do meu GSi, algumas pessoas podem se perguntar “o que é um Corsa GSi”, ou “mas que raios há de tão diferente neste Corsa, parece um Corsa como qualquer outro!”, aqui vai um pouco da história do carro, para aqueles que não conhecem.

O Corsa GSi foi trazido pela Chevrolet ao Brasil direto da Hungria, e sua tarefa era concorrer com os carros de sua categoria (e que hoje também já tem status de clássicos), como o Uno Turbo e o Gol GTI.

Foi apresentado no Salão do Automóvel em Outubro de 1994 com as mais recentes tecnologias de emissões de gases como a válvula EGR (seu calcanhar de Aquiles, na minha opinião) e a Bomba Sencundária de Ar e comercializado entre 1995 e 1996 com uma venda de pouco mais de 2.500 unidades em todo o território nacional.

Corsa GSi

Equipado com o motor X16XE importado, possuía injeção seqüencial de combustível, taxa diferenciada em relação a outros motores 1.6 16v da GM (10,5:1, contra 9,8:1 da Corsa Wagon, por exemplo), e duplo comando de válvulas, rendendo 109 cv a 6.200 rpm e 14,8 kgfm de torque, sendo capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 9,64 segundos. Sua suspensão tem maior calibragem, e os freios são maiores e ventilados.

No visual, trazia diversos diferencias exclusivos e de fábrica, diante dos demais Corsas, mas são muitos, e ficaria muito extenso detalhar aqui. Os mais nítidos, além do teto solar, são o body kit exclusivo composto de parachoque e grade diferenciados, saias laterais em três partes e aerofólio, todos na cor do carro.

Neste post do FlatOut você encontra um resumo da história e das diferenças do GSI, para, há todos os itens e mais detalhes do modelo relatados, para quem quiser conhecer melhor.  Agora você que não sabia, já sabe o que é um Corsa GSi.

Voltando aos nossos rumos: era final de novembro de 2014. Prontamente comecei a desmontar meu Corsa C e a procurar um GSi. Achei que a tarefa não ia ser fácil, encontrar um em estado íntegro. Mas, procurando em um site de classificados, me deparei com um anúncio “Corsa GSi Turbo”.

Acessei o anúncio e imediatamente os olhos encheram: o carro estava muito bonito aparentemente, e não ficava muito distante de onde eu estava. Salvei o número de telefone do proprietário e no dia seguinte o contatei. Após muita conversa (isso era uma quarta-feira, já no início de dezembro), marquei de ver o carro na sexta.

Até isso acontecer, mal dormi. A ansiedade estava me consumindo! Enfim chegou a sexta, sequestrei um amigo meu (o Fernando) e fomos ver o carro. Quando vi pessoalmente, confirmei o que havia visto por fotos: o carro estava muito inteiro de lata e exterior (exceto pela saia lateral lado passageiro, que estava sem), estava com rodas aro 16 da GM de um modelo que eu não gosto muito (e quase sem pneus…) e o interior muito bom, sem rasgos ou manchas, mas o motor…Estava em estado deplorável.

Se o motor já não agradava pelo aspecto do que se via, o que não se via era pior ainda. Tinha óleo para todos os lados. Era turbo, mas mal montado, aliviando a pressão pela parte fria da turbina, bomba de combustível original sem dar conta de alimentar, vazando compressão devido ao coletor empenado, entre outros problemas. A boa notícia é que estava legalizado (e isso me animou só pela burocracia que eu não teria).

Pedi para dar uma volta com o carro, e ao pegar o volante, ele simplesmente morria a todo instante. Segundo o dono, “era assim mesmo”. O test-drive foi trágico, mas eu tinha que me decidir. Aceitar o desafio ou não? Minha conclusão foi a seguinte: era um tremendo de um carro, com um potencial gigante, mas mal cuidado. Não tinha um “dono”. E eu seria esse cara!

Conversei com o dono, fiquei de dar a resposta e eu e meu amigo fomos embora.

No caminho de volta para casa, muita indecisão. Conversa vai, conversa vem, apesar do trabalho que eu teria no motor (mais do que eu podia imaginar), decidi ficar com o carro, e encarar a empreitada que viria pela frente.

Liguei para o proprietário no dia seguinte, acertamos tudo e na semana seguinte (após muuita ansiedade), no dia marcado, saí mais cedo do trabalho e busquei o carro. Na volta para casa, começaram os problemas: Era tirar o pé da embreagem como se faz com um carro “normal”, ele morria! Sofri horrores para chegar com ele em casa, após um longo trajeto, trânsito e milhares de novas partidas, estava nervoso, mas contente em vê-lo na minha garagem:

GSi Primeira foto

Primeira foto na garagem de casa

A partir daí, comecei a pensar no que fazer para iniciar a resolução dos problemas no carro. O primeiro passo foi uma revisão completa: correias, óleo, filtros, velas, freios, suspensão… após deixá-lo uma semana na oficina, o GSi voltava a respirar! Foi constatado que a correia dentada estava atrasada em dois dentes, o que causava a “morreção” do carro. As velas não eram adequadas, não tinha disco de freio, não tinha pastilha… uma lástima!

