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Project Cars Project Cars #359

Project Cars #359: começa a restauração da Chevrolet Marajó de R$ 400!

Olá, amigos! Depois de um bom tempo sem notícias da bichera, você deve estar curioso para saber a continuação da nossa saga. Acompanhe a segunda parte dessa insana história.

No capítulo anterior, vimos como foi o processo de aquisição, a “posse” do carro e a primeira volta. Pensei muito em como contar o resto dos acontecimentos e irei falar primeiro do acabamento interno e externo.

Depois de uma bela lavada na carroceria, desmontei todo o interior para conhecer melhor o que tinha em mãos. Os bancos estavam com a estrutura corroída, a capa do painel completamente destruída, carpete imundo e com um rasgo, forros de porta empenados, console, plásticos do painel quebrados, cintos de segurança não funcionavam. Uma tristeza só. Mas ao menos tinha um receptor de TV digital e um DVD, funcionando, com seus controles remoto e nota fiscal no porta luvas, para deixar o dia mais alegre.

Precisava colocar tudo em ordem para fazer a vistoria no Detran. O plano de ação seria recuperar o interior de forma a passar na vistoria, acompanhado da revisão da elétrica e de todos os itens necessários para tal evento. Só que deu ruim. Veja:

Foto 4 Foto 5 Foto 13

Começando pelo interior, desmontei tudo para lavagem. Os bancos foram para a reciclagem. Os cintos de segurança dianteiros também. Capa do painel trincada e rasgada, caixas plásticas trincadas, também foram para o lixo. Era uma vez um interior azul.

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Como tem gente que nasce com o traseiro virado pra lua, dei sorte de encontrar um Chevette num desmanche. O carro ficou lá um bom tempo, e como eu estava com sérias restrições orçamentárias, ficava monitorando o depeno do veículo de tempos em tempos. Tudo muito bom, até que juntei um numerário razoável e fui lá. Me lasquei, o chevas tinha ido pra sucata. Arrematei apenas os bancos, daqueles com encosto de cabeça vazado, do modelo 91, simplesmente o mais legal que saiu no Chevette.

E agora? Lembra do meu traseiro? Pois bem, me serviu pra alguma coisa.

Descobri que o resto do Chevette estava numa sucata próxima, todo picado. Sem maiores esperanças, fui lá. Pra minha surpresa o desmanche mandou o carro cortado ao meio. Com todas as peças de acabamento no interior. Fiz a festa.

Tirei a capa do painel, chave de seta, motor do ventilador, soleiras das portas, e outras miudezas por escorchantes R$ 20. Detalhe: tudo em bom estado. A capa tinha apenas dois furos. Uma demão de tinta para couro, ficou como nova.

Depois garimpei outras peças: cintos de segurança, forros laterais traseiros sem nenhum furo, caixas do rádio e das luzes/fusíveis sem furo, perfeitas, tampa da caixa de fusíveis, difusores de ar, e muitas outras coisas. Do interior antigo só sobraram o banco traseiro, os puxadores das portas, as manivelas, porta luvas, forro do teto e volante. Assim fechei o interior.

No exterior, os faróis foram recuperados. Um par custa muito caro e este é um projeto de baixo custo. Um tubo de tinta spray cromada e um selante pra vedar e ficaram zerados.

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Desmontei os parachoques, o dianteiro estava muito ruim, foi trocado. O traseiro é impossível ser encontrado por pouco dinheiro, ganhou uma lavagem, desempeno da alma e voltou ao carro.

Agora era hora da revisão da elétrica. Algumas luzes não acendiam. Algumas lâmpadas queimadas, vários soquetes com ferrugem e zinabre outros com falta de aterramento mesmo. Solução simples:

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Mas nem tudo são flores. Adoro cabines bem iluminadas e era imperativo que a luz do porta malas acendesse. Revisa daqui, dali, descobri que o chicote do carro estava torrado. Simplesmente derretido por um maçarico, num reparo infeliz.

O jeito foi refazer todo o chicote do carro. E essa foi a decisão mais acertada. Muitos fios estavam picados, com conectores arrancados, um caos. Foram todos refeitos em casa, com muita paciência e criatividade, afinal, o momento era propício para adicionar equipamentos. Consegui uma caixa de fusíveis de Monza 1991, com todos os relês. E seguindo os padrões GM fiz os respectivos chicotes: desembaçador traseiro, limpador e lavador traseiro, contagiros, vidros elétricos, travas elétricas, temporizador dos faróis, da luz interna, rádio e faróis suplementares. Todos com seus relês e fusíveis, conforme o esquema elétrico do Chevette e do Monza. Para isso consegui dois caixas de fusíveis do chevas, que serviram de doadores dos conectores e outros foram comprados em auto elétrica.

