Por Jefferson Leitão, Project Cars #514
Olá, caros amigos e leitores do FlatOut, meu nome é Jefferson Nascimento Leitão, tenho 32 anos, sou empresário da cidade de Caruaru/PE e proprietário de um Ford Escort XR3 1988.
Como todos os leitores e escritores aqui envolvidos com o FlatOut, sou um apaixonado por carros, e o interesse no XR3 começou lá no começo dos anos 1990, acredito que eu teria uns quatro ou cinco anos, quando meu pai afastou o banco do motorista quase que por completo para trás, me colocou de pé no assoalho de seu Escort e me deixou sozinho (ao menos era o que eu pensava, ele segurava o volante por baixo) no controle do volante até a casa de minha avó.
Essa é a lembrança mais antiga que eu tenho de qualquer carro. Era um Escort XR3 1988 Vermelho Magenta, o segundo de quatro XR3 que meu pai possuiu, sendo eles, em ordem de compra, um 1985 Prata, o já mencionado 1988 Vermelho Magenta, um 1993 Prata e por último um 1994 conversível também vermelho. Dá pra perceber que não teria como não me apaixonar por esse modelo, que foi ícone dos anos 90.
Confesso que sempre gostei de ver um antigo bem conservado transitando, mas demorei bastante até realizar o sonho de ter um, o primeiro que comprei foi um Escort GL 1992, Azul Mineral, que estava até bem inteiro, o qual caracterizei com o visual do XR3, pois esse era meu sonho, até consegui um conjunto de bancos Recaro originais do Escort.
Só havia um problema: por mais que ele se parecesse com um XR3, não era um, então fui à busca até encontrar em Campina Grande, o carro personagem dessa matéria, entrei em contato com o vendedor que me garantiu que o veículo seria íntegro e ainda o traria até Caruaru caso houvesse real interesse. Marquei com ele em um local aqui da cidade e ele o trouxe, nesse mesmo dia troquei os bancos originais pelos Recaro que estavam no outro Escort, vendi o GL 92 a um amigo e realizei o sonho do XR3.
Sonho realizado, XR3 na garagem, comecei a procurar defeitos no carro, aí veio a decepção: não era tão íntegro como aparentava. Durante a troca dos bancos, vi que havia bastante sujeira na forração do assoalho, resolvi removê-lo para lavar, foi nesse momento que percebi a roubada em que me meti. O piso do carro parecia uma peneira. Nunca vi tanto furo num carro. Olhei e pensei: “Depois mando fazer o piso”.
O que ainda me trazia certa alegria eram o ar-condicionado, que estava um pouco fraco, mas funcionava — e com uma recarga de Gás ficou ótimo — e o teto solar, que não abria, mas logo descobri um pequeno defeito e o consertei.
Após alguns meses apareceu uma oportunidade de ter mais um XR3, dessa vez um 1995 conversível azul Europa, o qual comprei. Passei alguns meses com ele e depois o vendi, por ter mais interesse no modelo 88, apesar de que o conversível era lindo.
Depois de vender o conversível, o 88 começou a me dar dores de cabeça. O carburador deu defeito, percebemos que estava bastante corroído por ser a álcool, a corrente de comando estava batendo e, como se não bastasse, o motor começou a “fumar”. Tinha que trocar muita coisa.
Foi daí que veio a ideia de um swap de motor. Mas qual motor usar? Fiz muita pesquisa na internet até descobrir que alguns amantes de Escort estão colocando motores Ford Duratec em seu carros, transformando-os em verdadeiras máquinas. Pesquisei a fundo todo o processo pra tornar esse swap possível, agradeço aqui ao Felipe da empresa Imohr, que tem um Escort com motor Duratec 2.0 e câmbio CHT, o qual me inspirou a meter a cara nessa empreitada.
Fui em busca do motor, encontrei com um colega dono de ferro-velho aqui na cidade. Ele estava com dois carros, ainda montados que acabavam de chegar do leilão, ambos com motores Duratec: uma EcoSport 1.8 e um Fusion 2.3. Pensei bastante (durante 10 segundos) e optei pelo 2.3 completo com compressor de ar-condicionado, alternador, bomba hidráulica e todos os componentes da injeção eletrônica, exceto o módulo de injeção, pois já estava com a idéia de usar uma injeção eletrônica programável. Fui até outro ferro-velho já conhecido por mim, que trabalha apenas com a linha Escort/Verona e comprei um câmbio do Verona CHT por ter um diferencial mais longo que o do Escort XR3.
Hora de trabalhar com a embreagem. Como muitos aqui sabem, no Brasil o Ford Fusion não foi vendido com câmbio manual, então como fazer a embreagem? Fácil: a do Focus. Comprei na internet um volante e um platô semi-novos e mandei confeccionarem um disco de embreagem de cerâmica, sendo a parte externa do disco do Focus e o fresado compatível com o eixo primário do câmbio do CHT. Deixei tudo na oficina do meu amigo e dei uma pausa de seis meses no projeto.
Pensei muito no que fazer nos seis meses seguintes, então decidi por fazer uma reforma completa no carro, tipo restauração. Em Fevereiro de 2019 comecei a desmontar meu carrinho, eu mesmo, durante momentos de folga aqui na empresa. Retirei todo o interior, removi os componentes do ar-condicionado, arrefecimento, sistema elétrico, vidros, forrações, teto-solar, até que restaram apenas a carroceria e o levei para a Lanternagem, a fim de resolver os problemas de ferrugem.
Ao fim do processo de lanternagem, levamos o Escort para oficina de pintura, mas teremos que esperar até a próxima postagem pra saber como o meu querido XR3 ficou. Até o momento que escrevi esse post, também não conheci o resultado da pintura. Até a próxima e um forte abraço!