Depois de tudo novo, assim que voltou para casa, recebeu uma limpeza geral, inclusive no cofre do motor, o que deixou o carro mais apresentável:

GSi Limpeza cofre

Porém, neste meio tempo, mais precisamente ao buscar o carro na oficina após a revisão, fui avisado que o carro estava fumando quando frio, e a suspeita principal era o cabeçote. Antes de partir para o mais doloroso (16 válvulas, lembram?), desmontei a turbina e mandei para uma retífica, na esperança de que fosse ela a causadora do problema. Mesmo assim, o carro continuou fumando após este processo, e isso me deu a má notícia que eu temia: uma retífica de cabeçote estava por vir. O motor fumava principalmente quando frio, o que indicava vedação de válvulas ruim.

A princípio deixei tudo como estava, e comecei a estudar o que fazer de forma prioritária para ter um carro “utilizável”. Enquanto pensava, fui agilizando documentação, vistoria, alguns detalhes de estética (as panelas de freio eram pintadas de azul, pintei-as de preto e as pinças de vermelho) e uma boa lavagem:

GSi Lateral GSi Vistoria

Até aí, eu só pensava mesmo em resolver os problemas gerais do carro, e poder curti-lo um pouco para depois pensar em um projeto “do zero”, face a grana curta por ter trocado de carro, mas no fim ter adquirido dois. Mas, existem situações que nos pregam peças, e males que vem para o bem.

 

Até que em um domingo…

Era início de janeiro de 2015, num belo domingo ensolarado, eu em casa, e meu pai me liga para almoçar em sua casa. A esta altura, já tinha convencido minha esposa que ter o GSi como carro “de uso” não era boa idéia, e então, compramos um Celta para ela (e para mim também.. rs). Voltando ao almoço na casa do meu pai, fiquei em dúvida se deveria ir com o GSi ou com o carro da minha esposa (e aqui uma lição: se você tem opção e ficar em dúvida se deve sair com seu carro, não saia), no final decidi ir com o GSi. Antes de sair, tirei uma foto dele, que já estava mais “apresentável”, e aproveitando que estava limpo:

GSi Domingo

Mal sabia que cinco minutos depois dessa foto, me ocorreria o pior:

GSi Acidente 1 GSi Acidente 2

Entendem agora porque eu disse que quando você fica com aquele pensamento de “será que devo sair com meu carro?”, você não deve sair?

O resultado: a menos de um quilômetro da minha casa, um terrível e infeliz acidente que quase custou a vida de dois pedestres, graças a um motorista imprudente que saiu de trás do meu carro e tentou me ultrapassar pela contramão; quando viu um carro vindo na direção dele (o carro que vinha estava na direção certa, por sinal), voltou para a pista me fechando; a fechada acertou a frente do meu carro, eu perdi o controle e bati no carro que vinha na outra faixa. O resultado foi o das fotos. Graças a Deus, nada ocorreu com ninguém. Fizemos o boletim de ocorrência, fui destratado, xingado e taxado de “imprudente e culpado” pela polícia militar (até que meu pai chegou ao local, e de repente o tratamento do tal soldado mudou da água para o vinho), mas o causador do acidente não arcou com nada. Após o boletim, ele sumiu. Arquei com os custos do conserto do meu carro e do carro que colidi, mesmo não tendo sido culpado direto.

Abro um parêntese aqui: não estou criticando a polícia, muito pelo contrário. Tenho familiares policiais, e acho correto fazerem seu trabalho quando necessário. Mas na ocasião, eles sequer queriam ouvir o que havia ocorrido, foram logo me taxando de culpado, me xingaram, me trataram como lixo. Infelizmente, vivemos em um país onde por ser jovem, e principalmente estar a bordo de um carro turbo/rebaixado/personalizado, trajado de regata, bermuda e chinelos em um domingo de sol é igual a ser o irresponsável e culpado de um acidente. Assim foi como pensaram os tais caras. Graças a Deus tudo se resolveu.

Esse foi um dos domingos (senão O domingo) mais amargo do meu ano de 2015. Fiquei em estado de choque, estava inconformado. Não acreditava no que estava acontecendo, nem pelo ônus financeiro, mas sim por ver meu carro naquele estado. Parecia que tudo pelo o que eu estava lutando tinha ido por água abaixo.

GSi Acidente 3

Duas semanas se passaram e só então tive coragem de ver o carro de novo, uma vez que o arrastei (literalmente) para a garagem de casa, enfiei as peças dilaceradas dentro e o fechei. Ele me olhava triste, como na foto acima. E eu mais ainda.

Fiz orçamentos de funilaria, mas não sabia o que fazer primeiro, já que as rodas e suspensão do carro estavam tão tortas que ele não conseguiria andar por si mesmo. Chega aquele momento onde você põe na balança o que vale e o que não vale a pena. Você tem que decidir o que fazer. Nada é fácil.

Mais uma vez, sentei com minha esposa e conversamos. Cogitei vender o carro da maneira que estava e caso encerrado. Mas de um modo surpreendente (até então não era tão do feitio dela),  ela me apoiou e disse algo que mudou o rumo das coisas: “Se é o que você sonha, faça. Mande consertar tudo o que precisa, seja a batida, seja motor. Vamos em frente”.

Após essa decisão, iniciou-se uma nova etapa: o GSi iria passar por um pequeno longo período de dor para renascer.

GSi Guincho

Continua…

Por Jonathan Farias, Project Cars #326

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