Fala, galera do Flatout! Meu nome é Luiz Claudio Leão, nasci em Jacksonville, Flórida e moro em Maceió (AL). Tenho 20 anos e sou apaixonado por automobilismo desde que me entendo por gente. Minha família inteira esta mergulhada no universo dos carros e motores, desde carros de corrida e carros antigos até hot rods e lanchas preparadas (meu avô achou que seria uma boa ideia pegar uma lanchinha de alumínio de 21 pés e instalar um Dodge V8 preparado com um comando bravo, quadrijet e cabeçote taxado) entre outras loucuras. Mas quem realmente me influenciou e me introduziu ao automobilismo e preparações foi meu pai, ou melhor, meu ídolo.
Faço questão de falar sobre meu pai porque além de ele ser a razão de eu estar tão envolvido com carros hoje, ele é um excelente piloto, com muito conhecimento em preparação, e mesmo aos 62 anos ele ainda não perdeu a molecagem.
Tudo começou com arrancadas aqui em Maceió, aos 17 anos. Ele tinha um fusca 1300 com camisa e pistão de 1600 e um carburador só. Com esse Fusca ele participou de uma categoria de Fuscas e Pumas, e terminou em quinto lugar geral.
Em 1973 meu pai sofreu um acidente muito grave e teve que colocar uma válvula arbitrária no coração. Mesmo contra indicação médica meu pai seguiu seu sonho e alguns anos depois ele voltou às pistas para disputar a Divisão 3. Depois andou de Fórmula Vê e ao mesmo tempo andava de kart e participava do campeonato pernambucano de rali com um Fiat 147. Ele também participou de algumas corridas esporádicas no Campeonato de Marcas, Divisão 1, e entrou na categoria Norte-Nordeste de Formula.
Depois fez algumas corridas de stock car, que na época eram os Opala com motor 4100, e entrou no Campeonato de Marcas. Com um Escort AP 1.8 ele foi tricampeão dos 300 km de Caruaru, campeão Norte-Nordeste, e ao mesmo tempo andou na categoria de Corsa e foi campeão em 1999. Em 2000, iniciou o projeto de um protótipo com motor Subaru que começaria a correr em 2001 com o chassi Aldee.
Com esse carro ele participou três vezes das 1000 Milhas de Interlagos e algumas corridas do Campeonato Paulista de Protótipos, também foi campeão em categorias Norte-Nordeste. Em 2003 deu uma parada e em 2006, com uma ótima oportunidade decidiu voltar a correr, entrou na metade do campeonato paulista de Spyder Race (protótipos com motor AP2000 carburados) e por apenas um ponto não ganhou o campeonato. Infelizmente o carro quebrou duas vezes em corridas e comprometeram a vitória, mas para mim, que estava acompanhando meu pai pela primeira vez em um campeonato que ele disputava, lagrimas de emoção não faltaram quando vi ele subir no pódio e receber o troféu de vice campeão paulista.
Nos dois anos seguintes meu pai participou do campeonato pernambucano de Spyder Race (desta vez com motor AP 1.8)e foi vice-campeão nos dois anos que correu. Infelizmente teve que abandonar as pistas por motivos de saúde.
Depois do currículo do meu velho, vou falar um pouco de mim.
Tudo começou quando fui morar nos EUA em 2010 e decidi ficar para fazer faculdade lá. Em 2012 mudei para a Flórida para estudar na faculdade de Miami. Foi quando ganhei meu primeiro carro.
Meu pai realizou meu sonho e me deu um Mustang! Tudo bem… não era um 5.0, mas não importa. Aproveitei ao máximo o carro. Ele tinha um motor 3.7 V6, câmbio manual de seis marchas, 305 hp originais e 1.500 kg. Com o apoio do meu pai e a facilidade de preparar um carro nos EUA, não demorou muito ate eu começar a futucar. O carro tinha escape completo, CAI da Steeda, espaçador de injeção Airaid e um acerto da BAMA feito através de um plug and play da SCT, molas Eibach e pastilhas Hawk de cerâmica completavam o conjunto. Andei em Homestead e o carro era um tesão! Mesmo com o eixo rígido na traseira o carro fazia muita curva, saía um pouco de frente, mas nada excessivo. Deu trabalho para alguns V8!
Mas o ‘Stang durou pouco; por motivos pessoais decidi que o melhor para mim naquele momento era voltar para casa. Cheguei no Brasil em maio de 2013, e junto comigo trouxe a necessidade de um novo carro. A ideia inicial seria um Ford Focus hatch manual 2.0 Duratec flex usado — um carro muito difícil de encontrar conservado, tanto em minha cidade ou em cidades próximas.
O tempo foi passando e a urgência de ter um carro estava crescendo. Certo dia fui à concessionaria Ford daqui de Maceió para ver quais seriam minhas opções caso eu fosse comprar um carro zero, e aí veio o New Fiesta. Fiz um test drive, achei o desempenho bem interessante para um carro 1.6, mas o que eu gostei mesmo no carro foi a suspensão, firme e com uma leve tendência de sair de traseira. Não pensei duas vezes em voltar lá e pegar o New Fiesta Titanium 1.6 manual.
No começo pensei logo em fazer um swap para o tão desejado Duratec 2.0 Flex, mas depois de estudar o projeto o receio cresceu — não estava seguro para fazer tamanha “cirurgia” e não queria deixar o carro na mão de ninguém, sem contar a falta de tempo e a necessidade do carro no meu dia a dia.
O swap não era mais uma opção, então decidir aceitar o 1.6 na minha vida e procurar “receitas” para o novo Ti-VCT. Primeira coisa que veio na mente foi um turbo. Nunca fui muito fã dos caracóis — minha “tara” sempre foram os aspirados—, mas a ideia do turbo estava grudada feito uma lesma no meu cérebro e fui pesquisar as possibilidades e caminhos para turbinar o carro.
Queria algo extremamente bem feito e que eu pudesse confiar. Algo que não me deixaria na mão e pudesse ser meu daily andando redondinho, pouquíssimo lag e tudo bem acertado. Turbo pequeno, intercooler, radiador de óleo, injeção stand alone etc. Estava bem animado, porém tive que encarar a realidade: fazer um investimento grande em uma preparação pressurizada para um motor com 12:1 de taxa de compressão e fama de fragilidade é complicado. Além disso, os componentes forjados sairiam caros demais. Pelas limitações envolvidas o investimento não valeria a pena. A saída foi optar por um projeto aspirado.
O objetivo com o carro é ter um daily preparado para andar em uma pista a qualquer momento. O motor receberá uma preparação aspirada leve. Suspensão e freio serão aprimorados, o câmbio também será uma das vítimas na historia e mais alguns detalhes que falarei no decorrer dos posts. Hoje em dia o projeto está na metade do caminho, mas vou começar a explicação desde o zero, passando por todas as modificações de uma forma bem detalhada nos próximos posts. Até lá!
Por Luiz Leão, Project Cars #36