Por Felippe Almeida, Project Cars #463
Demorei, mas estamos aqui de volta! Peço desculpas pelo atraso neste último post, 2018 foi um ano bem intenso. No último texto paramos em 2016, onde fiz várias manutenções corretivas e algumas melhorias estéticas. Já em 2017 foi um ano de curtir mais o carro, acrescentar alguns mimos e curtir a estrada!
Uma coisa que sempre curti, mas que no Brasil era impossível de encontrar, é a grade do Eagle Talon. Desde que comprei o carro estava desejando uma, porém estava difícil encontrar por um preço justo nos EUA. Até lá já está virando um item difícil de achar a venda.
Até que vagando pelo eBay em uma tarde não muito produtiva, encontrei um anúncio de um par de faróis + par de setas + grade do Talon por U$100. Só precisava de um jeito de trazer para o Brasil, pois o frete era muito caro.
Lembrei então que um primo da minha namorada mora lá. Troquei uma ideia e ele disse para enviar tudo para sua casa que daria um jeito de mandar para o Brasil. Duas semanas depois ele disse para eu ir lá na casa dos pais dele aqui em Criciúma buscar a encomenda! Valeu Thiago!!
Então, dos dois jogos de faróis e setas que tinha, escolhi os melhores e instalei no carro. Como a grade veio branca, fui até uma loja de tintas com o código do carro (Quart Gray Metallic Clearcoat – A16) e pedi para fazerem uma lata. Aproveitei e já fiz o retoque dos cantos dos para-choques que estavam roídos pelo cachorro do antigo dono.
Mais uma tarde sem muito o que fazer e encontrei um par de barras anti-torção (dianteira e traseira) no eBay por apenas U$25. Novas. Sim, isso mesmo, apenas 25 obamas (ainda estávamos em 2017)! Com mais o frete, U$75, e impostos, chegaram pra mim em menos de uma semana (obrigado FEDEX!) por R$400.
Instalação simples. Em menos de 40 minutos já estavam no carro. As traseiras é que dificultaram um pouco. Foi preciso fazer um pequeno corte no acabamento do porta-malas.
Sai para um test-drive e logo ao virar a esquina já vi como mudaram o carro para melhor! Digo que este foi um dos melhores upgrades que já fiz no carro. Quase zerou a inclinação da carroceria em curvas e melhorou muito o feeling do carro. Recomendo demais elas!
Como ninguém consegue sossegar nesse mundo, comecei a pesquisar melhorias para os freios. Um upgrade clássico para os 1G turbo FWD é a instalação das pinças e discos da GSX. São pinças de dois pistões com disco de 276 mm, contra pinça de um pistão com disco de 256 mm originais. Porém, como é difícil encontrar GSX vendendo em partes no Brasil, voltei a pesquisar no DSMtuners alternativas para a solução do meu problema.
Após alguns dias lendo e relendo tópicos e tentando entender o que os americanos malucos diziam, descobri que as pinças da Outlander serviam e seriam ainda melhores. A pinça é igual a da GSX, dois pistões, porém com cavalete diferente para poder abrigar discos de 294 mm. Comecei a caçar elas em desmanches aqui no Brasil, porém todas tinham freios diferentes das americanas. Cheguei ao ponto de procurar carros na rua para verem se tinham os benditos freios!
Fuçando mais um pouco descobri que as Airtrek turbo usavam o mesmo kit, porém nem perdi tempo procurando aqui no Brasil. Já é quase impossível encontrar uma rodando, quem dirá em um ferro-velho. Até que consegui encontrar o part number das pinças. A partir disso comecei a pesquisar em quais outros carros elas eram usadas e bingo: Lancer Sportback Ralliart. Rápida pesquisa no Mercado Livre e apareceram vários carros em desmanches!
Após uma semana de buscas por preços e peças em boas condições, encontrei um kit em Blumenau. Pinças, linha de freio, discos e pastilhas por R$800. Negócio fechado, kit em casa, hora de levar para montar. Conforme o que pesquisei no DSMtuners, seria só montar. Porém, como nunca nessa vida acontece como esperamos, problemas apareceram.
Um fato que não me atentei é que a maioria dos americanos não usa ABS, chegando a existir kits para eliminar o sistema. Todos os carros que vi que tinham esse upgrade de freios, não tinham ABS. Porém eu não queria perde-lo.
