Olá, amigos Flatouters. Meu nome é Everton, tenho 29 anos, nasci no dia da mentira de 1987 na capital da Rússia brasileira — o mesmo ano em que a Ferrari F40 foi lançada. Nesse primeiro post vou descrever toda a minha vida automobilística até chegar na história do meu Celta GSi. Vamos nessa?
Desde criança meu pai me ensinou as marcas, nomes, modelos e fui memorizando. Possuo memória fotográfica e registro coisas que as vezes nem gostaria. Mas tenho problemas com atenção, então me distraio muito fácil o que sempre foi um grande fator dificultador nos meus estudos. Mas em casa, todos achavam que carro era um mero meio de transporte e eu era o único alucinado que gostava acima de qualquer coisa. Me concentrava em colecionar quatro rodas antigas que eu achava na casa do meu avo, na época ele tinha um escritório e dois computadores rodando Windows 95, um luxo só. Eu pegava aquelas revistas e ia transcrevendo tudo para a tela, exatamente como a revista. Todas as matérias, propagandas, e com isso aprendi muito sobre dados técnicos, características de cada modelo, acessórios.
Resolvi fazer faculdade de desenho industrial, pois meu sonho era desenhar carros em alguma montadora. Com o tempo fui vendo que isso seria improvável, a não ser com um Q.I. muito bom e ainda tendo de se mudar de estado, visto que na época nao existia nenhum centro de design automotivo no Paraná. Ao me formar, meu pai propôs uma parceria: eu trabalharia pra ele e em troca ele me daria meu primeiro carro. Isso em 2010, com 23 anos.
A meta era um carro de até 20 mil. Mas meu pai não disse nenhuma restrição, apenas sabia suas objeções quanto a carros grandes, importados, beberrões, etc. Ou seja, ele queria mesmo que eu comprasse um popular mesmo, de preferencia da Chevrolet.
Ansioso, busquei opções. Naquela época o mercado não era tão inflacionado, e deparei com um belíssimo Dodge Dart branco duas portas ano 76 com interior vermelho e câmbio automático (semelhante ao da foto acima) em uma loja de carros antigos famosa aqui em Curitiba. Fui em um sábado pela manhã, pedi para o vendedor me acompanhar até a minha casa para que meu pai desse seu aval.
Ao chegar, estacionei atrás de um Gol bola verde, desci e pedi para ele aguardar. Subi até o sétimo andar, e a janela do quarto do véio tem vista exatamente para a rua. Falei que tinha achado meu carro, e que ele estava logo ali abaixo. Esperei o pior. Mas para minha surpresa, ele me disse que parecia ser um bom carro, mas que achava ruim o fato de ter somente duas portas. Mas que é um carro econômico e que a manutenção seria tranquila e ainda sobraria um troco.
Achei estranho tudo aquilo e continuei ouvindo, até quando ele disse que verde não era sua cor favorita para aquele carro. E eu disse: “Não, pai! O carro que eu quero é o branco logo atrás”. Ele me fitou por debaixo do óculos e disse: “Não sei de onde você tirou esse troço, mas devolva ao mesmo lugar”.
Desci chateado, expliquei ao vendedor que gentilmente levou o carro embora. Hoje seria um belíssimo investimento, visto que à época custava os R$ 20.000 que eu tinha disponível e hoje raramente se encontra por menos de R$ 40.000.
Continuei a busca até deparar com um anúncio de um Honda Civic VTi 1995 EG6 totalmente original, exceto pelas rodas originais pintadas de branco brilhante. Segundo dono, veículo placa A, motor B16A3 (que só saiu nesse ano/modelo) idêntico ao do CRX/Del Sol. Comentei com meu pai que tinha achado outro veículo. Ele me questionou se novamente seria uma “banheira” e eu disse que não, que era um Civic 1.6 econômico e de segundo dono. Ele me perguntou o ano, disse que não sabia exatamente, mas disse que achava que era 2000, 2001 (mentira né? Eu sabia que era um dos melhores hot hatches ja feito no mundo).
Fomos ver o carro e consegui autorização para comprá-lo. A alegria foi tanta, que todos os dias eu descia com um pincel, um balde, um pano e ficava tirando cada sujeirinha que juntava nos cantos, apesar de eu rodar pouquíssimo a cada dia. Nessa época eu estava fazendo curso de piloto de avião em Blumenau/SC e fazia a rota para Curitiba praticamente todos os finais de semana (250 km para ir e 250 km para voltar). O batizei de Pimentinha, devido a sua cor e seu temperamento.
