Olá! Sejam bem-vindos a mais um capítulo da saga! Recomendo a leitura dos episódios anteriores (1ª parte e 2ª parte) para entender um pouco mais dessa novela que parece não ter fim.
Terminei o post anterior com a mecânica e o interior em ordem, porém sem ar condicionado. Muito tempo se passou (uns 5 meses), eu cobrava constantemente o antigo proprietário, até que um dia recebo essas fotos no WhatsApp.
Sim, milagres acontecem! Era o kit de ar condicionado prometido! Eram muitas peças e pesadas, enviar pelos Correios seria impossível! O jeito foi despachar por ônibus. Problema que dá onde o kit estava até a minha cidade, não existe um linha direta. Então o kit foi encaminhado para a cidade mais próxima de mim, Piracicaba. Um amigo que mora lá e aos finais de semana vem para Rio Claro, fez o grande favor de ir buscá-lo.
Com o kit em mãos, seria necessário trocar a caixa de ar interna, pois o kit era de um possível Classic 2005 e seria ideal fazer a substituição também. Para isso, peguei dois amigos (Obrigado Rafael e Igor) e colocamos a mão na massa. As próximas cenas são fortes.
E assim ele ficou, apenas com o volante no lugar e sem parachoque, para que eu pudesse leva-lo à oficina para fazer a instalação.
Aproveitei que tudo estava fora, fiz as devidas manutenções e limpeza.
O painel de instrumentos, tinha muito risco no acrílico e marcas de adesivos, aproveitei e substitui também.
Quinze dias na mecânica e mais cinco na auto elétrica foi o tempo necessário para a instalação do kit.
Pelo menos nesses 15 dias ele ficou muito bem acompanhado.
Depois de meses entre mecânica, elétrica, tapeçaria, mecânica, mecânica de novo o carro havia ficado pronto (incluindo o ar-condicionado).
Em quase um ano, andei pouco mais de 400 km dentro da minha cidade. Apesar de ter refeito tudo, ficava aquele receio de sair com o carro na pista e enfrentar longas distâncias. Até que no final de semana do aniversário do meu pai, ele nos convidou para ir almoçar em uma cidade que fica a 30 km da onde moro. Foi aí que tive a brilhante ideia de ir com o Gsi, afinal, meu pai iria com o carro dele “de apoio” caso ocorresse algum imprevisto e a distância não era algo de assustar. E assim saímos felizes rumo à Limeira – Sp. Nesse trajeto foram registrados alguns momentos….
Ida tranquila, tudo como esperado, carro redondo, sem barulho, sem alertas no painel, ar gelando, tudo lindo e maravilhoso. Até que na volta o ar condicionado acaba ficando fraco e minha esposa desesperada diz: está saindo fumaça “pelo capô”, imediatamente desliguei o ar, abri os vidros e constatei que algo tinha ido para o saco.
Resultado? Compressor do ar travou, fazendo a correia girar em falso ocasionando “fumaça”. Nada sério, mas aí começou a novela para trocar o compressor, ele era um Zexel Argentino que não fabricava mais e não existiam peças de reposição, seria necessário colocar um mais novo, adaptar suportes e mangueiras. Prejuízo financeiro e o carro parado mais 25 dias.
O carro tinha vários retoques de pintura, diferenças de cores e muito serviço porco de funilaria! Apesar disso tudo, não era algo que me incomodava “muito”. Pensava, um dia quando eu tiver uma grana sobrando, encosto ele na funilaria e como no Discovery Turbo, dou um banho de tinta nele em uma semana…
Doce ilusão! Como diria Padre Quevedo: “Isto non ecziste!” Acredite: ou o serviço é bom, mas caro e demora ou é barato, rápido e porco. Não tem como ser bom, barato e rápido! E isso, infelizmente só aprendi na dor.
Apesar de todos os defeitos “superficiais” citados acima, o que mais me incomodava era o desalinhamento da frente como um todo (inclusive já falei sobre isso), farol, capô, paralamas etc.
Analisando alguns pontos, acredito que meu carro deva ter sofrido alguma pequena colisão frontal, nada grave ou estruturalmente comprometedor, mas como também já disse, ele sofreu muito nesses 20 e poucos anos. E isso era algo que eu realmente gostaria de resolver! Os vãos entre os faróis e a diferença de espaçamento entre os paralamas, não me agradavam nenhum pouco!
Então, parti para aquela que eu acredito ser a última e mais temida parte de uma restauração: Funilaria e pintura!
Em um sábado de sol, eu e o meu fiel incentivador: meu pai, saímos com o propósito de orçar o serviço em algumas oficinas de funilaria aqui na minha cidade. E foi aí que cheguei a triste conclusão, que hoje em dia não existe mais aquele tipo de funileiro, que desmonta, alinha, remonta, alinha, corrige, solda, corta, desmonta, alinha… hoje em dia eles só querem que você pague a franquia, troque as peças danificadas por novas, pintam e colocam no lugar. E assim, ouvi dos funileiros que eu conhecia e que já haviam feito serviços em outros carros, as piores e mais bizarras desculpas. Um teve a OUSADIA de me mandar voltar daqui a seis meses, para ele ver quando ia poder mexer no meu carro, outro nem abriu a porta do carro e de cara, já mandou eu trocar o parachoque por um novo, pois o meu estava condenado. Confesso que voltei para casa frustrado, com raiva e preocupado em como eu iria resolver essa novela.