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Tudo passou a funcionar, até o ventilador interno, que foi substituído. Mas, sempre tem um porém: a chave de seta e limpador de parabrisas. Lembra que consegui uma? Pois é, de duas fiz uma. A minha estava soltando o botão do pisca alerta, os faróis não acendiam e uma das velocidades do limpador não funcionava. Mesclei as peças, desmontei, lubrifiquei, coloquei o que faltava e ficou funcionando. Sabe o que faltava? Duas esferas e graxa…

Comutador do farol:

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Seta e pisca-alerta:

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Seta resolvida, agora era atacar o mais chato da elétrica: O quadro de instrumentos da versão de luxo, a SL/E ou DL, dependendo do ano. A malha elétrica simplesmente rompe as trilhas com o passar dos anos. E na bichera não seria diferente. Desmontei a minha para descobrir a razão do relógio digital não funcionar, e a resposta já era conhecida:

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Sou muito ruim com ferro de solda. Minhas experiências passadas não me deixaram satisfeito, então procurei um produto que pudesse resolver esse problema. Numa outra aplicação, comprei um tubinho de tinta condutiva de prata, mas não funcionou. Pesquisando na net, encontrei uma milagrosa tinta condutiva inglesa, que prometia criar trilhas com muita facilidade, até mesmo na pele humana! Uau!

Conversando com um amigo que viaja constantemente aos EUA, ele se ofereceu em trazê-la pra mim. Aqui não existe a bendita tinta, e olha o meu traseiro mandando lembrança… Compramos na Amazon e na outra semana chegou no endereço dele em Miami. Era só esperar. Dias depois ele chegou com a tinta e me avisou pra ir buscar. Animado, preparei toda a malha pra reparo: isolei as trilhas com fita crepe, poli novamente os contatos pra não ter problemas, e apliquei a tinta nas trilhas que estavam quebradas.

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A literatura diz que seca em 5 a 10 minutos. Esperei 20 e nada da tinta secar. “Deve ser o ar condicionado”, pensei, desliguei e fui pra rua, pois aqui em casa é muito quente. Voltei à noite e ela ainda estava meio mole. Fiz o teste de continuidade com o multímetro e nada dele apitar… Deixei quieto e só dei bola no dia seguinte. Tinta seca, novo teste, nada de apito. Coloquei na escala ôhminica e matei a charada: a tinta é muito resistiva, a ponto de quase interromper o circuito. Dependendo do comprimento da trilha, dá pra ligar led sem resistor. 15 obamas jogados fora. Malditos ingleses…

O jeito era voltar ao velho método de solda, o qual resisti o quanto pude. Me armei de coragem, do ferro de solda, de um pedaço de fio de botão de pânico de rastreador (que é bem fininho), uma faca, uma régua e fui à luta.

E faltavam sanar outros problemas: não tinha chave, as portas não fechavam direito, o limpador não funcionava e a tampa traseira não travava.

Retirei todos os cilindros das chaves e mandei o chaveiro fazer uma chave única para a bicheira; as portas tiveram os pinos das dobradiças substituídos, melhorou, mas ainda assim eram ruins de fechar. O jeito foi chamar na regulagem: Macaco jacaré na ponta da porta até entortar a coluna e resolveu.

Ainda tinha o limpador para resolver. Chevette bom vaza água e pinga óleo, mas não a minha bichera. Tirei todo o mecanismo do limpador de parabrisas, afinal o painel estava fora e refiz a calafetação das bases, bem como a instalação do retentor do velocímetro de motocicleta honda na haste do limpador esquerdo.

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Um motor de limpador de Kombi comprado em desmanche trouxe vida nova ao conjunto.

E a última batalha foi a da tampa traseira. Pensa num trabalho… A que veio no carro não fechava. Estava empenada, cheia de massa plástica e enferrujada. Quando abria, escorria ferrugem por dentro da peça. Só uma nova. Mas arrumar aonde outra? Tudo longe e o frete era proibitivo, iria custar o preço do carro e mais um rim. Como não era nada muito urgente fui resolvendo as outras coisas do carro.

Um belo dia, resolvi visitar um certo Ogro do Cerrado. O problema é que ele mora um pouquinho longe de mim. Como bom garimpeiro que sou, achei uma tampa traseira de Marajó 1987 em bom estado, no mesmo ferro-velho que encontrei o Alfa 155 que o Alexandre Garcia comprou como doador de peças. Já queria arrematar a Marajó toda, mas não tinha aonde deixar guardado. Como comissão do negócio, ganhei a tampa de presente. Pensa numa felicidade! Olha o meu traseiro me ajudando mais uma vez!

Mas como trazer essa tampa rodando por metade do país com o menor custo possível? Simples, põe no banco traseiro do meu velho e guerreiro sedan, talvez caiba. Coube.

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Agradeço à Dacia a graça alcançada.

No próximo capítulo, a melhor parte: mecânica!

Agora, listinha de peças:

Por Aécio Martinho, Project Cars #359

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