Em 2012, vendi para ajudar meu pai em um investimento, e ele em troca financiou um carro zero km, que na época dava pra fazer sem nenhuma entrada.. E o escolhido foi um Chevrolet Celta LS 2012 vermelho pepper pelado de tudo, apenas ar quente e desembaçador. Esse se chamou Tomatão, pela cor e pelo seu formato redondo. Sempre gostei muito da linha GSi da chevrolet (principalmente o Corsa), mas ter um Corsa GSi, por mais bem cuidado que fosse, seria inviável principalmente pelo ano e pela dificuldade de achar um em bom estado.
Ficava matutando o que fazer, nessa época começei a trabalhar em uma concessionária Fiat como consultor técnico. Com o que ganhava, ia investindo no visual e itens de conforto, porém a falta de direção e ar condicionado iam me fazendo pensar seriamente em troca-lo. Na época, estava com planos de comprar um apartamento, vendi para me capitalizar e poder tocar essa ideia em frente, porém as coisas não aconteceram como eu esperava e tive que desistir. E bem nesse período, apareceu outro civic na minha vida.
Acabei vendendo o Celta e comprei um Honda Civic EX 1993 com câmbio manual, teto solar e todos os itens da versão por R$ 3.000,00. Porém o antigo dono era muito desleixado, e apesar do valor valor ter sido realmente baixo, o que gastei para tentar erguê-lo não foi racional. Me arrependi um pouco de ter investido tanto no Feioso (herança de nome dado pela ex-namorada), mas ao vende-lo fiz um grande amigo, assim como o atual dono do pimentinha e o atual dono do tomatão, que ainda mantenho contato.
Como fiquei a pé, precisava de um meio de transporte logo e acabei voltando para o celta, por achar o carro até bem esperto comparado com outros populares. Comprei então um Chevrolet Celta LT 2015 preto ônix zero km, última fornada, completinho de série (ABS, airbag, direção hidráulica e ar-condicionado – lembrem-se, estamos falando de um mero celta). Este foi chamado de Patolino, também resquício da ex.
Como disse anteriormente, queria um daily bom e barato e sempre fui fã da linha GSi, em especial pelo Corsa. Mas como ter um carro do começo da década de 90 foi uma experiência cara e o corsa Gsi em específico é bem diferente em termos mecânicos e de acabamento, preferi partir logo para a confiabilidade de um carro mais novo. Sei que um modelo bem conservado chega a ser tranquilo de andar todo dia, tive meu civic vti 95 lembram? Mas nessa altura do campeonato não quis mais correr riscos com custos elevados de manutenção.
Com o Celta original em mãos, deprimido pois carro original nunca foi minha praia, ainda mais que você olha pra cada esquina acha outro idêntico, decidi homenagear a linha GSi e me sentir feliz com meu novo carro. Como trabalhei alguns anos em concessionárias, ainda tenho vínculos dentro delas (principalmente Fiat e Chevrolet) e comecei a traçar os planos para o Patolino.
Qual seria o conceito? Minha ideia básica era que quem olhasse o carro tivesse certeza que é um modelo original de fábrica, ou pelo menos, ficasse com a dúvida. Para isso, recorri à toda prateleira de acessórios da linha GM para deixa-lo como eu queria. Admito que o acesso facilitado me ajudou bastante, e até que considero um projeto low budget comparado com o que já gastei nos outros carros.
Atualmente ele está montado com o motor original 1.0, mas já teve motor 1.8 e câmbio da Montana. Como está muito em voga a ideia de downsize com as tendências surgindo com up! TSI e HB20 Turbo, e desde o princípio o objetivo era montar algo realmente diferente, estou com meus amigos focando na ideia de montar um turbo downsized focado em performance, ao contrario do up! que é mais voltado à economia, sem fugir do low budget e mantendo confiabilidade mecânica. O rendimento esperado é melhor que o 1.8 original, com rendimento maior em alta, mantendo câmbio longo do 1.8 pra ter final e evitar riscos de trabalhar muito tempo em rotação elevada. Até o próximo post, tenho alguns ups a fazer e inclusive vou pedir a ajuda do povo aqui com uma enquete pra me ajudar a escolher a cor dos bancos de couro.
Valeu!
Por Everton Maurer, Project Cars #369