Então, analisando o funcionamento do ABS e comparando o disco original e do Ralliart, decidimos fazer um pequeno desbaste na parte interna do disco. Aparentemente iria funcionar. A distancia do sensor para o disco ficaria quase a mesma.
Com tudo montado, hora do teste. Só no tirar o carro do elevador a luz do ABS acendeu e o sistema parou de funcionar. Como precisava ir pra aula, deixei para resolver em casa no outro dia pela manhã.
Após uma noite mal dormida tentando descobrir a causa do problema, conversei com meu pai pela manhã e chegamos em uma teoria. Talvez o sensor ainda estivesse muito próximo ao disco. Reviramos nossa caixa de parafusos e arruelas e encontramos uma arruela de aproximadamente 4 mm de largura. Montei uma em cada lado e sai para testar. Problema resolvido!
Agora sim o carro estava com um freio de verdade! Os originais em apenas uma freada forte já ficavam borrachudos… Com o novo kit elas ficaram muito mais eficientes! Além disso, melhoram bastante o visual do carro e as rodas originais de 16’’ ainda servem.
Nesse meio tempo minha sogra viajou para os EUA e visitou o Thiago. Aproveitei para trazer mais algumas pecinhas. Trouxe um kit de buchas para o trambulador (tchau folgas/férias!), jogo de batentes de portas e as borrachas dos pedais. Tudo original Mitsubishi comprado na JNZ Tuning. Valeu Thiago e sogrona Cintia!
Instalei tudo em uma tarde de sábado. A pior parte foi ter que desmontar o console inteiro para poder chegar ao trambulador. Porém o resultado final recompensou o trabalho! As marchas começaram a entrar com muito mais facilidade e a alavanca parou de ficar pulando. As portas também pararam de bater com os novos batentes.
Instalei um EZ lip (que foi roído pelo meu cachorro no primeiro dia) e películas bem clarinhas com proteção UV e uma transparente, também com proteção UV, no para-brisas. Gostei do visual que elas deram pro carro e ajudam muito a reter o calor causado pelo teto preto. Serviço excepcional feito pelo Renan da Concept Películas.
Final do ano chegando e começaram a surgir ideias de viagens. Eu e o Lucas Schuelter, o mesmo que foi comigo para Europa (Project Trip #325), decidimos ir, dessa vez com nossas namoradas, até Punta del Este – Uruguai. Eu e Maria iríamos de Jurema e ele e a Pati iriam de C4 VTR (ex-meu). Data escolhida: 15 a 19/11.
Começaram então os preparativos para a viagem. Eu estava mais preocupado com o carro do que com minha mala. Comprei um spray Motul para eventuais remendos nos pneus, separei algumas ferramentas, macaco jacaré pequeno, água e fluido para radiador, 3 litros de óleo e um filtro, fita tape e tairaps. Muitos tairaps.
Saímos de Criciúma no dia 15, às 4 da manhã. A primeira parada foi em uma lanchonete para comer um pastel na Freeway às 7 da manhã, após, só paramos em Pelotas para o primeiro abastecimento, 540 km depois de casa.
Chegamos em Chuí ao meio dia. Calor insuportável! Aproveitamos para comer algo, trocar dinheiro e comprar algumas bebidas para degustarmos em terras uruguaias. Passamos na alfândega, carimbamos nossos passaportes e ali começava nosso passeio!
Paramos para bater algumas fotos na pista de pouso que se abre no meio do caminho e na sequencia fomos até nosso primeiro destino para turistar, o Fuerte de Santa Teresa.
Saímos de lá e rumamos para nosso próximo destino: Punta Del Diablo! Chegamos nessa pequena praia no final da tarde, próximo das 18h. A estrada até lá não era das melhores, com um bom trecho sem asfalto, porém isso não impediu a Jurema de chegar até lá.
Ao chegarmos no hostel já vi estacionados uma moto com placas da Alemanha e uma Land Rover, dos primeiros modelos. Um bom sinal!