Passado a raiva e com a cabeça fria, comecei a conversar com amigos para obter informações de funileiros que ainda eram dispostos a encarar esse tipo de empreitada. Até que cheguei a um funileiro que se mostrou interessado, gostou do projeto e tinha um valor justo. Conversamos bastante, expus o que eu queria e chegamos à conclusão, que pelo projeto desejado o ideal seria fazer um serviço “completo”, desmontar o carro inteiro, tirar motor, câmbio, vidros, interior e dar um banho geral de tinta.
Eu sei que parece loucura, mas acreditei ser a melhor opção. Pelo o que eu investi de tempo e dinheiro nesse carro, eu não poderia “pecar” nessa etapa. Faria bem feito, para fazer apenas uma vez, como fiz em todas as etapas. Porém teria que esperar 5 meses para ele terminar um carro e pegar o meu. Sendo assim, só me restava esperar…
Enquanto isso, fui curtindo o carro e mudando algumas coisas. Começou pelos retrovisores, apesar de gostar bastante do modelo Indy M3, a visibilidade era comprometida e ficava pensando nos retrovisores originais com aquecimento, até que um dia apareceu uma pessoa interessada nos M3 e então resolvi vender e comprar os originas.
Os originas elétricos foram fáceis de achar. Aguardariam a funilaria para serem pintados
O problema são as lentes com aquecimento que são praticamente impossíveis de achar no Brasil, tive que recorrer ao Ebay da Alemanha
Eu gosto muito das rodas originais! Mas o meu sonho sempre foram as 15″ do Calibra 1994, apesar de fugir do “original”, elas combinam muito com o carro e são “da época”. Sempre fiquei de olho nos sites de vendas, mas pela raridade, quando aparecia os preços não eram nada atrativos. Até que um dia, surge um anúncio de um jogo com pneu, valor excelente e muito próximo da minha cidade. Contato feito, negociação fechada e pronto! Bóra buscar as tão sonhadas….
Uma referência de Corsa GSi com as rodas do Calibra
Estão guardadas em casa à espera de uma reforma. Um dia quem sabe coloco, assim mudo a cara do GSI de vez em quando.
Quem tem Corsa GSi, sofre de uma doença que se chama: síndrome de busca por peças raras! Ou seja, você pode ter um GSi 100% original, mas vai viver procurando peças de reposição para eles. Acho que isso é culpa das poucas unidades fabricadas, dificuldade para encontrar peças e o medo de um dia você precisar daquela peça e não achar. Com isso, sempre fico de olho em alguns itens e assim, acabei achando na Inglaterra um jogo de borrachão zero e um acessório que acho muito legal dos GSi Europeus, que são os mudflaps. Na época fiz a compra e mandei para a casa do primo que morava lá, esperei quase 1 ano para ele vir para o Brasil e poder tirar essa foto. Gosto do resultado, mas ainda não decidi se vou instalar ou não, mas segue uma prévia de como ficaria.
Depois de cinco meses esperando pelo funileiro que iria fazer o carro, tive que recuar e começar a busca novamente. O cara tinha dado um prazo para pegar o carro e não cumpriu, passou mais um mês e nada, foi então que no sétimo mês ele disse que não “poderia” pegar meu carro pois estava “enrolado” com outros projetos. Então sai atrás de outro funileiro disposto a encarar a empreitada.
Fiz algumas visitas, orçamentos e não consegui fechar nada novamente, todos davam desculpas, datas impossíveis de se esperar, ou valores irreais. Foi quando conversando com um amigo ele me indicou uma funilaria na minha cidade que trabalhava com restauração. Com a pulga atrás da orelha por não conhecer o serviço e com receio do valor cobrado fui eu novamente levar o Gsi para mais uma análise. Olha daqui, olha de lá, um defeito aqui, um podre ali e o orçamento chegou. Não era o mais barato, mas também não era o mais caro. Vi alguns trabalhos lá na própria oficina e posteriormente em um encontro de carro antigos. Negociamos o prazo, preço e por fim fechamos. Do dia que levei o carro para orçar até a data que supostamente ele entraria na funilaria, eu teria uns 40 dias para desmontar o carro, já que todo esse processo de desmontar e montar eu preferia fazer por conta própria.
Enquanto isso aproveitei para curtir um pouco o carro, pois com certeza ele ficaria longos meses “parado”.
Nesse tempo, resolvi colocar o farol original com lentes raiadas. Teve gente que me crucificou no post anterior em conta dos mascaras negra, mas não podia dar o spoiler e contar que eu já tinha trocado posteriormente.
Combinei com um amigo (Rafael, mais uma vez) que sempre me ajuda nessas loucuras e em um sábado colocamos a mão na massa e assim desmontamos o interior do GSi. Fiz um vídeo bem legal e algumas fotos, vale a pena assistir.
Como enlouquecer sua esposa? Pegue todas as peças e coloque dentro de casa.
Aproveitei e corri atrás de um capô, o meu tinha muita massa e estava empenado. Achei um usado original em excelente estado.
Mais uma vez ele na oficina para retirar toda a mecânica pela segunda vez.
E assim encerro mais um capítulo dessa jornada. Todo o processo de funilaria e montagem contarei no próximo episódio. Um forte abraço e até breve!
Por Junior Zumpano, Project Cars #469