Hey ho, let’s go! É, flatouters… foi difícil mais saiu o terceiro post. Comecei fazendo um Guia de Compra, depois tentei convencer os haters a gostar do carro e por fim, fiz um post longo, mas com a certeza de que ficou agradável, e para os que perderam todo o conteúdo anterior, seguem o primeiro post e o segundo post.
Agora que a memória foi restabelecida, sigo para mostrar como é a manutenção da Weekend Turbo, e que não é tão fácil manter um pseudo esportivo nacional. Muita gente julga os motores 1.8, 2.0 e 2.4 de quatro e cinco cilindros incluindo a versão Turbo uma Bomba, daí o apelido do PC#34 ser Time Bomb, ou seja: bomba relógio, os mais atentos sacaram a trollagem logo de cara!
A História do Fivetech: Herói ou Vilão?
Tentarei ser breve! Os motores da família Pratola Serra são a evolução dos motores Bialbero/Twin Cam/Lampredi e a evolução no que diz respeito à produção modular de motores. E o que seria isso? Significa que estes motores de quatro e cinco cilindros compartilhavam boa parte de suas peças móveis entre si barateando assim o custo de produção e variando o volume de 1,4 até 2,4 litros, todos aplicados à linha Fiat, Lancia e Alfa Romeo.
Fábrica de Pratola Serra – FPT ou FMA para os Italianos
Aqui no Brasil os motores de cinco cilindros e 20 válvulas ganharam o nome Fivetech referenciando os cinco cilindros em linha e a alta tecnologia, que também ficou famoso pela mecânica complicada. Já no estrangeiro esta família de motores é conhecida por sua confiabilidade desde que haja manutenção preventiva.
Mas então por que em terra brasilis o negócio não deu tão certo?
Inicialmente o braço brasileiro da Fiat divulgou no manual do proprietário a troca do óleo com 20.000 km (depois sugeriram), o que já é um erro levando em consideração a gasolina com 22% de etanol em sua composição (na época) e com o consumo mínimo de óleo de 350 ml a cada 1.000 km.
Manual do próprio otário proprietário de 2007 – linha Fiat Marea e Brava
Conclusão: não precisa ser especialista para perceber que, se o Marea consome 350 ml a cada 1.000 km, significa que consumirá 3,5 litros a cada 10.000 km rodados, 7 litros em 20.000 km. A capacidade total é de 5,5 litros com a troca do filtro. Aí que mora o perigo: imagine como eram as completadas de óleo… isso se elas realmente aconteciam.
Os primeiros donos não tiveram maiores problemas com o powertrain. Os problemas começaram com o fim da garantia: para fugir dos preços praticados nas concessionárias os carros começaram a cair em mãos de mexânicos que não tinham as ferramentas especiais necessárias para a manutenção do Fivetech. Como muitos carros estão em seu quarto, quinto, ou sexto dono, é bem possível que eles não tenham passado por revisões decente — o que invariavelmente vai acabar em uma conta enorme na próxima ida à oficina.
Verdades e Mitos sobre o Fivetech
Peças caras: verdade
A linha Marea tem as peças caras, em especial o Marea Turbo devido à baixa produção, porém é mais barato mantê-lo com peças OEM Fiat do que o meu outro carro com peças OEM Ford. A maior diferença é que o Ford não necessita obrigatoriamente de peças originais ou superiores em qualidade como demanda a Time Bomb, aí se torna mais barato mantê-lo.
Motor de vidro: mito
É apenas um powertrain que necessita de maior atenção, não aceita achismos.
Suspensão fraca: mito
Mesmo com o peso sobressalente na dianteira a duração média das buchas do braço oscilante são de mais de dois anos.
Não faz curva: mito
Quando esterço o volante para a direita, ele vai para a direita. Este é um ponto muito discutível, pois o setup é a maior influência dele fazer ou não curva. Originalmente ele tem pneus Pirelli Psãbão P6000 e de suspensão macia, conjunto nada agradável em curvas, e queexerce extrema rolagem de carroceria e saídas de dianteira. Agora… se você ousar no acerto terá um sorriso na cara!
Como podem ver são mais mitos do que verdades, e isso faz com que muitos tenham medo de adquiri-los. Para fazer isso hoje ou você é completamente insano ou gosta de perigo. Agora lembre-se, todo carro quebra, partes mecânicas sofrem desgastes, partes elétricas oxidam e não existe carro perfeito, isso é fato.