Descarregamos nossas malas e fomos curtir a praia! De barriga vazia e uma imensa vontade de tomar algo, compramos duas caipirinhas que foram suficientes para alegrar nosso final de tarde à beira da praia! Jantamos, bebemos mais um pouco com o pessoal do hostel e fomos dormir. Nessa noite uma forte tempestade chegou e mudou o clima. O calor foi embora o frio chegou!
O segundo dia de viagem amanheceu feio e chuvoso. Fizemos um rápido passeio a pé para conhecer mais um pouco do lugar, carregamos o carro e voltamos para a estrada. Nosso primeiro destino do dia seria o Faro de Jose Ignacio. Diferente de Punta Del Diablo, Jose Ignacio era muito mais desenvolvida, no melhor estilo Jurerê Internacional. Casas enormes, pequenos mercados, tudo asfaltado e organizado. Comentaram que durante a temporada as ruas são tomadas por vários touros e cavalinhos rampantes.
[
Seguimos caminho e almoçamos em La Barra. Após, finalmente chegamos em nosso destino final: Punta Del Este! Encontramos o apartamento que alugamos via airbnb, descarregamos tudo, guardei a Jurema na garagem (dois andares de subsolo!) e fomos passear!
Ficamos um dia e meio em Punta. Andamos quase toda cidade a pé. Apenas para ir até a Casapueblo e o Museu do Mar utilizamos o carro. Até encontramos outro grupo de camionetes, com os pais de alguns amigos nossos juntos também daqui de Criciúma, rodando por lá!
No nosso último dia na cidade, organizamos os carros para a volta. A ideia era sair domingo, após o almoço, de Punta Del Este e chegar em Criciúma de madrugada, porém as coisas não saíram como planejamos…
Bebemos um pouco além da conta no sábado a noite e nos atrasamos para sair. Já que estávamos atrasados mesmo, almoçamos uma deliciosa Parilla em uma cidade ao lado de Punta.
Por coincidência, ao sairmos do restaurante, encontramos o comboio do pessoal de Criciúma abastecendo no posto em frente ao restaurante. Nos juntamos e fomos até a fronteira com eles. Aproveitamos para fazer mais algumas (várias) compras, porém, ao sair do freeshop, já estava noite. Decidimos não enfrentar as retas infinitas da Reserva do Taim no escuro.
Encontramos um hotel bem simples, por um preço razoável e com garagem (ficava a duas quadras do hotel). Dormimos e seguimos viagem no outro dia. Chegamos em Criciúma as 16h de segunda-feira.
Uma bela prova de fogo para este projeto que foi a realização do sonho de ter “o Eclipse que levanta os faróis!”
Ano passado, 2018, estava usando o carro todos os dias para ir ao trabalho e faculdade. Fiz apenas algumas manutenções corretivas e revisões de rotina. Queria fazer mais alguns detalhes no carro, como trocar as linhas de freio por aeroquip, forração do volante, instalar um jogo de pedaleiras mais bonitos e estava fabricando uma nova manopla de alumínio na faculdade. Até que em julho surgiu um a oportunidade de comprar um carro mais novo para usar todos os dias e “sem medo”. Então, entrou na garagem um Citroen DS3 2013. Hora de encerrar o projeto e anunciar o carro.
A experiência de usar um carro desse tipo como daily é feita de diferentes sensações. Ao mesmo tempo em que o carro é elogiado, chama atenção no transito e as pessoas te conhecem como sendo “o cara do Eclipse lá do estacionamento”, é uma angústia andar num transito pesado e ter que cuidar ao máximo para evitar qualquer tipo de acidente e perder uma sinaleira ou vidro, por exemplo.
Ainda não vendi ela. Surgiram algumas propostas, porém nenhuma se concretizou até o momento. Diminuí bastante o uso do carro, porém, toda vez que entro e ligo, é uma sensação diferente. O carro veste de uma maneira incrível.
Deixo aqui registrado o agradecimento ao meu pai, que está ao meu lado durante todos estes anos em todas essas loucuras automobilísticas. Do kart a carros de corrida, passando por trazer esportivos dos anos 90 de volta a vida. Obrigado, pai!
Não posso deixar de agradecer ao Flatout! por abrir este espaço tão legal à nós leitores!
Finalizo este texto com essas belas fotos tiradas por meu grande amigo e fotógrafo, Bob Monteiro, em Laguna e no Farol de Santa Marta – SC.