Primeiro quero agradecer a todos que votaram no meu PC e espero detalhar ao máximo como é a montagem de um Kart simples e de baixo custo. Meu nome é Fred Castro, tenho 26 anos e sou de Avaré-SP. Já Participei do ProjectCars com meu Chevette 1983 (PC#157) e agora venho mostrar meu novo ‘’brinquedo’’, Kart Mini 1991.
Há cerca de um ano e meio comecei a andar de kart de aluguel, com motor 6,5 HP e chassis com dezenas de remendos, não é algo tão empolgante, porém a diversão é sempre garantida quando está com os amigos na pista.
Sempre que faço algo, tento me dedicar ao máximo e no kart não seria diferente, logo na segunda vez que fui andar, baixei o aplicativo RaceChrono e mapiei a pista para ter uma ideia de quanto virava. Além disto, fiz uma ‘’Gambiarte’’ para fixar minha câmera digital no capacete e filmar, para ver aonde eu poderia melhorar.
Na terceira vez na pista estava virando três segundos acima do recorde (com 6,5HP) que era algo perto de 43,1 segundos.
Alguns meses depois, andando um ou dois fim de semanas por mês consigo meu melhor tempo chegando muito perto do recorde.
Mas já estava quase no limite, não tinha de onde tirar, dependia da vários fatores, como pegar um bom kart e pneus em condições boas, o que nem sempre era possível.
Foi a partir deste momento, que decidi que teria que montar meu próprio kart.
Mas antes algumas fotos e vídeos da emoção do 6,5HP, onde tudo começou.
Embora não pareça é bem divertido e às vezes tem boas disputas.
Mas como ter um kart de baixo custo e fácil manutenção? Não é uma questão fácil, já que pesquisando os mais comuns são com motores estacionários de 13 HP, que preparados passam de 20HP e os com motores de RD 135.
A questão era não tenho grana para comprar um kart novo e um bom motor, então porque não fazer algo fora do comum? Um bom chassis antigo e um motor de moto quatro tempos, parece uma receita simples, mas no Brasil não é comum karts com estes motores.
Depois de muita pesquisa e fazer muitas contas, vi que para mim seria a melhor opção, então vamos a procura primeiro de um bom kart sem motor e com um preço baixo. Missão quase impossível, mas quem procura acha! Kart Riomar Mini 1991, com um chassis integro, porém o restante precisa de muito trabalho e dedicação $$ para ficar bom.
Depois de R$ 600,00 mais pobre e com uma baita encrenca na garagem e com a PATROA é hora de avaliar melhor por onde começar.
Abaixo as fotos e como podem ver, não seria nada fácil.
Meio motor V4 original, do freio só tinha o disco, sem tanque de combustível, pneus ressecados, uma roda precisando de reparo e muita sujeira e ferrugem encrustada.
Como é um kart antigo suas carenagens são de fibra de vidro, decidi que ia manter este estilo e montar algo sem muita frescura, pois como é um ‘’carro’’ de corrida tem que andar bem e ser funcional, depois ser bonito.
Depois de pensar muito e ver no tamanho da encrenca que teria pela frente, decidi desmontar todo e começar pelo chassis, não tenho fotos desta etapa mas garanto que foi muito trabalhoso, principalmente pela ferrugem e pelos parafusos Allen com cabeça espanada e medida em polegadas.
Hora de remover toda a tinta.
Um domingo todo de trabalho, algumas queimaduras na pele e o resultado foram ótimos.
Na segunda feira já o enviei para o mesmo funileiro/pintor que fez meu Chevette, usei a mesma tinta no Kart o preto Liszt PU.
Já que o chassis estava pronto, as rodas mereciam uma boa atenção, depois de fazer o reparo da roda com a borda quebrada e passar um sábado todo polindo, ficaram assim.
O meio motor V4 e o volante que vieram ‘’sobrando’’, fiz a troca com um amigo por um tanque e dois jogos de pneus MG vermelhos meia vida, seria o suficiente para ao menos testar o kart na pista.
A animação era grande e a grana curta, fui fazendo o possível para usar o máximo de peças possíveis e já pensando em que motor usar. Algumas opções de motores utilizados e minha visão sobre eles:
- RD 135 – Mesmo todo original anda muito forte e tem marchas, deixando a tocada mais difícil e prazerosa. Manutenção cara, chato de acertar e com um valor alto para mim.
- Estacionário de 13HP – Bom torque e manutenção aceitável, porém um motor novo destes Honda ultrapassa os três mil reais.
- V4 original – Só se fosse para competir como Kart Vintage e todo original.
- Honda CBX Twister – Baixa manutenção, boa potência e torque. Um pouco pesado e ainda com um preço alto de compra, alguns amigos meus utilizam este motor, porém no momento era inviável para mim.
- Honda 125/150 – Manutenção baixa, alta durabilidade e preço baixo. Pouca potência, porém aceita muita preparação.
Todos são bacanas, mas qual caberia melhor no meu orçamento e teria manutenção baixa?
Pois a ideia é se divertir, andar rápido dentro das possibilidades (grana) e ter o mínimo de dor de cabeça possível com quebras.
Depois de muita pesquisa, vi que na Argentina e Uruguai são muito comuns motores de CG, sejam 125 ou 150, existem até categoria para os dois motores.
E assistindo a este vídeo, decidi qual seria o motor utilizado.
Largada a partir de 2:50
Encontrei o dono do Kart no Facebook e ele ficou disposto a me ajudar. Enviou várias fotos que me ajudaram muito a decidir que meu kart seria com motor de CG! E onde arrumar um bom motor de CG 125/150 com partida elétrica? Sim nada de ficar empurrando o kart.
Com a ajuda de um amigo de uma cidade vizinha, encontrei uma sucata completa de leilão. CG 125 2003 ES em ótimo estado, seria a doadora do motor, como não tinha a opção de comprar apenas o motor, trouxe ela completa para a garagem e algumas horas depois…
Perdoem-me pela qualidade, fotos tiradas com meu glorioso celular.
Como iria usar apenas o motor, dei um belo trato nas peças que sobraram e levantei uma grana, no final o motor saiu por R$ 600,00.
12,5 CV a 8250 rpm e exatos 1,0 kgfm de torque a 7500 rpm, parece pouco né?
Muitos nesta hora criticaram, dizendo que o Kart não ia desenvolver legal, inclusive o dono do Kartódromo aqui disse que eu andaria junto com seus Karts de aluguel.
Como se teria quase o dobro de potência e uns 20 kg a menos?
Isto demonstrava bem o quanto era desconhecido o uso deste motor em Karts por aqui e isto me motivou mais ainda, para mostrar que um kart bem acertado e um motor leve mesmo de baixa potência pode andar na frente, além disto teria uma certa vantagem por ter marchas, podendo usar de forma correta toda a ‘’potência’’ do meu 125.
Encerro aqui a primeira parte do me Project Cars, no próximo capítulo vou contar sobre a montagem das peças no chassis e do motor, a primeira partida e a preparação para finalmente estrear o Kart na pista.
Agradeço a todos os amigos que me ajudaram nesta primeira etapa.
Um abraço a todos e até a próxima!
Por Fred Castro, Project Cars #393