Eu gosto de carros e não de marcas, mas ainda prefiro polpettone, agora vamos ao que interessa: a manutenção da Time Bomb.
O lado negro da força
Doze maravilhosos anos de serviços prestados ao mundo gearhead fazem qualquer macchina italiana pedir um cuidado extra, ainda mais quando a parada é mais encaracolada, e ai que mora o pericolo dos turbocompressores.
Quando um fanático por carros resfriados pensa “terei que trocar a turbina” já vêm uns três modelos à cabeça para upgrade com vários setups, claro este damn caracol não é barato principalmente se for importado. Porém devido a situação da qual me encontrava não podia colocar o boné aonde eu não conseguia alcançar, e foi uma decisão acertada! – mais pra frente vocês saberão o porquê.
Antes de a turbina original Garrett pedir ollio eu já havia aproveitado a visita do meu irmão Pedro a Londres. Lá, querido FlatOuter, é o paraíso do Fivetech devido ao nosso pai, eterno pai, Fiat Coupé 20V Turbo. Deixei uma quantia em libras, porém custou 1/3 do valor praticado no Brasil. Comprei o básico, tudo original.
O Pedrão é aquele brother que aproveita pra de vez em quando levar o carro em casa, o problema é que a Time Bomb sempre está ocupando os cavaletes. Foi mal, Pedrão! Pelo menos pro churras sempre temos tempo!
O que tu faz com uma faca em baixo do carro? Churrasco!
Espaço é mato, cerveja bem, grama! Melhor um SUV?
Problemas vêm e vão
Quando o desmonte do Time Bomb iniciou-se eu teoricamente teria dois meses para trabalhar no Fivetech. Pensei “Pô fácil…” Até realmente ver o que tinha acontecido.
Lembram do boné? bem, não ficou tão ao alcance, pois orcei que gastaria neste upgrade e manutenção algo em torno dos quatro mil reais… digamos que estourei o orçamento em duzentos por cento. WTF. Calma, muita coisa entrou na jogada, como rodas, pneus, e uns mimos que vamos nomeá-los como stages…
Se você for um daqueles que acha que gastar o valor de um carro popular em manutenção é um absurdo, eu diria então pra nunca comprar um carro preparado/esportivo, ou transforma-lo em um, a melhor coisa é continuar no básico para evitar surpresas, e não falo com arrogância, falo como um amigo pois você pode ferrar tua vida financeira e consequentemente tudo mais. Lembre-se a Time Bomb era o único carro da família até quatro meses atrás.
Outra dica: sempre que você for começar qualquer serviço, por mais simples que seja tenha sempre o material técnico do fabricante*, ferramentas mesmo se forem especiais (tratando-se de Marea, um monte) e seja humilde pra pedir ajuda aos amigos mais entendidos, sejam eles do dia a dia, ou de fóruns, no meu caso tenho que agradecer ao Willedu, Manoel, Diego PC#33, aos membros e a Diretoria do Clube do Marea (CDM), esses caras sempre me ajudaram quando precisei. Ah! esteja preparado para surpresas.
*FIAT informações no site www.reparadorfiat.com.br
Turbocompressor: a escolha
A escolha em si não foi nada difícil, embora o meu desejo fosse uma GT2860R ou uma da família GTX, optei pelo feijão com arroz aquele que alimenta e é barato, afinal eu estava financeiramente apertado, e se quiser melhorar adicione um ovo, bife e fritas (traduzindo: fazer o remap) e você estará bem alimentado.
O Feijão com Arroz? Uma MasterPower 802222, um upgrade natural da TB2810 original, ela é totalmente plug and play, ou seja eu não teria de correr atrás de ninguém pra fazer downpipe, e muito menos precisaria de bicos com maior vazão, e o melhor foi o preço, por ser uma turbina nacional saiu por hum mil e oitocentos reais com frete para Salvador, um ótimo preço tratando-se de uma turbina nova e com garantia.
Turbinas: TB2810 e MP 802222
A ameaça fantasma
Comecei o desmonte da Time Bomb pelo básico: todo o sistema de pressurização começou a cair fora, e tudo estava melado de óleo, até no IC (intercooler). Quanto mais fundo eu ia mais sinistro ficava, o porquê das panes elétricas foram aparecendo.
