E aí, pessoal? Um bom tempo se passou desde a última vez que o Kaveirinha apareceu por aqui. Desde então evoluímos mais um pouquinho.
Escape
Com a instalação de um comando mais agressivo, era óbvia a necessidade de um sistema de escape que se aliasse às outras modificações para aumentar os ganhos. Pois a velocidade de saída dos gases de escape é de grande importância para a lavagem do cilindro durante o cruzamento entre as válvulas de admissão e escape. Eu já possuía um coletor que foi originalmente fabricado para uma Courier da Fórmula DTM. Cálculos prévios me mostraram que ele se aproximava muito das medidas ideais para o projeto. Procurei então uma empresa para fabricar o restante do escape.
O tail pipe foi todo confeccionado com 2” de diâmetro para assim manter uma grande velocidade dos gases e deste modo reduzir as perdas por bombeamento. Para completar o escape, um belo abafador 1×2 com as ponteiras quadradas e azuis…
O trabalho começou pela manhã e se estendeu até as oito da noite. Quando saí da loja, as ruas do centro da cidade estavam vazias e silenciosas, cenário perfeito para esticar um pouco, ouvir o novo ronco e sentir a mudança de comportamento. O motor, que se mostrava estrangulado em altas rotações, agora era um pouco mais preguiçoso em baixas, mas vinha empurrando das médias até o limite. O tom agora era grave e se transformava num urro lá pelos 4.000 rpm. Um urro tão alto que abafava até as minhas gargalhadas dentro do carro!
Freios
Uma mudança do sistema de freios era essencial. O Ford Ka 1.0 vem originalmente com parcos discos sólidos de 239,5 mm de diâmetro e pastilhas com coeficiente de atrito próximo de 0,31µ. Esta configuração é suficiente para o uso civil, mas, como estamos falando de um fun drive, precisamos de algo melhor.
Então adquiri um kit da Powerbrakes de 283 mm. Os discos são originais do Xsara VTS, porém os vendidos pela empresa possuem frisos retos, ou seja, são discos slotados. Esse perfil de disco tem como características um grande torque inicial, a famosa mordida. Além disso, eles permitem o uso de pastilhas com coeficiente de atrito bastante alto (até 0,65µ). Para o Kaveirinha, eu estou usando pastilhas de 0,55µ.
Na traseira, estou usando as mangas de eixo, cubos de roda, discos, pinças, pastilhas e cabo de freio do Focus. As pastilhas, nesse caso, são originais, pois acho mais interessante manter uma carga menor nos freios traseiros. Principalmente pela menor distância entre eixos e peso do Ka em relação ao Focus.
Como uma das ideias do projeto é executar o máximo de DIY possíveis, a troca dos discos não poderia ser diferente. Tudo foi feito na garagem de casa, e posso dizer que, tendo as ferramentas certas em mãos, o serviço é bem simples. Fiz um time lapse da troca dos discos dianteiros.
Pneus e Rodas
A compra das rodas foi uma obra do acaso. Eu estava passeando por grupos de vendas no Facebook (quem nunca?) quando um usuário de Curitiba anunciou um jogo de rodas novo. Eu tinha em mente importar um modelo específico, mas quando vi a cor e principalmente o preço me cocei de verdade para ficar com essas rodas. O problema é que moro no Nordeste e as rodas estavam no Sul. Imediatamente pedi ajuda, e um amigo (Valeu Panda!) deu todo o suporte. Visitou o vendedor, avaliou as rodas e me deu o sinal verdade para a compra.
Os pneus foram a última parte do conjunto a chegar, pois eu continuava pesquisando constantemente modelos e preços que me atendessem. Certo dia vi num site pneus Falken Ziex ZE912 a venda. Treadwear 360, traction AA, temperature A, boas avaliações de usuários e sendo a Falken a linha UHP da Dunlop, não tive dúvidas.
Otras cositas más
Como diz o ditado, o bem e o mal se diferencial pelos detalhes. Para mim o mesmo se aplica a um projeto bem ou mal executado, a atenção aos detalhes é essencial em cada parte do projeto. Então além dos detalhes funcionais, os estéticos também merecem a sua atenção.
A gente começa com uma ajuda de um camarada que durante sua viagem a Meca Nürburgring comprou várias “lembrancinhas”. Dentre elas dois jogos de tampas de válvulas com o logo de Nür. E adivinhem onde elas foram parar?
O segundo detalhe são retrovisores pequenos em fibra de carbono, que reforçam ainda mais o espírito de corrida do qual o Kaveirinha vai se impregnando mais a cada dia. Os espelhos reduzem sim o campo de visão, porém eles fazem com que você foque bem mais na faixa realmente importante do campo de visão. Ainda assim, para compensar a perda de campo, passei a usar um espelho convexo no interior, dessa forma eliminei os pontos cegos que existiam com o retrovisor interno original. Esse mesmo artifício é utilizado por diversas equipes em categorias do automobilismo pelo mundo.
Para suportar estes espelhos comprei uma lamina de fibra de carbono, de onde cortei molduras. Usando a base original como referência, fiz as furações de fixação. Gostei do resultado final.
E finalmente a cereja do bolo! Olhando o ebay inglês encontrei um parachoque dianteiro do SportKa e perfeitas condições e com um preço ótimo. O grande problema é que o vendedor não enviava a encomenda para o Brasil. Eu não estava nem um pouco interessado em desistir! Então mais uma vez um amigo (Adalberto, você é f***!!!), que vive na Inglaterra, se dispôs a me ajudar.
Recebeu o parachoque, guardou, correu atrás de uma caixa adequada para poder enviar, embalou com todo o cuidado do mundo e ainda me arranjou um desconto no frete de envio para o Brasil!
Como o parachoque é originalmente dividido em três partes, não houve problemas com as dimensões da encomenda para o envio. Ao receber o parachoque tive mais uma grata surpresa, a cor Magnun Grey usada pela Ford na Europa tem exatamente a mesma formulação do Cinza Nassau do catálogo da Ford Brasil!
Sinceros agradecimentos
Muitas vezes eu me pergunto. Quem seríamos nós sem os amigos? Aquela família que a gente escolhe. Uma rede de conexões que começa com interesses em comum e que inúmeras vezes vão muito além. E no nosso meio são incontáveis as histórias de ajuda mútua, sem nenhuma outra intenção além do apoio a aquele que precisa. Por isso mais uma vez os carros mostram que são bem mais que máquinas. São elos fortes que ligam pessoas, histórias, sentimentos, eventos inusitados e cotidianos.
Dessa forma me sinto na obrigação de mais uma vez agradecer a cada um que me ajudou e ajuda. Sejam com ideias, papos descontraídos, dúvidas, dicas, presentes, peças, matérias, oportunidades e acima de tudo a ajuda pura e simples. Aquela good vibe que sempre está presente e se percebe em cada cumprimento. Obrigado de verdade!
Não, não estou com esse agradecimento encerrando o PC46! Ainda temos um bom trecho do caminho a percorrer antes do fim dessa primeira fase do projeto.
Então até o próximo post!
Por Rodrigo Passos, Project Cars #46