Depois foi o judiado sistema de arrefecimento, a válvula termostática, ou o que existia dela, “ainda bem que trouxe uma nova da Inglaterra”.
Seguindo o desmonte, parti para a parte de escape e não tive muitas surpresas somente a junta do coletor de escape que já estava em estado deplorável, e o downpipe do escape quebrado (mais uma vez) perto da turbina, algo comum nos Marea Turbo.
A coisa realmente ficou estranha na admissão e se você tem estomago fraco saia da frente da tela, porque o negocio é sanguinário, serve até pra dizer como o Fivetech Turbo é bom e aguentou tanto tranco assim…
A turbina original Garrett pelos sinais apresentados já estava fumando a muito tempo, e a cada peça retirada mais o orçamento subia. – juntas, retentores, conectores, sensores e coxins, tudo estava de alguma maneira danificado.
Os injetores estavam tão sujos e um dos cinco nem funcionando estava. – “como deixei chegar a tal ponto?” negligência, essa é a melhor definição… carros assim devem ter tratamento fino. Algo está errado? Pare, analise e arrume! Afinal a Time Bomb já estava apresentando problemas.
Vou deixar que vocês mesmo se deliciem com tal situação.
No próximo post falarei mais sobre o passo a passo da manutenção e um pouco dos custos.
Imprevistos
Arrumei o evaporador do ar-condicionado e estourou o radiador, por este motivo mandei o mesmo para a Master Cooler em Colombo (PR) para fabricar um do zero e arrumar o meu que ficara como backup.
Radiador estourado
Stage 1: Suspensão, Rodas e Pneus
Para amortecimento do conjunto entraram as molas Red Coil R112, amortecedores Cofap Turbogás que casam bem com as molas esportivas (conforto/esportividade) e todas as buchas novas fornecidas pela Birtec, representante oficial da Birth no Brasil, algumas outras buchas em PU feitas pela AJ Buchas, que serão instaladas futuramente, fora os coxins do motor em PU (que transmitem tudo pro habitáculo).
As Rodas modelo turbo 17” de desenvolvimento do CDM / Rodrigo Sublime junto a um fornecedor de Curitiba, e que não recomendo a ninguém, serão calçadas por pneus Kumho Ecsta KU31 205/45 de especificações para almejar os 260km/h, que é o pretendido por este.
Mimos: toda suspensão, axiais, terminais, tulipa e trizeta, batentes, e muitas borrachas.
As rodas não ficaram ruins, embora as minhas vieram com offset errado e terei que enviar e aguardar a correção das mesmas, porém a canseira, prazo, stress, acordos quebrados e tudo mais, me faz nunca indicar tal empresa (que não citarei o nome).
17” modelo original turbo a esquerda e as originais 15” a direita e 17” interferindo com os calipers.
Stage 2: Manômetros e Condicionador Wide
Já que fui forçado a fazer o UP da turbina preciso pelo menos controlar o funcionamento do Fivetech relógio suíço, e como não sou adepto a manômetros na Coluna A, desenvolvi um suporte que flua como se tivesse sido desenvolvido pelo Studio da FIAT.
O Suporte será impresso em 3D por prototipagem pela empresa aqui de Salvador (BA), a mesma que escaneou a base do difusor central do IP do Marea (em marrom) e falarei mais sobre este processo nos próximos posts.
Desenvolvimento auxiliado por CAD
Os instrumentos devem ser fabricados sobre encomenda pela ODG, e o controle estequiométrico deve ficar por conta de uma Fueltech ou Pandoo posicionado acima do cover do Steering Control, que também será desenvolvido por mim e impresso pela 3DRE. Só tenho que ter paciência e me capitalizar, para adquirir as peças. A sonda de banda larga já foi adquirida e está em mãos, e com a ajuda do pessoal do CDM já achei um local para instalação.
Stage 3: Remap e UP
Com a aprovação no senado da adição de mais 2,5% de Álcool na Gasolina, minha ideia inicial que era manter os bicos originais injetando Gasolina vai embora, e nessa entram cinco injetores Siemens Deka 60lbs injetando álcool, o que me permite almejar os 250 cv nas rodas com cerca de 80% do dwell dos novos injetores.
Acredito que por enquanto é isso, na próxima conto mais detalhes. Até lá!
Por Rodrigo Sublime, Project Cars #34